Colunista:
Notícias da Semana, por Sérgio T. Gonçalves 15/11/2006 - 03h17min
A crise no turfe: Campos luta para sobreviver
Trabalhei no GLOBO, empresa da mais alta expressão, até março de 1993, quando me aposentei. Em 1987, com a aposentadoria do saudoso Paschoal Leão Davidovich, assumi a editoria de turfe. Anos mais tarde, início dos anos 90, eu e meus companheiros, Marco Aurélio Ribeiro e João Carlos Faro, fizemos uma matéria de página inteira, abordando a situação de então no turfe brasileiro. Dela participaram dirigentes, profissionais, colegas etc. Todos se mostravam apreensivos, alguns até afirmando que o chamado Esporte dos Reis, em nosso país, já passava por uma crise. Estamos no século 21. E a crise está aí, instalada. Recentemente, o Hipódromo Serra Verde, em Belo Horizonte, fechou as portas, para desespero dos que lá trabalhavam. É sabido que os Jockeys do Rio Grande do Sul e do Paraná, tradicionais, lutam por dias melhores. E, quer queiram ou não, o mesmo acontece com os dois principais centros turfísticos, o Jockey Club Brasileiro e o Jockey Club de São Paulo, que tanto me emocionaram com seus programas repletos de craques. Não posso esquecer de proprietários, criadores, jóqueis e treinadores que fizeram história, e das tribunas, cheias, a completar um esplendoroso espetáculo. O que hoje observo, e me leva às lágrimas, são os craques que aqui desfilam e depois são levados ao exterior. Como faz falta o campeoníssimo Jorge Ricardo, que brilha nos hipódromos argentinos. E o que dizer das tribunas, com um número ridículo de turfistas? Como se isso não bastasse, recebo a informação de que o JOCKEY CLUB DE CAMPOS, tradicional campo de corridas, uma espécie de filial da entidade carioca, não mais realizará programações este ano. Menos mal que seus dirigentes, juntamente com os responsáveis pelo Jockey Club Brasileiro, estão tentando uma solução visando ao reinício das atividades no prado campista a partir de janeiro. Espero que a crise não feche em definitivo as portas de mais um hipódromo. O sonho dos que gostam realmente de corridas de cavalos é ver craques, craques, craques, páreo com boas dotações, presentes, como outrora, cavalos estrangeiros... e tribunas novamente cheias, na Gávea, em Cidade Jardim, no Tarumã, no Cristal, no Hipódromo dos Canaviais etc,etc.
A festa no Cristal Na última quinta–feira, 9, dia do GP Bento Gonçalves, o turfe gaúcho viveu momentos de emoção quando de sua festa máxima no HIPÓDROMO DO CRISTAL, em Porto Alegre. Da programação, como ocorreu ano passado, constavam 14 páreos, mas o movimento de apostas deste ano (R$ 222.484,38) foi inferior ao de 2005 (R$ 239.446,89). E o gaúcho TIAGO JOSUÉ PEREIRA, atualmente com 29 anos e radicado no turfe carioca, deu um show em sua terra ao vencer a grande carreira com Mata Leão, em final emocionante, e mais duas provas, com Bela Uruguaya e Oligarca Gaúcho, este no GP Presidente da República. Tiago chegou ao terceiro êxito no Bento Gonçalves, pois antes vencera a prova em duas oportunidades com Hero´s Son. Certamente, alguns dos primeiros colocados nas provas mais importantes deverão estar presentes às carreiras mais expressivas da semana do GP Paraná, dia 10 de dezembro, no Tarumã, em Curitiba. A corrida começou e terminou com atraso que considero considerável, mas quase sempre em eventos desta grandeza é muito difícil respeitar o horário. Terminada a festa, espero que as programações no Cristal, para alegria dos turfistas, proprietários, profissionais, funcionários etc, voltem a ser realizadas no horário marcado, o que vinha acontecendo nas últimas reuniões anteriores ao GP Bento Gonçalves.
Finais...
Proprietários e criadores brasileiros pensam em levar cavalos para a ARGENTINA. O Stud TNT, dos mais conceituados do nosso turfe, deve enviar reprodutoras e produtos em carreira. Acrescente–se que os treinadores Luiz Esteves e Victor Paim, radicados na Gávea, estiveram semana passada em Buenos Aires. Mudanças à vista. Afinal, os prêmios de nossas provas deixam muito a desejar. É caro criar e comprar um puro–sangue de corrida.
Bons TEMPOS foram assinalados em provas nos Hipódromos do Cristal, da Gávea e de Cidade Jardim, especialmente nos dois últimos. Domingo, no Hipódromo Paulistano, MR. STONE CROSS, de apenas 2 anos, inédito, entusiasmou ao passar os 800 metros em 45s134, na grama leve, aproximando–se do recorde de Matuto (44s085). E ontem, segunda–feira, 13 de novembro, no Hipódromo Brasileiro, o cronômetro marcou 81s54 na vitória de GENNO DREAM no terceiro páreo, em 1.400 metros, grama (o recorde, em poder de Jogo Antigo e Euro Tech, é 81s10).
No sétimo páreo de sábado, na Gávea, poucos metros após a largada, por milagre não aconteceu um ACIDENTE. Alguns profissionais, positivamente, não estão respeitando os colegas.
Esta semana, SIMULCASTING Gávea / Cidade Jardim nas corridas de sábado, domingo e segunda–feira. Quarenta e dois páreos serão disputados nas quatro reuniões da Gávea, sendo que 11 nas de sábado e domingo, e 10 nas restantes.
Presentes jóqueis do turfe carioca, o JOCKEY DE SÃO VICENTE, outro que luta por melhores dias, realiza hoje, feriado, uma programação com nove páreos, sem transmissão para o Rio. Algumas provas em homenagem ao extraordinário freio Luis Rigoni, recentemente falecido.
ÁGUIA DA SERRA não correspondeu ao esperado na reunião de sábado na Gávea. Segundo o Departamento de Veterinária do JCB, foi presa de hemorragias pulmonar, grau V, e nasal.
O jóquei M. ALMEIDA, de Puro Enigma, foi suspenso de 14 a 21 deste mês, por atraso para pesar, enquanto o treinador J.S. GUERRA, de Don Galante, foi suspenso de 21 deste mês a 20 de dezembro, por não apresentá–lo no horário. E a CC carioca concedeu renovação da matrícula de treinador a G.L. FERREIRA, até o fim do ano hípico 2006/2007.
Nas últimas reuniões, a MÉDIA DE DISTÂNCIAS na Gávea passou ligeiramente de 1.340 metros. Apenas 14 FAVORITOS venceram, em 40 páreos disputados. Quanto às APOSTAS, ligeiro aumento nas reuniões de sábado e ontem, dia 13 de novembro, especialmente na de sábado, com o simulcasting de São Paulo, onde foi realizado o Derby (R$ 951 mil). Na de ontem, apostados, com simulcasting, pouco mais de R$ 902 mil. Nos programas de sexta, simulcasting com Paraná, e de domingo, com São Paulo, respectivamente R$ 700 mil e R$ 881 mil. Como se observa, há muito não chega à casa do milhão.
[ Escolher outro colunista ]
|