Colunista:
Provas de grupo: decisões difíceis 27/12/2005 - 22h38min
Conhecidas as programações clássicas do Rio e
de São Paulo para 2006, fico imaginando como é difícil elaborar um trabalho tão importante e de tantos interesses
divergentes. Claro que as pessoas chamadas a opinar têm notórios conhecimentos de turfe e, algumas, inclusive,
larga experiência no assunto, além de competência adquirida em suas vidas profissional e acadêmica. Disso, ninguém
duvida. E o objetivo, certamente, é o desenvolvimento do turfe.
Agradar a gregos e troianos, porém, é
missão impossível. E não se tire dos turfistas o direito de manifestar sua opinião. E eu vou usar do meu direito.
Analisando certas provas de Grupo III, verifico que, salvo engano, são mais importantes que algumas classificadas
como de Grupo II.
Na programação paulista, por exemplo, as importantes oito preparatórias (ou
provas–teste) para os GPs São Paulo, Presidente da República, OSAF e Associação Brasileira de Criadores e
Proprietários do Cavalo de Corrida, e para os GPs Brasil, Presidente da República, Roberto e Nelson Grimaldi
Seabra e Major Suckow são do Grupo III. Por quê? Acaso costumam reunir competidores menos categorizados do que,
por exemplo, os GPs Presidente Hernani Azevedo Silva, Presidente Roberto Alves de Almeida, Presidente José
Bonifácio Coutinho Nogueira, Governador do Estado e General Couto de Magalhães? E o que dizer dos novos GPs
Duplex, Immensity e Siphon, que nem tradição têm, e são, inexplicavelmente, do Grupo II?
Já na
programação carioca, também, as provas testes para o OSAF e Quilômetro Internacional paulista não são do Grupo II,
como deveriam, enquanto outras como os GPs Duque de Caxias, Salgado Filho, Presidente Vargas e Oswaldo Aranha,
são.
Ou seja, a hierarquização dos páreos parece confusa. E esse detalhe é de suma importância para,
por exemplo, classificar com justiça, excedentes em páreos de grupo com número de concorrentes acima do permitido.
Esse conflito vai obrigar os experts a fazer uma avaliação permanente dos campos dessas provas durante o ano.
Os cavalos especialistas (de todas as idades) em duas distâncias tradicionais, 1.000 e 1.600 metros,
foram mal aquinhoados: apenas quatro provas de grupo no quilômetro e na grama, tanto no Rio como em São Paulo.
Para piorar o panorama, eles ficam sete meses sem prova de grupo (no Rio, de setembro a abril) e seis meses (de
novembro a abril), em São Paulo. E apesar da profusão de provas de grupo na areia, nenhuma é para 3 anos e mais
idade, em 1.100 ou 1.200 metros. Fato semelhante ocorre com os milheiros de 3 e mais anos. No Rio, quatro provas
na grama e uma na areia, e em São Paulo, quatro na grama e nenhuma na areia. E os milheiros ficam sem prova de
grupo de outubro a março, no Rio, e de novembro a abril, em São Paulo. Convenhamos, são intervalos muito grandes.
Ainda sobre o assunto distâncias, é válido observar que, curiosamente, algumas sem tradição (em termos de Brasil),
como 1.300 e 1.900 metros, têm sido bem prestigiadas.
Outro fator decisivo na formação dos calendários
clássicos é a preocupação, mais do que compreensível, de selecionar os melhores produtos de 2 e 3 anos para
exportação. Parece–me, entretanto, equivocada a idéia de que é preciso conhecer quais os melhores na areia, para
atrair a atenção dos grandes compradores americanos. Por enquanto, a experiência está mostrando que os cavalos em
condições de enfrentá–los com sucesso são os bons gramáticos, com aptidão para distâncias de 2.000 metros para
cima. A ênfase para páreos de grupo na areia, por enquanto, parece–me discutível. No Rio, os páreos para 2 anos,
na areia, tanto em 2004 quanto em 2005, saíram vazios e apesar disso foram mantidos sem alterações. E também é uma
pena que a magnífica distância, no que se refere à técnica, de 2.000 metros, na grama de Cidade Jardim, não seja
usada mais vezes.
