Colunista:
A CONSOLIDAÇÃO DA CRIAÇÃO BRASILEIRA – ESTRUTURA 30/09/2009 - 11h27min
A CONSOLIDAÇÃO DA CRIAÇÃO BRASILEIRA
I – ESTRUTURA
Em Artigo anterior citei os aspectos primordiais para a Recuperação e Consolidação da Criação Brasileira do PSI:
1º – Conscientização e Consentimento dos Criadores brasileiros para o Desenvolvimento de um Projeto Visando a Consolidação da Criação Brasileira.
Este aspecto, provavelmente, seja o mais importante e difícil de ser concretizado e realizado pois, necessariamente, seria de fundamental importância, para a sua consecução, a UNIÃO dos Criadores brasileiros em torno de um objetivo comum, o que, até hoje, não foi conseguido.
Esta possibilidade, em meu julgamento, depende de uma efetiva atuação, neste sentido, da Associação Brasileira de Criadores e Proprietários do Cavalo de Corrida – ABCPCC.
A princípio, parece uma Missão quase impossível pois, histórica e tradicionalmente, cada Criador atua isoladamente, tipo cada um por si, de acordo com suas conveniências, objetivos específicos e capacidade econômico–financeira.
Deve–se reconhecer que alguns Haras já estão se consorciando, sobretudo, no que se relaciona à importação de Reprodutores, o que já é um expressivo avanço em direção à União pretendida.
Evidentemente, a União à qual estou me reportando, não deve, nem pode ser tomada em termos absolutos, pois o potencial para a capacidade de investimento difere radicalmente entre Grupos de Criadores brasileiros.
Desta forma, quando me reporto à União dos Criadores, me refiro à União em torno de princípios e objetivos que venham a beneficiar, em última análise, aos Criadores que, efetivamente, estejam comprometidos com a melhoria do nível de qualidade de nossa Criação, para que haja o seu real reconhecimento por parte da Criação internacional do PSI e, conseqüentemente, nossos Produtos venham a obter o justo valor inerente ao seu mérito e categoria, no âmbito do Mercado internacional do PSI.
A realização e concretização do Projeto comum, sem dúvida, dependerá da vontade e da capacidade de investimento de cada Criador ou Grupo de Criadores.
Por uma questão cultural, que sempre deverá ser observada, não pretendemos que esse Projeto, capitaneado pela ABCPCC, chegue à perfeição do que ocorreu no Japão, na Alemanha, na Irlanda e, até mesmo na Argentina, pois são culturas e propósitos diferentes, inclusive, porque a Criação do PSI no Brasil, não recebe qualquer tipo de apoio do Governo Federal.
A sublimação do apoio governamental ocorreu na Irlanda, na qual a atividade criatória do PSI se constitui, provavelmente, no principal item de sua pauta de exportação, sendo encarada como uma efetiva Atividade Econômica.
A real participação do Governo, de uma forma ou de outra, em prol da atividade turfística, tem sido o lugar comum para alavancar o desenvolvimento da Criação do PSI nos países mais avançados no Turfe, em todas as suas dimensões, o que, até o presente momento, não vem ocorrendo no Brasil.
2º – Interação e Integração entre a ABCPCC e as Associações Regionais de Criadores e Proprietários do Cavalo de Corrida
O procedimento natural para a condução de um Projeto visando a Recuperação e a Consolidação da Criação brasileira do PSI, é que seu comando seja entregue à ABCPCC, sobretudo, para a coordenação das atividades primordiais para o seu desenvolvimento, visando alcançar os objetivos determinados.
Para tanto, torna–se de fundamental importância que as Associações Regionais de Criadores e Proprietários atuem como “braços executivos” da ABCPCC, para que o Projeto possa ser realizado em conformidade as peculiaridades e possibilidades dos Criadores que integrem as respectivas Associações Regionais e a ABCPCC.
Esse entrosamento entre a ABCPCC e as Associações Regionais só pode ser alcançado, com a efetiva integração estrutural e a necessária interação de propósitos, para que sejam alcançados os objetivos propostos pelo Projeto, sobretudo, no que se refere à Estratégia (planejamento) e Metodologia a serem adotados.
