Colunista:
BLOODLINES DA LINHAGEM DE St. SIMON – PARTE VII 29/07/2009 - 10h12min
BLOODLINES / CRIAÇÃO NACIONAL – PARTE VII
XII – BLOODLINES DA LINHAGEM DE St. SIMON
Estas “Bloodlines” referem–se à Linhagem de St. SIMON, a última derivada da Dinastia do grande ECLIPSE que, por sua vez, descende da Estirpe de DARLEY ARABIAN, um dos três, assim considerados, Fundadores da raça Puro Sangue Inglês (PSI). St. SIMON nasceu em 1981, na Inglaterra, tornando–se um dos mais importantes Reprodutores da história mundial do Turfe.
Do final do século 19 até o advento de PHALARIS, como Reprodutor, St. SIMON dominou, integralmente, o cenário da Criação do PSI, a nível mundial, pois seus descendentes dominavam as pistas de corrida em praticamente todos os países onde eram disputadas corridas de cavalos.
Foi excepcional “racehorse”, ainda que não tenha sido inscrito nas principais Provas do Calendário Clássico da Inglaterra, por problemas extra Turfe envolvendo seu Proprietário, que acabou morrendo devido a problemas cardíacos, sendo vendido em leilão, naquela que é considerada uma das maiores barganhas de todos os tempos.
Correu 10 vezes para seu novo Proprietário, o Duque de Portland, permanecendo invicto.
Desde sua primeira geração, como Reprodutor, sinalizou que seria diferenciado, resumindo sua atuação, nos títulos obtidos, como “Champion Sire” (Reprodutor) por 9 Temporadas, e “Champion Broodmare Sire” (Avô Materno) por 6 Temporadas, resultados jamais alcançado por outro Reprodutor ou Avô Materno, na Criação mundial do PSI.
St. SIMON e seus descendentes tiveram destacada atuação, quando exerceram a fundamental função de Avô Materno, o que foi comprovado e certificado pelo fato de que PHALARIS teve a continuidade de sua fundamental Linhagem, pois seus principais filhos tiveram como Mãe, filhas de CHAUCER (por St. SIMON), num dos mais efetivos “Nicks” da história do Turfe mundial.
No Brasil, este fato foi comprovado por WALDMEISTER, trineto paterno de St. SIMON, em meu julgamento, o melhor Avô Materno da Criação brasileira, em todos os tempos.
Como sempre, mais uma vez, a Genética e sua imprevisibilidade, assim como ocorreu com THE TETRARCH, nos prega mais uma peça, e o que parecia impossível de ocorrer na primeira metade do século 20, está muito próximo de acontecer, ou seja, a extinção, pelo Segmento Paterno, desta fundamental “Sire Line”, que contribuiu, decisivamente, para a evolução do PSI no século 20.
Por mais incrível que possa parecer, os dois países que detêm o maior número de descendentes de St. SIMON na reprodução, atualmente, são os USA, pois seu Turfe apresenta características diametralmente opostas às características de St. SIMON e seus descendentes, mas explicado pela atuação de RIBOT, como Reprodutor nos USA, e o Brasil, que ainda detém a maior variedade de Alinhamentos derivados da Linhagem de St. SIMON, através de suas respectivas “high lines”.
Uma das características marcantes de St. SIMON, foi a peculiar longevidade que transmitia, com expressiva freqüência, para seus descendentes, uma vez que ele próprio morreu com 27 anos, seu Pai, GALOPIN, com 28 anos, e seu filho, RABELAIS, com 29 anos, enquanto, WALDMEISTER, chegou até os 27 anos, devendo–se observar que todos foram destacados “stayers” / Fundistas, nas pistas de corrida.
XII.1 – RIBOT – ITY – 1952 – M.C. – TENERANI X ROMANELLA por EL GRECO X BARABARA BURRINI por PAPYRUS
RIBOT
Pedigree de RIBOT
Sem dúvida, RIBOT (O Cavalo do Século 20) foi o artífice que, praticamente, garantiu a sobrevivência desta Linhagem até hoje, tendo iniciado sua atividade como Reprodutor na Europa (Inglaterra e Itália), onde deixou quatro Gerações, com amplo destaque para seu filho, RAGUSA, que veio a produzir o vencedor do Derby de Epsom de 1973, MORSTON, mas que não chegou a perpetuar sua “Bloodline” na Europa.
