Colunista:
OS PROFISSIONAIS 11/09/2012 - 11h17min
OS PROFISSIONAIS
I – INTRODUÇÃO
Vimos nos três últimos Artigos o tripé de fundamental importância para o Turfe, personalizado nas Figuras do Proprietário, Criador e Apostador, mas não podemos desconhecer a também fundamental importância da participação dos PROFISSIONAIS do Turfe, sem os quais, praticamente, não poderiam ser realizadas as Corridas de Cavalos, cada um no desempenho de suas Funções específicas.
Cada um desses Profissionais, em última análise, contribui decisivamente para o desempenho do Puro Sangue Inglês nas pistas de corrida, no exercício de suas Atividades que acabarão por convergir para o resultado que o PSI sob seus cuidados e sob sua direção irá alcançar ao cruzar o “Disco de Chegada” de cada páreo que vier a disputar.
Cada um desses Profissionais, certamente, irá exercer suas Funções específicas, sempre envolvidas por uma expressiva cota de sacrifício, envolvendo horários extremos, fins de semana vinculados às corridas, manutenção de peso, além de riscos à sua integridade física.
Assim sendo, este Artigo não é simplesmente mais um Artigo de caráter técnico sobre suas Funções precípuas, mas uma HOMENAGEM a esses Profissionais que nos proporcionam momentos de entretenimento, emoção, plasticidade, colorido e coragem, a cada páreo disputado, independentemente de sua importância.
II – O TREINADOR
Possivelmente a mais complexa entre as Funções de um Profissional do Turfe, que provavelmente só chegará ao ápice de sua Profissão se tiver uma expressiva dedicação voltada para o conhecimento inerente ao desempenho e cumprimento das características exigidas pela Profissão, mas sobretudo, para se tornar um ícone em sua Profissão, necessariamente deverá ter nascido com o DOM natural para o seu exercício, sabendo “dialogar” com seu Puro Sangue pela simples troca de olhar, e saber exatamente o que, e do que, seu Pupilo necessita e precisa para que venha a produzir excelentes performances em corrida.
O Treinador, em última análise, também precisa ter, para garantir o sucesso de seu Pupilo, uma autêntica Devoção Sacerdotal refletida na atenção para com seus Pupilos, acompanhando–os de manhã, de tarde e, às vezes, de noite (quando em corrida), observando detalhes dos mais variados de seu comportamento que possam induzir a alguma conclusão que, posta em prática, possa contribuir para sua evolução nas pistas.
Há um expressivo número de Treinadores devotados à sua Profissão, que procuram agregar conhecimento e alcançar bons resultados para seus Pupilos nas pistas mas, ainda assim, poucos são os que chegarão a alcançar o patamar de um Treinador diferenciado, pois muito poucos são os que nasceram com o citado DOM natural que irá diferenciá–lo em relação aos demais Treinadores.
Um dos aspectos mais importantes para o Treinador é o reconhecimento do limite do potencial locomotor de seu Pupilo, encontrando o seu Alcance Estamínico, ou seja, a distância ou faixa de distâncias em que realizará suas melhores Apresentações, a pista de sua preferência e a característica de seu perfil de corrida, refletida em sua aptidão para correr ditando o “pace” da corrida, ou para correr entre os ponteiros ou se prefere correr acomodado para promover sua atropelada ou “sprint” final.
Ao Treinador cabe deixar seu Pupilo no melhor estado Físico–Atlético possível para que possa exibi–lo em sua performance nas pistas, tarefa em que o Treinador se apresenta como um autêntico Preparador Físico.
Também cabe ao Treinador dosar, na Quantidade e Qualidade adequadas, a Alimentação de seu Pupilo, nas diversas Fases de seu Treinamento, para que possa alcançar o estado ideal de seu Condicionamento Físico–Atlético, o que será obtido com a adequada dosagem da intensidade dos exercícios a que será submetido.
Também importante para o Treinador refere–se à seleção dos tipos de exercícios a serem ministrados ao seu Pupilo, pois cada Cavalo / Égua costuma dar uma resposta diferente ao tipo ou tipos de exercícios a que são submetidos.
Alguns preferem o Sistema de Partidas, outros já exigem os usuais Trabalhos de Distância, outros já respondem melhor ao Sistema misto de Partidas e Trabalhos de Distância e alguns, quando disponível, agregam em seu Programa de Treinamento exercícios de natação, visando um melhor condicionamento em seu estado Aeróbico.
