Colunista:
Foi dada a largada, por Jéssica Dannemann 25/05/2012 - 16h08min
O desrespeito ao Estatuto não vai fazer o “presidente” sair pela porta dos fundos.
Introdução
A origem é Socrática, ou seja, do filósofo grego Sócrates, tratar uns com justiça e outros com injustiça; ter condutas diversas diante de situações idênticas; aplicar a lei ou a regra com mais ou menos rigor, de acordo com a conveniência, assim o “presidente” consegue, ao medir algumas vezes o mesmo objeto, encontrar pesos diferentes.
Para a eleição vale a Lagoa, para aprovação das contas não vale a Lagoa; para a frieza dos números só serve o Centro, para a tentativa de escapar do “corredor da morte”, vale tudo. Pelo menos a porta dos fundos é una, indivisível.
O “presidente” não vai conseguir fugir dela no 31 de Maio tão logo acabe a contagem das urnas, sejam elas quantas forem, em quantos lugares estejam disponíveis; não haverá agravo que desagrave a justiça que será feita com a sua partida, mas não será pela ruptura dos Estatutos e Regimentos, que o algoz cruzará os muros, será por algo ainda mais desagradável.
Acusações
Leio, escuto e vejo uma relação interminável de argumentos muito sólidos contrários ao “presidente”, que vão desde episódios ligados à gestão, até os fatos mais escabrosos e inusitados noticiados na revistas, jornais e até na TV, como os carros da Polícia Federal invadindo o clube atrás de documentos para comprovar prática de crimes.
Na minha visão, porém, isso tudo ainda não é o mais relevante.
Por mais que ele tenha assustado até a população de Damasco, Cabul, Bagdá, Trípoli, Hanói, e outras mais – acostumadas a emoções fortes e vidas perigosas –, com as suas bravatas latino–americanas, nada é tão relevante quanto a maldade que ele demonstrou possuir no coração.
A mancha eterna na “carreira”
O que sempre me importou foram os golpes baixos do “presidente” ao perseguir os profissionais que dedicaram suas vidas ao JCB, tentando despejá–los de suas próprias casas, suspendendo o mísero Plano de Saúde de pessoas pobres, muitas delas que tinham parentes internados, alguns em estado muito grave.
O que sempre me importou foi o número de empregos no campo que o “presidente” fez desaparecer ao longo de quatro anos, quando conseguiu expulsar peças importantes do tabuleiro da criação nacional com os seus R$ 80.000.000,00 (oitenta milhões de reais) de prejuízo no turfe, jogando a culpa de uma inabilidade na suposta “crise hípica mundial”, que só existia na cabeça dele.
O que sempre me importou foram milhares de máquinas caça–níqueis de uma empresa espanhola que o “presidente” tentou enfiar goela abaixo dos sócios do clube e de suas famílias – a revelia de todos –, como se tudo fosse propriedade dele: o imóvel; a história; a dignidade; e a segurança do clube.
O que sempre me importou foram os silos do armazém das Vilas Hípicas, destruídos na calada da noite em represaria ao fato dele não ter podido satisfazer a especulação imobiliária, por não ter conseguido alienar sem concorrência o pulmão do Jockey Club Brasileiro, 160 mil metros quadrados de uma das áreas mais valorizadas da cidade.
O juízo final
No entanto, o que me importa agora é ver o JCB livre do “presidente”; livre de uma administração monocrática; livre das vaidades; livre das fomes pretéritas; livre dos prejuízos e livre de tudo aquilo que hoje impede a recuperação do clube e que inibem o Jockey Club Brasileiro de retomar a sua importância no cenário hípico mundial.
O que me importa agora é saber que a instituição vai poder reencontrar a paz; vai conseguir restabelecer a alegria; vai reaver a confiança dos clientes e adeptos de uma atividade centenária; vai poder, enfim, respirar, sem a ajuda de aparelhos, abandonando a fantasia de “doente”, imposta cruelmente, hábito que nunca pretendeu vestir.
Final
O “presidente” perdeu o bem mais precioso que alguém pode ter: o respeito das pessoas. Ele perdeu o respeito dos funcionários e perdeu também o respeito dos jóqueis, aprendizes, treinadores e demais prestadores de serviço, seguido hoje apenas por quem, infelizmente, é dependente da sua marcha solitária.
A técnica para preparar um bom prato já está escrita, ela foi desenvolvida pelos mais antigos, pelos mais sábios e mais prudentes, todos aqueles que tentam agregar elementos estranhos à culinária, acabam estragando a receita do bolo.
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