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Provas de Grupo, por Ivamar 12/12/2006 - 19h51min
Fogonaroupa é o melhor do Paraná
Domingo, no Hipódromo do Tarumã, o Jockey Club do Paraná realizou o tradicional GP Paraná, o seu maior evento e uma das duas principais provas do nosso turfe realizadas na areia, para produtos de 3 anos e mais idade, em 2.400 metros.
Para os observadores mais atentos (e sem paixão), é impossível não reconhecer que o páreo, mais uma vez, teve campo sofrível, em se tratando de prova do Grupo I. Até cavalo perdedor foi inscrito. Mesmo Fort Bird, o mais credenciado, por sua vitória, obtida em São Paulo, no GP Piratininga (GII), ano passado, e candidato ao bi no clássico do Tarumã, não pode ser colocado no mesmo nível dos cavalos verdadeiramente clássicos, como Dono da Raia, Eu Também, Tudo Azul, Quick Road, Top Hat, Herói do Bafra etc. Ou alguém terá coragem de discordar? Continuo defendendo meu ponto de vista de que, realizado em outra ocasião, fevereiro, março, setembro ou outubro, por exemplo, certamente teria maior valor técnico, pois contaria com o interesse dos proprietários dos melhores corredores do Rio e de São Paulo e, assim, poderia fazer jus à sua grupagem, o que não está acontecendo no mês de dezembro. Tão elementar que causa espécie o fato de os técnicos teimarem em mantê–lo concorrendo com o Derby Paulista, o Pellegrini e o Ramirez. Os grandes cavalos brasileiros que não são exportados acabam sendo preparados para correr essas três provas do Grupo I.
À exceção do discutível valor técnico do campo do clássico, o resto foi tudo positivo, a começar pela realização da festa durante o dia. De parabéns o Jockey Club de São Paulo, que abdicou de um de seus dias de corridas, numa decisão que demonstra vontade de fazer um turfe solidário, e o Jockey Club do Paraná, que conseguiu ter, de novo, sua prova máxima no domingo. E os páreos ficaram ótimos para apostas. Em sua maioria, equilibrados e cheios.
Felizmente, o páreo principal foi vencido por um potro de 3 anos, FOGONAROUPA, o que dá a esperança de que possa evoluir e enfrentar os melhores do Rio e de São Paulo (onde já correu quatro vezes, na grama, sem conseguir ganhar). Venceu, praticamente, de ponta a ponta, tendo no disco aproximadamente dois corpos sobre BUCANEER (Boatman). Este, por sua vez, deixou SIB DANZIG (Wondertross) a quase três corpos. Embora tenha sido conquistada com firmeza, a vitória do potro de criação do Haras J.B.Barros carece de confirmação, pois os segundo e terceiro colocados, também nascidos em 2003, em sua atuações em Cidade Jardim até agora não impressionaram. Completaram o marcador ESCRIBA (Kenético), de 5 anos, e PANTALEON (New Colony), de 4. Fort Bird decepcionou, enquanto Dá–lhe Grison continua sem confirmar a vitória obtida, em 2004, na mesma carreira.
O ganhador, propriedade de José Cid Campelo Filho, foi dirigido por Altair Domingos e é treinado por Luiz Roberto Feltran. O tempo, na pista de areia, em ótimas condições, foi excelente: 2Â’34”3. Fogonaroupa é filho de Clackson, extraordinário semental, talvez o maior nascido no Brasil, e Law–Breaker (Ghadeer na ganhadora de Grupo II Ujica, por Waldmeister). Sua terceira mãe, importada pelo Haras Mondesir, é Clarabella (Klairon), da qual descende, entre outros, o ótimo velocista Vida Mansa (Free Hand).
Desejado Máximo consegue o batismo clássico
Domingo, no Hipódromo da Gávea, foi corrido o GP Almirante Marquês de Tamandaré (GIII), último páreo nobre carioca da temporada, na clássica distância dos 2.400 metros, e para a primeira turma de corredores de 3 anos e mais idade. Campo tão fraco quanto o de qualquer prova especial. Entre os nove concorrentes, nenhum ganhador de grupo.