Sempre que acompanhar a Doma de um Pupilo inédito, atentar para que o seu comportamento no Partidor seja o mais tranquilo possível para evitar o seu desgaste prematuro pela pressão em seu Sistema Nervoso, na prática deste tipo de exercício.
O Treinador ao iniciar o Treinamento de pista que antecederá a estreia de seu Pupilo, deve atentar para os exercícios do Partidor, em continuidade a estes exercícios durante a Doma, evitando que venha a apresentar um comportamento caracterizado por um alto nível de indocilidade que poderá comprometer seu desempenho na corrida.
É de fundamental importância que o Treinador, para exercer sua Profissão com elevado padrão de qualidade, detenha conhecimento, pelo menos básico, sobre a Anatomia do Puro Sangue Inglês (PSI), assim como, se bem que não necessariamente, rudimentos de veterinária, para que possam “dialogar” com os Veterinários sobre problemas de ordem Físico–Orgânicos que eventualmente seu Pupilo possa vir a apresentar.
III – O JÓQUEI
Este Profissional para chegar ao topo do exercício desta primordial Função, assim como o Treinador, deverá ter nascido com o DOM natural para o seu exercício, que além de tudo, exige uma autêntica Devoção Sacerdotal para que consiga exercê–la em seu mais alto nível.
O Jóquei, necessariamente, precisa ser um Atleta, cuidar de seu preparo físico, muitas vezes, manter uma “luta” constante com a Balança, para que possa montar dentro dos parâmetros de Peso exigidos pelo Código Nacional de Corrida (CNC).
Deve conhecer as características de corrida de sua Montada, o que sempre é facilitado por um adequado diálogo com o Treinador do animal que irá montar.
Sempre importante e desde que possível, deve conhecer, também, as características de corrida de seus Adversários em cada Páreo para dosar e posicionar adequadamente sua Montada durante o transcurso da corrida.
Um dos aspectos mais difíceis para o Jóquei, e que de certa forma caracteriza sua habilidade na condução de um PSI, refere–se à avaliação que ele deve fazer do “pace” em que a corrida está se desenvolvendo e, conhecendo as características de sua Montada, saber posicioná–la adequadamente durante o percurso da corrida, para que possa exigir dele o “sprint” final que deve definir o resultado do Páreo.
De todas as Funções dos Profissionais do Turfe, a de Jóquei é a mais arriscada, pois constantemente, durante o desenvolvimento da corrida, convive com a possibilidade de um acidente.
O predicado fundamental para um Jóquei de alto nível é o Equilíbrio que deve proporcionar à sua Montada em todo o percurso da corrida, sendo este predicado considerado pelos “experts” no assunto, como o mais importante para o êxito na disputa de um Páreo.
O que mais me preocupa na conduta da maioria esmagadora dos Jóqueis e que deveria ser categoricamente explicado e exigido desde a Escola de Aprendizes, refere–se ao uso do Chicote.
Poucos são os Jóqueis que usam adequadamente o Chicote, pois a grande maioria, inclusive alguns de reconhecida categoria, usa o Chicote como instrumento de castigo, batendo em sua Montada com força exagerada, infligindo à sua Montada um autêntico castigo passivo de uma intervenção da Sociedade Protetora dos Animais.
É de fundamental importância que desde a Escola de Aprendizes, seja exaustivamente explicado aos jovens postulantes a Jóquei, que o Chicote é um instrumento para ALERTAR e não para CASTIGAR a Montada.
Além disso, o uso exagerado da força pelo Chicote serve apenas para desconcentrar o animal, prejudicando sua ação, provocada pela dor a que é submetido pelas numerosas e violentas chicotadas, muitas vezes aplicadas em regiões mais sensíveis, com movimentos bruscos que desequilibram o animal, sobretudo em seu “sprint” final.
Particularmente, uma das principais sinalizações que um Jóquei diferenciado me passa está justamente no uso moderado e adequado do Chicote.
Meus caros Jóqueis: É preciso que se lembrem que surrar um animal, em nada contribuirá para que melhorem sua atuação, muito pelo contrário, acabam por prejudicar sua ação locomotora, muitas vezes, prejudicando seriamente o Temperamento do animal
“CHICOTE é para ALERTAR, nunca para CASTIGAR”.
