O DOMINGO HISTÓRICO DO HARAS DOCE VALE NA GÁVEA
A farda branca, cinto/braçadeiras encarnadas/azuis, do tradicional Haras Doce Vale, do saudoso turfista, criador e proprietário, Alfredo Grumser, viveu mais uma tarde de glória, neste domingo, dia 7 de abril de 2024. Era dia do Derby, o Grande Prêmio Cruzeiro do Sul. E, na virada do programa, o Grande Prêmio Zélia Gonzaga Peixoto de Castro, duas provas da tríplice–coroa, tradicionais do calendário clássico carioca. Alguns turfistas habituais, frequentadores do Salão Nobre da Tribuna Social do hipódromo, que durante anos se sentaram ao lado do Alfredo, após a sua morte, chegaram a temer pelo futuro do brilhante campo de criação. Ledo engano. A resposta foi imediata por parte da família Grumser, através da viúva, Patrícia Bozzano, de toda a família, e da equipe de funcionários do haras, e dos centros de treinamentos. Todos unidos para honrar a memória e a paixão, de um dos mais importantes criadores e proprietários da história do turfe brasileiro. O professor Alfredo se foi. Para tristeza dos familiares, ex–alunos, amigos, fãs, admiradores e turfistas, em geral. Mas, deixou imenso legado na alma de todos que tiveram o privilégio de conviver com ele, e vivenciar um homem de rara inteligência e paixão.
Underpants, filho de Emcee e Kissingafool, por Elusive Quality, apresentado em forma exuberante pelo experiente e vitorioso treinador, Ildefonso Coelho Souza, fiel profissional do Haras Doce Vale, por longos anos, teve nas mãos geração de vários potros de qualidade da letra U. E foi justamente, um dos membros de comportamento mais problemático da geração, que virou o derby–winner do último domingo. De temperamento difícil, as vezes complicado, para lidar na cocheira e na raia, Underpants chegou a ficar um tempo fora das competições para maneirar, no dia a dia, o seu temperamento irascível. Voltou a competir com triunfo clássico em janeiro, depois de ficar de molho desde maio de 2023. Em seguida, depois do quarto lugar na 2ª prova da coroa, ficou no ponto para conquistar o Derby. E foi o que aconteceu de forma irremediável.
No segundo capítulo das conquistas do Haras Doce Vale, neste domingo de turfe histórico para a farda, brilhou a potranca Uni Te, filha de Verrazano e Mud Pie, por Wild Event, no preparo de Adélcio Menegolo, profissional de alto gabarito, que teve os seus serviços requisitados pela equipe do Haras Doce Vale, e respondeu de imediato com resultados expressivos. Sem dúvida, Uni Te foi o puro–sangue mais bonito que passou nas raias cariocas no último final de semana. A potranca, praticamente, após o galope de apresentação, disse para o público turfista: "Olhem bem para mim. Vocês acham que com esta formosura toda alguma das minhas adversárias pode me derrotar?". Claro que não. Era mera formalidade, o resultado da tradicional prova de grupo 1 das fêmeas, após o cânter.
PURO–SANGUE MELHOR APRESENTADO
Como já foi citado, anteriormente, Uni Te exibiu estado atlético exuberante. Mais uma apresentação de gala deste importante treinador, Adélcio Menegolo. Evoluiu aos poucos em sua campanha, e, com as ausências importantes no campo da prova, de Orla de Ipanema, do Stud H&R, e, de Resultante, do Stud Eternamente Rio, a carreira ficou a sua disposição, com o aumento gradativo do percurso das competições da ala feminina. Orgulho para um profissional de treinamento apresentar um puro–sangue com tamanha exuberância. Meus parabéns, Adélcio.
JOQUEADA DA SEMANA
Wesley Silva Cardoso é um jóquei espetacular. Desde a saída da escola de aprendizes conquistou logo o Grande Prêmio Brasil, com My Cherie Amour, e, posteriormente, a tríplice–coroa, com a craque No Regrets, ambos do Haras Doce Vale. Aliás, o seu sangue sempre cruzou intensamente com a farda. Os problemas com a balança, o impedem de abrir luta na estatística com os colegas mais vitoriosos. Mas, no aspecto técnico, não deve nada aos pilotos mais leves, que possuem maior disponibilidade, para montar os cavalos de melhor escala. Tanto é assim, que nas provas clássicas, onde as escalas de peso são quase sempre mais acessíveis, o nome W. S. Cardoso, causa respeito e admiração. Impecável no dorso de Underpants. Na largada, no percurso, e no rigor para os momentos decisivos. Por isso, não tem como ele não acumular a joqueada da semana, com o título de personagem do evento turfístico. Ganhar um Derby, e ainda, um Zélia Gonzaga, no mesmo dia, não é para qualquer um.
