Hoje vamos conversar com o novo e admirável narrador de corridas da Gávea, Fernando Freire Cury, filho do treinador Leopoldo Jose Cury. O carioca de 37 anos vem se destacando na nova profissão de narrador e vai nos contar um pouco de sua história no Turfe.
Como você começou no turfe e em quais áreas você trabalhou antes de ingressar na profissão de narrador?
Comecei no turfe com meu pai (L.Cury) trabalhando como cavalariço aos 17 anos, e logo após me tornei treinador, porém não tirei matrícula, então corria os animais no nome do meu pai. Depois trabalhei como repórter no site da Associação dos profissionais do Turfe.
Nessa época que você auxiliou seu pai, quais animais te deram mais alegria?
Os que me deram muitas alegrias foram, Do Your Thing e José Bonifacio que estavam sob minha supervisão. Já junto ao meu pai, tiveram vários animais que foram inesquecíveis, como: Exclusive Star, ganhadora de 6 corridas, sendo 5 clássicas; Hot Thong, com 2 vitórias (uma clásica) e 6 colocações, todas em provas graduadas; Taptaptapinthedoor, vencedora de 7 carreiras e 8 colocações clássicas. Que Patriota, com 7 vitórias e 4 colocações clássicas, entre outros.
Depois dessa fase, o que te fez pensar em ser um narrador de corridas?
Quando novo, nós amigos do Jockey, brincávamos com cavalinhos de chumbo e eu gostava de narrar a brincadeira. Um pouco depois dessa época, meu amigo Túlio Penelas (Presidente da Associação dos Profissionais) me levou para ter uma conversa com a antiga superintendente, que me colocou para fazer um teste na TV e gostou muito do meu trabalho.
Como foi seu começo na profissão?
Treinava 3 vezes por semana na TV da Gávea durante um longo tempo. Narrava os páreos com o programa na mão, enquanto me corrigiam. Daí surgiu minha primeira oportunidade, em Campos, onde batalhei bastante, fui adquirindo experiência, ´´pegando cancha`` como diz alguns turfistas, pois lá as condições não eram das melhores, pois faltava iluminação, o binóculo era meu, entre outros problemas. Mas isso só me fez crescer na profissão, pois superando esses problemas tive a oportunidade em abril de 2012 de começar a narrar as corridas na Gávea. Foi difícil mas valeu a pena (risos).
Quais pessoas foram importantes nessa sua caminhada até hoje?
As pessoas que mais me deram apoio foram Túlio Penelas, L.Cury (meu pai) e Dr. Sergio Barcellos, sem essas pessoas não estaria aonde estou. Só tenho agradecer a eles.
Algum páreo em especial que você narrou que te emocinou? Por que?
Tive a oportunidade de narrar uma vitória de um cavalo treinado por meu pai, Toni Amico, que teve uma doença conhecida no Jockey pelo nome de "bambeira", muito difícil de ser curada, e meu pai por ter um carinho especial por este animal, fez de tudo por ele, conseguindo recuperá–lo e fazendo vencer em sua segunda corrida após a doença. Foi emocionante este páreo, mexeu muito comigo.
Para ter esse fôlego todo durante as narrações, você faz algum tipo de preparação?
Fiz fonoaudiologa durante 2 anos e meio, lá fazemos vários exercícios para treinar a voz e o fôlego, isso foi essencial para meu começo, me ajudou muito.
Tem alguma história curiosa no turfe que possa repartir com os leitores do Raia Leve?
Há uns 15 anos atrás, meu pai cuidava de uma égua nervosa chamada Cherrie Manira, de uns 370kg que estava sempre para ganhar com o páreo na "boca", mas sempre arrumava uma para ganhar dela. Uma vez ele a inscreveu em seu páreo e tinha saído para segunda–feira, ela por ser muito nervosa, se soltou sábado no caminho do prado, dois dias antes de sua corrida, correu o hipódromo todo entrou na raia de grama, foi para perto do lago, se sujou toda de lama, chegando exausta na cocheira. Meu pai ficou na dúvida se a correria ou não, mas por ser propriedade dele mesmo, ele optou por corrê–la, e na "segunda" ela não deu susto, venceu de "bandeira a bandeira" com boa margem para a segunda colocada. Meu pai brincando depois disse: "vou solta–lá toda semana que ela estiver inscrita (risos)".
por Lucas Eller