Não podemos deixar de assinalar a importante participação do REDEADOR, Profissional, usualmente, bons cavaleiros, mas que não reúnem algumas das condições indispensáveis (quase sempre relacionada com o Peso) para que possam se apresentar em corrida, e cuja Função primordial é o de exercitar adequadamente o animal, na ausência do Jóquei.
IV – O VETERINÁRIO
É o único Profissional envolvido com o Puro Sangue Inglês (PSI) com formação Acadêmica, sendo responsável pela Preservação e Tratamento de sua Saúde.
Evidentemente, estou me referindo ao Veterinário especializado no PSI.
Atualmente, observamos um expressivo contingente de competentes e devotados Veterinários, Homens e Mulheres, que até algumas décadas atrás eram muito poucos e, quase que exclusivamente, uma Profissão exercidas por Homens.
Há que se observar que nas últimas décadas presenciamos uma expressiva evolução na Medicina Veterinária em todos os seus Segmentos, podendo–se testemunhar autênticos “milagres” resultantes da intervenção desses Profissionais em casos que em passado recente eram dados como perdidos.
Nesse passado recente, boa parte das intervenções mais simples de atendimento ao PSI, eram supridas pelo próprio Treinador que, na sua formação, tinham conhecimento dos rudimentos de Veterinária, recorrendo–se aos Veterinários apenas para atender casos mais graves.
Atualmente, os Veterinários exercem sua Profissão, tanto na Veterinária Curativa, quanto na Preventiva, ao mesmo tempo em que se nota o expressivo advento da especialização em Segmentos específicos da Veterinária.
Não podemos esquecer, inclusive, a importante figura do Veterinário especializado na Criação propriamente dita do PSI, o Veterinário de Haras, a quem cabe o acompanhamento do desenvolvimento físico do jovem PSI, desde a Gestação da Matriz, passando pelo Nascimento do Produto e seu Desenvolvimento Físico até a sua saída do Haras para os Leilões de Produtos inéditos e / ou para a Fase de Condicionamento.
Assim sendo, sobretudo na atualidade do Turfe, a presença do Veterinário é de fundamental importância para que possa contar com Produtos aptos para enfrentar o rigor das corridas, assim como, para contornar possíveis problemas que possam prejudicar o desempenho do PSI nas pistas de corrida.
V – O FERRADOR
Esta é uma Profissão que passa despercebida pela maioria quase absoluta dos participantes do Turfe, pois é uma Função que poucos presenciam e apreciam.
Mas um bom Ferrador é um dos Elementos de vital importância para o desempenho do PSI nas pistas de corrida.
Ao contrário do que se possa imaginar, trata–se de uma autêntica Arte, pois as Ferraduras sempre devem ser confeccionadas sob medida, em conformidade com as características do Casco, sua morfologia, seus Aprumos e Consistência.
Um Ferrageamento bem projetado e realizado pode, inclusive, corrigir defeitos de Aprumos, sobretudo de desvios observados nas Mãos do jovem PSI, assim como, proporcionar melhor impulsão para os seus Pés, melhorando o seu desempenho e evitando lesões que podem abreviar Campanhas nas pistas de corrida.
Alguns PSI dificultam bastante o Trabalho do Ferrador, apresentando um alto nível de indocilidade por ocasião da colocação das Ferraduras, inclusive, colocando em risco sua integridade física.
Usualmente, são adotados dois tipos de Ferraduras, ou seja, as de Ferro destinadas ao Treinamento, mais duráveis e pesadas, e as de Alumínio destinadas às Corridas propriamente ditas, cuja duração, usualmente, se restringe a apenas uma única corrida.
Assim sendo o Ferrador de elevada categoria, além de ter uma expressiva dose de Paciência para exercer adequadamente o ato do Ferrageamento, deve ter conhecimento, inclusive, de Geometria, para confeccionar Ferraduras que proporcionem Conforto e Equilíbrio, boa Performance e, ao mesmo tempo, contribuindo para evitar lesões ao PSI.
O Ferrageamento, usualmente, é exercido por Autodidatas, frequentemente é uma Função passada de Pai para Filho, pois não há Cursos regulares e específicos, pelo menos aqui no Brasil, que proporcionem aos interessados o conhecimento indispensável para o seu correto exercício.
