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Colunista:

Herói do Bafra, herói do Derby
18/04/2006 - 22h11min

O principal páreo da semana no Brasil (e dos principais do ano) foi disputado, no último domingo, na grama do Hipódromo da Gávea, o tradicionalíssimo GP Cruzeiro do Sul (GI), atualmente a prova final da Tríplice Coroa e equivalente ao Derby de Epsom. Claro que só poderia ser nos clássicos 2.400 metros, para produtos de 3 anos. Infelizmente, com exceção de autênticos turfistas, que lhe reconhecem a importância, a carreira não despertou curiosidade e expectativa. Foi recebida como mais um páreo, onde é possível apostar da mesma maneira como se aposta em um páreo de cavalos de 6 anos sem vitória. Lamentável! Registre–se que se trata de um clássico que no Rio foi realizado pela primeira vez em 1883, quando ainda não se cogitava da construção do Hipódromo da Gávea.
 
O brilhante ganhador, confirmando a vitória na segunda prova, foi HERÓI DO BAFRA, que alcançou TOP HAT nos metros finais, dominando–o por meio corpo. Largando por fora de todos – correram 17 –, Top Hat tomou a ponta na primeira passagem pelo disco, imprimiu ritmo velocíssimo ao páreo e, mostrando muito fôlego e valentia, somente sucumbiu diante do favorito, em ótima atuação.

A mais de quatro corpos, HIS FRIEND (Fast Gold) foi o terceiro, quase três corpos à frente do quarto, NICE TYPE (Roi Normand). Completando o marcador, em boa apresentação, considerando as viagens que tem feito, terminou CORE BUSINESS (Nedawi).

Herói do Bafra, criação e propriedade do Stud Mega, foi pilotado por Jorge Ricardo, é treinado por Venâncio Nahid e assinalou tempo excelente: 2Â’24”33, na pista leve. A mãe do ganhador é Bride´s Fantasy, filha de Roi Normand em Gemini One, por Ghadeer e Victress. Como curiosidade, a reprodutora Victress não conseguiu vencer o Derby através de seu melhor filho, Falcon Jet, mas agora conseguiu fazê–lo com Herói do Bafra, seu bisneto materno.

Os louros pelo resultado do Derby–2006, todavia, têm de ser creditados  ao garanhão Royal Academy (Nijinsky). Ser pai dos dois primeiros de uma prova desta envergadura é suficiente para a consagrá–lo. Isso, sem contar seus inúmeros filhos ganhadores clássicos, como Durban Thunder, Express Way, Marenostrum, Macbeth, Movie Star, Magic Lamp, Naughty Rafaela etc, em apenas duas gerações brasileiras. Ousadamente, vaticino que um de seus filhos será o vencedor do próximo GP São Paulo.

Normabelle custa para derrotar Grená

No domingo, o Jockey Club Brasileiro realizou também o GP Associação de Criadores e Proprietários de Cavalos de Corrida do Rio de Janeiro (GIII), aberto a produtos de 3 anos, em 1.000 metros. Clássico importante, considerando–se que aponta os melhores velocistas cariocas para o  Quilômetro Internacional paulista. Deveria ser do Grupo II.

Mais uma vez, em clássico de velocidade, vitória de uma fêmea, NORMABELLE (Punk na argentina Bay City, por Señor Pete), de 3 anos. Sua vitória não foi fácil, ao contrário, pois GRENÁ (Romarin), da mesma idade, deu–lhe enorme trabalho. Menos de focinho separou–os. Em terceiro, quarto e quinto, próximos, o favorito OMAGGIO (Dodge), de 4 anos, e NORTHERN SHOW (Notation) e DON CHICO (Dubai Dust), ambos de 3. Acrescente–se que Quicken Girl foi sexta, agarrada. Do primeiro ao 10°, apenas quatro corpos.

Normabelle, criação do Haras Ponta Porã e propriedade do Haras Fort Champion, foi apresentada por Hélio Cunha e dirigida por Acedenir Gulart. O tempo foi bom: 55”72, na grama leve. Normabelle correu seis vezes para obter quatro vitórias, uma de grupo, e dois segundos, um dos quais no Clássico São Francisco Xavier (L).

Laurenciano, grande surpresa na grama

Sábado, foi disputado na Gávea o Clássico Outono (L) – Taça Barão do Rio Branco, para produtos de 3 anos e mais idade, em 1.600 metros.

O 5 anos LAURENCIANO (Dancer Man e Hot Gallery, por Clackson), bom arenático, com duas vitórias expressivas no GP Presidente do Jockey Club (GII), em São Paulo, e no Clássico Verão (L), no Rio, ambos na milha, venceu, por dois corpos, com grande autoridade, de maneira inesperada, considerando–se que nunca demonstrara boa adaptação à grama. Em duas vezes nesta pista, duas descolocações, aliás as únicas de toda a campanha. Provavelmente por isso, Luiz Duarte, que poderia ser seu jóquei,  preteriu–o em favor de Nativo da Fronteira.

Em segundo e terceiro, separados por pequena diferença, os 3 anos FLY DORCEGO (Choctaw Ridge) e SEA CRUISE (Dodge). Aproximadamente um corpo atrás, emparelhados, lutando pela quarta colocação, o 4 anos PARANÁ GUAZÚ (Ski Champ) e o 3 anos QUALITY FOR FAME (Burooj), com pequena vantagem para aquele. Os quatro agradaram muito, assim como o sexto, Nativo da Fronteira, e o sétimo, Immortal Hour. O mesmo não se deu com Martino, London Eye e, principalmente, Manaú.

