O campeão Jorge Ricardo, de férias no Brasil, vai completar 15 dias sem montar nos dois hipódromos de Buenos Aires, Palermo e San Isidro, e no de La Plata, cidade que fica a cerca de 100 quilômetros da capital. As mais de 400 vitórias nas pistas argentinas lhe asseguraram a estatística local. E os mais de 60 triunfos sobre o canadense Russell Baze, na luta pelo topo do mundo, também lhe permitiram o luxo de fazer algo pouco comum em sua carreira: descansar e curtir a família. Ricardo passou o Natal em São Lourenço, à beira da piscina, com a mulher Renata, as filhas Luana, Giovanna e Nicole, além da mãe, Maria Possamai Ricardo. Jorge Antônio Ricardo Júnior ficou no Rio para a passagem do ano com a mãe, Isabela, e com os amigos. De lá, Ricardinho partiu para Cabo Frio, onde recupera, aos poucos, o bronzeado perdido no desgastante dia–a–dia do turfe portenho.
Em 2012, Jorge Ricardo colecionou resultados e marcas expressivas. No turfe brasileiro brilhou no dorso de Plenty of Kicks, do Haras São Francisco da Serra, tríplice coroado na Gávea, palco da maioria das vitórias do piloto em sua vitoriosa carreira. Na Argentina, voltou a dar as cartas e ganhou as estatísticas de Palermo e San Isidro, além de chegar ao terceiro lugar em La Plata, o que lhe proporcionou o triunfo geral das estatísticas argentinas. O reconhecimento veio através do Prêmio Olímpia de Prata, troféu dado anualmente pela imprensa argentina aos atletas que mais se destacam nas diversas modalidades esportivas. Ricardinho deixou para trás alguns dos melhores jóqueis da América Latina.
No dia em que desembarcou no Brasil, o campeão aproveitou para rever os amigos no Hipódromo da Gávea. O recordista mundial de vitórias sentiu um misto de alegria e de preocupação, segundo afirmou. “É claro que matar a saudade de tantas pessoas importantes na minha trajetória me deu um imenso prazer, mas o baixo valor dos prêmios que são pagos na Gávea e o excesso de multas me deixa preocupado com relação às condições de vida dos profissionais de turfe”, argumenta.
Ricardo lembra que, apesar do momento econômico na Argentina não ser dos melhores, os profissionais de turfe não foram atingidos. Os bons prêmios pagos permitem aos jóqueis e treinadores terem bom padrão de vida com apenas duas ou três vitórias por mês. “O apoio do governo ao turfe é significativo. Em Palermo, existem as maquininhas caça–níqueis e em San Isidro o apoio, com subsídio financeiro, do governo. Por isso, os profissionais de ponta possuem boas moradias e quase todos desfilam de carros importados. No Brasil, com esses prêmios e essas altas multas, os profissionais precisam ter resultados expressivos para manter um padrão de vida razoável”, avalia.
Ricardo não tem planos para o futuro. Diz–se realizado profissionalmente. As vitórias consecutivas do Stud Rubio B (de quem é jóquei contratado) na estatística de proprietários lhe enchem de orgulho e lhe dão satisfação pessoal. E a única preocupação profissional é a de manter o topo do ranking mundial. Russell Baze parece estar sobre controle, mas Ricardo tem o objetivo de deixar uma marcar difícil de ser alcançada. “Eu só pretendo parar de montar com um número de triunfos suficiente para desanimar qualquer jóquei de tentar alcançar o meu recorde mundial. E posso garantir que, aquele que vier a se aventurar, terá de rebolar muito para conseguir”, afirma com absoluta convicção.
por Paulo Gama