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Colunista:

Fino Trato – O Hipólogo – Parte 3 B – O Hipólogo e a Criação no Exterior
30/05/2016 - 09h43min

FINO TRATO

O HIPÓLOGO

O HIPÓLOGO e a CRIAÇÃO no EXTERIOR

Parte 3 – B

4 – KARIN – 3º AGA KHAN / GEORGE LAMBTON / Cel. VUILLER  

No atual panorama da Criação europeia do PSI, possivelmente, a Criação de Aga Khan se situa como o ícone entre as Criações do PSI na Europa!

Iniciada pelo 1º Aga Khan, foi continuada por seu filho, Aly Khan e consolidada e incrementada por seu neto, Karin, que reúne conhecimentos típicos de um Hipólogo!

Aga Khan e Marcel Boussac iniciaram suas Criações, praticamente na mesma época, sendo que Aga Khan não era conhecedor das características de um PSI, sendo recomendado por Lord Derby que procurasse um grande Hipólogo, George Lambton, que passou a orientá–lo desde os primórdios de sua Criação!

Sob a orientação de Lambton, a partir de 1921, deu início a uma série de aquisições em Leilões na Europa, evidenciando desde cedo que era seguidor da política pautada na  compra de todo o “Bloodstock” de um Criador, descartando a maior parte dele, mantendo, apenas, o que, efetivamente, interessava agregar ao seu “Bloodstock”!

Sempre sob a orientação de Lambton, Aga Khan mostrava um forte apelo comercial nas operações envolvendo o PSI, diferentemente de Marcel Boussac, visando recuperar, o mais rapidamente possível, o investimento realizado, mas garantindo um permanente fluxo operacional que proporcionava a inclusão de novos “strains” selecionados, que agregava ao seu “Bloodstock”!

Suas aquisições, sobretudo as realizadas em Leilões, culminaram, por indicação direta de Lambton, na compra de uma Potranca de pelagem tordilha exótica, filha do também exótico de pelagem, o extraordinário e fenomenal tordilho, THE TETRARCH, sendo chamada de MUMTAZ MAHAL, autêntico fenômeno da Velocidade em sua expressão maior e, como tal, conhecida como “The Flying Filly” (A Potranca Voadora).

                                                         

MUMTAZ MAHAL – GB – F.T. – 1921 – THE TETRARCH (ROI HERODE / LE SANCY)  X  LADY JOSEPHINE por SUNDRIDGE (AMPHION / VEDETTE / VOLTIGEUR)

                                                           

THE TETRARCH – IRE – M.T. – 1911 – ROI HERODE (LE SAMARITAIN / LE SANCY)  X  VAHREN por BONA VISTA (BEND OR / DONCASTER / STOCKWELL)

 

Além de excepcional “racemare” nas pistas de corrida, MUMTAZ MAHAL se tornou o   ícone das Matrizes do século 20, ao estabelecer o principal Ramal de uma prodigiosa Família Materna (9–c*), pontuada por sua mãe, LADY JOSEPHINE!

Para se ter uma ideia da importância deste Ramal pontuado por MUMTAZ MAHAL, basta assinalar que das 30 Matrizes adquiridas nos primeiros anos desta fabulosa Criação, 17 delas eram descendentes, em linha direta, do Ramal Materno de MUMTAZ MAHAL!

Entretanto, apesar do incrível potencial voltado para a Velocidade, proporcionado por MUMTAZ MAHAL, a chave do sucesso da Criação de Aga Khan foi o sucessivo   processo de “compra e venda”, que possibilitou um contínuo “fluxo de troca sanguínea”, foco primordial da Criação de Aga  Khan!

Seguindo a orientação e ensinamentos de George Lambton, Aga Khan (Avô – 1º Aga Khan), sintonizou suas compras em filhas e filhos de THE TETRARCH pois, além de MUMTAZ MAHAL, comprou PAOLA e SALMON–TROUT, este vindo a ser o pai de nosso conhecido KING SALMON!