Foi exportado para os USA, onde, definitivamente, consolidou sua “Bloodline”, o que, como citei acima, foi uma grande surpresa, tendo em vista que as características de seu Genótipo não eram compatíveis com as características do Turfe norte americano, caracterizado pela Precocidade e pelo predomínio da Velocidade sobre a Stamina.
Em sua primeira Geração nos USA, RIBOT produziu TOM ROLFE(1962), excelente “racehorse” e Reprodutor, cuja contribuição para consolidar a “Bloodline” de RIBOT, ocorreu ao produzir HOIST THE FLAG, decisivo para a continuidade desta ”Bloodline”.
O principal filho de HOIST THE FLAG, ALLEGED, foi um dos raros “racehorses” que venceram, por duas vezes, o Arco do Triunfo, a Prova máxima do Turfe mundial, reeditando a façanha de seu bisavô paterno, RIBOT, tornando–se um excelente Reprodutor e melhor Avô Materno, cumprindo com as características da Linhagem de St. SIMON e da “Bloodline” de RIBOT.
Nos USA, ALLEGED ainda mantém sua esperança na continuidade de seu Alinhamento Paterno (“Sire Line”), através do Reprodutor SHANTOU, ainda em plena atividade na Criação do PSI, neste país.
O Brasil recebeu um excelente Reprodutor, filho de HOIST THE FLAG, PRESENT THE COLORS, que apesar de ter produzido excelentes “racehorses”, deixou um único representante em atividade na Reprodução nacional, ABOVE THE SKY, de excelente campanha nas pistas, no qual o Haras BRAVO LIMA deposita fundadas esperanças de obter bons Produtos, tanto como Reprodutor, quanto como Avô Materno.
• ABOVE THE SKY – BR – 1988 – M.CE. – PRESENT THE COLORS (por HOIST THE FLAG, por TOM ROLFE, por RIBOT) X MA BELLE por HOT DUST X ALLEGRESSE por GREAT NEPHEW
A Criação brasileira conta com três descendentes de ALLEGED, em plena atividade, como Reprodutores, a saber:
• LEGAL CASE – IRE – 1986 – M.C. – ALLEGED (por HOIST THE FLAG, por TOM ROLFE, por RIBOT) X MARYINSKY por NORTHERN DANCER X EXTRA PLACE por ROUND TABLE
• PAVILLON – BR – 1994 – M.A. – BOOMING (por LEADING COUNSEL, por ALLEGED, por HOIST THE FLAG, por TOM ROLFE, por RIBOT) X LICENA por DEREK X ESPARTA por KARABAS
• CONTESTED BID – USA – 1989 – M.CE. – ALLEGED ( por HOIST THE FLAG, por RIBOT) X QUEEN’S ONLY por MARSHUA’S DANCER X QUEEN OF DIAMONDS por ALCIBIADES
Ainda derivado de TOM ROLFE, continuado por seu filho, FRENCH COLONIAL, encontramos um Alinhamento que veio a se firmar na Criação brasileira, através de seu filho, NEW COLONY, através de dois de seus filhos, a saber:
• APETRECHO – BR – 1998 – M.C. – NEW COLONY (por FRENCH COLONIAL, por TOM ROLFE, por RIBOT) X MIDDLE MOON por GHADEER X ZISKA por WALDMEISTER
• GORYLLA – BR – BR – 1997 – M.CE. – NEW COLONY (por FRENCH COLONIAL, por TOM ROLFE, por RIBOT) X STEFFI por AHMAD X CARETITA por CIPAYO
O Segundo Alinhamento derivado da “Bloodline” de RIBOT, a vingar nos USA, refere–se ao seu filho GRAUSTARK (1963), com campanha resumida em 7 vitórias de 8 apresentações, com Alcance Estamínico mais voltado para a Velocidade (de 1 200 m a 1 400 m), cujo Alinhamento permanece ativo, através de seu filho, KEY TO THE MINT e de seu neto paterno, JAVA GOLD, Pai de destacados “racehorses”, sobretudo, de BOREAL, em plena atividade como Reprodutor na Criação alemã.