Em São Paulo, finalmente foi criada uma prova de grupo preparatória para o quilômetro
internacional paulista, corrigindo antiga falha técnica. Também o corte da prova da Tríplice Coroa de éguas na
distância de 2.400 metros e o rebaixamento do GP Consagração, ambos no princípio de dezembro, foram decisões
dignas de aplausos.
Mais velhos predominam no Clássico Natal
Sexta–feira, no
Hipódromo de Cidade Jardim, o Jockey Club de São Paulo realizou o Clássico Natal (L), em 1.800 metros, na grama,
este ano pela primeira vez também para os produtos de mais de 3 anos. O campo estava fraco. Somente dois
ganhadores de prova de grupo, estando um, Coquetel, decadente desde a vitória no Derby Paulista de 2003. No páreo,
entretanto, foram inscritos sete potros interessantes da geração de 3 anos, havendo, por isso, a expectativa de
uma revelação.
Infelizmente, os mais novos fracassaram. A vitória ficou com RED AND BLACK (Nugget Point
e Unort Dame, por Norwegian), de 4 anos, que tinha duas colocações em prova de grupo. Em segundo, a meio corpo,
MONEY BOX (Minstrel Glory), também de 4 anos. JOTABE CLARK (Jim Clark), que aos 6 anos, em 40 apresentações, só
tinha uma colocação em Listed Race, foi o terceiro, a meio corpo de Money Box, meio corpo à frente de AÇO PURO
(Rêve Doré), de 4 anos. E MESTRE COLONY (New Colony), de 5, o favorito, atropelando muito por fora, foi o quinto.
Coquetel voltou novamente a decepcionar.
Red And Black, criação e propriedade do Haras Santa Luzia da
Água Branca, foi dirigido por Mario Fontoura, é treinado por Wanildo Garcia Tosta e assinalou 1Â’51”198, na pista
pesada, com cerca móvel.
OÂ’ ConnellÂ’ s vence Prova Especial com
firmeza
Segunda–feira, o Jockey Club Brasileiro realizou a Prova Especial Ricardo Xavier da
Silveira, para produtos de 3 anos e mais idade, em 1.900 metros, areia, último clássico do ano na
Gávea.
Apesar de fraco, o páreo foi compensado por mais uma ótima exibição do excelente arenático, de 4
anos, OÂ’CONNELLÂ’S (Jules e Cover Girl, por Hang Ten). Derrotou FEITO CRAQUE (Ski Champ), também de 4 anos, com
firmeza, por um corpo. Os demais chegaram longe. Em terceiro, quarto e quinto, MONTPELLIER (Patio de Naranjos), ZÉ
AMERICANO (First American) e PATRONATO (Rackstraw).
OÂ’ConnellÂ’s, criação do Haras Santa Maria de Araras
e propriedade do Stud Rio Aventura, teve a direção de Tiago Josué Pereira e atuou sob os cuidados de Nelson
Marinho. Marcou 1’59”9, na pista pesada.
Próximas atrações
São
Paulo
Sexta–feira, na grama de Cidade Jardim, será realizada a última prova de grupo de
2005, o GP Encerramento (GIII), em 1.000 metros, grama, com a presença do velocista do ano, Omaggio.
Quinta–feira, no mesmo palco, uma prova de Grupo III, em 3.000 metros, na grama, para fundistas de 3
anos e mais idade, o GP Presidente João Sampaio. Equilíbrio entre os candidatos, até pelo desconhecimento da
distância por quase todos. São ganhadores de Grupo I, Prince Di Java, Instinto Campeão, Nugget do Faxina e o potro
de 3 anos Nepotista, que estará completando 6.000 metros só este mês.
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