Colunista:
Provas de Grupo, por Ivamar 27/06/2006 - 23h21min
A vez de Top Hat
Sábado, numa tarde inesquecível, com pistas leves, o Jockey Club de
São Paulo realizou a Copa dos Criadores, festival formado por quatro provas, com destaque para o GP ABCPCC–Matias
Machline (GI), destinado a produtos de 3 anos e mais idade (com regulamento próprio), atualmente, a última grande
prova da temporada turfística brasileira. Com ótima dotação, R$ 104.282,00, este ano, apesar de reunir apenas
cinco candidatos, contou com a admirável presença de três ganhadores de prova de grupo, e de um segundo colocado
em prova do Grupo I.
Quando da realização do GP Cruzeiro do Sul, encantei–me com a exibição de TOP HAT,
a ponto de vaticinar que um filho de Royal Academy (a ele me referindo) seria ganhador do GP São Paulo. Ao
participar do fundamental clássico paulista, o potro fracassou, sequer demonstrando velocidade. Talvez tivesse me
iludido, mas enganei–me. A forte impressão deixada no Derby carioca fora correta. Afinal, Top Hat agora de se
reabilitou, construindo um triunfo magnífico ao percorrer, de ponta a ponta, o percurso tecnicamente perfeito dos
2.000 metros, na grama de Cidade Jardim, no tempo fantástico de 1Â’56”294, baixando em quase dois segundos o
recorde da distância! E derrotou outro potro de exceção, BANDIDO SECRETO (Romarin), que também cumpriu atuação
irretocável.
SERIAL WINNER (Yagli), muito apostado, foi terceiro longe. DEUTERONÔMIO (Baynoun)
curvou–se diante do poderio de rivais muito mais fortes, e ZAFERANO (Talloires) chegou onde tinha de chegar.
Deuteronômio tem 4 anos e os outros, 3. A respeito da inscrição de Zaferano, quero deixar bem claro: não tive
intenção de ofender seu proprietário quando afirmei ser o mais fraco do fortíssimo lote. Considero, inclusive, uma
inscrição deveras inteligente, pois o potro obteve prêmio e colocação clássica em prova do Grupo I (mesmo chegando
muito longe do penúltimo). Aliás, aproveito a oportunidade para reafirmar que meus artigos não pretendem causar
melindres, mas, também, nunca serão usados com a finalidade de bajular quem quer que seja. Preocupo–me,
entretanto, no momento, com as polêmicas que involuntariamente têm provocado. Deixarei de exercer esta função, que
tanto bem me faz, caso tenha de abrir mão da minha opinião independente em troca de falsos elogios para ser
simpático. Elogio nesta coluna, só para os verdadeiros astros do esporte, os cavalos.
Voltando ao GP
Matias Machline, ficou a dúvida: qual o melhor do Brasil. Dono da Raia ou Top Hat? A resposta? Somente com um mano
a mano entre os dois, o que é impossível. O embate, com outros candidatos e sujeito a peripécias de carreira,
talvez aconteça no primeiro domingo de agosto, na Gávea, no GP Brasil, que apesar dos tempos atuais, passaria para
a história.
O brilhante vencedor, criação do Haras São José da Serra e propriedade do Stud JCM, foi
dirigido por Nelito Cunha. É treinado por João Macedo, e obteve a quinta vitória, primeira clássica, em nove
apresentações. Top Hat é irmão materno de Tale e Quale, ótima corredora, com vários êxitos clássicos, sendo sua
mãe, Tavira (Effervescing), irmã materna de King of Iron, ganhador de Grupo I. De seu pai, Royal Academy
(Nijinsky), tudo já foi dito. É um garanhão excepcional que está produzindo ganhadores de provas de grupo em
várias partes do mundo. Parabéns aos responsáveis por sua vinda para o Brasil, mesmo
arrendado.
Quick Road vence novamente
A antiga Taça de Prata, atualmente GP J.
Adhemar de Almeida Prado (GI), em 1.600 metros, teve campo excelente, com 10 potros de 2 anos, entre os quais,
quatro ganhadores clássicos.
A carreira serviu para que QUICK ROAD (Jules e Jamaica Road, por Ghadeer)
mantivesse a posição de líder paulista da geração, na grama. Não venceu com tanta autoridade como aconteceu no GP
Juliano Martins (GI), mas demonstrou muita valentia, resistindo em toda a reta aos ataques de COLD CAIÇADO
(Pleasant Variety) e AMIGO PERU (Talloires), que correram muito. As diferenças foram de meio corpo e ¾ de corpo.
Em quarto, próximo, QUICK HAWK (Spend A Buck) e em quinto, completando o marcador, AMERICAN STYLE (First
American).
