Colunista:
Provas de Grupo, por Ivamar 21/11/2006 - 17h53min
Hurry Up, a melhor égua do Rio
Domingo, na grama do Hipódromo da Gávea, foi realizado o GP Oswaldo Aranha (GII), para éguas de 3 anos e mais idade. Como era de se esperar, nenhuma potranca de 3 anos foi inscrita para enfrentar as experientes mais velhas nos 2.400 metros. Sem as melhores da geração nascida em 2002, Ever Love, Naughty Rafaela, Quick As Ray e Helisângela, o páreo não esteve à altura de seu passado, no qual venceram fêmeas da mais alta expressão.
Com a retirada de Jénufa, só competiram éguas de 4 anos. Acabou vencendo com autoridade HURRY UP (Roi Normand e Vail Link, por Linkage), confirmando nítida evolução a partir dos 3 anos e meio. A três corpos, na dupla, EVERT CHRIS (Nedawi), igualmente em progressos. A americana ESTRELA BRIMER (Skywalker) terminou em razoável terceiro, ao contrário de NOSSA CAROLINA (Royal Academy) e HALEINE (Ski Champ), inexpressivos quarto e quinto lugares.
Hurry Up, criação do Haras São José do Bom Retiro e propriedade do Haras Regina, teve como piloto Dalto Duarte e foi apresentada por Oswaldo Ulloa Neto. Tempo na pista de grama leve: 2Â’27”02. Em 11 apresentações, obteve três vitórias, uma comum, uma na Prova Especial Off The Way, e esta.
Idomeneo: bicampeão nos 3.500 metros
Sábado, cavalos do segundo time, com característica de fundistas, participaram, na grama do Hipódromo da Gávea, da prova mais longa do turfe brasileiro, o Clássico Derby Club (L), em 3.500 metros.
E a vitória, esperada e muito fácil, pertenceu a IDOMENEO (Much Better), de 6 anos, que desta forma conquistou o bicampeonato. Embora os adversários não fossem fortes (o suficiente para brilhar contra os melhores do Brasil, como Dono da Raia, Top Hat, Naperon, His Friend etc), seu feito é digno de ser aplaudido. Confirmou, sem dúvida, ser muito bom em distâncias mortas.
Em segundo, a mais de quatro corpos, o 4 anos NOTEC (Know Heights), finalmente mostrando o padrão de corrida exibido em São Paulo, com ABSOLUT (Shudanz), também de 4, REUX (Roi Normand), de 5, e DON GALANTE (Cigano–Road), de 6, completando o marcador.
Idomeneo, criação e propriedade do Haras Tributo À Ópera, foi dirigido por Dalto Duarte e é treinado por Dulcino Guignoni. Assinalou 3Â’39”54, na grama macia. Foi a nona vitória em 26 atuações. Stratas (Youth e Stop Her, por Earldom), sua mãe, é clássica de Grupo II, e Droless (Ogan), sua avó, venceu o Diana paulista (GI).
Ke Amour vence outra Prova Especial
Sem nenhuma importância técnica, foi realizada na pista de grama do Hipódromo da Gávea, sábado, para produtos especializados na distância de 1.300 metros (será que existe essa especialização?), a Prova Especial Público Turfista.
Um dos mais visados pela cátedra, por ser dos poucos com vitória e figuração em provas clássicas, KE AMOUR (Notation e DÂ’Amour, por Tumble Lark), obteve fácil triunfo, por aproximadamente quatro corpos. Em segundo terminou NIGHTÂ’S PLAY (Rackstraw), em boa atuação, deixando a mais de três corpos o terceiro. Completando o marcador, PUEBLO BONITO (Dodge), CRASHING BOOKMAKER (Mensageiro Alado) e ESCULPIDO (Midnight Tiger). À exceção de Night’s Play, com 6 anos, os demais têm 4. O ganhador, criação do Haras Old Friends Ltda., propriedade do Stud Palura e treinamento de Manoel Renato Lopes, foi dirigido por Alex Mota. Marcou tempo muito bom: 1Â’15”29, na pista macia. Foi a quinta vitória, segunda em prova especial, num total de 18 apresentações, no Rio e em São Paulo.
