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Sábado, dia de Derby em Cidade Jardim 01/11/2005 - 16h38min
Todo brasileiro que tem paixão por cavalos de corridas e corridas de cavalos terá sua atenção voltada, sábado, para São Paulo, onde será disputada, na grama de Cidade Jardim, a 3ª prova da Quádrupla Coroa, o Derby Paulista (GI). Como todos os experts sabem, em qualquer turfe desenvolvido, no mundo, o Derby é carreira reconhecida, histórica e tradicionalmente, como a maior do ano para potros e potrancas de 3 anos. No Brasil, temos o Derby do Rio e o de São Paulo. Por que não? Em um país com dimensões continentais, isso é plenamente justificável e os dois estados merecem. Será que algum deles abdicaria de um direito adquirido através de quase um século? Ganha o turfe nacional com duas importantíssimas provas (o Derby Paulista e o Cruzeiro do Sul, este conhecido como Derby Brasileiro), que atualmente servem de passaporte para o exterior. A teoria de que não deve haver dois em nosso país, é tão discutível quanto seria argumentar–se que não deve haver Derby francês, italiano, argentino, irlandês, alemão etc, pois só o de Epsom é autêntico.
Em se tratando de carreira fundamental, é obrigatória a menção de alguns de seus ganhadores. A relação é impressionante. Raras vezes, o vencedor dos clássicos 2.400 metros foi casual. Sempre, pelo menos, um cavalo muito bom. Além de Jacutinga, Funny Boy, El Faro, Estouvado, Farwell, Giant, Chubasco, Cacique Negro, Quari Bravo e Roxinho, que conquistaram a Tríplice Coroa, outros campeões o venceram. Neste caso, futuros ganhadores dos GPs São Paulo, Brasil, Cruzeiro do Sul, Carlos Pellegrini e Derby Sul–Americano. Desde 1946, podem ser citados Helíaco, Joiosa, Adil, Timão, Emerson, Dark Brown, Immensity, Troyanos e Thignon Lafré. Todos craques excepcionais. Em plano um pouco abaixo, Fitz Emilius, Agente, Campal, Kigrandi, Grimaldi etc.
No presente ano, como vem acontecendo nos últimos, diversos potros que deram boas demonstrações, de janeiro até agora, não estarão presentes, como Lamor, Nakaba, Parfum Parfait, Northern Pan, Nonno Luigi, Gero Dream e O Dragão. Ainda assim, é grande a expectativa de que haja uma revelação. Os prováveis favoritos devem ser Ocho El Negro, Zitromax, Éumsonho, Jackson e Future.
Também no sábado será disputado o GP Sociedade de Criadores e Proprietários de Cavalos de Corrida de São Paulo, do Grupo II até ano passado (quando praticamente coincidia com o GP Matias Machline–Copa ABCPCC), neste rebaixado para Grupo III. Curioso que, com as mudanças (principalmente de data) da citada Copa ABCPCC–Clássica, talvez esta prova passe a ter melhores campos, o que não vinha acontecendo nos últimos anos. Os proprietários dos melhores cavalos paulistas de 4 anos e mais idade poderão utilizar e 2.400 metros para testá–los com vistas ao GP Carlos Pellegrini.
O campo do páreo está muito bom. São sete ganhadores de grupo, mas pode–se dizer que todos os 10 inscritos têm possibilidade de obter, pelo menos, uma colocação.
Uma semana após a milha do Clássico 29 de Outubro (L), para 3 anos e mais idade, eis que teremos sábado (seis dias depois), no Hipódromo de Cidade Jardim, outra milha para a mesma turma, o GP Governador do Estado (GIII). Tudo bem que a primeira é na areia, e esta na grama. Mas existem muitos milheiros que, não escolhendo pista, correriam as duas, caso houvesse um intervalo de, digamos, 30 dias. Isso seria desejável, considerando–se que as opções oferecidas no Brasil para os melhores (velocistas, milheiros, clássicos e fundistas) não são muitas. Para ilustrar o fato, basta observar que depois destas duas carreiras os milheiros só terão prova de grupo ano que vem, mais precisamente, em fevereiro.
Também aqui o campo ficou excelente, presentes os melhores milheiros do Brasil: Setembro Chove, Pronasteron, London Leader, Mestre Colony, Starve Runner e Ultramar. E Pestanita, decepcionante na última, vinha de tirar segundo no GP Brasil. Tem contra o fato de estar descendo de distância.
