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Colunista:

Na vitória de Artejusta, surpresa foi a facilidade
22/11/2005 - 21h11min

Carreira mais importante da semana, no Hipódromo da Gávea foi realizado, em 2.400 metros, o GP Oswaldo Aranha (GII), páreo nobre para as fêmeas de 4 e mais anos, que tem ótimo histórico. Desde 1979, quando passou a ter as condições de chamada atuais, era vencido pela melhor égua carioca da temporada como, Bac, Vada, Zalb, Anilité, Bretagne, Radnage, Gay Charm, Luzette etc. Nos últimos anos, infelizmente, os campos da prova enfraqueceram demais.     
 
Com a fraca atuação da favorita Pólvora Negra (que nunca esteve no páreo), quase todas as concorrentes tinham possibilidades. Havia um nítido equilíbrio entre elas. Assim, a única surpresa na vitória de ARTEJUSTA (Royal Academy e Just Perfect, por Nugget Point), foi a facilidade com a qual ela foi alcançada. Domingo, demonstrou grande superioridade sobre suas rivais, tendo deixado JÉNUFA (Dubai Dust), que formou a dupla, a quase cinco corpos. Sua atropelada, iniciada no meio da reta, foi irresistível. Em terceiro e quarto, muito juntas, GIRAFINHA (Exclusive One) e  KERMITA (Sandpit), afastadas três corpos da segunda. Completou o marcador MULA MANCA (Royal Academy).

Artejusta marcou a primeira vitória em prova de grupo para o Stud Rio Aventura como criador. Seu proprietário é o Haras Santa Maria de Araras, o jóquei foi o paulista João Moreira, e a responsabilidade pelo treinamento é de Roberto Morgado Neto. Conta com três vitórias (uma de grupo e duas comuns), em onze apresentações, tendo três colocações em provas de grupo. Assinalou 2´49"3, na grama pesada. A avó materna de Artejusta é a ótima Griffe de Paris (Telescopico), ganhadora, entre outras importantes provas, do GP OSAF paulista. Levada à reprodução foi melhor ainda. Além de Just Perfect, gerou os clássicos Lady de Paris (GI), King de Paris (GIII) e House of Lords.

Idomeneo conquista o trio de provas para fundistas

Na programação de sábado, no Hipódromo da Gávea, foi disputada a terceira e última carreira do calendário clássico carioca para produtos de 4 anos e mais idade em distâncias de fundo, o Clássico Derby Club (L), até ano passado, do Grupo III. A queda de prestígio de páreos nobres em distâncias acima de 2.400 metros (no Rio, o St. Leger já desapareceu há alguns anos), é um sinal dos tempos e, ainda, demonstra que o turfe brasileiro atual pretende seguir o modelo americano (cujo mercado é muito poderoso), com uma visível tendência para valorizar as distâncias em torno da milha e, principalmente, para colocar em corrida, o mais rapidamente possível, os produtos de cada geração. Ou seja, só interessa incentivar a precocidade (o perigo é que nem sempre a precocidade é natural e o potrinho pode ser colocado em treinamento intensivo, antes do tempo certo). Do ponto de pista comercial, isso está absolutamente certo. Já do ponto de vista turfístico...

Em 2005, o vencedor do Derby Club, IDOMENEO (Much Better e Stratas, por Youth) conseguiu fato inédito. Ganhou, num mesmo ano, as três provas longas: Paulo e Nelson Monte, José Bastos Padilha e Derby Club (quando eram quatro provas, Tiptronic ganhou três, em feito, também, digno de elogio). Foi um triunfo categórico conquistado por mais de um corpo, sobre GABARITO (Fast Gold). Em terceiro e quarto, afastados do segundo, DON GALANTE (Cigano–Road) e KING COLONY (New Colony). Longe, em último, UNIVALENTE (New Colony). Correram cinco. 

O vencedor, criação e propriedade do Haras Tributo À Ópera, teve a direção de Ilson Correa, é treinado por Dulcino Guignoni, e percorreu os 3.500 metros, em 3´46"4, na grama leve. Em 20 apresentações, obteve sete vitórias, três nos páreos nobres citados, e duas colocações em provas de grupo. Mas a melhor atuação de sua campanha foi uma descolocação: o sexto lugar no GP São Paulo deste ano.

Potrancas dominam clássico de éguas

Sábado, no Hipódromo de Cidade Jardim, foi realizada a milha do Clássico Jockey Club Brasileiro (L), para éguas de 3 anos e mais idade. Este ano, talvez por ter sido rebaixado para Listed Race, o campo saiu mais fraco do que de costume. Nenhuma das concorrentes tinha vitória em prova de grupo e apenas uma tinha em Listed Race. Esta, Quantas Mentiras, eleita favorita, não correspondeu.  
 
Considerando que as mais velhas não fazem parte do primeiro time, o resultado foi mais do que simpático, pois as duas primeiras têm campanhas curtas, as 3 anos CRAZY JET (Notation e Liberty Star, por Derek) e SAGA SUREÑA (Implexo) e, por esse fato, é lícito esperar–se que possam confirmar, no futuro. Crazy Jet livrou meio corpo sobre a adversária, que dominava as ações desde os primeiros metros. Em terceiro, longe da segunda, terminou REFINED, de 4 anos, também filha de Implexo. Completando o marcador, a 5 anos VIOLENT PASSION (Rackstraw), mostrando que corre mais na grama, e a 6 anos ALAMEDA (Caro Tordilho), mostrando que é boa em prados do sul, mas em São Paulo, o tropel é mais forte.