Prova Especial de éguas é de Tulipa Di Job
Sábado, no Jockey Club de São Paulo, foi corrida a nova Prova Especial Caluaby, para fêmeas de 3 e mais, em 1.400 metros, grama.
Venceu–a TULIPA DI JOB (Job di Caroline e Fiore di Capitaine, por Oui Mon Capitaine), por mais de um corpo. Na dupla, ASCOXA (Odysseus), deixando, à paleta, em terceiro, NAPOPÉ (Purple Mountain). Completaram o marcador CRAZY JET (Notation) e GRAZIANA (Midnight Tiger), esta com 3 anos, e as que chegaram à sua frente, um ano mais velhas.
A ganhadora, criação do Haras Curitibano e propriedade de TBS S/C Ltda., foi conduzida por Mário Fontoura e apresentada por Geraldo Vogado. Tempo, na pista leve, com cerca móvel: 1Â’22”292.
Nigelo, batismo clássico
Também em Cidade Jardim, mas domingo, foi disputada a nova Prova Especial Dark Brown, em 2.400 metros, areia, para produtos de 3 anos e mais idade (nenhum 3 anos foi inscrito para correr em distância longa contra os experientes mais velhos).
Como a grande maioria das provas especiais do eixo Rio–São Paulo, um páreo sem importância, que teve como vencedor NIGELO (Know Heights e Famous Mary, por Tokatee). A um corpo, na dupla, REVERIE (Fast Gold), por sua vez meio corpo à frente de HI SOCIETY (Dark Brown). Na carreira, duas inscrições inteligentíssimas: a de QUERIDO DO FAXINA (Vralmann), quarto colocado, longe, e a de NISTELROOY (Know Heights), quinto e último a perder de vista. Ambos ganharam prêmio e status clássico!
Nigelo, criação do Haras Ponta Porã e propriedade do Stud Hole in One, teve a direção de João Moreira e é treinado por João Gabriel Costa. Assinalou 2Â’34”260, na pista macia.
Próximas atrações
Rio de Janeiro
Domingo, será disputado na Gávea o GP Mariano Procópio (GIII), em 1.600 metros, para potrancas de 3 anos. Fosse na grama, seria o primeiro teste para a prova inicial da Tríplice Coroa de potrancas, GP Henrique Possollo. Na areia, surpreendentemente, recebeu muitas inscrições, caso raríssimo. Que me lembre, não houve este ano prova de grupo nessa pista com tantos concorrentes. O equilíbrio é evidente, mas Super Eletric deve contar com a preferência dos apostadores. Entre as outras 17 existem, porém, muitas promissoras.
Na véspera, acontecerá na grama a Prova Especial Raphael de Souza Paiva, para produtos de 3 anos, que continua a ser em 2.400 metros, embora, atualmente, realizada após o Derby Paulista, ela que serviu de teste para a grande prova do turfe paulistano. Evidente equilíbrio entre os candidatos, mas talvez Omg, Mind Your Business, Dear–Est e Quanta Classe possam ser destacados.
São Paulo
Três páreos de pouca importância no fim de semana paulista, as novas Provas Especiais Corpo Consular, em 2.000 metros, areia, para éguas de 3 anos e mais idade, que recebeu cinco inscrições (inclusive as de Sparkling Gold e Knightsbridge, que venceram prova de Grupo II e depois não confirmaram); Itamaraty, em 1.600 metros, areia, para produtos de 3 anos e mais idade, com oito inscritos, entre os quais o impressionante American Style, que dá ao páreo um valor que normalmente ele não teria; e Cacique Negro, em 2.800 metros, grama, para produtos de 3 anos, com cinco inscrições.
CONVERSA COM OS TURFISTAS
Calendários Clássicos Ao analisar os campos e resultados dos páreos do Calendário Clássico brasileiro, tenho, por vezes, manifestado opiniões que podem ser mal interpretadas, dando falsa impressão de soberba, defeito que, posso garantir, não tenho.
