






Colunista:
Floreando, por Milton Lodi 20/09/2012 - 12h04min
PASÁRGADA
Assim como Pasárgada é o paraíso do imaginário do escritor Fernando Pessoa, Bagé/Aceguá é o reino encantado dos turfistas. A região que é responsável pela criação de cerca de 1/3 da produção brasileira, está nesse segundo semestre de 2012, preparada para manter a sua privilegiada posição de líder nacional na criação.
Na semana que foi passada naquela região encantada, com as suas abençoadas terras, além dos bons habituais garanhões lá domiciliados, algumas novidades muito interessantes lá estavam prometendo muito.
No Haras Santa Ana do Rio Grande, por conta do grupo de criadores que já trouxeram Shirocco e Manduro, anteriormente, está Roderic O’Connor, o primeiro macho de Galileo a trabalhar no Brasil. A expectativa é grande, pois Galileo é considerado já há alguns anos como o melhor garanhão em atividade no mundo. Roderic O’Connor é um castanho de porte médio, com mancha branca na testa e o pé direito calçado. Fisicamente é um cavalo leve, mesmo em se considerando as consequências de uma desgastante viagem. O veterinário brasileiro que o foi buscar na Irlanda aproveitou para conhecer o seu consagrado pai Galileo, que segundo ele é um cavalo pequeno e as pessoas só se impressionam com ele pelo fato de ser ele considerado o melhor garanhão em atividade no mundo.
Roderic O’Connor tem 1,59m de altura e é do mesmo grupo de reprodutores de ponta de grande sucesso em Bagé/Aceguá, como Locris (1,58m), Waldmeister (1,59m), Ghadeer (1,60m) e Roi Normand (1,62m). Com 1,59m, Roderic O’Connor está no padrão. A égua mãe é de linha feminina de alta classe, mas de físico e ossaturas mais delicados. Roderic O’Connor não tem problemas físicos, é muito saudável e o seu peso em corrida deveria ter sido da ordem de 450Kg. Uma boa orientação na escolha das éguas para ele, seria de éguas de médias para grandes e de boas ossaturas. Pedigree, qualidade, modelo e perfeição física, ficam por conta desse ganhador tipicamente europeu de Grupo 1.
Mensageiro Alado é um outro reprodutor no Santa Ana. Saúde invejável, ótima fertilidade mesmo com 21 anos, receberá em 2012 cerca de 60 éguas. Mensageiro Alado continua sendo a grande sensação das canchas retas, os seus filhos demonstram desde cedo muita velocidade, o que o marca como um cavalo de distâncias curtas. Mas, na verdade, quando alguns de seus filhos são levados às distâncias maiores, surgem ganhadores de importantes provas de Grupo, como Sinistro em 2.400m e Jet Queen em 2.000m. Mensageiro Alado praticamente em nada mudou desde que se iniciou na reprodução até hoje. A sua qualidade se mantém em alta. É um legítimo Ghadeer, imprime aos filhos, como uma de suas características, independentemente das distâncias, correr perto colocado e atropelar nos últimos 400m. No Santa Ana, ainda está Chocolate Chip, filho de Mensageiro Alado, um dos mais velozes corredores de canchas retas em sua época, com tempos parciais e totais melhores que os mais destacados velocistas da raça quarto de milha.
No Haras Doce Vale que tem como responsável o veterinário Dr. Marcio, a grande novidade é Fluke, um castanho grande com muito potencial, e que tem a responsabilidade de ser um ótimo veículo das qualidades do seu pai, o campeão Wild Event. Fluke iniciou–se no Brasil, com grande destaque e foi logo para os Estados Unidos, onde mostrou alto padrão clássico, inclusive vencendo provas de Grupo 1. A sua linha materna é excelente, a de Donegalle (filha de Draw Back, ganhadora do Diana). Com cerca de 1,70 de cernelha, castanho tapado, e de porte vigoroso, Fluke é um dos novos garanhões nacionais mais pretensiosos. No Doce Vale também está o já pai de ganhador de provas de Grupo Ay Caramba. Com físico muito bom e em excelente estado, ele próprio ganhador de Grupo no Brasil e nos Estados Unidos. É um filho de Roi Normand na maravilhosa linha materna de Court Lady. Ay Caramba tem cerca de 1,66m, muito bonito e bem feito. Round Hill e Metropolitan não vão cobrir em 2012, o primeiro teve um pequeno contratempo e o segundo já está aposentado há muitos anos, mas está lindo.
