Colunista:
Provas de Grupo, por Ivamar 20/03/2007 - 21h07min
Final conturbado dá vitória a Ivoire
Domingo, no Hipódromo da Gávea, foi disputado o importante GP Francisco Eduardo de Paula Machado (GI), segunda prova da Tríplice Coroa, para produtos de 3 anos, em 1.600 metros.
A irregularidade de resultados tem sido a tônica na disputa dos clássicos da geração nascida em 2003. Depois de Fala Mansa, Tareco, Alcazar e Ônibus Espacial, chegou a vez de IVOIRE. Segundo colocado na pista, foi aclamado vencedor em conseqüência da desclassificação de PROFESSOR CHICO (Public Purse) de primeiro para quarto lugar.
Várias foram as opiniões dos observadores sobre os polêmicos 200 metros finais. Houve os que acharam que os terceiro e quarto colocados na pista, respectivamente LIGETI (Burooj) e QUATRO MARES (Jules), teriam dominado a carreira caso não tivessem sido prejudicados, ou que o causador do prejuízo poderia vir até o final na frente desde que conservando a linha. Tudo conjecturas, considerando–se que as diferenças, no disco, foram de pescoço, cabeça e focinho, pequenas demais para se chegar a uma conclusão perfeita. Em quinto, perto, FATAL POLINO (Trempolino). Do primeiro ao 13°, menos de seis corpos. Ônibus Espacial, o candidato à Tríplice Coroa, não repetiu a última atuação e Alcazar teve problemas no arreamento. Páreo que carece de confirmação, ainda que Ivoire, que não foi atingido pelos delitos de raia, ao chegar em segundo, por fora, tenha sido declarado ganhador oficial, sem dúvida deixou a impressão que vai render muito mais com o aumento da distância, no GP Cruzeiro do Sul. Sua ação final foi avassaladora.
O ganhador, criação do Haras São José e Expedictus e propriedade do Stud Rio Calçado, foi pilotado por Ilson Correa e é treinado por José Ferreira dos Reis. Tempo muito bom: 1Â’59”19, na grama leve. Foi a quarta vitória de Ivoire, primeira clássica, em nove apresentações.
Know Heights, pai do vencedor, é filho de Shirley Heights e neto do extraordinário Mill Reef. Os três descendem do fenômeno Phalaris, por via paterna (ramo de Nearco–Nasrullah, responsável, principalmente, pelo aparecimento do inesquecível Secretariat). E, entre outros, Know Heights também é pai de Colina Verde, Coray, Queen Desejada, Aviación, Nepotista etc. Chan Tong (Hampstead), mãe de Ivoire, foi ganhadora de Grupo I. A segunda mãe, Paraytinga (Itajara), é irmã materna de Spring Star e Verinha, ganhadoras de provas de grupo e que igualmente produziram ganhadores de grupo nos Estados Unidos, e avó de Alcazar (GIII). A essa linha materna pertence, entre vários outros, um dos maiores cavalos brasileiros de todos os tempos, Siphon.
Quick Road é derrotado em Listed Race
No Hipódromo Paulistano, sábado, foi corrido o Clássico Presidente Rafael Aguiar Paes de Barros (L), na grama, primeira prova–teste para o próximo GP São Paulo, para produtos de 3 anos e mais idade.
O triunfo, convincente, pertenceu a LÂ’AMICO STEVE (Spend A Buck e All For Love, por Ghadeer), que conquistou a quinta vitória (consecutiva) e passou a ser um dos mais fortes candidatos à grande carreira de maio. QUICK ROAD (Jules), que vinha de segundo em prova do Grupo I, voltou a perder, agora um Listed Race. Ou seja, depois de vencer três páreos importantes, inclusive o Derby, está deslustrando sua campanha. Uma pena. Registre–se que há exatos 36 dias perdera na milha, e agora em 2.400 metros. Os demais não impressionaram. BOM I ASK YAGLI (Yagli) foi terceiro, longe, com ESPORTE DOS REIS (Trempolino) e MISS EMINENT (Astor Place) completando o marcador. O jóquei de Quick Road reclamou de Vagner Leal, piloto de LÂ’Amico Steve, mas o páreo foi confirmado. Com exceção de Bom I Ask Yagli, de 4 anos, os outros têm 3.
O ganhador, criação do Haras Old Friends e propriedade do Stud Star Gold, é treinado por Valter dos Santos Lopes e assinalou 2Â’36”403, na pista encharcada, com cerca móvel.
Normabelle, destaque no quilômetro
Sábado, no Hipódromo da Gávea, foi realizado o Clássico Jockey Club de São Paulo (L), para produtos de 3 anos e mais idade, em 1.000 metros.
