Colunista:
Provas de Grupo, por Ivamar 08/08/2006 - 18h52min
Dono da Raia, o novo ídolo dos turfistas
A realização do GP Brasil (GI), festa magna do turfe carioca, domingo, na distância dos 2.400 metros, infelizmente na grama pesada, foi repleta de emoções, com desenrolar e resultado absolutamente previsíveis.
Ainda que a vitória do favorito DONO DA RAIA (Hibernian Rhapsody), o de melhores títulos, tenha sido irretocável, é justo registrar que ele teve tudo a favor, desde a baliza até a presença de rivais ligeiros, como Top Hat, Oakfast e Deuteronômio, que fatalmente iriam sair, como saíram, em luta prematura e suicida, o que facilitou sua fantástica velocidade final. A diferença sobre o segundo, de um corpo e meio, mostra que o triunfo foi absolutamente autoritário. HIS FRIEND (Fast Gold), também corrido de trás, como de resto os cinco primeiros, formou a dupla. NAPERON (Know Heights) e CORAÇÃO DE VIDRO (Yagli) foram terceiro e quarto, e SINISTRO (Mensageiro Alado), de 6 anos, completou o marcador, todos perto do segundo.
Os quatro primeiros têm quatro anos, sendo oportuno observar que o vencedor, o segundo e o terceiro foram inteligentemente poupados desde suas estréias, o que lhes permitiu chegar ao GP Brasil na plenitude de seu estado atlético. Top Hat, diante das circunstâncias, foi bom sexto, mas Oakfast e Tchintchulino fracassaram, este sem explicação, pelo menos no momento.
Dono da Raia, criação do Haras São Quirino e propriedade do Stud Mictik, foi conduzido por Marcelo Gonçalves e marcou 2Â’27”28. Sua campanha é a de um autêntico campeão. Em nove apresentações, cinco vitórias, quatro clássicas, nunca tendo entrado descolocado. Sua mãe, Outra Arumba (Henri Le Balafré e Arumba, por Viziane) venceu o GP Diana paulista, pertencendo, ainda, a esta excelente linha materna, entre outros, Jarumba, Neto Joe, Ojotabê, Just Us, Alvani, Solus Ferus e Linda Rafaela.
Surpresa no GP Presidente da República
Confirmando que toda a regra tem exceção, o resultado do GP Presidente da República (GI), corrido em 1.600 metros, segunda carreira em importância na tarde, foi desconcertante, com os mais credenciados correndo abaixo da crítica. Prevaleceram os inexperientes QUICK GIPSY (American Gipsy), OUT OF CONTROL (Vettori) e QUICK HAWK (Spend A Buck).
O defensor do Stud Palura, repetindo os êxitos de Suspicious Mind e Dancer Man, que ganharam a Milha Internacional aos 3 anos, venceu por quase dois corpos, de ponta a ponta, não dando possibilidade a que Bandido Secreto, o favorito, ao menos desenvolvesse sua velocidade inicial. A prudência não permite maiores comentários, mas é correto dizer que neste domingo os potros deram demonstração magnífica. Desde que não tenha sido obra do acaso, e se o desgaste não foi grande, as atuações os colocam como forças indiscutíveis do próximo GP Ipiranga (GI). Nenhum potro, este ano, produziu atuações desse nível. Completando o marcador, os 4 anos FUTURE (Know Heights) e O DRAGÃO (Romarin).
Como dito acima, os mais velhos tiveram participações inexpressivas. De Bandido Secreto, durante a semana, muito se comentou sobre a dificuldade para o mesmo correr ferrado, pois de acordo com seus responsáveis, ele se alcança durante as carreiras. Sobre Serial Winner, sua atuação, após ótimas apresentações, não pode ser levada em consideração. Fly Dorcego, London Leader, Ojos Claros, Onward Royal e Novellista foram outros que decepcionaram. Entre os descolocados, só o sexto e o sétimo, Lucky Dance e Starve Runner, correram bem.