                                                             

SALMON–TROUT – GB – M.CE. – 1921 – THE TETRARCH (ROI HERODE / LE SANCY)  X  SALAMANDRA por St. FRUSQUIN (St. SIMON)

Por sua vez, Lambton adquiriu duas importantes Potrancas, VOLEUSE e FRIAR’S DAUGHTER, que contribuíram decisivamente para a excelência do Plantel de Matrizes de Aga Khan, sendo que esta última se tornou a mãe de BAHRAM (filho de BLANDFORD), Tríplice Coroado invicto na Inglaterra!

 

BAHRAM – GB – M.C. – 1932 – BLANDFORD (JOHN O’GAUNT / ISINGLASS)  X  FRIAR’S DAUGHTER por FRIAR MARCUS (CICERO / CYLLENE / BONA VISTA)

Após assumir a Criação Aga Khan, seu neto, Karim, adquiriu o “Bloodstock” remanescente de Marcel Boussac, composto por 34 Matrizes, das quais 18 (49%) apresentavam “inbreeding” em suas quatro primeiras Gerações, referenciados a TOURBILLON, seu filho, DJEBEL e seu neto, ARBAR, sendo que NEARCO foi o responsável pela grande maioria dos “inbreedings” das demais Matrizes, que não foram criadas por Marcel Boussac!

Com essa famosa operação, no âmbito da Criação europeia, Karim consolidou e promoveu o “up grade” da Criação Aga Khan!

Apesar de não ter produzido Potros de maior relevo nas pistas, MUMTAZ MAHAL perpetuou sua influência na Criação de Aga Khan através de suas filhas, MUMTAZ BEGUM, mãe de NASRULLAH e avó materna de ROYAL CHARGER, sua filha MA MAHAL, mãe de MAHMOUD (Derby em recorde) e de MAH IRAN, mãe de MIGOLI, um “top–class racehorse”!

                                     

NASRULLAH – GB – M.C. – 1940 – NEARCO (PHAROS / PHALARIS)  X  MUMTAZ BEGUM por BLENHEIM (BLANDFORD)

             

ROYAL CHARGER – GB – M.A. – 1942 – NEARCO (PHAROS / PHALARIS)  X  SUN PRINCESS por SOLARIO (GAINSBOROUGH / BAYARDO / BAY RONALD)                                          

  

MAHMOUD – FR – M.T. – 1933 – BLENHEIM (BLANDFORD)  X  MAH MAHAL por GAINSBOROUGH (BAYARDO / BAY RONALD)

Após 1928, os Cruzamentos de Aga Khan foram orientados pelo Cel. Vuiller, o Hipólogo autor da Teoria das Dosagens, publicada em seu Livro, “Os Cruzamentos Racionais na Raça Pura”, no qual analisou mais de 600 pedigrees de “high–class racehorses” e trabalhou nas proporções e posições de certos Ancestrais notáveis, qualificados por Vuiller como Chefes de Raça!

O cerne de sua Teoria, foi descrito por Vuiller, da seguinte forma:

“A seleção de um Reprodutor para determinada Matriz, deveria ser determinada por sua capacidade para corrigir excessos ou deficiências de Chefes de Raça do passado, no pedigree da Matriz, trazendo o pedigree do Produto Projetado, o mais próximo possível da dosagem recomendada”.

Em outras palavras e, por outros caminhos, esta afirmativa de Vuiller vem confirmar o que venho defendendo há alguns anos, afirmando que o importante para a decisão de um Cruzamento, no âmbito de um criterioso Planejamento Genético, se resume no melhor “encaixe” genético e físico, possíveis, entre os Genótipos e Fenótipos da Matriz e do Reprodutor, se bem que por outras metodologias, pois considero a Teoria das Dosagens, mais como uma demonstração e justificativa para resultados em pista, do que como um efetivo e eficaz instrumento para que venha a ser determinante para a realização de um Cruzamento adequado para uma determinada Matriz!

 5 – FEDERICO TESIO

Considerado como melhor Criador do PSI em todos os tempos, Federico Tesio foi o único que reuniu todas as Atividades Básicas que envolvem o PSI, pois era o Hipólogo, o Criador, o Proprietário e Treinador de seus Produtos!