LIMEIRA CORRE DE VERDADE
Mais uma bela demonstração de Limeira, do Stud Escorial, e criado no Haras Santa Rita da Serra, no GP Antônio Joaquim Peixoto de Castro, Grupo 2. Aos poucos recupera o estado atlético do início de campanha, quando foi um dos líderes de sua geração. Superou graves problemas físicos, com trabalho competente do treinador Teófilo Oliveira, e toda a sua retaguarda. As duas vitórias clássicas consecutivas não foram por acaso. Ligeiro, duro e consistente. E, o bom piloto, A.M. Silva, se dá muito bem com ele. Será sempre um rival a ser temido nos páreos de fundo.
JET CLASS VOLTA A MOSTRAR SERVIÇO
No Grande Prêmio Gervásio Seabra foi lamentável o que aconteceu com Monanfan, do Stud Principessa Di Capri, que com a vitória assegurada, sentiu nos metros finais, numa lesão bastante grave. O verdadeiro turfista, aquele que ama os bons cavalos de corrida, sempre fica impactado de forma negativa com este tipo de cenário. O beneficiado pelas circunstâncias, e, que não tem nada haver com a fatalidade, foi o consistente, Jet Class, do Stud Instante Mágico, e criado no Haras Santa Maria de Araras. O seu triunfo não deve ser subestimado. Jet Class, o mais velho no campo da prova, o pensionista de Vítor Paim, um treinador de enorme currículo, onde existem várias estatísticas conquistadas, derrotou rivais de bom nível, alguns inclusive, com menor idade. E Ricardinho segue de plantão. Nenhum jóquei conseguiria ter resultado melhor, com tão poucos cavalos para montar, e, com os rateios astronômicos que entram na pista para competir. O cara virou estátua. Mas, segue silencioso de plantão.
OUTROS DESTAQUES
Nobu Soul, do Stud H&R, fez exibição extraordinária em seu triunfo na noturna de segunda–feira montado por Valdinei Gil. Saiu em ritmo alucinante, com parciais expressivos, quebrou os rivais velozes e nem deu bola para os concorrentes que vieram de trás. Tempo expressivo. Parece ser um corredor com futuras atuações promissoras na esfera clássica. Dulcino Guignoni, a exemplo de Ricardinho, já atingiu a maioridade. Porém, segue sempre de plantão.
Do Paraná, Marcos Vinícius Lanza, treinador de gabarito, trouxe Oberon, do Stud Fla–Coxa, e ele conseguiu se impor num lote de bons corredores. Esta farra sistemática dos treinadores paranaenses no turfe paulista, só não se repete aqui, devido a maior distância entre os hipódromos. Os turfistas cariocas devem observar com atenção. Quando os cavalos vêm do Tarumã até a Gávea, o índice de triunfos é enorme. Eles só vêm menos no Rio por que o custo e a distância para Cidade Jardim são mais favoráveis. Os índices de resultados são igualmente bons. E, sempre colocam Leandro Henrique e Henderson Fernandes. Ou seja, a intensão não é de passear e visitar os pontos turísticos ou tomar banho de mar.
CIDADE JARDIM
A exibição de Champagne Rose, de criação e propriedade da Fazenda Mondesir, na tarde de sábado, em Cidade Jardim, foi sensacional. A filha de Agnes Gold e Newport Beach, por Pioneering, treinada por Márcio Gusso, e sob governo de André Luiz Silva, deixou impressão de que vai dar muito trabalho as rivais na semana do Grande Prêmio São Paulo. Um show!
ANIVERSARIANTE SEGUE DANDO AS CARTAS
Francisco Leandro comemorou os 34 anos de vida na segunda–feira, dia 8 de abril, no Hipódromo de Palermo, na Argentina, com duas vitórias. O piloto brasileiro chegou à marca de 130 pontos, ontem à tarde, em La Plata, numa reunião em que montou apenas cinco páreos. Mas, ele tinha uma barbada, Que Tarde Gris, no quarto páreo. Então foi até lá para conferir, e fez o gol. O ano hípico no turfe argentino começa em janeiro, e só termina em dezembro. Como era antigamente aqui no Brasil. Hoje, San Isidro, promove programa de 11 carreiras, com início, às 15 horas. Leandrinho vai estar por lá.