Antes de mais nada, preciso esclarecer que sou apenas um observador apaixonado (desde 1952), sem nenhum interesse comercial no turfe, ou seja, totalmente isento. Os meus comentários, quando não contêm elogios (raros, pois não quero parecer bajulador), são feitos com a intenção de induzir o leitor (ou experts) à reflexão. Gostaria de não desagradar a quem quer que seja, mas isso só aconteceria se não fosse fiel às minhas convicções. Se as críticas, feitas em muito menor número do que o necessário, contribuírem para aperfeiçoar os calendários, vou ficar feliz, porque, no fundo, o que gostaria é de ver um turfe perfeito para os cavalos e seus proprietários. São sugestões feitas, graciosamente, por amor ao esporte e ao maior astro.
Entendo que as provas clássicas precisam ter finalidade. As duas mais importantes, na minha opinião, a seleção dos melhores puros–sangues e o atendimento ao interesse dos proprietários dos mesmos. E é fundamental que haja um grupo (formado, por exemplo, por diretores de cada entidade, com notório conhecimento de corridas), para fazer o acompanhamento das provas de grupo e detectar se elas estão preenchendo as finalidades (recebendo inscrições de concorrentes que estejam à altura de suas graduações). E tem de ser trabalho dinâmico, que aponte, anualmente, as modificações que precisem ser feitas. Por todo o exposto, vou fazer as considerações abaixo:
Clássicos Regionais. está claro que os GPs Bento Gonçalves e Paraná, ambos do Grupo I, para justificarem essa classificação precisam ter a adesão dos proprietários de cavalos ganhadores de prova de grupo, o que dificilmente está acontecendo. Não existindo possibilidade dos citados clássicos concorrerem com as quatro grandes provas do Rio e de São Paulo (Derby Paulista, Cruzeiro do Sul, São Paulo e Brasil) as datas daquelas provas precisam ser escolhidas criteriosamente, para evitar as coincidências. Os meses ideais seriam janeiro, fevereiro, março, setembro ou outubro.
Velocistas machos: causa espécie o motivo pelo qual os cavalos ligeiros têm tão poucos páreos nobres para correr, tendo de ficar restritos às provas especiais. São quatro páreos de grupo em São Paulo, e quatro no Rio. Nenhum na areia. Parece pouco, não?
Nova geração: os potros e potrancas de 2 anos têm muitas oportunidades. Ponto positivo. Talvez, entretanto, as provas pudessem ser mais bem distribuídas.
Provas Especiais: a grande maioria das provas especiais não tem razão de ser, dando falso status clássico a cavalos que não podem ser assim classificados. Elas devem ser programadas sim, mas em menor número (de maneira que as dotações possam ser bem melhores que as dos páreos de pesos especiais, para destacá–las destes) e à parte das temporadas clássicas. Quando um desses páreos sai vazio, a situação, então, torna–se tragicômica. Um cavalo fraquíssimo, aventureiro, pode ser inscrito e tirar quinto e último a 30 corpos do vencedor, e na semana seguinte poderá constar de catálogo de leilão como cavalo clássico (black type). Um absurdo, que deveria ser objeto de reflexão dos técnicos.
Provas Clássicas internacionais: imitar o bom é sinal de grandeza. Acho que tudo que merece, deve ser copiado. O turfe brasileiro, entretanto, tem suas próprias características. Algumas coisas que são boas para o turfe francês, o inglês e o americano, não são necessariamente para o nosso. É preciso ter cuidado na subserviência aos turfes do Primeiro Mundo.
Areia: há alguns anos, os calendários clássicos, principalmente o carioca, tinham pouquíssimos clássicos na areia. Eu achava um erro. Hoje, vejo que eu é que estava errado. Atualmente, são muitas as provas de grupo na areia, que não estão contando com o interesse dos proprietários, delas, conseqüentemente, participando poucos cavalos, em geral medíocres (exceções existem, é claro, como o esplêndido Eu Também).
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