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Colunista:

Fino Trato – O Hipólogo
11/04/2016 - 09h41min

FINO TRATO

O HIPÓLOGO

Parte 1

 

INTRODUÇÃO

Para iniciar o ano de 2016, resolvi chamar a atenção para uma figura importante para a Criação do PSI, integrando um reduzidíssimo Grupo de especialistas, quase sempre desconhecidos, no qual, com muita honra e orgulho, eu me incluo. O HIPÓLOGO!

O Turfe é uma Atividade encarada por diversas formas, sendo considerado por uns como uma mera modalidade de Apostas envolvida por expressiva intensidade emocional, por outros, como uma Atividade esportiva e, por terceiros, como uma efetiva Atividade Econômica!

Pessoalmente, considero que o Turfe reúne as três modalidades acima citadas e, levando em consideração minha Profissão como Economista, posso garantir que, certamente, reúne as condições típicas de uma autêntica Atividade Econômica, envolvendo os três Setores Básicos da Economia, o Primário, Secundário e Terciário!

Para movimentar a Atividade Turfística, alguns “Atores” são fundamentais, cada um deles realizando cada Fase que integra a Atividade como um todo!

Dois “Atores” são fundamentais para a movimentação e continuidade da Atividade Turfística, ou seja, o CRIADOR, responsável pela criação do Produto primordial da Atividade, o Puro Sangue Inglês (PSI) e o PROPRIETÁRIO, responsável pela aquisição do Produto, viabilizando sua participação nas corridas!

Em alguns casos, sobretudo nos Anos Dourados do Turfe no Brasil (1945 a 1970), período assim definido pelo Hipólogo Samir Abujamra, os dois “Atores” convergem para a mesma Entidade ou Pessoa!

Para viabilizar o Objetivo primordial da Atividade (as corridas), é imprescindível que haja um “Palco” adequado, os Hipódromos, usualmente mantidos e disponibilizados pelos respectivos Jockeys Clubes!

Dois “Atores”, a nível Profissional, exercem funções de fundamental importância para que o PSI possa se apresentar ao Público Turfista, o TREINADOR, responsável por seu condicionamento Físico–Atlético, e o JOQUEI, responsável por sua Condução nas competições em que vier a participar!

O Treinador deve ser apoiado por uma Equipe composta pelo 2º GERENTE, REDEADORES e, tão importante quanto os citados, o CAVALARIÇO que, em última análise, é o que passa mais tempo com o PSI, observando atentamente o comportamento e reações de seu protegido!

Profissional de nível acadêmico superior, responsável pela evolução Físico–Orgânica do Produto, desde a Gestação da Matriz, passando pelo Nascimento, durante sua permanência no Haras e, posteriormente, zelando por sua Saúde durante sua Campanha nas pistas, encontramos um “Ator” da maior importância para o sucesso do Produto, ou seja, o VETERINÁRIO que, muitas vezes, se especializam como Veterinários de Haras e / ou como Veterinários de Pista!

De grande importância para a performance do PSI nas pistas, temos “Atores”, digamos, “periféricos”, ou seja, o DOMADOR, responsável pelo comportamento e disciplina do PSI nas pistas de corrida, assim como, o FERRADOR, responsável pelo conforto e segurança do PSI, tanto nos treinamentos, quanto nas corridas, através da aplicação de ferraduras adequadas e corretamente assentadas, possibilitando que o PSI possa exibir todo o seu potencial nas pistas de corrida!

Sem dúvida, dentre todos os “Atores” responsáveis pela realização da Atividade Turfística, o mais reconhecido, elogiado ou criticado, tanto pelo Público Turfista, quanto pelos demais “Atores”, é justamente o que se encontra mais diretamente relacionado com o Público, ou seja, o JOQUEI.

Num segundo plano, em termos de reconhecimento pelo Público Turfista, temos o TREINADOR que, apesar de não ter sua imagem exposta ao Público com frequência, é reconhecido pelos resultados obtidos por seus pupilos nas pistas, e o VETERINÁRIO, usualmente, apesar de não ter sua imagem exposta ao Público, costumam ter seu Trabalho reconhecido e prestigiado por parte dos “Atores” primordiais, como o Criador, Proprietário e Treinador!

Teria esquecido algum “ATOR” de capital importância, sobretudo no que se refere à concepção do PSI?

Na realidade, não esqueci porque, além de ser o “Ator” central desta série de Artigos, em última análise, trata–se da figura mais desconhecida do Público Turfista e, em boa parte, desapercebida e ignorada pelos Criadores, em sua expressiva maioria!

                                               O HIPÓLOGO

O conceito para a palavra HIPÓLOGO, seria a do especialista na Raça Equina mas, na prática, o termo foi direcionado para o especialista no conhecimento específico do Puro Sangue Inglês (PSI)!

