Colunista:
PLANEJAMENTO GENÉTICO – ALCANCE ESTAMÍNICO X FENÓTIPO – 2ª Parte 28/10/2009 - 10h58min
PLANEJAMENTO GENÉTICO
ASPECTOS BÁSICOS – 2ª Parte
V – ALCANCE ESTAMÍNICO X FENÓTIPO
Assistimos, atualmente, a uma nítida preferência pelo PSI de grande Porte, Peso avantajado e Tipo compacto, inclusive na Criação brasileira, aproximando o Fenótipo de nosso PSI ao do típico PSI da Criação norte americano quando, em última análise, o modelo do Turfe praticado no Brasil, ainda segue o modelo europeu, bem diferente do modelo de Turfe praticado nos USA.
Enquanto o modelo norte americano privilegia a velocidade, com suas principais Provas disputadas em distâncias mais curtas, pista de areia ou dirt, com traçado privilegiando retas finais mais curtas, o modelo europeu privilegia distâncias mais longas, pista de grama e traçado com retas finais mais longas.
Estas características apresentam uma expressiva correlação entre o Fenótipo do PSI e seu respectivo Alcance Estamínico.
Vivemos, desde alguns anos, a síndrome do Porte e do Peso avantajados, pela qual o PSI para alcançar um valor mais expressivo, precisa apresentar um grande Porte e pesar mais de 500 kg, deixando–se num segundo plano o equilíbrio de seu perfil físico refletido na harmonia de seus Conjuntos Físicos, na correção de seus Aprumos e do seu provável Alcance Estamínico.
Não precisamos ir muito longe na avaliação do Fenótipo dos fenômenos europeus que vêm atuando nas principais Provas do Calendário Clássico disputadas na distância dos 2 400 m, como ZARKAVA e SEA THE STARS, para verificar que não são animais de grande Porte e de Peso elevado, mas dotados de um equilíbrio de seus Conjuntos Físicos, beirando a perfeição.
Basta lembrar alguns dos vencedores do GP Brasil e outras importantes Provas disputadas nos 2 400 m, como DAIÃO, OF THE WAY, L’AMICO STEVE e GORYLLA, entre vários outros, para concluir que, para distâncias mais longas o Fenótipo mais adequado apresenta Porte pequeno para médio, Peso compatível com o Porte, tendendo para o leve, dotados de expressivo equilíbrio em seu perfil físico.
Se o seu Tipo físico for compacto, a tendência é que apresentem um Porte menor, e se o Tipo for longilíneo o Porte será um pouco maior, mas com Pesos compatíveis, tendendo para a faixa entre o leve e o médio.
Além disso, é muito mais difícil encontrar um PSI de Porte avantajado, Peso elevado, Tipo compacto, primando pelo equilíbrio de seus Conjuntos Físicos e em harmonia, Aprumos perfeitos, do que no PSI de Porte mais reduzido.
Outro aspecto importante a ser considerado é que devido à progressiva perda do Vigor Híbrido do PSI da atualidade, em razão da crescente consangüinidade provocada pela intensificação do Planejamento Genético em apenas duas “Bloodlines”, o PSI de Porte e Peso avantajados, tendem a ser bem mais vulneráveis à lesões do que o PSI de Porte e Peso mais atenuados.
Ao contrário do Porte pequeno / médio e Peso mais leve característico do Fenótipo de Fundistas e “stayers” (Alcance Estamínico dos 2 400 m para mais), os “sprinters” e “flyers” (Alcance Estamínico dos 1 000 m aos 1 400 m), devem apresentar um Porte mais avantajado, Peso elevado, Tipo Compacto, caracterizado por expressiva Massa Muscular, sem o rigor da exigência de equilíbrio acentuado em seus Conjuntos Físicos.
VI – A MATRIZ
Como citei repetidas vezes, quase sempre, o Planejamento Genético é elaborado a partir da Matriz, tendo como base da análise e pesquisa, seu Genótipo e Fenótipo, para chegar ao Reprodutor / Reprodutores que proporcionem o melhor”encaixe” genético e físico, visando os melhores resultados refletidos nos Produtos planejados.
Do ponto de vista de um Haras, independentemente de seu tamanho, torna–se de fundamental importância a qualidade de seu Plantel de Matrizes.
Assim sendo, o Haras comprometido com a consistência e continuidade de bons e freqüentes resultados, necessariamente, terá que “cultivar” seu Plantel de Matrizes, promovendo sua atualização e desenvolvimento ao longo de cada Temporada de Monta, num processo dinâmico e constante.
Federico Tesio, O Mago da Criação do PSI, foi o exemplo mais notável desse processo, formando , desenvolvendo e atualizando, progressivamente, seu Plantel de Matrizes, de cerca de 13 a 15 Matrizes, a partir de aquisições de éguas desprezadas nos leilões, por preços irrisórios, mas que, por seu apurado conhecimento, percepção e intuição, percebia o seu potencial como futuras Matrizes.
Ainda hoje, em nossa própria Criação do PSI, vemos alguns de nossos Produtos fazendo sucesso em pistas estrangeiras que, em sua esmagadora maioria, foram criados nos Haras que fizeram e ainda fazem a história de nossa Criação e que, ao longo de tantos anos, “cultivaram” seus respectivos Plantéis de Matrizes e priorizaram o Planejamento Genético, evidenciando que o sucesso efêmero e casual pode ocorrer, mas o sucesso consistente, duradouro e progressivo só acontece a partir de um Plantel de Matrizes formado e desenvolvido através do processo dinâmico e constante de sua atualização, e de um Planejamento Genético criteriosamente elaborado ao longo dos anos de sua existência.