Quick Road, criação do Haras Santa Maria de Araras. Como Top Hat, é propriedade do Stud JCM,
treinado por João Macedo e foi igualmente dirigido por Nelito Cunha. Marcou 1Â’32”592 na grama leve, tempo
espetacular, recorde da prova.
Glucose vence fácil a Taça de Prata de potrancas
Ao
contrário dos potros, a Taça de Prata de potrancas, GP Margarida Polak Lara (GI), teve campo fraco. Nenhuma das
fêmeas de 2 anos que demonstraram boa categoria, como Baby Victory, Aliysa e Indochine, foram inscritas, apesar da
dotação de R$ 56.370,00, fato difícil de ser explicado.
A vitória, obtida por mais de três corpos,
pertenceu a GLUCOSE (Exile King e Sassy Sever, por Saint Sever). Lutando pela dupla, FINE EFFECT (Choctaw Ridge) e
DUNAWAY (Belo Colony), com vantagem de pescoço para aquela. Completaram o marcador: LEFT HANDED (Vettori) e
KIAMIGA (Our Captain Willie).
A ganhadora, criação e propriedade do Stud Raça, foi pilotada por Luiz
Duarte, é treinada por Marcos Guimarães Campos e percorreu os 1.600 metros em 1Â’34”402, na grama leve, tempo
fraco, pior que o páreo comum para potrancas de 2 anos com uma vitória, ganho por Jeu. Glucose correu três vezes e
ganhou duas.
Tudo Azul confirma liderança
Domingo, no Hipódromo da Gávea, produtos
da nova geração tiveram seu momento máximo com a realização do GP ABCPCC (GI), em 1.600, na grama.
Mostrando superioridade e grande velocidade final, TUDO AZUL (Boatman e One Flash Blue, por Blue
Diamond III), de maneira insofismável, dominou FARENHEIT (Spend A Buck) por mais de cinco corpos, mantendo–se na
liderança da geração masculina do Rio. Entre os potros cariocas é realmente o melhor. REALEJO (Clackson) terminou
em terceiro, agarrado com o segundo. QUICK GIPSY (American Gipsy) e BRITISH NIGHTMARE (Public Purse), agradando,
completaram o marcador. Quilboquet fracassou.
Tudo Azul, criação do Haras das Estrelas e propriedade do
Stud Eternamente Rio, foi dirigido por Acedenir Gulart e é treinado por Luiz Esteves. Tempo muito bom na grama
leve: 1Â’33”91. Suas quatro atuações foram clássicas. Esta vitória foi a terceira.
Power Topten
reencontra o caminho do vencedor
Na Gávea, sábado, foi disputado o GP Presidente Vargas, no qual
os 3 anos (a uma semana de completarem 4) não podem ser inscritos. Numa distância sem a menor tradição, cujo local
de largada é péssimo tecnicamente, teve campo pequeno, porém muito bom. Apesar de ser do Grupo II, a prova não tem
nenhuma função específica e, nesta data deveria ser, na melhor das hipóteses, do Grupo III.
O triunfo,
conquistado de ponta a ponta, pertenceu a POWER TOPTEN (Dancer Man e Toptoptopten, por Mining). Em segundo, a mais
de seis corpos, GARY STEVENS (Dark Brown), que resistiu ao ataque de PRETTY NORMAND (Roi Normand). BERLUSCONI
(Invitato Mio) foi o quarto, e CRAFTSMAN (Dancer Man) fracassou inteiramente chegando em quinto e último,
longe.
O vencedor, criação do Haras Pemale do Sul, propriedade do Stud O Coral, foi apresentado por
Almiro Paim Filho, dirigido por Alex Mota e marcou 2Â’00”026, na pista leve. Power Topten conquistou a sétima
vitória, terceira clássica, em 14 atuações.
Ierovitch vence por desclassificação de
Notec
Ainda no sábado, na grama de Cidade Jardim, foram corridos os 3.218 metros do GP General
Couto de Magalhães (GII), que não tem mais nenhuma importância. Aos proprietários dos melhores cavalos interessam
os GPs Brasil, São Paulo e alguns outros clássicos, desde que disputados dos 2.400 metros para baixo. Atualmente,
esta prova não merece ser de grupo, o que, aliás, ficou comprovado pelo fraquíssimo campo.
Ganhou o 4
anos IEROVITCH (Solstein e Ieda Lamar, por Fort de France), por desclassificação do 3 anos NOTEC (Know Heights),
que na raia o derrotou por diferença mínima. Apresentada reclamação contra o jóquei de Notec, a Comissão Julgadora
proclamou vencedor o conduzido de Altair Domingos. Em terceiro a aproximadamente três corpos, outro 3 anos,
REVERIE (Fast Gold). Em quarto, afastada, a 4 anos THE GOLDEN CITY (Golden News), que num espaço de sete dias
correu 5.528 metros. Longe, em quinto e último, FLEX POWER (Roi Normand), de 3 anos.
