Colunista:
Veterinária a galope, por Dr. Francisco Lança 22/03/2010 - 10h43min
AFECÇÕES DA CANELA EM CAVALOS DE CORRIDA – Parte III
Fraturas de estresse do terceiro osso metacarpiano
As fraturas de estresse atingem principalmente o córtex frontal do principal osso da canela em cavalos PSI jovens. Podem ocorrer também na parte posterior do osso bem como nos côndilos (bordas redondas visualizadas nas extremidades dos ossos longos) medial e lateral.
a) Fraturas do córtex frontal do terceiro metacarpiano.
– Acomete os cavalos jovens em início de campanha atlética.
– É diferente da dor de canelas, porém as fraturas poderão ser consideradas o estágio final desta condição.
– Ocorrem geralmente na porção medial e tem uma curvatura orientada para cima e posterior, podendo atingir a porção interna do osso terceiro metacarpiano.
– Os sinais clínicos são de dor e claudicação unilateral, podendo ocorrer bilateralmente. Ocorre dor á palpação e poderá ocorrer tumefação local.
– O diagnóstico final é realizado através de RX, sendo vistas mais facilmente nas posições lateromedial ou oblíqua dorsomedial–palmarolateral.
– O tratamento utilizado é descanso total por um período mínimo de 8 semanas. A resolução total poderá demorar de 3 a 6 meses. Durante os estágios iniciais é indicado o uso de hidroterapia e drogas antiinflamatórias. Após este período mínimo, o animal deverá ser reavaliado radiograficamente, e se constatada reparação óssea, o cavalo poderá iniciar gradativamente os trabalhos de treinamento. Caso contrário, permanecerá em descanso e poderá até ser submetido a procedimentos cirúrgicos.
– Tratamentos alternativos que poderão ser utilizados com a terapia tradicional são a crioterapia, fototerapia e fonoterapia.
– O prognóstico é bom.
b) Fraturas de estresse na face posterior (palmar) do terceiro osso metacarpiano.
– Acomete animais de maior idade em corrida.
– São causadas por concussão continuada durante exercício, resultando em micro fraturas intracorticais.
– Os sinais clínicos são baseados no histórico de leve claudicação unilateral e constante.
– A claudicação desaparece ao bloqueio de nervo local (nervo lateral palmar). Em alguns casos até o nervo ulnar terá de ser bloqueado, dependendo da área afetada e sua inervação. No entanto, este método não é específico para diagnóstico.
– O diagnóstico é feito com base no RX com posição dorso palmar. A ultrassonografia deverá ser realizada em conjunto para verificar se o ligamento suspensório não foi afetado.
– O tratamento segue os mesmos critérios dos usados para as fraturas frontais e o prognóstico é bom. A única diferença é que após o período de descanso, deverá ser realizado exercício físico de alta intensidade.
c) Fraturas de estresse palmares dos côndilos (extremidades ósseas).
– Afetam a face traseira dos côndilos da articulação do boleto e geralmente precedem as fraturas completas dos mesmos.
– São fraturas características de animais jovens, resultados de reações osteoescleróticas com locais secundários de micro fraturas nos côndilos mediais e laterais (face interna e face externa do osso, respectivamente).
– Os sinais clínicos são claudicação unilateral de moderada a grave, sendo exacerbada á flexão do boleto. Através RX, a técnica radiográfica é complexa para se conseguir visualizar este tipo de fratura.
– O tratamento consiste em descanso total no mínimo por 8 semanas, seguido de avaliação radiográfica. Havendo resposta positiva, o cavalo poderá iniciar os trabalhos gradativamente.
– Devido a este tipo de fratura ser a provável precursora das fraturas completas, o diagnóstico precoce é vantajoso para o prognóstico. Não ocorrendo a fratura total, o animal terá grandes chances de recuperar sua total forma física.
Dr. Francisco Lança www.byvet.com.br francisco@byvet.com.br
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