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Colunista:

Foi dada a largada, por Jéssica Dannemann
23/01/2012 - 13h12min

Nas nuvens com a CODERE

Vendo o destaque dado a uma matéria sobre o turfe Italiano – terra do colega Schettino – o “comandante” LECCA ainda não entendeu que o problema maior que acontece com os caça–níqueis da CODERE é exatamente a CODERE e não propriamente os caça–níqueis. Ele não reparou que em todos os países que os caça–níqueis prosperam dentro de hipódromos, existe um cassino funcionando há poucos metros das pistas de corrida.
 
O “comandante presidente” não percebeu que fica fácil para os proprietários de hipódromo, cujos países permitem o jogo, tirarem partido da situação para aumentar os lucros através de uma outra “Carta Patente”. Nenhum deles é clube!
 
A discussão que cabe no âmbito do JCB, sendo um clube meio hípico, excetuado da Lei de Contravenções Penais, é só uma: Se a jogatina liberada 24 horas, do ponto de vista institucional, trará benefícios ao turfe brasileiro.
 
No caso da Argentina posso afirmar que a resposta é não. Para chegar a esta conclusão é só analisar a curva decadente do MGA (caminha para brigar com o Tarumã) que demonstra, claramente, que em muito pouco tempo o turfe estará definitivamente à mercê de um perigoso cordão umbilical, carente de uma robusta mesada mensal. Quando acabar o reinado dos Kirshners, periga acabar Palermo, e aí, Bye Bye Turfe Argentino!
 
Será que a Caixa Econômica Federal precisa instalar caça–níqueis nas lotéricas para melhorar os números da Mega–Sena? Qual seria a justificativa para reivindicar um cassino para o JCB nos dias de hoje? E porque não para o foyer dos teatros? Porque a Dilma não autoriza a exploração de caça–níqueis nas agências do INPS? Poderia resolver o problema do rombo previdenciário!!!
 
Imagino um diálogo mais ou menos assim quando o dito cujo aborda uma autoridade da república para convencê–la sobre a licença para exploração de máquinas caça–níqueis:

– Não sei se você já ouviu falar de mim, mas o meu nome é LECCA e sou presidente de um clube meio hípico, única instituição autorizada a vender apostas no Brasil. Acontece que eu preciso instalar os caça–níqueis da CODERE porque não sei explorar o jogo em corridas de cavalos. Entendo apenas de compra e venda de imóveis, e lá no JCB, o tal meio clube hípico que eu presido – meio barro meio tijolo – uma meia dúzia de sócios da oposição não permitiram até hoje que eu utilizasse o meu registro no CRECI.
 
– O senhor é corretor de imóveis?
 
– Com registro válido para o estado da Bahia e tudo! Imagina você, que até o estacionamento que eu vendi pra TV Globo eles estão anulando. Gente sem nenhum escrúpulo!
 
– Sei...
 
– Não sei se você já ouviu falar da CODERE, mas é a única instituição que conseguiu autorização oficial para burlar a Lei de Contravenções Penais no Brasil, e o faz com muita inteligência e “trabalho” há seis anos, recebendo o beneplácito de todos os ministros que já tomaram posse no Ministério da Agricultura, e olha que em seis anos, com a volatilidade que a profissão de ministro possui naquele ministério, já passou um time de futebol por lá. 
 
– O senhor está se referindo as máquinas caça–níqueis que estão prendendo os bicheiros do Rio de Janeiro?
 
– Maldade! Se eu sei disso com antecedência, eu teria emprestado o CNPJ do Jockey Club Brasileiro pra eles, teria evitado aquela manobra perigosa com helicóptero em Copacabana...
 
– E o que adiantaria isso?
 
– É que eu bolei uma operação fiscal muito interessante com os donos do Canódromo de Águas Calientes em Tijuana  no México! Eu sou o mentor intelectual da famosa NFMC!!!
 
– E o que vem a ser uma NFMC?
 
– Nota Fiscal Meramente Contábil! Muito simples: A empresa finge que prestou um serviço pra mim e eu juro que não paguei nada a ela. Ela paga o imposto no meu nome e fica tudo certo.
 
– E depois?
 
– Depois eu coloco as notas fiscais na gaveta do controller e demito o Contador Geral.
 
– E o controller?
 
– Já foi demitido há muito tempo!
 
– E depois disso?
 