Ierovitch, criação
do Haras Morumbi e propriedade de Eládio Mavignier Benevides, é treinado por Mário Gosik e marcou tempo muito
fraco: 3Â’27”351, na grama leve. Obteve a quarta vitória, em 12 atuações.
Eu Também continua
invicto
Domingo, em Cidade Jardim, produtos de 2 anos e mais idade se defrontaram no novo GP
Duplex (GII).
Nele, prevaleceu o 2 anos, invicto, EU TAMBÉM (Wild Event e Charmosa, por Fain),
confirmando o favoritismo e se firmando como melhor potro paulista, na areia. Neste caso raro, a categoria
sobrepujou a experiência. Tomara que o potro não venha sentir o esforço. Aproveitando não haver nenhum ligeiro
entre os quatro que se alinharam na carreira de 1.600 metros, o piloto João Moreira levou seu conduzido para
frente, fazendo com que LAURENCIANO (Dancer Man) viesse à sua caça, o que lhe custou a perda do segundo lugar,
para PRONASTERON (Choctaw Ridge). Em quarto, muito próximo do terceiro, ITALIAN FRIEND (Roi Normand). As
diferenças foram de 3 corpos e meio, 3 corpos e meio e cabeça. Pronasteron tem 6 anos, e Laurenciano e Italian
Friend, 5.
Eu Também, criação do Haras Guaiuvira e propriedade de João Boyadjian, é treinado por
Estanislau Petrochinski e marcou tempo surpreendentemente fraco: 1’35”331, na pista molhada. De qualquer maneira,
trata–se, sem dúvida, de um potro excepcional.
New Hampshire é a nova rainha da
velocidade
O GP ABCPCC Velocidade (GIII), por estar no calendário paulista a seis semanas do GP
Major Suckow (GI), na mesma distância (1.000 metros) e também na grama, não pode deixar de ser visto como
clássico–teste para a grande carreira carioca de velocidade. E por esta razão, é uma prova importante.
A
vitória pertenceu a NEW HAMPSHIRE (Punk e Neta Nahuel, por Combe), 3 anos, que venceu com grande autoridade,
depois de despedir NORWAY BOY (Dodge), de 6 anos, único a dar alguma impressão de poder lutar pela vitória. A
quase três corpos, em terceiro, a favorita XÁBEGA (Midnight Tiger), e em quarto, TOMORROW MORNING (First
American), ambas de 3 anos. Completou o marcador, KEEP CONTROL (Royal Academy), igualmente de 3 anos. Como em
quase todo clássico em distância curta, as fêmeas tiveram excelente participação: primeiro, terceiro e
quarto.
New Hampshire, propriedade do Stud Palura e treinada por Luiz Carlos Soares, foi conduzida por
Ivaldo Santana e conquistou o quinto triunfo, em 10 apresentações. O tempo, valorizando ainda mais esta primeira
vitória clássica da potranca criada no Haras Ponta Porã, é o novo recorde do quilômetro na grama de São Paulo:
53”752.
Próximas Atrações
Rio de Janeiro
Domingo, clássicos
importantes no Hipódromo da Gávea, pois são de grupo, têm finalidade específica, e contarão com a presença de
alguns dos melhores corredores em treinamento no Rio de Janeiro. Visando o GP Brasil, serão testados produtos de 4
anos e mais idade no GP OSAF (GII), obviamente em 2.400 metros, grama. O campo ficou cheio, com destaque para His
Friend, Sinistro e Paraguaio.
Também no domingo o GP Adayr Eiras de Araújo (GII), em 2.000 metros,
grama, dará vez às principais candidatas ao GP Roberto e Nelson Grimaldi Seabra. Estão inscritas várias éguas de
categoria com possibilidades de vitória, como Artejusta, Crystal Day, Nossa Carolina, Key Largo, Paris Night e,
tentando reabilitação, Paradise Queen e Kermita.
São Paulo
No Hipódromo de Cidade
Jardim, domingo, será realizado, para fêmeas de 4 anos e mais idade, o GP Luiz Fernando Cirne Lima (GIII), que
embora não seja em 2.000 metros é o clássico–teste (e por isso, importante) para o GP Roberto e Nelson Grimaldi
Seabra, a grande carreira carioca destinada a éguas de todas as idades. O campo corresponde à sua finalidade
específica. As oito inscritas têm, pelo menos, colocação clássica. É um exemplo de prova de grupo que justifica
sua classificação.
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