Colunista:
De Turfe um pouco..., por Mário Rozano 29/02/2012 - 10h08min
ASSIM NASCEU O GRANDE LATINOAMERICANO DE JOCKEYS CLUBES
Em 1978, Julián Abdala, então Presidente do Jockey Club da Venezuela, sugeriu agregar os Jockeys Clubes da América Latina em uma associação que representasse seus interesses comuns. Em princípio, a idéia encontrou pouco respaldo. No entanto, o Jockey Club Argentino, através de seu presidente, o arquiteto Roberto Vazões Mansilla, aprovou o projeto e levou adiante a questão, embora sem a companhia de seus correspondentes Hipódromos de Palermo e de La Plata.
Em parte, era natural a situação. Os dois companheiros de Buenos Aires não atravessavam bom momento hípico e, principalmente, financeiro. Um não possuía hipódromo próprio; o outro tinha sede hípica, mas não tinha permissão para, formalmente, organizar corridas. Baseado nesse importante apoio, o incansável Abdala embarcou em todos os voos disponíveis e percorreu as capitais sul–americanas em busca das assinaturas (dos Jockeys Clubes) necessárias para a formação da entidade. Graças a seu esforço, o sucesso aconteceu.
Os principais mandatários do turfe sul–americano formaram uma família coesa, com fortes laços de amizade e solidariedade em torno da ideia proposta por Abdala. Entre eles, Don Alfredo de Castro Pérez, presidente do Jockey Club de Montevideu e do Hipódromo Nacional de Maroñas, e Francisco Eduardo de Paula Machado, do Jockey Club Brasileiro. Assim nasceu a Associação Latinoamericana de Jockeys Clubes, embrião da prova estrelar.
O presidente Abdala sonhava com uma atividade comum entre os clubes, baseado, principalmente, em programas culturais e sociais. Era um grande amante dos cavalos e fervoroso aficionado pelo turfe, porém, a instituição que presidia não tinha autonomia sem o concurso efetivo do Estado que controlava o Hipódromo La Rinconada, na Venezuela.
A primeira reunião da Associação Latinoamericana foi realizada em Buenos Aires, em 1980. Uma reunião revestida de entusiasmo, cordialidade e esperança de um futuro duradouro. Daquela pauta surgiu a ideia da novel associação organizar uma corrida internacional, diferente de todas as que se realizavam.
As denominadas corridas internacionais de então eram somente provas locais, com alguns visitantes estrangeiros e em comparação com os cavalos nacionais não se atingia a plenitude pela falta de parâmetros e seleção, tanto em qualidade como em quantidade, para as bandeiras que se faziam representar nas competições.
Alfredo de Castro Pérez, titular do Jockey Club de Montevidéu, foi eleito presidente da Associação e sua cidade, por lógica consequência, a primeira sede do acontecimento, na época, “perigoso e desejado”. A bolsa de prêmios recebeu cotas dos Jockeys associados: Argentina, Brasil, Uruguai e Venezuela aportaram com cotas iguais e, em menor valor, Chile e Peru.
Foi uma festa inesquecível. Unificou a atividade hípica do continente em 1981. A prova recebeu apoio da marca Marlboro e o Clássico Associação Latinoamericano de Jockeys Clubes (Malboro Cup) teve a vitória do brasileiro Dark Brown, de propriedade do gaúcho Mathias Machiline.
Diante da difusão, não apenas na América Latina, mas nos principais países do mundo, e do sucesso de público, os Jockeys Clubes reiteraram a decisão de realizar anualmente a corrida, na distância de 2.000 metros e incluída no calendário oficial da Organização Sul Americana de Fomento, já estabelecendo que a 2ª edição do Latino teria como local a cidade de Buenos Aires, com organização do Jockey Club Argentino, em sua sede hípica, o majestoso Hipódromo de San Isidro.
Realizado em um cenário poucas vezes visto no circo do norte da capital portenha, a disputa foi coroada de êxitos, e o Brasil novamente compareceu no alto do marcador, com a vitória de Duplex. O craque brasileiro nascido no Haras Guanabara, de Roberto Grimaldi Seabra e Nelson Seabra, era de propriedade de Carlos Eduardo Salles Gomes (Stud Jupiá).
Em menos de uma década, o Latino deu a volta pela América do Sul. Os primeiros anos foram de total predomínio nacional, com Dark Brown, Duplex, Derek e Old Master.
Este ano, nas doze quadras da areia de Palermo, a principal carta nacional no “XXVIII Grande Premio Asociación Latinoamericana de Jockey Clubes e Hipódromos (G I)”, é o incansável Mr. Nedawi, um notável stayer, admirado como poucos na Argentina. Entretanto, Stockholder (montaria do astro Jorge Ricardo), cavalo “arenático” por excelência e o estreante em provas estrelares de nível internacional, Pirâmide Solar, podem trazer para o Brasil a Medalha de Ouro do turfe sul–americano.
Mário Rozano
[ Escolher outro colunista ]
|