Colunista:
O PROPRIETÁRIO 23/07/2012 - 14h04min
O PROPRIETÁRIO
I – INTRODUÇÃO
Minha formação profissional é a de Economista e durante os 25 anos em que fui Proprietário de Puro Sangue Inglês (PSI), procurei ajustar meus conhecimentos como Economista à Atividade como Proprietário.
Não há dúvida que o Turfe é uma autêntica Atividade Econômica, como ficou perfeitamente comprovado pelo desenvolvimento desta Atividade nos Estados Unidos, que a vem tratando como um autêntico e comprovado “Business”.
A História do Turfe em praticamente todos os países que cultivam esta Atividade, foi pontuada por uma sucessão de Crises que sempre, de uma forma ou de outra, foram superadas, intercalando períodos de expressivo progresso.
Como uma autêntica Atividade Econômica, o Turfe é sensível à Conjuntura Econômica do país em que é praticado, mas ficou evidenciado que em países que convivem momentaneamente com crises em sua Economia, o Turfe permaneceu em atividade, aguardando sua recuperação para retomar seu crescimento.
O Jockey Clube Brasileiro acaba de eleger uma nova Diretoria preocupada e comprometida com o resgate dos bons tempos vivenciados no período da gestão Fragoso Pires que mostrou e comprovou para todos que o Turfe é uma Atividade viável e atraente que bem conduzida poderá se expandir e consolidar como uma autêntica Atividade Econômica, inserida e reconhecida no contexto da Economia nacional.
O aspecto de fundamental importância para a consolidação e desenvolvimento do Turfe no Brasil, passa necessariamente pela formação de um Mercado sólido e consistente que reflita a correta e justa valorização do seu elemento primordial, ou seja, o Puro Sangue Inglês (PSI).
A crise por que passa o Turfe brasileiro na atualidade, necessariamente reflete um Mercado instável, incapaz de proporcionar ao PSI o seu devido e justo valor, impedindo o prevalecimento de uma das Leis básicas da Economia, ou seja, a Lei da Oferta e da Procura.
Entre os Atores que integram o Turfe em todos os seus Segmentos, um deles merece especial menção o PROPRIETÁRIO que, em última análise, atua como a mola mestra para o desenvolvimento do Turfe e, particularmente, como Elemento central para que volte a impulsionar um Mercado progressista e atraente que estimule o Criador do PSI (será focado no próximo Artigo) a continuar alimentando–o com seu Produto.
Em resumo, o Proprietário do PSI é o responsável direto pela força da Demanda na já citada Lei básica da Economia de Mercado, a Lei da Oferta e Procura.
A Atividade criatória há cerca de 20 anos encontra–se numa expressiva queda livre sob o ponto de vista da Quantidade, levando–se em consideração que ao final da década de 80 (Temporada de Monta de 1988) encontravam–se registradas no Stud Book Brasileiro pouco mais de 9500 Matrizes, enquanto na Temporada de Monta de 2011, restaram registradas pouco mais de 3600 Matrizes.
Evidentemente, a Oferta do PSI no Mercado declinou radicalmente e sua Procura (Demanda) declinou mais do que proporcionalmente em relação à Oferta, resultando num Mercado enfraquecido, com viés direcionado para o declínio, se urgentes providências não forem tomadas para redirecionar o seu rumo.
Esta situação refletiu uma queda substancial no contingente de Proprietários em atividade, sendo que a grande maioria dos que permaneceram reduziram expressivamente o número de animais de sua propriedade.
Os novos Proprietários e Criadores que ingressaram no Turfe nesse período, não foram suficientes para reverter a atual situação do Turfe brasileiro, mas são de vital importância para evitar o fim da Atividade, mantendo acesa a esperança de sua revitalização.
O Proprietário, portanto, é a fonte que alimenta a Atividade criatória do PSI e mantém em funcionamento a “máquina” que viabiliza as Corridas, para que o APOSTADOR possa proporcionar o “combustível” imprescindível para que essa “máquina” continue a funcionar.
Para que haja um sensível avanço do Turfe no Brasil, é de fundamental importância que o Jockey Clube de São Paulo e o Jockey Clube Brasileiro recuperem sua vitalidade e as bases para o desenvolvimento do Turfe, quando então, estendendo seus benefícios para outros Hipódromos que permaneceram em atividade, consolidará definitivamente o Turfe no Brasil em todo o seu potencial.
II – A EMOÇÃO DO TURFE
As mais intensas emoções proporcionadas pelo Turfe através das Corridas, estão direcionadas para a figura do Proprietário do PSI e, por ter sido Proprietário por 25 sucessivos anos, posso garantir que poucas emoções se igualam em intensidade ao assistir seu PSI numa pista em plena Corrida, ainda que pelo reduzido tempo de duração de uma Corrida.