Em seu Haras Dormello–Olgiatta, mantinha apenas cerca de 12 Matrizes em média, não mantinha Reprodutor sediado em seu Haras, praticamente, realizou todas as suas aquisições a preços muito baixos, algumas delas, autênticas barganhas!

A maior e mais importante dessas barganhas, a Matriz CATNIP, veio a se tornar, possivelmente, a mais influente de suas “foundations mares” (Matrizes Fundadoras) de seu magnífico Plantel de Matrizes, base de sua diferenciada Criação!

              Foto Indisponível                             

CATNIP – IRE – F.C. – 1910 – SPEARMINT (CARBINE)  X  SIBOLA por THE SAILOR PRINCE (MARSYAS / ORLANDO / TOUCHSTONE)

 

Como Hipólogo, elaborou um eclético “Livro de Pedigrees”, registrado e elaborado por sua esposa Lydia, Livro este que carregava consigo para onde quer que fosse, e que se consolidou como seu mais precioso instrumento para realizar Cruzamentos criteriosamente elaborados, muitos dos quais resultaram em extraordinários “racehorses” dotados de alto padrão de classicismo para as pistas de corrida!

Como Criador, não tinha a menor vergonha de revelar que muitos desses qualificados “racehorses” foram obtidos na base da velha e eficiente Metodologia da “Tentativa e Erro”!

Sem dúvida, em apoio ao seu profundo conhecimento e intuição sobre o PSI, foi fortemente bafejado pelo fator Sorte, fator este que costuma acompanhar o elevado nível de conhecimento, que o auxiliou na produção de seus dois principais Produtos, NEARCO e RIBOT, refletindo a conjugação de dois fatores que não podem faltar para um grande Criador, ou seja, o profundo Conhecimento do Hipólogo, apoiado por uma alta dose de Sorte do Criador!

NEARCO – ITA – M.CE. – 1935 – PHAROS (PHALARIS)  X  NOGARA por HAVRESAC (RABELAIS / St. SIMON)

Complementando suas virtudes como Hipólogo / Criador, exercia, com maestria, as funções inerentes ao Proprietário e ao Treinador, treinando seus Produtos com “mão de ferro”, fazendo seus pupilos galoparem repetidas vezes a distância das Provas de que iam participar, sobretudo, quando se tratava de distâncias de Fundo!

O método que adotava para o treinamento de seus Produtos, no seu entendimento, era o mais adequado para sua filosofia de trabalho, ou seja, no caso de que alguns deles viessem a sentir o rigor de seu método de treinamento, era preferível que sentissem durante os exercícios do que na corrida, quando deveriam estar 100% preparados!

Como Hipólogo / Criador, Tesio era adepto da filosofia de que, no caso das Fêmeas, “Há Éguas de Pista (“racemares”) e Éguas de Haras (“mares”) e, raramente, a mesma Égua reúne os dois predicados”!

Tesio sempre enfrentou limitações de ordem financeira para manter sua Criação do PSI e, em consequência, se associou ao Marquês Mario Incisa della Rochetta em 1932, reunindo seu Haras Dormello às margens do lago Maggiore, com o Haras Olgiatta, de Mario Incisa, nas proximidades de Roma, o que acabou por beneficiar a qualidade de seus Produtos, criados e recriados em dois Meio Ambientes com características distintas!

Como vimos acima, Tesio seguia com absoluta rigidez a norma de não sediar Reprodutores em seu Haras, ainda que fossem seus melhores Produtos, mas por ironia do destino, mais uma vez foi bafejado pela sorte, por alguma razão não esclarecida, foi obrigado a reter em seu Haras, TENERANI, de sua Criação que, apesar de excelente “racehorse”, não chamava a atenção de Tesio, que o apelidou de “O Preguiçoso” e que acabou por ser o pai de seu melhor Produto nas pistas, o fenomenal RIBOT, invicto em suas 17 Apresentações em quatro países diferentes da Europa, inclusive, o Arco do Triunfo por duas vezes consecutivas, sendo que Tesio morreu um pouco antes de RIBOT estrear nas pistas de corrida!

