Comandante Dodge, a nova magia do ‘feiticeiro’ D. Guignoni 31/08/2014 - 11h11min
Na última terça–feira, ao descer da Região Serrana após exercitar vários pensionistas do treinador Dulcino Guignoni, no Centro de Treinamento do Haras Vale da Boa Esperança, Vagner Borges me surpreendeu com a seguinte afirmação: ”Vamos ganhar o clássico com Comandante Dodge”. Diante da inesperada convicção, tratei de ponderar com o jovem bridão que a prova era de Grupo IIII e contra alguns dos melhores especialistas da milha do turfe brasileiro. Do outro lado da linha telefônica, Borges limitou–se a dizer. “Se esse potro confirmar os treinos, não será derrotado com a vantagem de seis quilos sobre os rivais”.
Diante do otimismo, que me parecia exagerado, tratei de ponderar que Martim Caçador, do Haras Regina, Meu Chuck, do Stud Don Antonio Di Satriano, e a parelha Avveduto e Asciutto, do Haras Anderson, eram todos cavalos de alto gabarito e que Comandante Dodge tinha apenas uma vitória comum em sua curta campanha. Borges continuou com a confiança lá no alto e retrucou. “O Guignoni me garantiu que apenas dois cavalos fizeram um trabalho de distância à altura do treino de Comandante Dodge, que foram Bal a Bali e aquele potro do TNT, Amadeus Mozart, que morreu durante o alinhamento para o Grande Prêmio Presidente da República” justificou.
Diante de argumento tão convincente, comecei a olhar com outros olhos as possibilidades do defensor da Coudelaria Família Monteiro. A cerca móvel de quase 10 metros poderia ajudar. Além disso, havia apenas dois concorrentes ligeiros no páreo. Velvet Boy, provavelmente com o objetivo de puxar um ritmo forte para favorecer os atropeladores Asciutto e Avveduto, e Big Wildcat. Na conversa sobre a tática ideal de corrida, ficamos convencidos de que deveríamos vigiar Velvet Boy de perto, mas sem brigar com ele para que o ritmo da carreira não fosse tão intenso. Com isso, Alex Mota certamente ficaria em terceiro com seu Big Wildcat, pelo mesmo motivo. Na reta, se o potro confirmasse o treino, dominaria o ponteiro e resistiria ao outro, devido à vantagem no peso. Os atropeladores, então, teriam enorme dificuldade porque não haveria ritmo de corrida. Foi o que aconteceu e chegaram à frente os três ligeiros.
Mais uma vez brilhou a estrela de Dulcino Guignoni. Arrojado, confiante e competente, o experiente treinador acredita no estado atlético de seus pensionistas. E se eles realizam exercício de gente grande, tem certeza de que podem correr como gente grande. Basta lembrar o caso de Belo Acteon, do Stud H & R, animal de 4 anos com apenas uma vitória que ganhou o Grande Prêmio Brasil de ponta a ponta. Na corrida de ontem, foi a vez de Comandante Dodge. Mais uma das magias do treinador “Feiticeiro” Dulcino Guignoni.
por Paulo Gama |