Para sermos justos, este isolamento não ocorre apenas na Criação brasileira do PSI, mas com algumas exceções, também em alguns países produtores do PSI, cuja Criação apresenta, mesmo no século 21, um alto teor de Amadorismo, na qual o Acaso ainda desempenha papel de relevo, responsável por grande parte dos maus resultados constatados em pista!

 Não tenho dúvida em afirmar que a atividade de um Hipólogo, certamente, é a mais ingrata, pois se desenvolve nos bastidores da Criação do PSI, longe do olhar do Público Turfista, mantendo seu relacionamento, apenas, com o Criador que, em última análise, quando é bem sucedido pelo sucesso alcançado por seus Produtos, recebe o crédito pelo sucesso o que, na realidade, é muito natural e não deixa de ser justo, pois teve o mérito de ter escolhido o Elemento mais adequado para alcançar o sucesso de sua Criação do PSI, sendo que, algumas vezes , o próprio Criador também reúne o conhecimento próprio do Hipólogo, como veremos no transcurso desta série de Artigos!

Uma das razões da obscuridade do Hipólogo, refere–se ao fato de que sempre se trata de um Autodidata, pois não há um Curso específico, de alguma Faculdade, que lhe proporcione uma formação voltada para a Criação de um Puro Sangue Inglês (PSI) e que, finalmente, confira um Certificado Acadêmico que formalize esta especialidade! 

O Hipólogo consistente, profundo conhecedor do PSI, resulta de Estudos, Análises, poder de Dedução, demandando longas e exaustivas Pesquisas de sua própria iniciativa, sabendo antecipadamente que não será nada fácil chegar a praticar seus conhecimentos!

Assim sendo, é natural que o Hipólogo seja movido por pura Paixão pelo PSI, um magnífico e desafiante animal, pelo desejo de vencer o grande Desafio de vir a conceber um super PSI, que mostre sua habilidade nas pistas de corrida!

Como não poderia deixar de ser, a qualidade de um Hipólogo, necessariamente, é medida e avaliada pelos resultados alcançados pelos PSI’s que projetou no Planejamento Genético que elaborou criteriosamente, e que deve incorporar seus conhecimentos, tanto sob o ponta de vista da Genética (Genótipo), quanto sob o prisma do Perfil Físico (Fenótipo)!

Como teremos a oportunidade de conferir na continuidade das diversas Partes que integrarão esta série de Artigos sobre o Hipólogo, tanto no Brasil, quanto no Exterior, apesar de uma frequência modesta, há alguns casos em que o CRIADOR também exerce, com a devida propriedade, as funções pertinentes ao HIPÓLOGO, tendo como os mais expressivos exemplos, no Brasil, José Paulino Nogueira (Haras Bela Esperança), nos USA, Arthur “Bull” Hancock (Claiborne Farm) e o mais importante de todos, o italiano Federico Tesio (Dormello–Olgiata)!

Evidentemente, por melhor que seja o Hipólogo, nem sempre os resultados de seus Produtos projetados serão bem sucedidos, seja devido à Genética se caracterizar por ser uma ciência inexata e frequentemente imprevisível, mas também, porque nem sempre o Hipólogo terá à sua disposição as condições mais favoráveis para realizar um Planejamento Genético que venha proporcionar uma chance mais acentuada para produzir os resultados desejados!

No Brasil, o Criador do PSI, evidentemente com algumas exceções, ainda não está acostumado a se valer dos serviços de um Hipólogo para orientar sua Criação do PSI, pois ainda há uma certa “Barreira Cultural” que dificulta, ou mesmo impede, que venha a se tornar uma Atividade usual, comum e proveitosa!

Por outro lado, pode–se contar nos dedos os autênticos Hipólogos, capacitados e competentes, que poderiam prestar valioso serviço, sobretudo, para Criadores de médio e grande porte, apesar de não ser impeditivo que possam prestar tais serviços a Criadores de pequeno porte, com resultados auspiciosos!

Apesar de não ter conhecido pessoalmente alguns dos poucos Hipólogos que chegaram a prestar seus serviços a Criadores brasileiros, tive a oportunidade de conhecer, pessoalmente, alguns dos raros Hipólogos que, de alguma forma, prestaram seus serviços a alguns Criadores do PSI no Brasil, e que foram de fundamental importância para a base da Criação brasileira do PSI, sobretudo nos já citados “Anos Dourados do Turfe” (1945 a 1970)!

Na sequência das Partes que integrarão este Artigo dedicado ao Hipólogo, tanto os Brasileiros, quanto os Estrangeiros, iremos conhecer alguns deles que contribuíram decisivamente para a evolução do PSI, a partir do século 20!