3º – Envolvimento dos Agentes do Turfe na Execução do Projeto de Recuperação e Consolidação da Criação Brasileira do PSI
Para complementar a Rede Estrutural Orgânica necessária para a realização do Projeto, torna–se importante incorporar ao conjunto de protagonistas responsáveis por sua elaboração, reconhecimento e execução, os Agentes do Turfe, instrumentos capazes de alimentar a dinâmica das negociações para aquisições dos animais, tanto a nível nacional, quanto internacional, funcionando como a mola mestra que aciona os mecanismos dessas negociações.
Como citei em Artigo anterior, vivemos um momento propício para aquisições no Mercado internacional, sobretudo, na Europa e Estados Unidos da América do Norte.
Uma seleção criteriosa de animais a serem incorporados à nossa Criação, agregando “strains” de qualidade superior, certamente será responsável pela melhoria acentuada do nível médio da qualidade da Criação brasileira, contribuindo decisivamente para diminuir a defasagem de sua qualidade genética, comparada com a dos países mais evoluídos na Criação do PSI.
Os Agentes serão os instrumentos que realizarão as negociações que venham a ser solicitadas pelos Criadores, Proprietários ou sob a orientação das Associações de Criadores e Proprietários, em âmbito internacional, assim como, em âmbito nacional. Não interpretem esta posição como interferência imposta nos caminhos naturais da livre iniciativa e negociação, mas como um aspecto caracterizado pela orientação estudada e analisada dos Criadores que desejem participar desse Projeto de Consolidação de nossa Criação do PSI.
Entre esses Agentes do Turfe, merece uma especial atenção e uma fundamental interação com o desenvolvimento do Projeto para consolidação de nossa Criação, os Empresários / Criadores que trazem Reprodutores sediados no Hemisfério Norte para servirem em nossa Criação no regime de “shuttle”.
A integração dos responsáveis pela vinda de Reprodutores em regime de “shuttle” com as Associações de Criadores e Proprietários do Cavalo de Corrida, partindo–se do pressuposto que haja uma efetiva comunhão de propósitos entre as Associações e os Criadores, poderia facilitar aos Empresários / Criadores a viabilidade econômico–financeira para a vinda desses Reprodutores que, usualmente, são portadores de “strains” de qualidade reconhecida, contribuindo, decisivamente, para a melhoria do potencial genético de nossa Criação.
Este regime de “shuttle” é um dos instrumentos mais preciosos e práticos para elevar o padrão genético de nosso “bloodstock” e, assim sendo, esta Atividade deve ser tratada como uma das prioridades para o êxito do Projeto.
II – ESTRATÉGIA
4º – O Eixo Geográfico da Criação do PSI Brasileiro
O Brasil é um país de dimensões continentais e as expressivas distâncias entre os principais Centros da Criação do PSI, Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo, delinearam um autêntico Eixo Geográfico, divisor destes Centros, o que, em última análise, surge como um obstáculo ao salutar intercâmbio do uso dos Reprodutores sediados nesses Estados, assim como, dos Reprodutores que chegam em regime de “shuttle”, para servirem em nossa Temporada de Monta (Hemisfério Sul).
Os dois Núcleos principais de nossa Criação situam–se, mais precisamente, em Bagé (Rio Grande do Sul) e em São José dos Pinhais / Tijucas do Sul (Paraná).
Num terceiro plano, encontramos São Paulo, com seus numerosos Haras distribuídos em diversas Regiões do Estado.
Além dessas Regiões, encontramos um reduzido número de Haras espalhados pelo país, como o Haras Ponta Porã (o maior Haras do país), no município que lhe concede o nome, em Mato Grosso, além do Haras Don Oliva (de grande porte), na Bahia, do Haras do Morro, em Brasília, o Haras Clark Leite, a Coudelaria Pelotense e o Haras Escafura, no Estado do Rio de Janeiro.