Nessa temporada, o Doce Vale, que conta com um plantel de 35 éguas, sendo que duas já estão aposentadas, ao contrário do hábito de só cobrir as éguas em anos alternados, dando tempo para uma completa recuperação e mantendo um rodízio que preserva o plantel e controla um eventual número exagerado de nascimentos, vai cobrir todas as éguas, mandando umas poucas para serem cobertas fora, outras poucas pelo já aprovado Ay Caramba e apostando forte em Fluke. Atitude inteligente, correta, demonstrando confiança naquele que no momento é o “herdeiro” de Wild Event. Em meio às lindas propriedades que criam cavalos em Bagé/Aceguá, o Haras Doce Vale se diferencia pelo sucesso do planejamento da arborização implantado há cerca de 40 anos. É um lindo haras.
No Haras Espantoso, aos cuidados do veterinário Dr. Jonas, estão dois reprodutores importados e um nacional. Union Avenue é do Haras Centaurus do Sul, e foi exportado dos Estados Unidos pela Immensity Bloodstuck Agency, da brasileira Priscila Beloch, domiciliada em Kentucky. Union Avenue é um filho de Gone West, que ganhou 4 corridas, inclusive, de Grupo 2, nos Estados Unidos. É um cavalo forte, bem feito, sem defeitos, tamanho médio, com cara de milheiro. Muito saudável e de boa aparência, Union Avenue tem tudo para ter sucesso. O outro é o irlandês Thompson Rouge, um alazão mais anguloso, mais alto e menos compacto, filho de Machiavellian (Mr. Prospector) em filha de Green Dancer. Esse cavalo, antes de vir para o Brasil, correu nos Estados Unidos, na França e na Itália, vindo com 3 vitórias, e correndo no Tarumã e em Cidade Jardim venceu mais 6 corridas. Tinha bom padrão como corredor, é uma perspectiva para distâncias de 2.000m ou mais. Ainda está em fase de adaptação em Bagé. O terceiro garanhão no Espantoso é o nacional Mestre Incógnito, um exuberante filho de Mensageiro Alado em égua por Clackson. Muita qualidade e velocidade em tiros curtos, e nessa especialidade deverá ser o sucessor do pai Mensageiro Alado. Castanho escuro, forte, de porte médio, Mestre Incógnito está esperando para ser “descoberto”. Acredito que seus filhos irão bem até pelo menos a milha, desde que corridos ao estilo Mensageiro Alado, isto é, colocado até os últimos 400m para uma partida final.
Já na entrada do Haras Old Friends Ltda, cujo responsável é José Flores, se nota o requinte do bom gosto. A alameda que leva ao pavilhão dos garanhões é margeada por palmeiras imperiais, e há uma evidente preocupação com o visual da propriedade, com um planejamento de arborização. Há alamedas margeadas por plátanos. Há no setor um evidente toque feminino. O haras está muito bonito. Os garanhões são o nacional Redattore e o norte–americano Mellon Martini. Em termos de apresentação, de beleza, de equilíbrio físico, Redattore poderia ser apontado como o mais lindo dos garanhões. Ótima expressão, vivacidade, Redattore espelha, fisicamente, a sua qualidade de corredor e como pai. Grande ganhador clássico no Brasil e nos Estados Unidos, milheiro por excelência, com os seus 1,70m de altura. Redattore é um comprovado sucesso, também, na reprodução. É um filho de Roi Normand em filha de Deputy Minister. O outro garanhão do Old Friends é o norte–americano Mellon Martini, que só fez campanha na França. Aos 3 anos correu poucas vezes, obtendo 2 vitórias (uma em 2.000 metros) e duas colocações em provas de Grupo. A sua campanha nas pistas foi interrompida por problemas respiratórios. Vai se iniciar na reprodução em 2012. Enquanto Redattore tem 1, 70 de cernelha, Mellon Martini é de porte médio, não fosse ele filho de Sadler’s Wells (Northern Dancer), o mesmo pai de Crimson Tide. Porte médio, castanho, bem feito, com cerca de 1,63m de altura, esse novo garanhão é promissor. É correto, correu bem, tem bom temperamento. O Stud TNT, cada vez mais bonito com o crescimento das árvores que foram plantadas sobre planejamento apresenta nesse ano uma grande novidade. Em sistema de “shuttle”, ao que consta permanente nas temporadas de 2º semestre, chegou um campeão. Drosselmeyer é um ganhador, dentre outras provas nos Estados Unidos, do Belmont Stakes (3ª prova da Tríplice Coroa, em 2.400m) e da Breeders’ Cup Classic (a mais importante da promoção em 2.000m). Fisicamente Drosselmeyer é um espetáculo. Está desmerecido no momento, pois logo após encerrar a brilhante campanha nas pistas em 2011, ingressou na reprodução no 1º semestre de 2012, cobrindo mais de 150 éguas, e já está no TNT com uma previsão da ordem de 120 éguas. É um cavalo alazão, grande, comprido, muito