KNIGHTSBRIDGE surpreende no clássico de éguas

Em 1.600 metros, o novo GP Immensity, realizado sábado em Cidade Jardim, é destinado a éguas de 3 anos e mais idade. Teoricamente, por sua classificação de Grupo II, deveria ser mais importante que o GP Luiz Fernando Cirne Lima (GIII), carreira–teste (corrida no último dia 2) para o GP Roberto e Nelson Grimaldi Seabra, Grupo I, um dos páreos internacionais da semana do GP Brasil. O Cirne Lima, entretanto, reuniu várias éguas do primeiro time, ao contrário do Immensity, que ficou fraco, com apenas quatro ganhadoras de prova de grupo, entre as nove inscritas.

Corroborando a afirmação, venceu, surpreendentemente (pelo menos para a cátedra), uma 4 anos que até então tinha apenas duas vitórias comuns: KNIGHTSBRIDGE (Yagli e All American, por Midnight Tiger), restando aos turfistas a esperança de que o triunfo seja confirmado. Em segundo, a um corpo, sem corresponder à expectativa dos apostadores, que a elegeram favorita, RAIWAY (Implexo), de longe a de melhor campanha do páreo. As demais impressionaram pouco. Em terceiro e quarto, NAVEGANTES (Patio de Naranjos), de 5 anos, e CRAZY JET (Notation), de 4 anos, enquanto a potranca VALENTINE DAY (Choctaw Ridge) terminava longe, em quinto, reforçando a tese de que, salvo em alguns casos, não adianta ir aliviado no peso contra corredores mais experientes. Queen Maud, que desceu em um mês dos 2.400 metros para os 1.600, fracassou, Job Site parou, e Sparkling Gold, que vinha de vitória inesperada em clássico idêntico ao de agora, não confirmou.

A ganhadora, criação e propriedade do Stud Friends 4 Ever, é treinada por Antônio Luiz Cintra, foi dirigida Vagner Leal, e assinalou 1Â’36”986, na areia leve. Sua quarta mãe, Crest (Klairon), é segunda mãe de Really Wellcome, bicampeão da Milha Internacional paulista.

PROVA FINAL continua invicta

No Hipódromo da Gávea, aconteceu, domingo, a Prova Especial Tirolesa, para éguas de 3 anos e mais idade, em 1.400 metros, clássico completamente dispensável. Aliás, é bom observar que existem provas especiais demais no calendário clássico brasileiro, dando falso status aos que nelas chegam colocados. São páreos que nada diferem dos handicaps e dos pesos especiais.

Permanecendo invicta em três apresentações, todas na areia, a vitória ficou com a 4 anos PROVA FINAL (Ghadeer e Charmosa, por Fain). Corrida em segundo, nos 500 metros passou para a vanguarda, vencendo bem. Deixou ótima impressão, ficando entre os turfistas a expectativa de como irá se comportar na grama e contra adversárias mais categorizadas. Na dupla, a dois corpos, a 5 anos LADY BETONA (Spring Halo), com ESTRELA DA SORTE (Choctaw Ridge), de 6, BEAR HUNTER (Infamous Deed), de 5, e RAINHA DI BEIRUTH (First American), de 4, completando o marcador. O páreo não possibilita muitas divagações. 

Prova Final, criação e propriedade do Haras Santa Maria de Araras, foi pilotada por Antônio Correia da Silva e é treinada por Roberto Morgado Neto. Percorreu a distância em 1Â’25”91, na pista leve. A ganhadora é irmã materna de outro invicto, o líder paulista da nova geração, na areia, Eu Também (Wild Event).

Questão de opinião

Honraram–me com amáveis mensagens, ainda que contestatórias, a respeito de meus artigos, os senhores Renato Gameiro e Adolpho Smith de Vasconcellos, dos quais, diga–se de passagem, sou leitor. Entendo que este é o grande turfe, estimulado pela troca de idéias, ainda que conflitantes.

Cada proprietário tem o direito de fazer o que quiser com cavalo de sua propriedade, e o colunista, de manifestar a sua opinião. E a minha continua sendo a mesma, pelos motivos que vou expor:

Quando um puro–sangue tem bom pedigree e demonstra a classe de Baby Victory, deve ser reservado para provas de grupo. Uma derrota em páreo menos categorizado deslustra a campanha. Ou não?

Há 54 anos, observo (com paixão) e analiso os clássicos, muito antes, claro, de os mesmos serem classificados por grupo. Não consigo atinar os motivos pelos quais os campeões das décadas de 50 e 60, como Adil, Narvik, Escorial, Farwell etc. resistiam a campanhas intensas, e os de hoje em dia, via de regra, não. Talvez a culpa seja do treinamento a eles ministrado. O fato concreto é que cavalos muito explorados em tenra idade, não chegam muito longe.

Concordo que Mario Rodrigues de Campos é um mestre no treinamento de cavalos, mas discordo que as campanhas de Ever Love e Lazurita tenham sido bem traçadas. A primeira fez várias viagens Rio–São Paulo e talvez por isso tenha perdido a Tríplice Coroa paulista. Quanto à Lazurita, vaticinei que morreria (no sentido figurado) caso corresse o Pellegrini. E estava certo. Nunca mais se recuperou. Aliás, vendo os resultados da grande prova argentina, observo que, desde Immensity, em 1983, depois da rigorosa carreira, dificilmente um 3 anos prossegue campanha com sucesso. Salvo raras exceções, é o fim da linha.

Próximas atrações

No Rio de Janeiro

Na Gávea, domingo, será realizado o GP Costa Ferraz (GIII), para produtos de 3 anos. Em 1.600 metros, poderia ser um interessante páreo–teste para o GP Ipiranga (GI), a ser corrido na primeira semana de setembro, em Cidade Jardim. Seu vencedor seria indicação tecnicamente correta para a  importante prova do turfe brasileiro. Poderia ser, desde que na grama. O páreo, entretanto, é programado para a areia e aí não tem nenhuma função específica, dado que aumenta a expressão de uma prova. Uma pena. Farenheit, que corre bem nas duas pistas, aparece entre os inscritos e é a força. Imperialista, Alcomo e Ontário, porém, são perigosos, pois têm, na areia, atuações que entusiasmaram.

O Clássico Imprensa (L), Taça Evandro Carlos de Andrade, até ano passado homenageava um dos maiores (o maior, talvez) locutores da história do turfe brasileiro, Teophilo de Vasconcellos. Sua realização também será no domingo. Para potrancas de 3 anos, em 1.600 metros, areia, recebeu apenas cinco inscrições, com destaque para Hamadría e Reine Bardot. A título de ilustração, lembro que o último clássico de potrancas recebeu 15 inscrições, mas era na grama.

Em São Paulo

Em Cidade Jardim, mais um novo páreo na programação nobre: o Clássico Farwell (L), destinado a produtos da nova geração, em 1.600 metros, grama. Por estar colocado a pouco mais de um mês do GP Ipiranga (GI), é carreira importante e merecia ser de grupo. Tanto é assim que o maior nome da primeira prova da Tríplice Coroa paulista, o líder Quick Road, está inscrito e deve vencer. Vai enfrentar Amigo Peru e alguns outros potros promissores.

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