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Colunista:

Foi dada a largada, por Jéssica Dannemann
21/03/2013 - 16h54min

A eterna fumaça preta que sai da chaminé do hipódromo

O Jockey Club Brasileiro está amargando mais um período sem Presidente ao eleger outro sindico para comandar o turfe. O quadro social tem feito o papel de condômino e os (mal) escolhidos são motivados pela tranquilidade em administrar um clube com ótima geração de caixa sem saber de onde, através de quem, e como este patrimônio surgiu. É só isso que o JCB tem conseguido atrair nos últimos tempos: gente vaidosa em busca de glória e promoção pessoal, quase uma maldição.

Vejam que um dos “antepassados” não se interessava pelos terrenos e demais ativos do clube, já outro vivia apenas pela sorte de conseguir realiza–los; um deles não deu bola para os cavalos, para os profissionais, proprietários e etc., enquanto o outro foi ainda mais longe ao chutar a bola do turfe em direção a igreja do nosso senhor do Bonfim na Bahia. Pra nossa sorte a dita cuja não conseguiu atravessar a Rua Bartolomeu Mitre caindo dentro do canal de onde foi recolhida com pneumonia.

O primeiro cartola da série “turfe em desespero” era vidrado em centros gastronômicos, o segundo, oriundo do mesmo conclave, gostava de passar o dedo sobre a cobertura do bolo; o mais alto cuidava dos funcionários antigos, o mais baixo (enorme na cobiça) tratou de demiti–los contratando a maior folha de pagamento da história do clube, hoje não só preservada como ampliada, graças ao atual mandatário, esteio de uma nova “família” JCB.

E por falar naquele de agora – muito bem disfarçado de turfista por sinal –, ele teria conseguido a proeza de ser ainda pior do que os outros dois juntos, herdando todos os defeitos de seus antecessores sem conseguir demonstrar uma única virtude sequer nestes 25% de um mandado pra lá de melancólico.

Luiz Alfredo Primeiro – assim ficará conhecido pra sempre –, é um grande exemplo deste longo período de votações na nossa capelinha de bancos quebrados, já que de posse de um inseparável casaco de lã (uma espécie de batina da modernidade) destinou dois mandatos seguidos a uma sede social e seus socializados eleitores que trocaram a Mercedes do seu Júlio por um fusca enguiçado, imitando aquele programa de olhos vendados. Como bom amante de centros gastronômicos ele fez de tudo para que o JCB acabasse literalmente em pizza ao torrar o sinal dos bookmakers dentro de um forno à lenha.

Premiado com o quarto mandato seguido, de vilão passou a ser considerado herói, como num passe de mágica, ao mandar o “pirão” da culinária de Angola nas reuniões mensais do atual Conselho provocando indigestões generalizadas na “cúpula” administradora. Foi dele o famoso grito em 2006, próximo ao posto Ipiranga às margens da Lagoa Rodrigo de Freitas:

Dependência da CODERE e morte!

Luis Eduardo Segundo, a menor tentativa de papado de todos os tempos no Jockey Club Brasileiro, enriquecedor de pérolas da demofobia nacional segundo Dom Elio Gaspari, é um  caso especial que merece muito estudo por parte da medicina quântica já que trata–se de um obcecado por doentes terminais.

Célebres aptidões mórbidas o teriam levado a tentar sepultar o passado do JCB no interior de uma maquete exibida em todo canto inclusive nas páginas do jornal O Globo (dizem que o estacionamento nasceu ali) até ser traído pelo empreiteiro que fugiu de medo da cúria romana depois de atingido em cheio pela Câmara de Vereadores que arremessou a maldição do Boulevard na direção de Hugo Chaves (dizem que a doença começou ali).