 

TENERANI  – ITA – M.C. – 1944 – BELLINI (CAVALIERE D’ARPINO / HAVRESAC / RABELAIS / St. SIMON)  X  TOFANELLA por APELLE (SARDANAPALE)

Tesio não escondia que considerava o Cruzamento da complicada Matriz, ROMANELLA com o “Preguiçoso” TENERANI, um autêntico “fluke” (furada) e, desta união na qual não apostava suas fichas, Tesio viu crescer um Potro de Fenótipo inexpressivo, meio desajeitado, que não viu correr, o notável RIBOT!

                                 

RIBOT – ITA – M.C. –  1952 – TENERANI (CAVALIERE D’ARPINO / RABELAIS / St. SIMON)  X  ROMANELLA por EL GRECO (PHAROS / PHALARIS)

Me colocando diante da trajetória de Federico Tesio, por simples observação, verifiquei algumas coincidências em nossa juventude, pois ambos fomos educados em colégios dos Padres Barnabitas, e ambos “devoramos” os Livros de Sir Conan Doyle, autor de Sherlock Holmes, assim como, adotamos como a filosofia que presidiu nossas Pesquisas sobre o PSI, refletir, refletir e refletir sobre os aspectos considerados como os mais relevantes das Pesquisas realizadas!

Sou adepto, assim como Aga Khan e Tesio, do uso da sempre eficaz filosofia da “Tentativa e Erro”, refletida na repetição de Cruzamentos bem avaliados!

Tesio, comprometido integralmente com o alto nível de qualidade e elevada frequência do expressivo padrão de classicismo presente na maioria de seus Produtos, montou, manteve e atualizou seu fabuloso Plantel de Matrizes, dispendendo muito poucos recursos financeiros para a aquisição dessas Matrizes, mas tendo como o parâmetro primordial para os Reprodutores que usava, os vencedores do Derby de Epsom, seu paradigma de qualidade, aos quais tinha acesso a preços moderados, em razão dos efeitos das Guerras na Economia europeia!

Tesio, sobretudo nas décadas iniciais do século 20, nutria especial admiração, quase que uma adoração, pelo fenomenal Reprodutor, St. SIMON, e apesar de ser contrário à excessivas Duplicações em Ancestrais num Pedigree, que poderiam acarretar expressivos malefícios genéticos para os Produtos, admitia abertamente, quando possível, que se procurasse intensificar “inbreedings” e “linebreedings”, num único Reprodutor, ou seja, St. SIMON!

                                              

St. SIMON – GB – M.CE. – 1881 – GALOPIN (VEDETTE / VOLTIGEUR)  X  St. ANGELA por KING TOM (ECONOMIST / WHISKER / WAXY)

Para manter o alto padrão da qualidade de suas Matrizes, seguia religiosamente suas convicções de um diferenciado Hipólogo, promovendo um rigoroso e contínuo procedimento de “culling” (descarte seletivo) de Matrizes, introduzindo novos “strains” (estirpes genéticas), mesmo quando usava Matrizes com Campanhas modestas nas pistas de corrida, desde que fossem descendentes de notáveis Famílias Maternas, como as pontuadas por Éguas excepcionais como SCEPTRE, PRETTY POLLY e SIBOLA.

                                                                        

SCEPTRE – GB – F.C. – 1899 – PERSIMMON (St. SIMON)  X  ORNAMENT por BEND OR (BEND OR / DONCASTER / STOCKWELL)

      

PRETTY POLLY – IRE – F.A. – 1901 – GALLINULE (ISONOMY / STERLING)  X  ADMIRATION por SARABAND (DONCASTER / STOCKWELL)

Devo ressaltar, finalmente, que Tesio jamais deixou se levar pelo Sentimentalismo, contou com a preciosa ajuda de sua esposa Lydia e, sobretudo, com um fator de fundamental importância, a Sorte que, usualmente, acompanha e apoia o Conhecimento em alto nível!

Autor: Orlando Lima

email: omlimapsi@gmail.com

Acesso pelo RAIA LEVE: www.raialeve.com.br – Colunistas – Orlando Lima



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