Portanto, em última análise, o bom Ferrador é na realidade um Profissional cuja Arte é pouco conhecida e incentivada, sendo de capital importância para o desempenho e integridade física do PSI, o que está refletido num pequeno número de Ferradores capacitados para exercer adequadamente esta importante Função.
VI – O GERENTE DE COCHEIRA
Podemos afirmar que o Gerente de Cocheira é a “Alma” do Treinador!
Responsável pelo Manejo dos animais dentro da Cocheira, pela Supervisão de sua Higiene e Alimentação, observando qualquer sinalização que possa representar algum problema com o animal.
Deve supervisionar a Alimentação de cada animal, observando a recomendação do Treinador quanto à composição e quantidade do volume a ser dado a cada animal.
Deve providenciar e ministrar eventuais Medicações recomendadas pelo Treinador ou Veterinário responsável pela Cocheira!
Deve manter a Harmonia da Equipe de Cavalariços da Cocheira e dialogar com o Treinador sobre problemas e situações específicas que possam perturbar as Atividades no âmbito da Cocheira.
Deve providenciar e fazer cumprir o cronograma definido pelo Treinador para a realização da movimentação dos animais que seguem para realizar os exercícios diários, assim como, zelar pela limpeza e conservação dos utensílios essenciais para a realização dos exercícios e das corridas.
Desta forma, a atuação do Gerente de Cocheira, guardadas as devidas especificidades e características, é muito importante para que as Atividades exercidas pelos demais Profissionais que atuam no Turfe possam ser realizadas adequadamente, pois o bem–estar do PSI sob sua tutela depende diretamente de sua Dedicação e Eficácia no cumprimento de suas obrigações.
As mesmas considerações se aplicam aos Gerentes de Haras!
VII – O CAVALARIÇO
Se o Gerente de Cocheira é a “Alma” do Treinador, o Cavalariço é a “Alma” do PSI em Campanha nas pistas, inclusive, porque é o Profissional que mantém contato direto com o seu Animal por mais tempo a cada dia.
Quando conseguimos identificar um Cavalariço consciente da importância de sua atuação, devotado e interessado no Bem–estar do Animal, chegamos a perceber, nos casos mais notáveis, que o Animal chega a incorporar o seu Temperamento.
O Cavalariço, em última análise, deve cultivar um relacionamento com seus Animais que possa chegar ao nível de Confiança e Amizade mútua entre eles, facilitando ao Cavalariço o exercício de sua Função como um autêntico braço operacional do Gerente de Cocheira e do próprio Treinador.
O Cavalariço responsável e interessado no adequado cumprimento de suas Obrigações deve estar atento a qualquer problema que consiga identificar nos Animais sob seus cuidados, relatando de imediato ao Gerente de Cocheira.
Sua atuação primordial deve estar focada, sobretudo, no comportamento do Animal em relação à sua Alimentação, comunicando qualquer dificuldade que apresente neste sentido e procurando observar algum problema que possa estar dificultando a normalidade de sua Alimentação.
Sua atuação na Higiene dos Animais sob seus cuidados é também de vital importância para o seu Bem–estar, o que contribuirá para o seu sucesso nas pistas de corrida.
Igual importância deve ser dada ao Cavalariço que atua nos Haras e cuja atuação irá refletir no Desenvolvimento Físico dos jovens Animais sob seus cuidados.
Lamentavelmente, atualmente não existem Cursos para passar aos Cavalariços os rudimentos de sua Profissão e os que venham a se destacar no desempenho de sua Função, usualmente, o fazem por iniciativa própria, refletindo Amor pelo Animal e intensa Dedicação ao seu Trabalho.
VIII – CONCLUSÃO
O Grupo de Profissionais focalizados neste Artigo integra a Equipe responsável pelo Desempenho do PSI nas pistas de corrida, sendo que a eficiência demonstrada na execução de suas Funções específicas, quase sempre, proporcionará o êxito de uma Campanha, para o PSI que apresente um potencial Genético e Físico acima da média.
Orlando Lima – omlimapsi@gmail.com Blog: www.goldblendconsultoria.blogspot.com Acesso pelo RAIA LEVE: Links / Brasil / Consultoria Goldblend
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