A grande conquista deste cartola, condecorado em Madrid, alistado no exército da salvação, e expert em jogos administrados pela Caixa Econômica Federal, foi, sem dúvida, o “trato feito” com os espanhóis, quase uma declaração de amor, já que tentou fazer com que estes, libertos de todas as dividas para com os cavalos, ficassem ainda mais fortes financeiramente para concluir a queda do turfe brasileiro como fizeram com o império Asteca.

O “Cavaleiro do Apocalipse”, segundo São José Antônio, evocara as raízes de Fernão Cortez confundindo o terreno que abriga as vilas hípicas com o solo daquela América pré–colombiana, rico em prata e ouro; sua maior frustração foi não ter conseguido queimar as cocheiras e transformá–las em mina de carvão sob a chancela de conhecidos e espertos exploradores.

Contudo, as corridas de cavalo ainda não podem respirar aliviadas dele que prometeu voltar para concluir seu plano maquiavélico, no que, se dependesse apenas do atual mandato (repleto de pequenas meias tigelas), a aposta pelo seu retorno devolveria o capital na bolsa de Londres.

Chegamos então, na sequencia da trilogia, a Carlos Eduardo Terceiro, formado na Sociedade Hípica Brasileira, especialista em e–mails madrugadores, hipiscafos noturnos na região serrana, e na arte de preservar pessoas erradas nos lugares errados, a começar por ele próprio, a maior decepção da história das corridas de cavalo no Brasil.

Avesso a saída da CODERE, a vocabulário tênue, aos armazéns, vilas hípicas, novas ambulâncias, laboratórios patrocinadores, pessoas competentes (seus maiores desafetos), crescimento do MGA e a tudo que possa ser útil ao turfe, profissional do turismo que dizem que é, ele tem demostrado muita predileção pelas viagens nacionais e internacionais.

Caso tivesse herdado o JCB na década de 30 eu não tenho dúvidas em afirmar que ele teria encomendado uma espécie de Aero–Palermo para dar mais conforto aos pilares da era LECCA –sua atual estrutura –, nos deslocamentos pelas cidades e países dos grandes vinhedos.

No seu “governo” (para o “governo” de todo mundo) quem tem algum conhecimento de turfe não pode nem passar na porta da sua sala que é pra não desmoralizar as pessoas que ele cultua ao seu lado. Parece que ultimamente ele tem evitado até perguntar o resultado do movimento geral de apostas que é pra não ter pesadelos horríveis com a imagem dos dedos polegares apontados para o chão.

Convoco os associados desgostosos (a esmagadora maioria) – mestre Luiz Felipe na proa do barco –, a apoiar uma pessoa jovem pra comandar o JCB em 2016, um sócio de mente aberta, sem ranços ou vaidades, de planos arrojados, forte personalidade, afável, participativo, comunitário, comunicativo e com muita garra pelo futuro da atividade hípica; um homem consciente de que o JCB não pode ser utilizado como instrumento para retribuições, conquistas paralelas ou prazeres pessoais. Vamos busca–lo, onde quer que esteja.

Como quartel general e elo permanente com os sócios, estou inaugurando três diferentes páginas nas redes sociais que serão compartilhadas diariamente com mais da metade dos sócios que hoje navegam pela internet. Elas serão assim denominadas:

Jockey Club Brasileiro, ainda não foi desta vez!

Eu, da minha modéstia parte, prometo debruçar–me sobre o quadro social que em bom número já manifestou ao IBOPE (e a mim própria) o desejo de que o JCB recupere seu prestígio de outrora, que reencontre o público perdido, o espetáculo, as famílias ligadas no turfe e a paixão pelas corridas de cavalo, tudo isso num ambiente de humildade, transparência e prosperidade.

Eu tenho muita fé – mas muita fé mesmo! –, que em 2016, ano das Olimpíadas na cidade do Rio de Janeiro, a gente consiga voltar a enxergar uma nuvem de fumaça branca saindo daquele prédio lindo, de longas marquises projetadas como galhos de árvore, inaugurado em 1926 pensando apenas no bem estar do turfe e daqueles que vivem pelo cavalo de corrida.



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