O Clássico Presidente José Bonifácio Coutinho Nogueira (L), para éguas de 3 anos e mais idade, em 2.000 metros, grama, também será corrido no sábado. Condesir é a força, mas Sables D`Or, Ster Barak, Dadeland e as potrancas Eternidade e Offa podem lhe dar trabalho.
Finalmente, no domingo, a nova geração vai estrear em 800 metros (grama, linha reta). O páreo é intitulado Prova Especial Super Precoce. Esperamos que não tenha havido pressa na preparação desses “precoces” de modo a fazê–los correr antes de janeiro. E que essa pressa (se houve), no futuro não lhes seja prejudicial.
Boa demonstração de Smart Club Listed Race para milheiros arenáticos, o Clássico 29 de Outubro, disputado sábado em Cidade Jardim, teria maior utilidade se fosse realizado mais afastado do GP Salgado Filho, no Rio, e do GP Governador do Estado, em São Paulo. Talvez por isso tenha sido apenas mais uma prova clássica com título.
Felizmente, o resultado foi mais que interessante, pois o 4 anos SMART CLUB (Choctaw Ridge e Saratzena, por Quest for Fame), na sexta apresentação, conquistou com facilidade a quinta vitória, primeira clássica. Apesar da fraqueza do páreo, pode–se dizer que foi demonstração de um cavalo de muito bom padrão, pelo menos na areia. Na dupla, GOING AWAY (Roi Normand), um corpo à frente de GOVERNADOR (Choctaw Ridge), único ganhador de prova de grupo na carreira. O quarto, em corrida regular, foi LATIN CAT (Minstrel Glory). E nas últimas colocações, muito longe deste, Happy Buck e Hidden. Correram seis. Registre–se, apenas para reflexão, que o quinto lugar de HAPPY BUCK (Spend A Buck), embora sem a menor expressão técnica, corresponde a uma colocação clássica.
Smart Club, criação do Haras San Francesco e propriedade do Stud São José dos Bastiões, é treinado por Milton Singnoretti, foi dirigido por Zeferino Moura Rosa e marcou o bom tempo de 1´35”428, na pista encharcada, em Cidade Jardim. O vencedor é irmão inteiro de Sara Bell, ganhadora de Grupo III.
Potros levam a melhor na Prova Especial O Jockey Club Brasileiro realizou domingo a Prova Especial Gustavo Philadelpho Azevedo, condições de chamada exatamente iguais às do clássico paulista da semana (e também do GP Salgado Filho, disputado na Gávea há 15 dias): 1.600 metros, areia, para produtos de 3 anos e mais idade. Coincidências que deveriam ser evitadas.
Tecnicamente muito fraco, o páreo só tinha um concorrente com colocação em prova de grupo, OUTER STAGE (Rackstraw), de 4 anos, que terminou em quarto lugar. Houve, entretanto, um lado positivo no resultado: dos cinco primeiros, só o citado Outer Stage não pertence à nova geração, sendo lícita a expectativa de que, pelo menos, os três primeiros possam ser bem–sucedidos nos clássicos do ano que vem. O vencedor foi ZÉ AMERICANO (First American e Bomba Lark, por Tumble Lark), fazendo um mano a mano com FLY DORCEGO (Choctaw Ridge), ultrapassando o adversário nos 100 metros finais, depois de persegui–lo desde a partida. O até então invicto PADRINO DODGE (Dodge) correu sempre em terceiro, finalizou próximo dos dois primeiros, mas não deixou maior impressão. HEAP MILLION (Fritz) completou o marcador.
Zé Americano, criação do Haras Vale Verde e propriedade do Stud São Bentinho, marcou 1´38”9, na pista encharcada. Foi dirigido por Rodrigo Salgado e é treinado por Leopoldo Cury.
Próximas atrações no Rio
As modestas atrações cariocas são três provas do calendário clássico carioca, na areia, duas para produtos de 3 anos e mais idade, uma, em 2.000 metros, no domingo, a Prova Especial Jayme Augusto Calvet de Vasconcellos, com algum destaque para O´Connell´s, e a outra, em 1.200 metros, no sábado, a Prova Especial Heitor de Lima e Silva, com amplo destaque para Umaita Hill.
Já a Prova Especial Presidente João Goulart, que será realizada domingo em 1.600 metros, é reservada às potrancas de 3 anos e saiu muito fraca, como aliás, todos os clássicos na areia para a nova geração. As melhores são Royal Lake, Pretty Gipsy e Madame Castelo.
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