A população de puros–sangues vem diminuindo de forma gradativa no Brasil nas últimas décadas. A consequência imediata deste fato é uma equação dolorosa para o turfe nacional. Com o rebanho de equinos reduzido, os responsáveis pela formação dos páreos, nos diversos hipódromos, enfrentam enorme dificuldade para viabilizar as programações semanais. Até mesmo o turfe carioca, que através do Jockey Club Brasileiro é o único dos clubes hípicos, capaz de promover três corridas por semana, tem tido problemas logísticos para chegar a um denominador comum.
Na última terça–feira, o handicapeur do JCB e sua equipe conseguiram formar 16 provas de forma imediata, ou seja, obedecendo a chamada oficial dos páreos. As outras 11 provas, que concretizaram um total de 27 páreos, divididos em três de nove, no domingo, segunda e terça–feira, aconteceram devido a sua reabertura. Os páreos reabertos foram prestigiados pelos proprietários e apesar do número reduzido de inscrições, complementaram a programação final. O esforço de todos, proprietários e profissionais, permitiu manter a programação habitual.
O período de pandemia trouxe enormes dificuldades financeiras para todos. Os proprietários enfrentam uma fatídica premissa. Pagar um trato mensal caro, para manutenção das despesas individuais de cada animal de sua propriedade, e concorrer a prêmios defasados, que não permitem saldar o prejuízo. Os abnegados, ou talvez seja melhor dizer, apaixonados, continuam a prestigiar a atividade. Outros, entretanto, sucumbem a fria lógica dos números e batem em retirada. Por isso, nos últimos tempos, tantas fardas tradicionais desapareceram dos programas dos clubes hípicos brasileiros. Os encargos e impostos são cruéis com a atividade. E, por tudo isso, o turfe enfrenta dias difíceis. O fato é que se acabar o milho, que no turfe é representado pelos cavalos, também vai acabar a pipoca. Ou seja, as corridas.
Por Paulo Gama