forte, impressão de grande potência, posteriores potentes indicando largos galões. Mas está visivelmente com aspecto de cansado, costelas sombreadas. Mesmo assim, antes da necessária recuperação, deve estar com bem mais do que 500Kg. Temperamento calmo, de boa altura sem exagero, estrutura óssea possante, esse Drosselmeyer tem um aspecto formidável, de energia, de força e de poder. Se na reprodução ele repetir o êxito nas pistas, alicerçado pelo poderoso físico, a criação brasileira contará com um excelente reforço para as provas do calendário clássico, provavelmente, em páreos de distâncias maiores que a milha. A recuperação física de Drosselmeyer virá com certeza e rapidez, pois o setor veterinário do TNT está aos cuidados dos competentes doutores Leandro e Luiza. O Out Of Control é um nacional, grande, castanho escuro, de aparência sólida, filho de Vettori. Esse cavalo mostrou–se muito bom nas pistas brasileiras e nas norte–americanas, onde venceu provas de Grupo. De criação do próprio TNT, Out Of Control tem pedigree, campanha e físico, tem tudo para ser um sucesso na reprodução. Os irmãos First American e Dubai Dust, já na criação brasileira há muitos anos, estão com ótimas aparências, e as suas boas possibilidades e perspectivas já são do conhecimento de todo os criadores. Sal Grosso, o melhor filho de Our Emblem, bom ganhador de provas de Grupo até de 1, recém chegado ao haras onde nasceu, vai se iniciar. Vettori, já com mais idade e com o seu prestígio consolidado, estava com um machucado em um dos cascos, e permaneceu quieto em seu box.
No Haras Di Cellius estão três reprodutores. Um deles é o velocista Bold Start, um castanho norte–americano de velocidade, cavalo grande e reforçado, esperto. Bom corredor em seu país de origem, com 11 vitórias e 12 colocações entre 2º e 3º lugares. O seu avô paterno é A. P. Indy (Seattle Slew). Na sua 3ª linha paterna figura Storm Cat, um dos maiores produtores de velocidade. Cavalo bonito, saudável, correto, bom para quem gosta de distâncias curtas. Outro garanhão do haras é o já aprovado Mastro Lorenzo, um bom Jules em neta de Danzig. Mastro Lorenzo tem tamanho médio, foi muito bom milheiro, tendo corrido 15 vezes na Gávea e em Cidade Jardim, com 7 vitórias (uma em G.2 e uma em G.3 e 7 colocações). Os seus filhos já ganharam mais de 550 corridas, das quais quase 20 em clássicos e em Grandes Prêmios. Os filhos de Mastro Lorenzo são preferencialmente ótimos milheiros como ele. Cavalo muito útil e que está muito bem. Os dois garanhões citados estão em mãos do encarregado Domingos. O terceiro garanhão do Di Cellius é Holzmeister, que tem tido ultimamente muito sucesso como pai de penqueiros. Holzmeister não foi visto porque estava em outro grupo de cocheiras, onde está recebendo éguas para pencas (e o tempo era curto).
No Haras Santa Maria de Araras, aos cuidados do veterinário Dr. Fred estão 5 garanhões. Adriano é uma beleza de cavalo. Alazão bem grande, muito bem feito, filho de A. P. Indy (Seattle Slew) em filha de Mr. Prospector (Raise A Native). Adriano ganhou 4 corridas, sendo uma de G.2 e outra de G.3, em torno da milha. É um belo cavalo. Put It Back já tem muitos filhos bons ganhadores no Brasil, e alguns ganhadores de provas de Grupo como ele. Sua especialidade é produzir muitos bons corredores até a milha. Tem físico de porte médio, é um castanho escuro que não tem o tipo clássico do velocista, a sua garupa é normal e não avantajada, o seu tronco é normal e não curto e grosso, a sua cabeça podia ser mais leve. Mas o que importa é que, na prática, Put It Back é um sucesso. Quando visto estava se recuperando da estafa da viagem dos Estados Unidos, onde, no ano de 2011, sofreu uma intervenção cirúrgica nos intestinos. Mas já está em boas condições para trabalhar. Quatro Mares é um lindo alazão de porte médio, de físico bonito e forte, um cavalo altamente prometedor. Seus primeiros produtos nasceram em 2011, e mostram que ele é um melhorador. Signal Tap, já com 21 anos, está em esplendido estado, está longe de mostrar a idade, esperto, alegre. O alto índice de classicismo de seus filhos, falam por ele. Quanto a Wild Event, o que se poderia ainda dizer desse campeão nacional, o melhor garanhão domiciliado no Brasil, que segue a cada ano produzindo ganhadores de provas de grupo e até de uma Tríplice Coroada! A idade está chegando para o campeão, mas fisicamente ele segue muito bem, com suas linhas harmoniosas e o seu olhar sempre dirigido para longe, característica comum aos cavalos incomuns.