O terceiro Alinhamento da “Bloodline” de RIBOT que permanece em atividade na Criação norte americana, refere–se ao seu filho, ARTS AND LETTERS (1966), “Horse of the Year”, “Champion 3 yo Colt” e “Champion Handicap Male” de 1969, nos USA, estabelecendo um Alinhamento que estendeu a “Bloodline” de RIBOT até os dias de hoje, através de seu filho CODEX e de seu neto paterno, LOST CODE, já com seu filho, GALLOPING GAEL, em plena atividade como Reprodutor.
A Criação nacional não dispõe de nenhum representante destes dois Alinhamentos (GRAUSTARK e ARTS AND LETTERS) derivados da “Bloodline” de RIBOT.
O quarto Alinhamento da “Bloodline” de RIBOT, em plena atividade nos USA, que mais contribuiu para sua continuidade até os dias atuais, foi pontuado por seu filho HIS MAJESTY (1968), o de campanha nas pistas menos expressiva entre estes quatro filhos de RIBOT, que veio a consolidar esta “Bloodline”, nos USA, através de seus filhos, CORMORANT e, sobretudo, PLEASANT COLONY, ambos com vários filhos atuando na Reprodução nos USA, como St. JOVITE, PLEASANT PERFECT e o vencedor de cerca de U$ 6,5 milhões de prêmios, PLEASANT TAP.
No Brasil, este Alinhamento da “Bloodline” de RIBOT, está representado por um Reprodutor em final de atividade, a saber:
• PLEASANT VARIETY – USA – 1984 – M.C. – PLEASANT COLONY ( por HIS MAJESTY, por RIBOT) X VARIETY SHOW por T.V. LARK X CHANCE GAUGE por DEGAUGE
Justificando ser o país detentor do maior número de representantes da Linhagem de St. SIMON, além dos descendentes, acima citados, da “Bloodline” de RIBOT encontramos, ainda em plena atividade na Criação brasileira, apesar das poucas oportunidades recebidas, com raras exceções (ROMARIN e SIPHON), Reprodutores descendentes de outras “Bloodlines” derivadas da Linhagem de St. SIMON.
XII.2 – BOIS ROUSSEL – FR – 1935 – M.CE. – VATOUT X PLUCKY LIEGE por SPEARMINT X CONCERTINA por St. SIMON
BOIS ROUSSEL
Pedigree de BOIS ROUSSEL
O Reprodutor descendente desta “Bloodline”, atuando na Criação brasileira, é o seguinte:
• FREE FALCON – BR – 1991 – M.C. – FREE HAND (por GALLANT MAN, por MIGOLI, por BOIS ROUSSEL) X BLOND MELODY por TROPICAL MELODY X ANOMEDUSA por MISTER CUBE
XII.3 – WILD RISK – FR – 1940 – M.C. – RIALTO X WILD VIOLET por BLANDFORD X WOOD VIOLET por KSAR
WILD RISK
Pedigree de WILD RISK
O Reprodutor descendente desta “Bloodline”, atuando na Criação brasileira, é o seguinte:
• SUSPICIOUS MIND – BR – 1990 – M.C. – EFFERVESCING (por LE FABULEUX, por WILD RISK) X SWEET HONEY por EGOISMO X SWEET DOCA por KURRUPAKO
XII.4 – SICAMBRE – FR – 1948 – M.CE. – PRINCE BIO X SIF por RIALTO X SUAVITA por ALCANTARA
SICAMBRE
Pedigree de SICAMBRE
Os Reprodutores descendentes desta “Bloodline” em atividade na Criação brasileira, são os seguintes:
• SIPHON – BR – 1991 – M.C. – ITAJARA (por FELICIO, por SHANTUNG, por SICAMBRE) X EBREA por KUBLAI KHAN X RESELA por SVENGALI
• ROMARIN – BR – 1990 – M.C. – ITAJARA (por FELICIO, por SHANTUNG, por SICAMBRE) X SALLUCA por SALLUST X CANELLE por SASSAFRAS
• TAPUY – BR – 1992 – M.C. – ITAJARA (por FELICIO, por SHANTUNG, por SICAMBRE) X GIANETTA por KARABAS X ARACY por CANTERBURY
• O DRAGÃO – BR – 2002 – M.C. – ROMARIN (por ITAJARA, por FELICIO, por SHANTUNG, por SICAMBRE) X STORM LEADER por LAMEROK X STARK SUNRISE por VALDEZ
• AICOETÊ – BR – 2002 – M.C. – ROMARIN (por ITAJARA, por FELICIO, por SHANTUNG, por SICAMBRE) X JOIN UP por EASTERN MYSTIC X JOLIE DIMANCHE por RED CROSS
