Páreo Corrido, por Paulo Gama 14/11/2017 - 10h15min
RESSURREIÇÃO DO TURFE PAULISTA SERÁ LENTA E INEXORÁVEL
Algumas postagens no “Espaço do Leitor” demonstram a enorme e justificável preocupação dos turfistas brasileiros com a situação financeira ainda difícil do Jockey Club de São Paulo. As referências ao fraco movimento de apostas, sobretudo no último sábado, com 11 páreos, e dia da realização do Grande Prêmio Derby Paulista e do Grande Prêmio Diana, são precisas e indiscutíveis. Entretanto, em tudo na vida existe um fator determinante chamado tendência. E não há como deixar de perceber o viés de alta do turfe paulista com a nova administração. Ninguém sai do caos para o topo numa fração de segundo. Não é possível ir do cadafalso para a glória da noite para o dia. Mas, o turfista deve observar com parcimônia os progressos obtidos, passo a passo, pela nova diretoria. Parece possível apostar na ressurreição progressiva da atividade turfística de São Paulo. Os indícios indicam isso.
Um erro clássico foi cometido com o novo horário de verão. As corridas começaram muito cedo no último final de semana. A concorrência com o tradicional almoço de domingo da família paulistana é desfavorável. Além disso, existem atividades esportivas dos adolescentes e das crianças nas manhãs de sábado. Em algumas delas a garotada cobra a presença do pai. Parece possível dar a largada do primeiro páreo um pouco mais tarde. Principalmente no dia em que estavam programadas apenas sete provas. Por que tanta pressa? O balanço técnico foi bem superior ao financeiro. E isto é o que importa no momento. Em primeiro lugar você consegue organizar espetáculo de qualidade. E aí, mais cedo ou mais tarde, os aficionados se rendem e começam a prestigiar. E, tecnicamente tivemos um sábado com expressivo desempenho dos puros-sangues de corrida na raia paulista.
O Grande Prêmio Derby Paulista esteve à altura da tradição da prova. Galope Americano, do Stud Galope, e criado no Haras Cifra, premiou a competente dupla D.L.Albres e A.L.Silva. O potro teve apresentação exuberante e o jovem piloto melhora a confiança a cada dia. Não se intimidou diante de jóqueis experientes e consagrados. No Grande Prêmio Diana prevaleceu a criação da Fazenda Mondesir, com a belíssima Sea Dream, treinada pelo extraordinário Venâncio Nahid, amigo íntimo dos clássicos em Cidade Jardim, e conduzida pelo craque Waldomiro Blandi, experiente e sempre a vontade no prado paulistano, onde já escreveu belas páginas de sua vitoriosa carreira. Drosselmeyer, que fantástico reprodutor!
PURO-SANGUE MELHOR APRESENTADO(SP)
Olympic Geneve, do Haras Regina, fez galope de apresentação exuberante e não deixou qualquer dúvida de que venderia caro a derrota no Grande Prêmio Luiz Fernando Cirne Lima. Roberto Solanês vive o melhor momento de sua carreira profissional. Na raia, bem conduzida pelo jovem Wesley Silva Cardoso confirmou inteiramente a impressão deixada minutos antes no cânter.
PURO-SANGUE MELHOR APRESENTADO(RJ)
O campo do Clássico Ernani de Freitas, na Gávea, era reduzido, porém de ótima qualidade. E foi justamente o maior azar entre os cinco potros inscritos que levou a melhor. Mais uma vez um filho de Drosselmeyer. Set Ton, criado no Haras Old Friends, e de propriedade do turfista de escol, Carlos Antônio Platzeck, atropelou forte e fuzilou os adversários. Apresentação de luxo de José Ferreira Reis, o Reizinho, eternizado como jóquei de Itajara, e agora ainda mais bem sucedido na profissão de treinador. O cara é do ramo, inegavelmente, e parece disposto a marcar presença na arte de preparar cavalos de corrida. Campanha bem traçada, em páreos de areia e mais fracos. Deixou para dar o pulo do gato no momento certo, quando o potro amadureceu.
JOQUEADA DA SEMANA(SP)
No dorso de Sea Dream, Waldomiro Blandi se sentiu em casa. De volta ao prado de Cidade Jardim, “Tio” Waldomiro afiou a “manivela” para levantar importante prova de Grupo I. Experiente, malicioso e lúcido, Blandi é um piloto de rara qualidade. Correu a defensora da Fazenda Mondesir com absoluta confiança e reeditou a parceria com Venâncio Nahid, que já lhe rendeu um GP São Paulo com Flymetothemoon, e um GP Brasil, com Barolo. É mole ou quer mais?
JOQUEADA DA SEMANA(RJ) Leandro Henrique comemorou a sua contratação pelo Haras Anderson com direção de cinema na potranca Per Piacere, do Stud Criação Seabra, e oriunda do Haras San Francesco, no Clássico Octávio Dupont. A pensionista do competente Ronaldo Lima teve percurso sublime do jovem pernambucano. Correu sempre junto aos paus e na reta de chegada encontrou passagem milimétrica, que sem dúvida lhe proporcionou à vitória. Dono de energia espetacular, a cada dia Leandro faz mais justiça ao seu apelido de “Braço de Mola”.
ARIEL FARIAS – Se mostrou acertada a opção do aprendiz Ariel Farias de trocar o turfe carioca pelo paulista. O jovem tem recebido boas oportunidades dos proprietários e treinadores e esta semana ganhou bela carreira em Cidade Jardim no dorso de Barishinikov, do Stud M.P.S., e treinamento de Valter Lopes.
MAZINI EM ALTA – O cíclico Marco Mazini está de boa. E quando a maré dele está em alta, proprietários e treinadores tratam logo de aproveitar a onda Esta semana, o bridão deu show em duas oportunidades. Com Keep Star, do Haras Sweet Carol, e treinamento de Adélcio Menegolo, e Red Spirit, do Stud Mesqueu, e apresentação de José Antônio Lopes, o Biduca. Dá gosto de ver a tocada do cara na reta final. Mas, até quando este bom momento pode durar? Só Deus sabe!

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