E, mais uma vez, o resultado confirma que as velocistas não precisam de clássicos exclusivos. Este foi mais um onde as fêmeas não deram confiança aos machos, desta vez obtendo as três primeiras colocações. NORMABELLE (Punk e Bay City, por Señor Pete) conquistou nova vitória, deixando na dupla SUPER DUDA (Notation), prejudicada na partida, a mais de um corpo, e RANGER GIRL (Midnight Tiger) em terceiro, a quase dois corpos. GREAT GALLOPER (Monsieur Renoir) e QUARTIERI (Dodge) completaram o marcador, este decepcionando ao terminar afastado.
Normabelle, criação do Haras Ponta Porã e propriedade do Haras Fort Champion, foi conduzida por Jorge Leme e apresentada por Hélio Cunha. Para a turma, o tempo foi regular: 55”53, na grama leve. Foi a sétima vitória, terceira clássica, em 11 atuações.
Scoz foi a melhor no Paraná
Sexta–feira, no Hipódromo do Tarumã, Curitiba, foi realizado o Clássico Alô Ticoulat Guimarães (L), segunda prova da Tríplice Coroa paranaense, para produtos de 3 anos, em 1.900 metros, areia pesada.
Vitória firme da potranca SCOZ (Kahyasin e Rosa Fllor, por Risen Star), que deixou TANT–EYES (Mane Minister) na dupla, a meio corpo, com IMPERIAL BIRD (Burooj), o candidato a tríplice coroado, em terceiro, com OURO DE PONTA (Punk) e PORTOBELO (Public Purse) a seguir, perto.
Scoz, criação e propriedade do Haras Garcêz Castellano, foi dirigida por Nelito Cunha e é treinada por Luiz Roberto Feltran. Fraco o tempo: 2Â’04”.
Zardana, um galope de saúde
Voltando ao Hipódromo da Gávea, sábado foi corrido o Clássico Luiz Alves de Almeida (L), para potrancas de 2 anos, em 1.200 metros, areia.
Vitória extraordinariamente fácil de ZARDANA (Crimson Tide e Dear Filly, por Southern Halo), que assim manteve a invencibilidade em duas atuações. Muito longe, na dupla, HABITATIS (Impression), com BABY PRINCESS, irmã paterna da ganhadora, a seguir. LA NACHA (Monsieur Renoir) chegou em último, afastada da terceira. Foram inscritas somente as quatro.
Zardana, criação do Haras Campestre e propriedade do Haras Arroio Butiá, teve como piloto Tiago Josué Pereira e é treinada por Alcides Morales. Tempo razoável: 1Â’12”46, na pista leve.
Souscoupe ganha com facilidade
Sábado, foi disputado em Cidade Jardim um páreo para milheiros, a Prova Especial Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, para produtos de 3 anos e mais idade.
Programado para a grama, em razão das fortes chuvas foi transferido para a areia. Vitória fácil de SOUSCOUPE (Wondertross e Uberaba Fighter, por Irish Fighter), que passa a ser um dos prováveis favoritos da Milha Internacional a ser corrida em maio. Deixou INTERLINK (Grimaldi) na dupla, a aproximadamente cinco corpos, com OVÉM (Midnight Tiger) em terceiro. Os quarto e quinto, VLADIS BOY (Nugget Point) e QUALITY FOR FAME (Burooj), chegaram longe. O vencedor tem 3 anos; os outros são um ano mais velhos.
Souscoupe, criação do Haras Pirassununga e propriedade do Stud Merx, teve a condução de Antônio Fagundes e é treinado por Emerson Garcia. Tempo: 1Â’38”193, na pista encharcada.
A Rainha
Parte 1
Não. Não vou falar do bonito e competente filme que premiou sua esplêndida atriz com um Oscar. Vou falar do termo rainha que vem sendo citado por certos cronistas de maneira equivocada. O fato é que os jovens que estão se iniciando no turfe chegam em boa hora, mas precisam, com urgência, passar a gostar de turfe, pois escrever, sem entender, sobre cavalos de corridas, é impossível. É preciso conhecer, pelo menos, um pouco da história do Esporte dos Reis, conversar muito, ouvir muito, consultar os mais experientes, para não correr o risco de cometer erros infantis.
Há pouco tempo (se não me engano à época em que Virginie se consagrava) começou a se falar de rainha das pistas. Até aí, tudo bem. O equívoco está em se atribuir o título recentemente criado somente às que conquistaram a Tríplice Coroa. Nada mais falso e injusto, pois antes da sua criação, em 1957 no turfe paulista, e no carioca em 1979, passaram pelas pistas brasileiras grandes corredoras.