Quando me refiro à atualização do Plantel de Matrizes, necessariamente, não estou me reportando, exclusivamente, à compra e venda de Matrizes mas, também e sobretudo, ao processo dinâmico proporcionado pelo Planejamento Genético envolvendo o “blending” (mistura) de Linhagens e “Bloodlines”, reservando potrancas resultantes desse “blending” com potencial genético para dar continuidade à Família Materna (pontuada pela seqüência de suas Mães – “bottom line”) a que pertencem e cujo Haras tenha interesse em dar continuidade, pelo bom nível de classicismo de sua Produção.
No caso da seleção de Matrizes, o seu desempenho nas pistas de corrida, enquanto “racemares”, está longe de ser um parâmetro importante para o seu aproveitamento como Matriz, bastando observar a história da Criação do PSI, a nível nacional e internacional, que está repleta de extraordinárias Matrizes que foram “racemares” com campanhas pífias nas pistas de corrida, ou mesmo, que não chegaram a correr.
O mais importante para uma avaliação mais precisa do potencial de uma “racemare” como futura Matriz, num primeiro plano, está na observação da qualidade da Produção da seqüência de suas Mães, seguida da importância de sua Família Materna e, também, da qualidade de seus Avôs Maternos que pontuam a Diagonal Decrescente de seu Segmento Materno refletida em sua Composição Genética (Genótipo), avaliados por suas campanhas nas pistas de corrida, pela qualidade de sua Produção como Reprodutores e por sua atuação como Avôs Maternos.
Outro aspecto importante a ser observado na seleção de uma futura Matriz, reporta–se à qualidade das Matrizes que integram o seu Genótipo, sinalizando primordialmente nas situadas na 5ª ou 6ª Geração de seu pedigree de 5ª ou 6ª Geração.
Um dos processos mais antigos para a renovação do Plantel de Matrizes de um Haras é conhecido como “culling”, pelo qual são selecionados fatores considerados como relevantes para determinar o comportamento da Matriz, ao longo de suas gestações, descartando–se aquelas que não conseguiam alcançar um padrão mínimo estabelecido pelo Haras, para o conjunto de fatores selecionados.
Particularmente, considero importante conjugar o “culling” com o “Index System”, através do qual a renovação do Plantel de Matrizes é realizada agregando–se aos fatores selecionados a ponderação de pesos diferenciados, em conformidade com a importância creditada para cada um desses fatores, chegando–se a uma média final estabelecida pelo Haras, para selecionar as Matrizes que permanecem e as que serão descartadas, ao longo de um período previamente estabelecido.
O procedimento mais adotado, entretanto, por boa parte dos Haras, está baseado no tradicional “feeling”, no qual prevalece a observação pessoal do Criador e de sua Equipe de profissionais, sem dúvida, um procedimento em que, freqüentemente, está impregnado de uma boa dosagem de sentimentalismo por essa ou aquela Matriz.
Como conclusão insofismável, devemos considerar de fundamental importância o papel desempenhado pela Matriz ou Plantel de Matrizes, autêntica pilastra mestra da construção genética arquitetada através do Planejamento Genético praticado por um Haras que tenha por objetivo a progressiva qualificação de sua Criação de PSI.
VII – O REPRODUTOR
O Reprodutor é o ator que irá complementar o fundamental papel da Matriz na Criação do PSI, devendo ser selecionado através de um criterioso Planejamento Genético que venha a proporcionar o resultado desejado.
Usualmente, o seu desempenho nas pistas de corrida, ao contrário da Matriz, é de capital importância para o seu aproveitamento como Reprodutor, além da qualidade de seu Genótipo e Fenótipo, pois certifica o importante parâmetro de seu Alcance Estamínico, fator essencial para o Planejamento Genético através do qual será selecionado.
A cada Temporada de Monta, há três categorias de Reprodutores em serviço, ou seja:
A – os que se encontram sob o regime de “shuttle”, provenientes, quase sempre, do Hemisfério Norte, de grande contribuição para a melhoria do nível médio da qualidade genética da Criação do PSI, pois, usualmente, são portadores de “strains” de qualidade superior e permitem o aporte de uma maior diversificação de Linhagens / “Bloodlines”;
B – os importados, sediados definitivamente no país, que necessitam de um criterioso processo de seleção pois sua atuação será mais constante e duradoura e, portanto, sua influência mais acentuada no nível médio da qualidade da Criação do PSI;
C – os Reprodutores nascidos no país, selecionados por suas performances nas pistas de corrida, credenciados por uma perfeita adaptação ao Meio Ambiente em que irão servir e com acentuada compatibilidade com o “Bloodstock” que irá servir.
O Reprodutor selecionado, a cada Temporada de Monta, pelo Planejamento Genético, deve ter como Missão primordial, a complementação do Genótipo e Fenótipo da Matriz, objetivando o mais adequado “encaixe” genético e físico, que deverá estar refletido no Genótipo e Fenótipo do Produto planejado.
Para a seleção do Reprodutor mais adequado para a Matriz em foco, usualmente, quem elabora o Planejamento Genético adota alguma das Teorias / Metodologias que perduram ao longo dos tempos, assim como as que vão sendo introduzidas periodicamente, que funcionam como instrumentos para viabilizar suas convicções e chegar ao Produto planejado e desejado.
Continua...
Orlando Lima – omlima@infolink.com.br
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