Em conformidade com essa distribuição, podemos traçar um real Eixo Geográfico que divide, com nitidez, a Criação brasileira do PSI, situando, de um lado, o Núcleo de Criação reunindo o Paraná e São Paulo, e do outro lado, o Rio Grande do Sul.
Poucos são os Criadores do Paraná e, muito menos, de São Paulo, que se arriscam em enviar suas Matrizes para serem servidas por Reprodutores sediados no Rio Grande do Sul onde, pelo menos teoricamente, estão sediados os Reprodutores, considerados como os mais credenciados.
Esta posição, praticamente, impede o envio de Matrizes do Rio Grande do Sul para o Paraná e, muito menos, para São Paulo.
Além disso, tradicionalmente, São Paulo costuma sediar importantes Reprodutores que vêm ao Brasil em regime de “shuttle”, praticamente, restringindo o seu uso pelos Criadores de São Paulo, em sua maioria, e do Paraná.
A razão primordial dessa Geografia da Criação nacional, estão refletidas nas extensas, desgastantes e arriscadas viagens rodoviárias, sobretudo, para Matrizes prenhas, que correm um risco significativo de absorção ou de aborto.
Ocorre que, a cada Temporada de Monta, sobretudo nestes últimos 4 anos, São Paulo e Paraná estão incorporando Reprodutores adquiridos definitivamente e em regime de “shuttle”, de reconhecida qualidade, reduzindo, gradativamente, a teórica diferença de qualidade concedida pela Criação brasileira, favorável aos Reprodutores sediados no Rio Grande do Sul.
Atualmente, podemos avaliar que o Paraná, contando com a ajuda de São Paulo, reúne um time de Reprodutores que se aproxima, a passos largos, do time de Reprodutores sediados no Rio Grande do Sul, e como muitos deles pertencem a Linhagens / “Bloodlines” distintas, temos que admitir que o Eixo Geográfico determina um expressivo prejuízo para a Criação brasileira, impedindo que Matrizes do Rio Grande do Sul que se ajustam a Reprodutores sediados em São Paulo e Paraná, assim como, Matrizes sediadas em São Paulo e Paraná que se ajustam a Reprodutores sediados no Rio Grande do Sul, possam realizar este importante intercâmbio genético.
O Haras Ponta Porã, em Mato Grosso, detém o maior número de Matrizes da Criação nacional e tendo em vista a grande distância que o separa dos principais Núcleos de nossa Criação, determina que mantenha Reprodutores sediados no próprio Haras, o que, por si só, representa um fator restritivo para um Planejamento Genético criteriosamente elaborado.
Na mesma situação do Haras Ponta Porã, encontram–se os Haras Don Oliva (Bahia) e o Haras do Morro (Brasília), mantendo seus próprios Reprodutores, enquanto os Haras situados no Estado do Rio de Janeiro, ainda podem recorrer ao uso dos Reprodutores sediados, sobretudo, em São Paulo.
Mudar essa Geografia de nossa Criação do PSI é impossível!
Os Reprodutores em serviço a cada Temporada de Monta se apresentam através de três vertentes possíveis:
1ª – Aproveitamento do PSI nacional, já ambientado ao Meio Ambiente e ao modelo do Turfe brasileiro;
2ª – Importação de Reprodutores estrangeiros, em definitivo, que ficarão sediados num dos Núcleos da Criação nacional;
3ª – Importação de Reprodutores estrangeiros, no regime do “shuttle”, o que possibilita uma dinâmica maior para a vinda de uma maior variedade de Linhagens / “Bloodlines”, além de trazer para a nossa Criação, usualmente, “strains” de bom padrão de qualidade genética.
As três alternativas, para a consolidação de nossa Criação do PSI, são fundamentais, até o ponto em que tenhamos, reconhecidamente, um Plantel de Reprodutores brasileiros de melhor padrão genético.
Assim sendo, para chegarmos ao nível desejado da Consolidação de nossa Criação do PSI, no período atual, precisamos incentivar e usar, criteriosamente, Reprodutores que se enquadrem nessas três alternativas, procurando diversificar as diversas Linhagens / “Bloodlines”, ainda disponíveis no Mercado nacional e internacional.