Trata–se de uma sucessão de sensações envolvendo desde o receio pelo risco que envolve uma Corrida, passando pela torcida de seu PSI se porte adequadamente no decorrer da Corrida, pelo alívio de chegar bem colocado e sem problemas físicos, culminando com a intensa alegria de vencer sua Corrida, que se estende por toda semana seguinte, fazendo esquecer eventuais decepções anteriores.
Mas a satisfação para o Proprietário de um PSI não se restringe ao momento das Corridas, pois as visitas ao seu PSI, as conversas com o Treinador sobre a sua evolução no Treinamento e, se possível, o acompanhamento desse Treinamento, são momentos agradáveis que farão muito bem à sua Saúde, fazendo o tempo passar sem que perceba.
As emoções que o Turfe proporciona, sobretudo, para o novo Proprietário de PSI, iniciam no momento em que adquire seu primeiro Puro Sangue, sobretudo se adquirido num Leilão de Produtos inéditos, continuando, quando adotado, no importante período destinado ao Condicionamento e Doma do jovem PSI, de capital importância para consolidar o Produto em seus aspectos físicos, deixando–o apto para enfrentar o rigor do Treinamento inicial que irá anteceder sua estreia nas pistas de corrida.
Nesse período o novo Proprietário poderá participar e vivenciar a evolução de seu jovem PSI, o que irá lhe proporcionar momentos de expectativa e ansiedade pela estreia.
III – O JOCKEY CLUBE BRASILEIRO
Certificada a importância do Proprietário no contexto do Turfe, independentemente do país em que seja praticado, mas sobretudo neste momento de crise do Turfe no Brasil, caberá à nova Diretoria do Jockey Clube Brasileiro promover ações visando aumentar o Quadro de Proprietários, começando pelo próprio Quadro Social do Clube, tendo em vista que cerca de 92% de seus Sócios nada tem a haver com o Cavalo de Corrida e, consequentemente, com as Corridas de Cavalos.
Além disso, o JCB deve procurar atrair novos Proprietários de fora da Comunidade Turfística, e para tanto deve providenciar, de imediato, a recomposição das instalações extremamente deterioradas do Hipódromo da Gávea, aproveitando a proximidade de sua festa máxima, o GP Brasil, e promover ações que esclareçam com precisão o que representa o Turfe em todas as suas dimensões, desmistificando a imagem negativa imputada às Corridas de Cavalo, esclarecendo sobre os benefícios do Turfe como uma autêntica Atividade Econômica, ressaltando a nobreza desse belo animal que é o Puro Sangue Inglês (PSI) e incentivando e facilitando o registro de novos Studs em seu Quadro de Proprietários.
Para tanto, o JCB deve agregar à sua Estrutura Orgânica, assim como procedeu a atual Diretoria do Jockey Clube de São Paulo, um Setor voltado, exclusivamente, para esclarecer aos Candidatos a Proprietário do PSI, todos os aspectos que envolvem essa emocionante Função, inclusive, facilitando o registro do novo Stud, da respectiva Farda e orientando na aquisição de seu primeiro animal.
IV – A DÚVIDA
Após a apologia que fiz sobre o exercício da Função de Proprietário do PSI, o Leitor deve ter ficado com uma séria dúvida relacionada ao fato de que, há alguns anos, deixei de ser um Proprietário de PSI.
Realmente, é uma Dúvida pertinente, importante e oportuna, que merece ser devidamente esclarecida para que não esvazie todo o conteúdo do que afirmei acima.
Em primeiro lugar, no momento que deixei de exercer minhas atividades profissionais como Economista, resolvi me dedicar e aprofundar, em tempo integral, minhas Pesquisas sobre o PSI, não restando tempo hábil para que pudesse me dedicar ao exercício da Função de Proprietário em paralelo.
Em segundo lugar, em decorrência das conclusões a que cheguei nessas Pesquisas, resolvi implantar e adotar o que chamo de Planejamento Genético, como uma Atividade Profissional, me impedindo, sob o ponto de vista ético, atuar como Proprietário, de certa forma, concorrendo diretamente com meus Clientes.
Em terceiro lugar, porque assumi a condição de “Proprietário” dos animais de meus Clientes, isento das emoções inerentes a esta Função, tendo por objetivo primordial, observar, sob a ótica estritamente técnica, o comportamento desses animais em Corrida e passar observações que possam servir de subsídio aos respectivos Supervisores e / ou Treinadores dos animais de meus Clientes.
Mas posso afirmar com toda a certeza que, se a Atividade Profissional que estou procurando consolidar não alcançar os objetivos que pretendo, minha primeira providência será o de voltar, de alguma forma, a praticar o exercício da emocionante Função de PROPRIETÁRIO de PSI.
Orlando Lima – omlimapsi@gmail.com Blog: www.goldblendconsultoria.blogspot.com Acesso pelo RAIA LEVE: Links / Brasil / Consultoria Goldblend
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