Sem falsa modéstia, me incluo nesse seleto grupo de Hipólogos brasileiros, não só por resultados bem sucedidos que alguns dos Produtos que projetei vieram a alcançar, mas também pelo expressivo número de Criadores e Proprietários para os quais cheguei a prestar meus serviços, ainda que, para nenhum deles, pude realizar meus serviços na plenitude das condições que considero fundamentais para alcançar os resultados desejados com a frequência e na quantidade em que poderiam ser obtidos!

Meus serviços, em última análise, e apesar de alguns resultados bem sucedidos, foram realizados em prazos limitados, basicamente, caracterizados por Análises e Estudos pontuais, sem que eu tivesse a oportunidade de realizar a etapa mais importante para o sucesso frequente e continuado, cuja atividade primordial converge para a formação, manutenção e atualização do Plantel de Matrizes de um Haras, sem dúvida, a mais complexa atividade para um Hipólogo, que venha resultar no êxito expressivo e frequente de um Haras comprometido com a elevada qualidade de sua Criação do PSI!  

Panorama quase idêntico ao encontrado no Brasil em relação aos Hipólogos, encontramos no Exterior que, embora pouco conhecidos, ou até mesmo desconhecidos, na Europa são prestigiados pelos Criadores, quando estes não são os próprios Hipólogos e, assim como no Brasil, o Livro de Samir Abujamra, TURFE – Memórias e Histórias, permitiu conhecer alguns dos Hipólogos que se destacaram na Criação brasileira, sobretudo, em seus Anos Dourados.

O Hipólogo Peter Willet, através de seu importante Livro, “Makers of the Modern Thoroughbred”, sobre os mais destacados Criadores do PSI no Exterior, permitiu conhecer os Hipólogos que proporcionaram o destaque dos Criadores que fizeram história no âmbito da Criação internacional do PSI 

Na continuidade das Partes que vão integrar este Artigo, o conteúdo destes dois Livros será visto com mais detalhes, no que se refere aos Hipólogos neles abordados!

Na realidade, praticamente, a única forma do Hipólogo se tornar conhecido, ocorre quando consegue editar um Livro com conteúdo técnico sobre a Criação do PSI!    

Para ressaltar a dificuldade do Hipólogo em prestar seus serviços para a Criação do PSI no Brasil, observo que apenas três Livros, com conteúdo especificamente técnico, foram editados até hoje no Brasil, pelo menos, do meu conhecimento:

1 – Tábua Genealógica de Cavalos de Corrida – Linhas Paternas – 1680 / 1974 – Autor: Jayme Loureiro Netto – Editado pela Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo de Corrida – Presidente: José Bonifacio Coutinho Nogueira;

2 – Introdução ao Puro Sangue – Autor: Nelson Brotto – Editora NOBEL – 1979

3 – Cavalos de Corrida– Uma Alegria Eterna – Autor: Sergio Barcellos – Editora TOPBOOKS – 2002 

Observo, ainda, que em 2000, a Editora NOBEL, no curto prazo de 13 dias, aprovou meu Livro sobre a Criação do Puro Sangue Inglês (PSI) que, por se tratar de um Livro Técnico, necessitava de um Patrocínio, que não consegui, das Entidades que poderiam ter interesse em sua publicação!

Há mais de 1 ano, venho aguardando o Patrocínio para realizar uma Pesquisa que me tomará cerca de 12 meses de exaustivo e extenso Trabalho, cujos Termos de Referência foram aprovados pela Entidade competente, mas que necessita de Patrocínio para que seja viabilizado, Projeto que, uma vez realizado, será da maior importância para a elaboração de um Planejamento Genético mais criterioso e preciso, contribuindo substancialmente para que melhores resultados possam ser obtidos por ocasião do Estudo e Análise dos Cruzamentos!

Para os Leitores que quiserem conhecer, com riqueza de detalhes, os Anos Dourados da Criação do PSI no Brasil, torna–se leitura obrigatória o Livro TURFE – Histórias e Memórias, de autoria de Samir Abujamra!

Da mesma forma, os Leitores que quiserem conhecer, com riqueza de detalhes a atuação dos mais importantes PSI que contribuíram decisivamente para a sua evolução no século 20, também é leitura obrigatória o Livro, Cavalos de Corrida: Uma Alegria Eterna, de autoria de Sergio Barcellos! 

No âmbito internacional, como citei anteriormente, Peter Willet escreveu o importante Livro “Makers of the Modern Thoroughbred”, ressaltando a importância de Criadores que, através de notáveis Hipólogos, influenciaram decisivamente a evolução do PSI a partir do século 20, numa rara menção a desconhecidos, mas fundamentais personagens que moldaram essa evolução!  

Autor: Orlando Lima
e.mail: omlimapsi@gmail.com
Acesso pelo RAIA LEVE: www.raialeve.com.br – Colunistas – Orlando Lima


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