O Núcleo de Criação de Bagé e de algumas Regiões do Interior do Rio Grande do Sul, como citei acima, pelo menos teoricamente, apresenta um Plantel de Reprodutores com “strains” de melhor qualidade, mas com excessiva concentração em descendentes das Linhagens de PHALARIS e de NATIVE DANCER, sobretudo, nas “Bloodlines” de NORTHERN DANCER e de Mr. PROSPECTOR e, num segundo plano, na “Bloodline” de NASRULLAH.
Conseqüentemente, segundo meu julgamento, será de fundamental importância que ampliem suas possibilidades de opções, agregando Reprodutores descendentes de outras Linhagens / “Bloodlines”, procurando chegar a um Plantel de Reprodutores com uma composição de características genéticas mais variada e equilibrada.
Os Núcleos de Criação de São Paulo e do Paraná, situados no mesmo lado do Eixo Geográfico que divide nossa Criação, além do objetivo de formar um Plantel de Reprodutores descendentes de uma maior diversificação de Linhagens / “Bloodlines”, precisam elevar, um pouco mais, a qualidade genética dos “strains” de seus Plantéis de Reprodutores.
Deve–se registrar, entretanto, que o Núcleo de São Paulo e Paraná, vem demonstrando, com nitidez, que está procurando, a passos largos, melhorar o nível médio da qualidade genética de seus Reprodutores, assim como, diversificar suas Linhagens / “Bloodlines”, como ficou patente nesta atual Temporada de Monta.
Sempre é importante lembrar as características do Turfe brasileiro, refletido no traçado das pistas dos dois principais Hipódromos do país e nos seus respectivos Calendários Clássicos, seguindo o modelo do Turfe europeu.
Também é importante ressaltar a atual tendência da Criação européia do PSI, em fazer o “blending” (mistura) dos qualificados “strains” (linhagens / estirpes) europeus e norte americanos, concluindo com a observação de fundamental importância, no momento em que nos encontramos, de praticar, na medida do possível, o “International Outcross”, visando resgatar e incrementar o Vigor Híbrido do PSI brasileiro.
Para alcançar este objetivo, torna–se de fundamental importância que o nosso Plantel de Reprodutores apresente uma expressiva diversificação de Linhagens / “Bloodlines” que permita e viabilize um Planejamento Genético que, também, atenda a essa especificidade genética, afastando, gradativamente, a temível realidade da Consangüinidade.
IV – METODOLOGIA
5ª – Aquisição de Matrizes
Como já tive oportunidade de manifestar algumas vezes, para se dar partida a uma Criação do PSI em bases sólidas e consistentes, a seleção das Matrizes é de fundamental importância.
A nível individual, o Plantel de Matrizes irá constituir o “Bloodstock” de um Haras, assim como, a nível coletivo, o Plantel de Matrizes irá constituir o “Bloodstock” da Criação de um país.
Não devemos esquecer que a nossa Criação do PSI, na Temporada de Monta de 1987 / 88, reunia um Plantel de Matrizes da ordem de 9 500 cabeças, enquanto, na Temporada de Monta de 2008 / 2009, esse Plantel estava reduzido a cerca de 4 000 Matrizes.
A mesma observação, no que se refere à diversificação de Linhagens / “Bloodlines”, feita para os Reprodutores, é válida para a seleção das Matrizes.
Como já citei anteriormente, o momento é propício para a aquisição de “strains” de boa qualidade, tanto no Mercado europeu, quanto no norte americano, em razão da Crise Internacional da Economia, que se abateu sobre estes países, onde a Criação do PSI alcançou os mais elevados níveis de qualidade genética.
A essência de um Planejamento Genético, criteriosamente elaborado, reside na procura pelo ENCAIXE, genético e físico, mais adequado, para conseguir a fundamental COMPLEMENTARIEDADE, sobretudo no que se reporta ao aspecto genético.