– Depois é só promover duas reuniões no clube, e levar o maior número de sócios possíveis para aprovar essa operação na AGO, deixando os otários da oposição com cara de otário.
 
– E o senhor consegue?
 
– Sempre!
 
– Como?
 
– Muito simples, pois eu já largo de setenta assinaturas! Coloco todos os outros otários da diretoria pra votar nas minhas contas, argumentando que as contas são deles.
 
– E depois?
 
– Depois da assembléia os otários voltam pro freezer!
 
– Quer dizer que o JCB é um clube de otários?
 
– Menos eu...
 
– Notas Fiscais Meramente Contábeis...
 
– Não sei se você já teve oportunidade de ler o meu artigo: “A Verdade sobre a CODERE”?
 
– Ainda não...
 
– Nele eu explico tudo, é só você acessar o site www.jcb.com.br, que está tudo lá, inclusive o jeitinho brasileiro que eu dei pra justificar o “trabalho” que os espanhóis tiveram aqui em Brasília, ta tudo lá! Há... Eu criei também um Termo Aditivo Meramente Contábil, e perdoei tudo deles, até as dívidas!
 
– Senhor LECCA...
 
– Pode me chamar de você... Somos muito amigos...
 
– Mas eu acabo de lhe conhecer agora...
 
– Sinto como se fossemos amigos desde criancinha... O mesmo ocorreu com o Quintellinha e com o senador Francisco Dornelles, não sei se o senhor conhece o Quintellinha, meu grande amigo que não me deixa mentir nas assembléias de prestação de contas?
 
– Não.
 
– E o senador Dornelles?
 
– De nome...
 
– O senador, a meu próprio, isolado, confidencial, pessoal e único pedido – toma a carta dele que comprova tudo –, conseguiu reduzir o imposto de fomento à criação nacional de eqüídeos... É que na verdade, no fundo no fundo, que ninguém nos ouça, eu quero mesmo é acabar com a criação de cavalos no Brasil, arrendar o parque aquático Maria Lenk, mandar todos os sócios do JCB lá pro Recreio dos Bandeirantes, e vender o terreno da sede da Lagoa que é o único bem destombado por lá.
 
– O senhor precisa mudar de profissão presidente! Pela sua explanação, o senhor deveria abandonar o ramo de imóveis e fundar uma empresa de contabilidade, suas idéias são brilhantes! Larga o clube!
 
– Você está dizendo isso é porque não conhece o número de ações trabalhistas que eu proporcionei com os vagabundos que eu demiti; não sabe nada sobre os monstros dos armazéns que eu destruí; dos honorários advocatícios que eu desembolsei em benefício do clube, e muito menos sobre os telhados mal feitos que eu fiz questão que caíssem. Nasci pra ser presidente de um clube meio hípico. Lutei muito pra conseguir um mandato de Presidente, e agora não vou abrir mão do JCB pra ninguém, nunca mais. Aliás vou morrer presidente do clube! Nem que no meu último mandato não tenha mais nenhum cavalo nascido no Brasil! Farei como o colega Schettino: Serei o último a abandonar o barco!
 
– Bom Presidente, eu sinto muito, mas caça–níquel não vai dar mesmo!
 
– Nem mudando o nome pra Terminal de Apostas?
 
– Nem assim!
 
– Você se dá com o Eduardo Paes?
 
– Esteve aqui algumas vezes... Mas o que tem haver o Eduardo Paes com caça–níqueis?
 
– É que sem caça–níqueis e com o clube tombado, vocês estão dificultando demais a minha vida, só falta agora vocês interditarem a OAB!!!

Eu acho que o “presidente” LECCA bobeou escolhendo presidir o JCB. Se eu fosse ele teria tentado a VARIG lá atrás. Imaginem só a moral que ele teria ao desembarcar em Brasília para reivindicar caça–níqueis na frente das poltronas dos aviões? Seria um sucesso e o seu discurso de “doente terminal” cairia como uma luva!
 
De cara, o dito cujo, ao invés de defender os 15 mil postos diretos e indiretos que ele conseguiu encontrar com a ajuda da Fundação Getúlio Vargas (incluindo tios, cunhados, agregados, primos de segundo e terceiro grau, somados ao procurador da CODERE) ele estaria defendendo 68 mil empregos.
 
Vocês não acham que ele teria mais sucesso?


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