Quick Gipsy, que alcançou a segunda vitória, primeira clássica, em seis atuações, é de criação do Haras Anderson, foi conduzido por Alex Mota, apresentado por Severino Borges da Silva e assinalou 1Â’35”05, na grama pesada. Trata–se de um irmão inteiro de Osceola, ganhadora do GP Diana carioca.
Final emocionante entre os velocistas
A prova máxima do turfe carioca, para velocistas, GP Major Suckow (GI), corrida sábado, na Gávea, em 1.000 metros, teve final emocionante.
A vitória, surpreendente (quarta, em 10 apresentações), pertenceu a PÁRA–CHOQUE (New Colony e Freluche, por Ogygian), que não tinha campanha clássica. Atropelou nos metros finais para dominar a favorita NORMABELLE (Punk), quando esta já parecia ter a vitória assegurada. E o terceiro, NATIVO DA FRONTEIRA (Romarin), também deu grande impressão. As diferenças entre os três, que têm 4 anos, foram de focinho e cabeça. Louve–se a inteligência do treinador Cosme Morgado Neto, trazendo para os 1.000 metros um filho de reprodutor que normalmente produz bem para distâncias acima dos 2.000. No complemento do marcador, a 3 anos QUERÊNCIA AMADA (American Gipsy) e o 6 anos NORWAY BOY (Dodge). A seguir, Grená, Tomorrow Morning, Rich Girl e Xábega. Do primeiro ao nono, apenas quatro corpos e meio.
O ganhador, criação do Haras Santa Maria de Araras e propriedade do Stud Estrela Energia, foi conduzido por Rodrigo Salgado e assinalou 57”34, na grama pesada. A terceira mãe de Pára–Choque, Sarah Gamp, é irmã inteira do esplêndido Present The Colors.
Entre as éguas, brilha Crystal Day
O clássico reservado às éguas, disputado sábado no Hipódromo da Gávea, GP Roberto e Nelson Grimaldi Seabra (GI) foi, tecnicamente, muito fraco, considerando–se sua classificação de Grupo I. As grandes corredoras que atuaram nos últimos 12 meses (Ever Love, Quick As Ray, Naughty Rafaela, New Regina e Helisângela) estão afastadas das pistas brasileiras, por motivos diversos. Sobraram algumas que, embora não sejam más, não podem ser comparadas a grandes vencedoras da prova.
Em forte atropelada, a 4 anos CRYSTAL DAY (Hostage), apesar de, novamente, largar em baliza desfavorável, conseguiu a segunda vitória, primeira clássica, em 11 atuações. Ela, que secundara Helisângela no OSAF paulista, em ótima corrida, era a força, mas, inexplicavelmente, foi pouco apostada. Na dupla, a menos de um corpo, surpreendendo, a americana ESTRELA BRYNHILD (Lion Cavern), e em bom terceiro, a pouco mais de um corpo da segunda, NOVA LEI (Know Heights), com ETERNIDADE (Romarin) e PARADISE QUEEN (Royal Academy) empatadas em quarto e também agradando. Em sexto, Artejusta. Cinco corpos e meio separou a primeira da sétima, Hurry Up. Registre–se que as cinco primeiras têm 4 anos.
A ganhadora, criação do Haras do Verde Vale e propriedade do Stud Estrela Energia, foi conduzida por Marcelo Cardoso e, assim como a segunda colocada, do mesmo dono, é treinada por Cosme Morgado Neto. Os 2.000 metros, na grama pesada, foram percorridos em 2Â’02”35. Sua mãe, Bigckoa (New Colony e DawnÂ’s Girl, por Henri Le Balafré) venceu o Derby Paranaense (GII). À sua linha materna pertencem os clássicos Cincia, Odysseus, Urban Hero etc.
Nelore Porã quebra invencibilidade de Eu Também
Destinado a produtos de 3 anos e mais idade, o novo GP Siphon (GII), disputado sábado, em Cidade Jardim, é mais uma prova que dá status a arenáticos que, vencendo ou correndo bem, podem ser objeto do interesse de compradores para corrê–los na areia americana.