Claro que vencer três provas em três diferentes distâncias, onde são demonstradas ligeireza e resistência, é sinal de grande qualidade. Dulce, Olhada, Jembélia, Emerald Hill e Colina Verde, em São Paulo, e Indian Chris, Virginie e Be Fair, no Rio, foram ótimas ou excepcionais éguas, ganhadoras das três famosas carreiras. Muitas outras, entretanto, também o foram (apesar de não conseguirem a Coroa), em razão de seus triunfos em vários páreos importantes, inclusive derrotando os melhores cavalos no GP Brasil, ou no GP São Paulo, ou no GP Cruzeiro do Sul, ou no Derby Paulista etc.
Pelo exposto, fica claro que as rainhas das pistas foram muitas, consagradas mesmo antes da criação da Tríplice Coroa. Aproveitando o gancho, vou sugerir. Que tal eleger–se a melhor corredora brasileira dos últimos 60 anos?
Vou me adiantar e relacionar as que foram, na minha opinião, as melhores:
FONTAINE: não vi correr mas, pesquisando, sei que venceu inúmeras provas importantes, como os GPs Outono (Dois Mil Guinéus), Diana, Henrique Possolo (Mil Guinéus), Marciano de Aguiar Moreira (Oaks) e, principalmente, o GP Cruzeiro do Sul (Derby). Foi líder absoluta da geração entre machos e fêmeas.
PLATINA: líder inconteste da geração, tendo vencido, entre outros, contra as éguas, os GPs Diana, Marciano de Aguiar Moreira (Oaks) e Henrique Possolo (Mil Guinéus), e contra os machos, o GP Distrito Federal (St. Leger) e o GP Cruzeiro do Sul (Derby).
JOIOSA: mais uma fantástica égua. Também derrotou os melhores machos de sua geração nos GPs Cruzeiro do Sul (Derby), Derby Paulista, Distrito Federal (St.Leger), e as melhores fêmeas nos GPs Diana, Marciano de Aguiar Moreira (Oaks), Henrique Possolo (Mil Guinéus). Foi, ainda, segundo no atribulado GP Brasil vencido pelo craque argentino El Aragonés, tendo sido muito prejudicada pela queda de alguns competidores.
DULCE: tríplice coroada paulista, vencedora de vários GPs, principalmente o São Paulo (Derby Sul–Americano), no qual derrotou os craques Narvik e Vândalo, depois de dar vantagem na partida. Esta é considerada por todos os estudiosos uma das maiores gerações nascidas no Brasil, senão a maior. Três outras éguas sensacionais, Garça, Turqueza e Bucarest, que também derrotaram os machos, a ela pertenceram.
EMERALD HILL: invicta no Brasil, vencedora da Tríplice Coroa paulista e, no Rio, dos GPs Diana (Oaks) e Henrique Possolo (Mil Guinéus), e ainda da Taça de Ouro, quando derrotou os melhores potros da sua geração, mostrando ser a melhor, não importando, assim, o sexo.
IMMENSITY: foi a líder de uma geração fortíssima, a mesma de Bretagne, Full Love, Fantasie, Old Master etc. Venceu os GPs Diana (Oaks), Derby Paulista e, em feito histórico, o Carlos Pellegrini, na Argentina.
Muitas outras, entretanto, também marcaram época e merecem ser citadas, como Garbosa Bruleur, Jocosa, Courageuse, Derah, Elamiur, Embuche, Donética, Off The Way, Anilité, Cisplatine, Indian Chris, Country Baby, Virginie, Sweet Eternity, Riboletta, Be Fair, Canzone, Coray etc. Peço perdão caso tenha sido traído pela memória e, nessa relação, faltar alguma rainha.
Avaliação da provas clássicas
O GP Estado do Rio de Janeiro poderia ter tido campo mais expressivo. Considerando somente provas de grupo, entre os 21 inscritos apenas um ganhador de Grupo I e três de Grupo III. E sem colocação em prova de grupo, muitos: 10.
O Clássico Jockey Club de São Paulo, para velocistas, teve campo muito bom. Merecia ser do Grupo III, pelo menos.
O Clássico Presidente Rafael Aguiar Paes de Barros (L) deveria ser de grupo, pelo que representou e representa (chegou a ser do Grupo II). Nele, este ano, esteve presente um ganhador de três provas do Grupo I.
Prova nobre para 2 anos só pode para ser avaliada, conscientemente, a partir de abril. Até lá, só suposições, sem nenhuma base concreta. Assim foi, portanto, com o Clássico Luiz Alves de Almeida.
Próximas atrações
Rio de Janeiro
Domingo, em 1.600 metros, grama, será disputado o GP Presidente Emílio Garrastazu Médici (GII), para produtos de 3 anos e mais idade.
São Paulo
Sábado, o Hipódromo Paulistano será palco do Clássico Presidente Luiz Oliveira de Barros (L), em 1.800 metros, grama, para éguas de 3 anos e mais idade.
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