• GRENÁ – BR – 2002 – M.A. – ROMARIN (por ITAJARA, por FELICIO, por SHANTUNG, por SICAMBRE) X GRISELLE por VERT AMANDE X GRÖDUQUESA por EXECUTIONER
Como podemos observar, apesar do número razoável de Reprodutores descendentes das “Bloodlines” da Linhagem de St. SIMON, devemos observar que a grande maioria tem muito poucas oportunidades como Reprodutores, além do que, até o momento, nenhum deles, com raras exceções, vem sinalizando com filhos que permitam antecipar a projeção de que esta Linhagem de St. SIMON e suas “Bloodlines” venham a ter sua continuidade garantida.
Esta é a razão primordial do sério perigo de extinção, pelo Alinhamento Masculino Paterno (“high line”), que ressaltamos no início desta Parte VII, o que, em meu julgamento, se deve ao fato de que a característica básica desta Linhagem e respectivas “Bloodlines”, se reporta ao seu Alcance Estamínico voltado para distâncias mais longas, na contra– mão da tendência atual da Criação mundial do PSI, que procura, com total obstinação, a Precocidade e Velocidade, deixando de lado, a Stamina, Consistência e Resistência, predicados ausentes na quase totalidade do PSI da atualidade.
Não tenho dúvida quanto à maior dificuldade de se proceder à elaboração do Planejamento Genético, com Reprodutores dotados de Alcance Estmínico voltado para distâncias mais longas, típicas de Fundistas e, até mesmo, de “stayers”, sobretudo, se forem descendentes, através de suas respectivas “Sire Lines”, de Linhagens / “Bloodlines” com notória característica de Alcance Estamínico para distâncias longas e maturação mais tardia, como é o caso da Linhagem de St. SIMON.
No Brasil, encontramos um caso atípico de um Reprodutor muito bem patrocinado, ou seja, ROMARIN que, embora descendente da Linhagem de St. SIMON através de sua “Sire Line”, reproduz com um alto nível de Velocidade, até mesmo para distâncias típicas de Provas de Cancha Reta (vide FARAÓ), pois certamente, transmite o alto padrão de velocidade herdado do Alinhamento de seu Avô Materno, SALLUST.
O Planejamento Genético visando Produtos com Alcance Estamínico voltado para distâncias de Fundo (2 400 m), exige uma avaliação muito precisa e analítica das características genéticas dos Alinhamentos que integram a Configuração Genética (Genótipo) da Matriz e do Reprodutor, visando o perfeito equilíbrio entre Velocidade e Stamina inseridos nesses Alinhamentos, tarefa que reconheço ser bastante complexa.
Já para Produtos com Alcance Estamínico voltado para distâncias curtas, típicas dos “sprinters” e dos “flyers” (dos 1 000 m aos 1 400 m), já não exige análises mais profundas, pois os elementos que irão integrar o Planejamento Genético voltado para esta faixa de distâncias, não envolve uma diversidade maior de características genéticas dos Alinhamentos que irão compor o Genótipo do Produto planejado.
Não é outra a razão pela qual Linhagens originalmente caracterizadas por Alcance Estamínico para distâncias mais longas, e que se encontram em acelerado ritmo para a extinção, como as Linhagens de HYPERION e de TOURBILLON, ainda sobrevivem às custas de Reprodutores caracterizados como “sprinters”, no caso, respectivamente, representados por CADEAUX GENEREUX / BAHAMIAN BOUNTY e AHONOORA / INDIAN RIDGE.
Continua...
Orlando Lima – omlima@infolink.com.br
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