O Haras Bagé do Sul, nas boas mãos dos competentes veterinários, Ulisses e Carlos, surpreendeu com um detalhe inusitado, os três garanhões lá estabulados pareciam mais novos, mais radiantes do que no ano anterior. Siphon, com todos os seus 21 anos e a traqueostomia já de muito tempo, estava até com o pelo mais reluzente, mais vigoroso, mais alegre. Public Purse, que em 2012 foi operado de uma obstrução intestinal que o fez ficar desmerecido em 2011, surgiu esplendoroso, mais encorpado, mais exuberante. Crimson Tide também parecia mais novo, com ótima aparência, parece até que ficou mais feliz depois da Tríplice Coroa de seu filho Plenty Of Kicks, não só vencedor em todas as categorias que participou no importante Troféu Mossoró, como também, foi considerado o “Cavalo do Ano”. Além desses três garanhões remoçados, lá estava Desejado Thunder, o campeão de velocidade das pistas brasileiras, nos últimos dois anos, um verdadeiro campeão. Também Desejado Thunder surpreendeu, parecendo maior, mais encorpado, mais cavalo do que mostrava há poucos meses atrás quando ainda nas pistas. Parece que cresceu e ficou mais forte, e com traços do seu avô Royal Academy. O grupo de reprodutores do Bagé do Sul está espetacular.
Outra grande e boa surpresa foi apresentada pelo Good Reward, o norte–americano ganhador em seu país de 5 corridas, das quais, duas em G.1. Um cavalo, em princípio, de velocidade, mas com grande êxito em 1.600 e em 2.000m. No Haras Nacional, em 2011, Good Reward apresentou–se como um cavalo pequeno/médio e harmonioso, muito bem feito. Agora em 2012, ele era outro, pareceu maior, de médio passou a médio/grande, encorpou–se, ficou forte, exuberante. Tem um ótimo temperamento, manso, calmo, uma beleza. Os filhos de Good Reward mostram muito boa ossatura, boa complexão física, vivacidade, saúde. O Haras Nacional tem cerca de 60 éguas, mas dentro de uma linha de conduta de alternância na utilização das reprodutoras, dando oportunidade a reparadores repousos. Em 2012 devem ser cobertas cerca de 35. O Haras Nacional está aos cuidados veterinários do Dr. Tomas e administrativos do Dr. Carmine.
No Haras Fronteira PAP, veterinário Dr. Alex, estão alojados cinco garanhões. Capitão Bank é um filho de Roi Normand de tamanho pequeno, mas de qualidade muito grande. Pequeno, muito forte, ótimo corredor, Capitão Bank já foi chamado de Mike Tyson, por ser pequeno, escuro, muito forte e de grande agressividade quando atropelava. É uma pena que Capitão Bank não seja prestigiado pelos criadores. Muito Melhor é um cavalo que nunca foi aproveitado. Irmão materno de um dos mais distinguidos corredores que o Sheikh Mohammed já teve, os dois são filhos de égua de criação do Stud TNT. Muito Melhor é um castanho bonito, físico bom em tamanho médio. Muito Melhor nunca teve e parece que nunca vai ter chances. Jeune–Turc, como o pai dele Know Heights, tem padrão físico médio, altura média, tronco alongado, tem por mãe uma filha de Machiavellian (Mr. Prospector). Esse Jeune–Turc foi um ótimo corredor, ganhador do GP Brasil e do GP São Paulo e terceiro no Pellegrini (lembrar que os argentinos correm medicados). Se for convenientemente prestigiado, esse Jeune–Turc pode aparecer muito bem, em provas de 2.000 metros e mais. É um cavalo correto. Our Emblem é um norte–americano que venceu uma das provas da Tríplice Coroa norte–americana e no Brasil mostrou–se garanhão com produção irregular. O seu melhor filho foi Sal Grosso, um dos melhores de sua geração. Já em idade maior, é improvável que seja bem prestigiado, apesar de estar fisicamente muito bem. Voando Baixo é um cavalo grande e muito bonito, foi um excelente milheiro, e é um reprodutor de sucesso. É pai clássico. Voando Baixo, se não fosse nacional, certamente seria mais prestigiado pelos criadores.