A vencedora, criação do Haras Quero Quero do Sul e propriedade do Stud Maestro, teve a direção de João Moreira, é treinada por Wanildo Garcia Tosta e marcou, na areia úmida, o tempo fraco de 1´38"468. Sua terceira mãe, Granfina, foi muito boa corredora, sendo irmã inteira de Jessamine e materna de Super Star, também grandes corredoras. Esta linha baixa remonta à Juracy, inglesa nascida em 1900, e dela descendem, por exemplo, Tacy, Fontaine, Criolan, Carducci, Heron, Devon, Super Star e muitos outros. Uma linhagem que a criação brasileira não pode perder.

Old Gipsy: na areia, um velocista campeão     

Ainda no sábado (domingo não houve prova clássica), em Cidade Jardim,  foi disputada a Prova Especial Alberto Marchioni, para produtos de 3 anos e mais, em 1.300 metros, areia.  
 
Campo vazio, com apenas cinco candidatos e o 4 anos OLD GIPSY (American Gipsy e She Drives, por Houston) voltando à pista de sua predileção, comprovou que é corredor incomum. Venceu disparado, de ponta a ponta, no tempo muito bom de 1´15"418, na pista úmida. Embora não seja nulidade na grama, deveria ser reservado para correr só na areia. Dá gosto ver sua disposição para o ofício. Apesar da fraqueza dos rivais, o estilo da vitória não deixa margem à dúvidas quanto ao seu poderio locomotor. YSHKHAN (First American), de 4 anos, que ainda tentou brigar com o vencedor, nos primeiros metros, ficou com a dupla. Completaram o marcador, sem nunca participar da carreira, GRENÁ (Romarin), de 3 anos, e NICKEL SILVER (Jules) e  INDIANA JONES (Midnight Tiger), de 5.

Old Gipsy, criação e propriedade do Haras Anderson, é treinado por Marcos Olguin e teve a direção de Altair Domingos. Como todo turfista sabe, ele é o recordista dos 1.100 e 1.200 metros, na areia de Cidade Jardim. 

Octahedron ganha em ótimo tempo, novamente

No Hipódromo da Gávea, também no sábado, foi realizada, em 1.300 metros, grama, a Prova Especial Público Turfista, para produtos de 3 anos e mais.  
 
Em páreo tecnicamente fraco, venceu OCTAHEDRON (Jules e Hale´n Hearty, por Ghadeer), livrando no final quase um corpo sobre OTTOBRINO (American Gipsy). Ambos impressionaram favoravelmente e podem se tornar, daqui para frente, bons figurantes em provas clássicas na milha e na grama. Os adversários eram realmente muito fracos. A aproximadamente dois corpos, JHONNY COOL (Choctaw Ridge), de 4 anos, foi o terceiro. Os três primeiros têm 4 anos. Completaram o marcador ARBITRAL (Pleasant Variety), de 7 anos,  e HYRAT (Tsunami Slew), de 8, único ganhador de grupo entre os candidatos.

Octahedron, criação do Haras Santa Maria de Araras e propriedade do Stud Sissi, foi dirigido por Rodrigo Salgado, apresentado por Almiro Paim Filho e marcou 1´14"9, na pista leve, excelente, muito próximo do recorde. Em 16 apresentações, venceu seis vezes (cinco comuns). Trata–se de um irmão inteiro do ganhador de Grupo I, New Famous.

Próximas atrações
 
São Paulo

Sábado, no Hipódromo de Cidade Jardim, será disputado o GP Presidente Mário Ribeiro Nunes Galvão (GIII), para éguas de 3 anos e mais idade, uma semana após o Clássico Jockey Club Brasileiro (L), com a mesma condição de chamada, só que na grama e em 1.800 metros. Parece aos observadores, que clássicos semelhantes, próximos um do outro, se atrapalham mutuamente. Este tem campo um pouco melhor em relação ao da semana passada. A grande atração é a presença da potranca Offa, que vem de vitória sobre Condesir, Ensaia  e Sables D´Or. Somente esta tem categoria para surpreender.

Rio de Janeiro

A carreira principal da semana, no Hipódromo da Gávea, a ser realizada domingo, é o GP Mariano Procópio (GIII), para potrancas de 3 anos. Esta prova, muito tradicional, sempre disputada na grama, este ano foi transferida para a areia. Não fosse isso, poderia funcionar como primeiro teste para a primeira prova da  Tríplice Coroa de potrancas, atraindo as melhores da geração. E teria campo muito cheio. Mas na areia, foi sorte receber nove inscrições, entre elas Giz Dal, uma das boas da geração e que não escolhe pista.

Sábado, a principal carreira é a Prova Especial Raphael de Souza Paiva na grama, para produtos de 3 anos. Esta carreira tem uma carcterística curiosa. Nunca funcionou como preparatória para o Derby Paulista. Agora, corrida após a grande prova paulista, perdeu todo o sentido, pois clássico em 2.400 metros para os 3 anos, só teremos em abril. Surpreendentemente, o páreo saiu muito cheio (milagres da pista de grama), mas também muito fraco. Se não sentir o desgaste da recente viagem a São Paulo para o Derby Paulista, Tiziano está absoluto.



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