LONDON MOON, A VOLTA GLORIOSA DE UM GRANDE CAMPEÃO
As mais belas e encantadoras páginas do turfe sempre são inscritas pelos puros–sangues de exceção. O craque exerce misterioso fascínio no estado de espírito dos aficionados. Num passe de mágica, durante a sua aceleração nas pistas, a mais de 60 quilômetros por hora, ele causa impacto sedutor sobre a assistência nas tribunas dos hipódromos. O turfista altera a sua rotina. Inventa desculpa para estar presente, diante daquele bólido que se desloca a sua frente em ritmo frenético rumo ao disco de chegada. O craque transborda emoção neste seu deslocamento. E, também, provoca estranha e inexplicável sensação nos corações turfísticos. Aqueles escassos segundos vividos rumo a glória da conquista fazem valer a pena viver acalentado por esta incontrolável paixão. London Moon, criado no Haras Anderson, e defensor da farda do Haras Sweet Carol, faz parte desta lista seleta de campeões.
O filho de Agnes Gold e Beauty Harlan, por Harlan’s Holiday, desde sua estreia na Gávea, numa seletiva para a Copa Velocidade, e depois a sua conquista da competição, fora de casa, no Hipódromo de Cidade Jardim, deixou claro para os aficionados sobre sua classe acima da média. E a sequência de triunfos, de alto gabarito, nos GPs Conde de Herzberg, Jockey Club Brasileiro, Linneo de Paula Machado, José Buarque de Macedo, e Estado do Rio de Janeiro, numa avassaladora aceleração de resultados expressivos e categóricos, escreveu belo lote de conquistas. Teve contratempo, foi operado, e aí, no último domingo, a prova de fogo. O GP Gervásio Seabra, Grupo 2, dia de seu retorno às pistas. E logo num páreo com outros três craques pela frente. Ushuaia Ibiza, Oceano Azul e Jackson Pollock. London Moon, com apresentação sublime do treinador, Adélcio Menegolo, e direção competente do seu habitual jóquei, Leandro Henrique, encantou os fãs com exibição inesquecível. Nada melhor, para o universo do turfe, do que ver um super craque em ação. Meu Deus!
PUROS–SANGUES MELHORES APRESENTADOS
Adélcio Menegolo viveu a tensão e a responsabilidade de reaparecer nas pistas, depois de 8 meses, o maravilhoso London Moon, e o fez com a rara competência. Aliás, a palavra competência é marca registrada da família Menegolo. Em Cidade Jardim, outro profissional da profissão de treinador, Márcio Ferreira Gusso, merece dividir este espaço com ele, diante da maravilhosa apresentação de Cold Heart, da gloriosa farda da Fazenda Mondesir, na conquista do Grande Prêmio Derby Paulista. Foi um final de semana da mais pura emoção. E, no mesmo cenário do hipódromo paulistano, onde as inesquecíveis Bretagne e Cisplatine, montadas por Gonçalino Feijó de Almeida, levantaram dois históricos GPs São Paulo. Bem conduzido pelo talentoso jovem, José Severo, Cold Heart demonstrou que a chama incondicional do turfe nunca se apaga, quando envergada por um puro–sangue da família Peixoto de Castro. O filho de Alpha e Netherlands, por Point Given, iluminou o céu de Cidade Jardim, com classe e raça.
JOQUEADA DA SEMANA
E ainda houve um Grande Prêmio Diana a ser disputado. Num páreo repleto de potrancas de alta qualidade, de difícil prognóstico, a balança só poderia pender para o lado do jóquei com maior inspiração, nas frações de segundos da disputa. E a estrela brilhou na mente do bridão José Aparecido. No dorso de Nusa Dua, de criação e propriedade do Haras Cifra, e treinamento do paranaense, J. B. Quadros, o experiente piloto, literalmente baixou a biblioteca. Fez percurso meticuloso, frio, calculista, e, numa entrada de reta, em que pareceu estar munido de compasso e transferidor, para realizar a curva e correr para a glória, ele decidiu a questão num movimento precioso de sua montaria. Vale a pena rever a classe e a experiência dos seus movimentos, num prado em que conhece a raia na palma da mão. Mérito absoluto na conquista da glória eterna de vencer um GP Diana, para uma farda tão importante, no dorso da pequenina, porém raçuda filha de Camelot Kitten e Garuda, por Amigoni.
PERSONAGEM
Num final de semana de tantos personagens no turfe nacional, um cearense, de Sobral, 33 anos, Francisco Leandro Fernandes Gonçalves, nos obrigou a destacar uma de suas tantas façanhas e glórias, conquistadas num país Hermano, a Argentina. Hexacampeão da estatística desde 2018, F. Leandro conseguiu bater o recorde nacional de vitórias, numa mesma temporada, que pertencia ao recordista mundial, Jorge Ricardo. Leandro havia igualado as 467 vitórias de Ricardinho, no turfe argentino, em 2008. Ontem à tarde, no Hipódromo de Palermo, através do triplete, no dorso de Salto En Globo, Mixed Blood e Law of Japan, ele alcançou a marca de 470 vitórias, em 2023, e bateu o recorde. Nos próximos dias, ele vai tentar concretizar outro feito importante. Ganhar mais 8 páreos, e, com 478 pontos, bater outra marca lendária de Ricardinho, o recorde sul–americano, 477, conquistado aqui na Gávea.