Na Fazenda Mondesir, nas mãos do veterinário Dr. Paulo Bérgamo, está Nedawi. Se algum reparo pudesse ser feito a esse vitorioso reprodutor seria o fato de estar muito gordo. Mas é até natural que isso aconteça, pois no início da estação de monta os garanhões devem ter reservas para enfrentar o habitual pelotão de éguas. Nedawi está esperto, “ligado”, pêlo luzidio, parece saber do enorme sucesso dos seus filhos nas principais provas de Grupo 1 nesse ano na Gávea e em Cidade Jardim. Nedawi quer dizer qualidade, classe, mas também paciência e distâncias maiores.
No Haras Anderson, sob a responsabilidade do Dr. Roberto, além do já aposentado American Gipsy, está um alazão de 1,72 de cernelha, de lindo modelo, Emirates To Dubai, habitual ganhador de provas de distâncias menores nos Estados Unidos. Não tem o modelo físico habitual dos velocistas, em lugar de ser forte e entroncado, o seu tipo é mais para um animal com preferências para distâncias não curtas. Em mãos do responsável Roberto, que cuida do Anderson, o que é uma garantia de uma boa criação, os filhos desse bonito e grande alazão Emirates To Dubai devem fazer sucesso.
Por absoluta falta de tempo disponível, não visitei os Haras Lorolú Ltda e Santa Amélia. Lamento.
As visitas aos mais de 35 reprodutores, no mais importante núcleo criacional do Brasil, sempre foram feitas na companhia do mestre hipólogo Dr. Walter Flores, sem dúvida uma das maiores autoridades em Medicina Veterinária no Brasil. O Dr. Walter reside no Haras Santa Ana do Rio Grande desde o seu princípio, e representa, na verdade, uma escola na teoria e na prática de sua profissão. No seu trabalho tem como executiva a Drª. Alexandra, que cuida diretamente dos animais em todos os setores, e que conta com o pai Walter nos momentos mais difíceis. Todos os Haras de Bagé/Aceguá ou quase todos, contam com veterinários residentes, e quando surge um problema mais complicado (partos distorcidos, cesarianas etc), os veterinários se socorrem da ajuda dos outros. No Santa Ana há um centro cirúrgico particular, e é para lá que são levados todos os casos de cirurgias, e lá contam com anestesistas como os Drs. Carlos (Bagé do Sul), Alexandra (Santa Ana) e Vanessa (Anderson) e cirurgiões que são chamados de Santa Maria (Flávio de La Corte), de Pelotas e até do Uruguai.
Esse é o panorama de Bagé/Aceguá em agosto de 2012, e no entender do mestre hipólogo Dr. Walter Flores, há dois aspectos, entre outros, que devem ser entendidos como importantes de janeiro a agosto, na evolução física dos garanhões. Um deles é que em janeiro os reprodutores recém terminaram a estação de monta, muitas vezes muito severas, e em agosto os cavalos estão no princípio da nova estação, após descanso de meio ano. O outro detalhe é a melhoria daqueles que não participam de “shutlle”, invenção irlandesa, ótima para a propagação dos sangues dos bons reprodutores e para o aspecto financeiro dos vendedores das coberturas. Mas a falta de descanso faz diferença. Só como meros exemplos, e em apreciação por alto, Good Reward melhorou uma barbaridade de uma estação para outra. É claro que não é o caso de todos que habitualmente fazem “shuttle”, mas há diferenças entre os que fazem e os que não fazem. Para estarem na plenitude de suas condições, os garanhões precisam descansar para a recuperação das energias. Isso não invalida o “shutlle”, que é uma forma de se contar com sangues internacionais de altíssimo valor como Shirocco, Manduro, e outros excepcionais.
Antes de terminar, quero deixar os meus agradecimentos pela gentileza e fidalguia com que os Haras de Bagé/Aceguá recebem os visitantes. O clima na apresentação dos animais não poderia ser mais agradável.
Passei uma semana em Pasárgada.

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