O triunfo, firme, ficou com o 4 anos DESEJADO MÁXIMO, como Fogonaroupa filho de Clackson em égua Ghadeer, que deixou, a mais de dois corpos, na dupla, REUX (Roi Normand), um ano mais velho. Em bom terceiro, MIND A LOT (Baligh), da mesma idade do vencedor, enquanto PITOMBO (New Colony), de 5 anos, e DIRTY DOZEN (Wild Event), de 3, completavam o marcador, sem impressionar.
Desejado Máximo, criação do Haras Ponta Porã e propriedade do Stud Alvarenga, é treinado por Dulcino Guignoni e teve a condução de Tiago Josué Pereira. Tempo na grama leve, com cerca móvel: 2Â’27”35. Foi a sexta vitória, cinco comuns, primeira clássica, em 13 apresentações.
A mãe de Desejado Máximo, New–Life (Ghadeer e Vicki Blue), descende da fantástica Skyle (Aureole), mesma linha materna de Zalb, Anseio, Vichysoisse, Honey Chris, Gulf Star, Prime Asset, Irish Lover, Le Garçon DÂ’Or, Be Happy, Bike, Double Dream, É Um Sonho etc.
Elfishness ressurge das cinzas
No Hipódromo Paulistano, sábado, foi corrido o Clássico Thomaz Teixeira de Assumpção Júnior (L), reservado a éguas de 3 anos e mais idade, em 1.600 metros, grama, que recebeu 13 inscrições, entre as quais cinco ganhadoras de grupo. Por isso, mereceria ser de Grupo III.
Em violenta atropelada, a 5 anos ELFISHNESS (Blush Rambler e Genuine Class, por Regimen), finalmente reeditou o triunfo conquistado, em fevereiro de 2005, no GP Presidente Fábio da Silva Prado. Entre as duas vitórias clássicas, acumulou derrotas até em páreos comuns. A mais de dois corpos, disputando a dupla, as 3 anos TODAS AS FLORES (Roi Normand) e LIBUSE (Burooj), que terminaram em segundo e terceiro, respectivamente. Completaram o marcador, agarradas, ETERNIDADE (Romarin) e ASCOXA (Odysseus), ambas de 4 anos. Glucose, Giz Dal e Heckie decepcionaram. Elfishness, criação e propriedade do Haras Santarém, foi pilotada por João Moreira e é treinada por Mário Gosik. Tempo fraco, na pista macia: 1Â’37”115. A ganhadora atuou 22 vezes para obter três vitórias.
Final de emoção na milha paranaense
Voltando ao Paraná, na areia do Hipódromo do Tarumã foi disputado, também no domingo, o Clássico Governador do Estado (L), na milha, para produtos de 3 anos e mais idade. Campo fraquíssimo, explicável pela dotação, pois dificilmente o proprietário de um bom milheiro paulista ou carioca levaria seu defensor a viajar para concorrer a uma prova listed de prêmio menor do que o de São Paulo e muito menor do que o do Rio.
O páreo teve reta e final emocionantes, pois o 3 anos BOB TEEN (Dancer Man e Jill Glory, por Heathen) ultrapassou o 4 anos KATZIN (Dodge) em cima do disco, quando este já parecia com a vitória assegurada. Em terceiro e quarto, respectivamente, a um corpo e meio, o 4 anos ELDORADO RIDGE (Choctaw Ridge) e o 3 anos OURO DE PONTA (Punk). Completou o marcador THE GIPSY (Spend A Buck), de 4 anos.
Bob Teen, criação do Haras Xará e propriedade do Stud Ceprano, foi dirigido por Ivaldo Santana e é treinado por Selmar Lobo. Bom o tempo na pista seca: 1Â’40”2.
Dama da Arte dá boa demonstração
Ainda no Paraná, domingo, foi realizado o Clássico Delegação do Jockey Club de São Paulo (L), em 1.200 metros, para produtos de 3 anos e mais idade, com dotação de apenas R$ 8.000,00. O mesmo raciocínio feito para o clássico na milha vale para este. Aqui, em todo caso, houve a inscrição de um ganhador de Grupo III, Prince of Wales (que está correndo pouco).