O resultado foi absolutamente correto, embora o potro EU TAMBÉM (Wild Event) tivesse perdido a invencibilidade. Sua derrota, por meio corpo, para um rival da categoria de NELORE PORÃ (Romarin e Factory of Dream, por Lupin), de 4 anos, mais experiente, nada teve de desabonadora. Ambos são corredores de primeira categoria. Os demais chegaram, como era de se esperar, muito afastados. O terceiro, o 3 anos TE VOGLIO BENE (Invitato Mio), chegou a mais de nove corpos do segundo. BUCANEER (Boatman), de 3 anos, foi o quarto, e ROBBER DANZ (Shudanz), de 4, o quinto.
O ganhador, criação do Haras Ponta Porã e propriedade do Stud A.M.L., foi conduzido por Altair Domingos e é treinado por Luiz Roberto Feltran. Os 1.600 metros, na areia pesada, foram percorridos em 1Â’34”680.
Jotabe Clark ganha mano a mano com Absolut
O páreo denominado Taça Cidade Maravilhosa (L), corrido logo após o GP Brasil, em 2.400 metros, é o consolação da prova máxima do turfe carioca, sendo seu campo, geralmente, formado por cavalos que não têm condições de correr na grande carreira.
Páreo cheio, e na grama pesada, foi uma verdadeira loteria. Na partida, ABSOLUT (Shudanz), de 4 anos, foi para a ponta, seguido de JOTABE CLARK (Jim Clark e Madame Juju, por Mousquetaire) até os 400 metros finais, quando este ultrapassou o rival, impondo–se por um corpo. Os demais nunca ameaçaram a dupla. No complemento do marcador, KRAPS (Baligh), de 4 anos, IDOMENEO (Much Better), de 6, e ALI DEFÚS (Choctaw Ridge), outro de 4.
O ganhador, que obteve a primeira vitória clássica somente aos 7 anos, é de criação de João Baptista Mendes Sayão Lobato e propriedade do Stud São José dos Bastiões. Treinado por Milton Singnoretti, foi pilotado por Zeferino Moura Rosa. Registrou 2Â’29”57, mais de dois segundos pior que o de Dono da Raia.
Premier Plan mantém invencibilidade na areia
Os milheiros arenáticos, no sábado, correram o Clássico Breno Caldas (L), na milha. O páreo primou pelo equilíbrio e muitos de seus concorrentes eram cavalos de boa categoria.
Em forte arremetida, por dentro, PREMIER PLAN (Dodge e Aunt Ali, por Dixieland Band) alcançou e ultrapassou, por quase dois corpos, NICE BET (Dubai Dust), que esteve presente à luta pela liderança. Completando o marcador: HOT HOOP (Mensageiro Alado), EARNER (Kenético) e AMIGO BORBA (Irish Fighter). Fracassaram Golden Mountain, que poderia ser tricampeão, Padrino Dodge, Pestanita e Neck Welch.
Premier Plan, criação e propriedade do Haras Santa Maria de Araras, foi conduzido por Antônio Correia da Silva, é treinado por Roberto Morgado Neto e assinalou 1Â’37”74, na pista pesada. Foi a quarta vitória, todas na areia, em cinco apresentações. O ganhador é irmão materno de Northhorse, vencedor de prova de grupo. Os três primeiros têm 4 anos, Earner, um ano mais, e Amigo Borba, 6.
Power Topten, bicampeão do Delegações Turfísticas
Segunda–feira, à noite, em 1.900 metros, foi corrido, no Hipódromo da Gávea, o tradicional Clássico Delegações Turfísticas (L), onde os arenáticos têm a sua oportunidade de vitória clássica.