Usualmente, a elaboração de um Planejamento Genético parte do Genótipo da Matriz, a partir do qual se procura o(s) Reprodutor(es) que melhor se ajusta ao Genótipo da Matriz em análise.
Como vimos acima, o déficit do número de Matrizes registradas no Stud Book Brasileiro, comparado com o Plantel de 22 anos atrás, é alarmante, evidenciando uma redução da Atividade criatória, no Brasil, de mais de 50%.
Desta forma, o primeiro passo a ser dado na Metodologia para a Recuperação e Consolidação da Criação brasileira do PSI, consiste na aquisição de Matrizes selecionadas, observando–se os aspectos quantitativos, mas sem descuidar doas aspectos qualitativos, aproveitando a abertura dos Mercados acima citados.
Na seleção das Matrizes a serem agregadas ao nosso Plantel através da aquisição no Exterior, deve ser observado, primordialmente, a qualidade da Produção Materna de suas respectivas Mães, que integram a Família Materna da qual é descendente, e a atuação de seu Pai no exercício de sua função como Avô Materno.
6ª – Aquisição de Reprodutores
a) – Pelo Aproveitamento do Reprodutor Brasileiro
Um dos aspectos importantes para o cumprimento da Metodologia de Recuperação e Consolidação de nossa Criação refere–se ao aproveitamento do PSI criado no Brasil, adaptado, desde a sua concepção, às características do modelo de Turfe no Brasil, e ao Meio Ambiente predominante nas Regiões onde nasceu e se desenvolveu, reunindo a probabilidade de mostrar, com propriedade, seu potencial de qualidade genética e física, nas pistas de corrida.
A referência fundamental para a seleção do Reprodutor nacional converge necessariamente, para a qualidade de suas performances nas pistas de corrida.
Além dessa referência, o aspecto econômico–financeiro é o mais favorável possível, pois seu aproveitamento, praticamente, não acarreta custos adicionais, além de facilitar seu aproveitamento através de Condomínios de Criadores.
Outro aspecto de relevante importância para o seu aproveitamento refere–se à descendência de uma variedade mais acentuada de diferentes Linhagens / “Bloodlines”, ainda característica original de nossa Criação, constituindo–se num precioso instrumento para resgatar e melhorar o Vigor Híbrido de nosso PSI que, gradativamente, vai sendo perdido, em razão da maciça importação, sobretudo, de “strains” de origem norte americana, mais sintonizados em apenas duas “Bloodlines”.
b) – Aquisição Definitiva de Reprodutor Estrangeiro
Esta alternativa para a aquisição de Reprodutores do Exterior que venham a integrar, definitivamente, nosso Plantel, é a que exige uma seleção mais rigorosa e, estrategicamente mais precisa, para dar continuidade à Metodologia proposta para a Recuperação e Consolidação de nossa Criação do PSI.
Primeiramente, porque para adquirir um Reprodutor reconhecidamente comprovado de um dos países onde a Criação do PSI é mais desenvolvida, ainda que mais acessível devido à Crise Internacional da Economia, seu valor, normalmente, ainda é expressivamente alto para justificar sua aquisição.
A solução que se impõe, está na formação de Condomínios de Criadores sediados no mesmo lado do Eixo Geográfico acima citado, visando a possibilidade de trazer Reprodutores comprovados com idade mais avançada e Reprodutores de melhor nível, ainda que não comprovados, mas com excelente potencial genético e físico.
A Criação australiana e neozelandesa costuma adotar com freqüência a estratégia de usar bons Reprodutores com idade mais avançada, com muito bons resultados, sobretudo, no que se refere às filhas desses Reprodutores que adquirem um potencial expressivo garantindo o seu futuro como Matrizes de alto nível de qualidade genética.
A vantagem da aquisição definitiva, além de proporcionar uma adaptação mais consistente e adequada ao novo Meio Ambiente em que irão prestar seus Serviços, reporta–se, também, ao fato de que, se a aquisição for bem sucedida, irão atuar em diversas e sucessivas Temporadas, o que é um fator altamente positivo para alcançar bons resultados, tanto nas pistas, quanto na reprodução.
c) – A Importação pelo Regime de “Shuttle”
Dando continuidade à Metodologia para a Recuperação e Consolidação de nossa Criação do PSI, há um precioso e oportuno instrumento que proporciona uma dinâmica e mobilidade expressivas para a nossa Criação.