Predominaram os mais velhos, o que não deixa de ser decepcionante. O vencedor foi a única fêmea do páreo, a 5 anos DAMA DA ARTE (Mensageiro Alado e Queen Arte, por Exclusive One). Venceu por mais de um corpo, de forma convincente. Foram bons, também, os segundo e terceiro de JANGADEIRO (Nugget Point), da mesma idade da vencedora, e de SNOWY PUNK (Punk), de 6 anos. Os demais não impressionaram. CORO REAL (Dodge) e PUERTO ALEGRE (Bright Again), ambos de 4 anos, foram os quarto e quinto colocados.
Dama da Arte, criação do Haras Simpatia e propriedade de Gelso Luiz Cima, foi conduzida por Antônio Queiroz e é treinada por Ricardo Bueno Colombo. Tempo, na pista de areia seca, 1Â’13”2, muito bom.
Lira da Guanabara: vitória fácil em páreo fraco
Sábado, no Hipódromo da Gávea, foi realizado na areia o Clássico Armando Rodrigues Carneiro (L), para éguas de 3 anos e mais idade, em 1.600 metros.
Felizmente, o resultado foi simpático, na medida em que as três primeiras têm 3 anos e, com a natural evolução, podem confirmar e continuar campanha na primeira turma.
Venceu fácil, por quase três corpos, LIRA DA GUANABARA (Pitu da Guanabara e Luz da Guanabara, por Fast Gold), deixando PARTE BOA (Patio de Naranjos) na dupla, e QUEEN AUSTRALIAN (Wild Event) em terceiro. EMMA BOVARY (Suspicious Mind), de 4 anos, e LADY BETONA (Spring Halo), de 5, completaram o marcador.
Lira da Guanabara, criação do Stud Smith de Vasconcellos e propriedade do Stud Estrela Energia, teve a condução de Marcelo Almeida e é treinada por Cosme Morgado Neto. Tempo, na pista leve, 1Â’38”41. Foi a segunda vitória, ambas na areia, em apenas três apresentações.
Leggera derrota Na Bucha
Também do programa de sábado, mas em Cidade Jardim, constou a nova Prova Especial Franco Clemente Pinto Júnior, em 1.200 metros, areia, para éguas de 3 anos e mais idade. Ao contrário do clássico na milha, fraco e vazio.
Aqui, também, a vitória ficou com uma representante da geração de 2003, LEGGERA (Vettori e Impulsada, por Ringaro), derrubando a invencibilidade de NA BUCHA (Purple Mountain). Esta, que ficou a ¾ de corpo da ganhadora, deixou em terceiro, a quase três corpos, DONNA DI NAPOLI (First American). Completaram o marcador, muito longe, PONTA CERTA (Punk) e TÉNARÉZE (Midnight Tiger). Esta tem 3 anos, e as outras três são um ano mais velhas.
Leggera, criação do Haras Old Friends Ltda. e propriedade do Stud Farda Amiga, foi dirigida por Nelito Cunha e é treinada por Selmar Lobo. Tempo fraco na pista molhada: 1Â’12”570.
Próximas atrações
Rio de Janeiro
Fim de ano, programação clássica indigente, no Rio como em São Paulo. Esta semana, provas completamente inexpressivas que, claro, receberam inscrições de cavalos e éguas inexpressivos. A Prova Especial João e Jorge Jabour, para éguas de 3 anos e mais idade, em 1.200 metros, será realizada domingo, na Gávea.
São Paulo
Sábado, no Hipódromo Paulistano, será corrido a Prova Especial Nelson de Almeida Prado, em 1.400 metros, grama, para produtos de 3 anos e mais idade.
Do mesmo programa consta a nova Prova Especial Antônio Luiz Ferraz, em 1.000 metros, grama, também para produtos de 3 anos e mais idade.
Domingo teremos a Prova Especial Super Precoce–Produtos, para 2 anos, em 800 metros, grama.
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