Laurenciano, criação do Ponta Porã e propriedade do Stud Raça, foi apresentado por Mozart Dutra Ribeiro e teve a condução de Dalto Duarte. Assinalou tempo muito bom: 1´33”44, na pista leve. Foi o oitavo êxito, em 18 atuações. Grand Luxe, quarta mãe do ganhador, é mãe de Lode e 3ª mãe de Encosta de Lago, ótimos reprodutores.

Hay Luz Delsol, de ponta a ponta

Domingo, no Hipódromo de Cidade Jardim, São Paulo, foi realizada a nova Prova Especial Francesco Battista Giobbi, para éguas de 3 anos e mais idade, em 1.200 metros, areia. Páreo com bom número de inscrições, 11, mas tecnicamente fraco: sem nenhuma ganhadora de grupo, praticamente um páreo de Pesos Especiais.

Vitória muito firme da favorita HAY LUZ DELSOL (Astor Place e Hay Luz, por Minstrel Glory), de ponta a ponta. Sua mais forte rival, ANA BANANA (Dodge) não a ameaçou em parte alguma. Afastadas, completaram o marcador ZAZA GABOR (Shudanz), COSSETE (Rafa Boy) e PONTA CERTA (Punk).

Hay Luz Delsol, criação e propriedade do Haras Mabruk, foi pilotada por Josiane Gulart, é treinada por Alexandre Garcia Saldanha Correa e marcou bom tempo: 1´09”833, na pista macia.

Mister Dorr e Selo de Ouro em linda reta

Sábado, igualmente em Cidade Jardim, na distância de 1.600 metros, aconteceu a nova Prova Especial Naftol, para produtos de 3 anos e mais idade. Apenas seis competidores foram apresentados para competir na areia, mas o campo estava interessante, o que ficou confirmado em carreira.

O triunfo pertenceu ao 3 anos MISTER DORR (Midnight Tiger e Portadora, por Duplex), que livrou diferença mínima sobre o 4 anos SELO DE OURO (Stuka), depois de luta titânica nos últimos metros, terminando AMIGO BORBA (Irish Fighter), de 5 anos, em bom terceiro, depois de liderar até os 400 finais. Muito longe, em atuações inexpressivas, MR MAC CARTER (Coax Me Clyde), de 5 anos, e GRISSINI (Choctaw Ridge), de 6.

Mister Dorr, criação e propriedade dos Haras Nahuel, é treinado por Sérgio Dorneles e foi pilotado por Marcelo Gonçalves. Marcou 1Â’34”873, na pista seca, tempo muito bom.
    
Próximas atrações
 
Rio de Janeiro

 Domingo, o Hipódromo da Gávea será palco de carreira importante,  o GP João Borges Filho (GII), programado para  produtos de 3 anos e mais idade, na grama e em 2.400 metros. Campo fraco, em se tratando de clássico–teste para o GP São Paulo. Destaca–se o velhinho Apetrecho, mas Paraguaio é forte adversário.

 No sábado, os turfistas assistirão à Prova Especial Paulo Cesar Catalano, para potrancas de 2 anos, em 1.400 metros. Na grama, surpreendentemente, recebeu poucas inscrições, apenas sete, talvez pela  presença de Belle Fleur.

São Paulo

 Fim de semana muito interessante, do ponto de vista puramente técnico. Os turfistas verão na raia os melhores cavalos, éguas e milheiros treinados em São Paulo. São três provas importantes, que servirão de teste para as grandes carreiras da terceira semana de maio em Cidade Jardim, que têm, sempre, como vencedor, um produto de qualidade. Aliás, salvo engano, os grandes páreos para os puros–sangues são importantes na medida em que têm como vencedores cavalos da mais alta expressão. Provas de grupo que apresentam vencedores casuais (que não conseguem confirmá–las), não merecem ser de grupo.

 O GP Oswaldo Aranha, este ano rebaixado a Grupo III, geralmente é disputado pelos melhores cavalos paulistas e paranaenses, cujos proprietários almejam correr o GP São Paulo. Assim, é na grama e em 2.400 metros. Nestas pista e distância, a primeira turma paulista (3 anos e mais idade) não tem prova de grupo há muito tempo, o que se reflete no demasiado número de inscrições (21). De qualquer forma, parece haver destaque de Deuteronômio e Dono da Raia. 

 O GP Presidente Fábio da Silva Prado, também rebaixado a Grupo III, reúne as melhores éguas, do momento, de 3 e mais anos, nas distância e pista do GP OSAF (2.000 metros e grama). As inscritas são 15, e as forças, Anna Cisei, Bella Cy, Heckie e Raiway.

 O GP Presidente Antônio Teixeira Assumpção Netto, em 1.600 metros, grama, era disputado até 2005 por potrancas de 3 anos. Este ano passou a ser o clássico–teste para a Milha Internacional paulista, logo um páreo importante. Como as outras duas, também é do Grupo III. San Fermin, Red And Black, Pronasteron, Spanish e É do Sul, este fazendo nova experiência na grama, são os favoritos.



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