Colunista:
De Turfe um pouco..., por Mário Rozano 07/09/2011 - 11h16min
O DIA DO GRANDE PRÊMIO PROTETORA DO TURFE NO MOINHOS DE VENTO E NO CRISTAL
Periódicos da época indicam o ano de 1912 como da realização do primeiro páreo a receber a denominação de “Protectora do Turf”. Ocorre que, o Grande Prêmio Protetora do Turfe, da mesma forma que entrou para a história do Jockey Club do Rio Grande do Sul, com as características que conserva até os dias de hoje, só pode ser considerado oficialmente, a partir do ano de 1923, porque a prova que se realizava em anos anteriores, não tinha a hierarquia clássica necessária por ser denominada como um páreo estrelar.
As distâncias em que era corrido o Protectora nos primeiros anos flutuavam, na medida da falta de importância que determinava os estatutos da Protectora, desde os 2.100, 1.750, 1.700, 1.600, inclusive em 1.100 metros.
O primeiro animal a vencer a prova em 1912 foi a égua mestiça Opala, filha de Nicklauss e a ¾ de sangue Independência. Em 1919, o Calendário de Corridas da Associação Protectora do Turf, editado pela Livraria do Globo de Porto Alegre, registra o Grande Páreo Protetora do Turf, disputado no dia 7 de setembro, na distância de 1.750 metros, com dotação de 1:000$000 (Um conto de réis).
Venceu a égua PROTÉA, uma fêmea zaina de 4 anos, filha de Missel Thrusch e Sleeping Sickness, da Argentina, de propriedade do Stud Avenida e pilotada pelo jockey Corsino. O tempo empregado por Protéa foi de 115”3/5 para a distância, em pista de areia boa.
Em seu encerramento como páreo – que hoje seria uma prova pesos especiais – no ano de 1922, novamente uma égua foi a vencedora, White Pearl, filha do extraordinário sire Diamond Jubilee, em Whiskey Glass, da Argentina. Propriedade do turfman Oscar Campani, com preparo de Demétrio Rodrigues (Coudelaria Brasil), sob a monta do jockey Santos Rodrigues, White Pearl, registrou 104” 3/5 para os 1.600 metros, em pista de areia pesada.
Ainda em 1922; este ano consta em diversos registros e dado como oficial pelo Jockey Club do Rio Grande do Sul como “O primeiro Protetora”; foi instituído pela Protectora do Turf o Grande Páreo Centenário, com a finalidade de integrar as comemorações do centenário da Independência do Brasil no Estado.
Disputado no dia 7 de setembro, a prova com dotação de 10 contos de réis, em 2.400 metros, teve como vencedor o cavalo Precursor. Um argentino de 7 anos, filho de Sans Atout e Picara (Neápolis), de propriedade do Sr. Rodolpho Morejano, treinamento de Artur Fernando (Stud Nautilus), com a direção do jockey Santo Rodrigues. Precursor percorreu as 24 quadras em pista de areia regular no tempo de 159 1/5.
A segunda disputa do Protectora realizou–se em 1924 e foi marcada por um percalço que se tornaria constante na história da tradicional prova do turfe gaúcho: a incidência de fortes e prolongadas chuvas, fenômeno característico da climatologia do Estado nos primeiros dias de setembro, ainda no inverno.
O Protectora de 1924 teve que ser transferido por duas vezes, tamanha a intensidade das chuvas que provocaram o cancelamento das corridas por três semanas, vindo a se realizar no dia 21 de setembro, em 2.100 metros, em pista leve, e teve como vencedor o cavalo Pleno (Carlos XII e Artemis) do Uruguai, de propriedade da Sra. Zelinda G. Andrade.
O jornal Correio do Povo registrou uma dessas transferências: “Por causa do mau tempo de domingo sòmente hoje será levada a efeito a 29ª corrida, da qual faz parte a prova extraordinária com que a Associação Protectora do Turf comemorará o seu aniversário e o da Independência do Brasil. Êsse adiamento só serviu para aumentar o entusiasmo, que já era enorme, pela realização do magnífico programa, notadamente na parte principal, em que se vão defrontar os melhores animais de nosso turf. A reunião vai ser das mais brilhantes, devido não só ao seu motivo principal, como também por vários atrativos que a Protectora deliberou fizessem parte do programa da festa, com o louvável fim de torná–la mais atraente às exmas. Famílias, que certamente comparecerão em elevado número. Haverá danças nos intervalos das carreiras no pavilhão central, tocando uma excelente orquestra”.
Veio o domingo seguinte e o páreo teve der ser transferido novamente, o que levou o mesmo cronista do Correio do Povo concluir sua notícia com certa irritação:
“...o mau tempo não quiz”.
Entretanto, durante os anos de corridas no extinto Moinhos de Vento, somente duas transferências da data convencionada aconteceram. Naqueles tempos não se realizavam corridas com qualquer tempo na sede da Protectora do Turf.
Quando ocorriam precipitações e era possível realizar corridas, o público recebia aviso pelo hasteamento de uma bandeira vermelha, no alto do pavilhão central do hipódromo. O mesmo aviso era feito nos bondes que demandavam o bairro Moinhos de Vento e tinham seu ponto final nas proximidades do prado, colocando a sua frente uma pequena bandeira vermelha.
Contudo, o bom senso sempre prevaleceu nos dirigentes do turfe gaúcho, se o regime de não confirmar corridas com mau tempo, o Protetora teria sido transferido inúmeras vezes através dos anos no antigo pradinho. Em várias oportunidades a corrida foi disputada em baixo d’água ou com a pista completamente lamacenta, o que na época era considerado anormal, pois influía no seu resultado e, em outras, no dividendo do vencedor, que pagava elevada soma, porque se acreditava que não corresse no barro.
Na era Cristal iniciada em 1959, o Grande Prêmio Protetora do Turfe teve sua data de realização transferida no ano de 1961, em face da crise que envolveu a nação, consequente da renúncia do presidente Jânio Quadros.
Nas duas últimas décadas, ocorrem várias outras transferências, tanto pela retração da atividade no Estado, que passou a ter uma reunião semanal no Cristal, como, mais recentemente, pela introdução do Simulcasting com JCB e JCSP.
A data da disputa da prova – segunda em importância no calendário clássico do Jockey Club do Rio Grande do Sul e graduada como prova de Grupo III na escala internacional –, que foi consagrada no dia 7 de setembro, novamente foi transferida, este ano será no dia 8 de setembro, na quinta–feira das reuniões semanais, evidente que, com a tradicional chuva já prevista, afinal, ela também faz parte da tradição de um clássico...por enquanto, e se for somente por causa da chuva!
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