Confirmando a maior categoria e que é o melhor do Brasil, na areia, POWER TOPTEN (Dancer Man e Toptoptopten, por Mining), venceu, tornando–se bicampeão. Foi a vitória clássica mais fácil da semana. Em segundo, a quase cinco corpos, mas cumprindo ótima atuação, considerando–se que largou de baliza ruim, REVERIE (Fast Gold). Completando o marcador, embolados, MONKEY AMERICAN (American Gipsy), ITAIPU (Fast Gold) e GARY STEVENS (Dark Brown), que parece correr menos no Rio. O primeiro tem 5 anos, Reverie, apenas 4, Monkey American, 7, Itaipu e Gary Stevens, 6.
Power Topten, criação do Haras Pemale do Sul e propriedade do Stud O Coral, foi apresentado por Almiro Paim Filho, conduzido por Carlos Lavor e assinalou 1Â’59”65, na areia macia.
Tareco vence a prova especial para 3 anos
A Prova Especial Jockey Club do Rio Grande do Sul–Taça J.A.Flores da Cunha, realizada na grama da Gávea, sexta–feira, teria melhor função se fosse em 1.000 metros, uma vez que a nova geração quase não tem provas para correr no percurso, além do que pouparia aventuras desgastantes de 3 anos no Major Suckow. Em 1.400 metros, é clássico sem finalidade.
TARECO (Rainbow Corner e Take Halo, por Southern Halo), que já vencera duas vezes em seis apresentações, foi o ganhador. Lutou muito na primeira parte do percurso com Fiorentino, e na reta conseguiu manter sempre vantagem, de aproximadamente um corpo, sobre DON LOPES (Saramon), que atropelou incerto, em ziguezague. A quatro corpos, vários potros disputando o complemento do marcador, que ficou com DOUBLE EARNING (Yagli), o clássico QUILBOQUET (Jules) e o citado FIORENTINO (Inexplicable). Próximos, em sexto e sétimo, Fruit Punch e British Nightmare.
Tareco, criação do Haras Campestre, propriedade do Stud Eternamente Chico e treinado por Marcos Ferreira, teve a condução de Carlos Lavor. Na pista pesada, assinalou 1Â’23”62. Rainbow Corner, pai do ganhador, produziu Anuarzito, vencedor do GP ABCPCC (GI), que morreu prematuramente, e nesta geração, Alcomo e Reine Bardot. O primeiro, aliás, só deve voltar a atuar nos Estados Unidos.
Próximas atrações
São Paulo
Em Cidade Jardim, sábado, será realizado o importantíssimo GP Barão de Piracicaba (GI), primeira prova da Tríplice Coroa de potrancas, em 1.600 metros, grama. As melhores 3 anos treinadas em São Paulo, no Paraná e no Rio estarão presentes, como, por exemplo, Inegrita, Baby Victory e Chatte.
Ainda no sábado, a XII Copa Japão de Turfe (L), em 1.600 metros, para éguas de 4 anos e mais idade, destacando–se Dadeland, Nayara Gold, Nhecolandia e Quero Pule, e a Prova Especial Duque de Caxias, em 1.200 metros, para 3 anos e mais idade, que marcará mais uma apresentação do craque–velocista Old Gipsy.
Rio de Janeiro
No Hipódromo da Gávea dois páreos do calendário clássico, com a mesma dotação, mas com importâncias distintas.
A Prova Especial Mário Jorge de Carvalho, em 1.600 metros, grama, vai reunir, sábado, promissoras 3 anos. Como praticamente todas estão em início de campanha, pode até ter em seu campo alguma potranca que, no futuro, venha a ser a líder da geração. É uma possibilidade real. Merecia ser Listed Race. Parecem melhores: Festa Brava e Que Victoria, que ganharam na estréia, e mais Queijada, Oslo Princess, Outra Zuca e Quanta Classe, além da argentina Candy Annie.
Já a outra, no domingo, Prova Especial Jayme Moniz de Aragão, em 1.300 metros, não tem nenhuma possibilidade de apresentar um produto que vá ser de exceção. Na grama, mas não sendo nem para velocistas, nem para milheiros, recebeu oito inscrições de produtos de 3 anos e mais idade, que habitualmente freqüentam os páreos de pesos especiais.
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