Os Reprodutores trazidos em “shuttle” para servir em nossa Temporada de Monta, estão sediados no Hemisfério Norte, onde estão situados os países nos quais a Criação do PSI é mais desenvolvida e evoluída, o que significa que, quase sempre, resulta na incorporação de “strains” de melhor qualidade, proporcionando um “up grade” para nossa Criação.
Outro aspecto primordial para adotar o regime de “shuttle”, prende–se ao fato de que pode–se trazer Reprodutores credenciados e qualificados, por valores acessíveis, obedecendo ao parâmetro de Custo / Benefício.
Por outro lado, a vinda de um Reprodutor sob o regime de “shuttle”, depende da adesão dos Criadores, e a justificativa para concretizar e viabilizar a sua vinda, poderá determinar que esta viabilidade seja direcionada para a vinda de Reprodutores mais comerciais, usualmente, descendentes das Linhagens / “Bloodlines” mais apoiadas pelos Criadores mas, nem sempre, as mais convenientes e oportunas para satisfazer as reais necessidades de nossa Criação.
De qualquer forma, o “shuttle” proporciona a elevação do nível médio da qualidade genética de nossa Criação, e isto é de fundamental importância.
O fato de um Reprodutor se deslocar do Hemisfério Norte para o Hemisfério Sul para servir em sua Temporada de Monta, algumas vezes, não alcança os resultados esperados, em termos de performance de seus filhos e filhas nas pistas de corrida, compatíveis com a expectativa gerada, seja por sua bem sucedida performance como “racehorse”, seja como Reprodutor qualificado, o que, em meu julgamento, deve–se ao fato de não ter tido o tempo suficiente para se adaptar, integralmente, ao novo Meio Ambiente, usualmente, bem diferente daquele a que já está adaptado.
Ainda que venha a ocorrer este problema com alguns Reprodutores, sua vinda sob o regime de “shuttle”, em qualquer hipótese, será válida e benéfica, pois estará incorporando à nossa Criação, “strains” de melhor padrão genético, sobretudo pela incorporação de suas filhas como futuras Matrizes.
Portanto, o Reprodutor trazido em regime de “shuttle” é um instrumento indispensável para elevar o padrão de qualidade de nossa Criação do PSI que, em hipótese alguma pode ser descartado, muito pelo contrário, deve ser incentivado, pela dinâmica, sem precedentes, que proporciona para qualquer Criação do PSI, antecipando metas e objetivos, sobretudo para uma Criação que procura sua Recuperação e posterior Consolidação.
V – CONCLUSÃO
7ª – Diretório de Reprodutores
O Projeto, a Estratégia e a Metodologia objetivando a Recuperação e Consolidação da Criação Brasileira do PSI, para que seja reconhecida e integrada à Comunidade Internacional da Criação do PSI, necessariamente, precisa estar refletida e materializada num Documento hábil, ou seja, num Diretório de Reprodutores, elaborado num padrão de alto nível de qualidade de conteúdo e “lay–out”.
Esse Diretório, além de servir para divulgar os Reprodutores que atuam em cada Temporada de Monta de nossa Criação do PSI, sendo usado por cada Criador brasileiro comprometido com a sua Recuperação e Consolidação, deverá ser distribuído pelas Associações e Studs Book dos países integrados à Criação Internacional do PSI.
Com esta providência, estaremos mostrando ao mundo, um real e eficaz instrumento de nossa Criação, revelando o nosso potencial como país Criador do PSI, que possibilitará o seu reconhecimento e definitiva integração à Comunidade Internacional de Criadores do PSI, revelando o nível de qualidade em que nos encontramos e o estágio de desenvolvimento para uma futura, rápida e consistente Consolidação de nossa Criação.
Orlando Lima – omlima@infolink.com.br
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