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Colunista:

Veterinária a galope, por Dr. Francisco Lança
02/07/2009 - 21h37min

SÍNDROME CÓLICA EM EQUÍNOS: PROCEDIMENTOS BÁSICOS

1. INTRODUÇÃO

A síndrome cólica é considerada pelos proprietários e veterinários de cavalos como um dos mais importantes entre os problemas médicos eqüinos. Segundo dados recentes, 2% dos animais em um plantel terão sido afetados anualmente pela cólica e 15% das mortes de animais com mais de 30 dias de vida são devidas a esta síndrome. O termo cólica abrange cerca de 100 afecções que produzem dor abdominal. Apesar de tal importância, conhecemos relativamente pouco sobre os fatores que provocam cólica, especialmente as ocorridas a campo.

2. INCIDÊNCIA E CAUSAS

A idade, sexo e raça estão associados a fatores de risco, bem como alimentação e manejo. No caso do PSI, os tipos de cólica de acordo com a idade são:

Potros até desmame: retenção de mecônio, torção do intestino delgado (intussussepção), Atresia coli, úlceras gástricas e duodenais, diarréia.

Desmame até 1 ano: gastrite, impactação por vermes

Sobreano: obstruções por corpo estranho, intussussepção do colón menor, deslocamentos de colon maior, aprisionamento do intestino em canal hepático.

Após 2 anos: impactação do ceco, enterólitos (pedra no intestino), torção de cólon, aprisionamento de intestino em ligamento abdominal, dilatação gástrica.

Acima de 16 anos: tumores e rupturas de ligamentos;

e de acordo com o sexo são:

Garanhões: tumores do tipo lipoma e hérnia escrotal.

Éguas: torção de útero, hérnias abdominais internas.

Quanto aos fatores alimentação e manejo podemos salientar como causas de cólica o estabulamento excessivo dos animais sem acesso a fibra (feno ou pasto), acesso restrito a água, consumo excessivo de grãos, falta de desparasitação e falta de exercício.

3. DIAGNÓSTICO

O diagnóstico de cólica é primeiramente baseado na observação, onde é constatada a presença de dor no animal através de suas atitudes como rolar no chão, cavar, intensa sudorese e olhar para os flancos.

Os métodos empregados para o diagnóstico variam entre os veterinários. Porém, entre os mais importantes estão a detecção pela auscultação de sons intestinais e presença de espasmos ou gás, aferição de batimentos cardíacos, circulação sanguínea e movimentos respiratórios, palpação retal, sondagem nasogástrica e resposta á medicação. Outros exames auxiliares incluem a endoscopia gástrica, ultrassonografia e a paracentese abdominal para coleta de líquido.

O importante na fase de diagnóstico é saber diferenciar uma cólica que pode ser resolvida clinicamente de uma de tratamento cirúrgico. Para isto alguns fatores deverão ser considerados para a decisão cirúrgica como:

A) intensidade da dor, onde ocorre ausência de resposta, ou resposta miníma aos analgésicos.
B) exame retal, onde serão constatados deslocamentos do intestino delgado e colón, ou ainda a presença de corpo estranho.
C) refluxo gástrico constante ou maior que 6 litros através da sonda
D) ausência de sons abdominais
E) no caso do exame do líquido do abdômen, severas alterações na sua composição.

4. TRATAMENTO

A porcentagem dos casos de cólica que necessitam de tratamento cirúrgico é pequena comparada com aqueles que se resolvem através de tratamento medicamentoso. No entanto, é essencial que a assistência veterinária seja rápida. Este tratamento tem como objetivo aliviar a dor do animal, retirar o excesso de gás formado no intestino, manter circulação sanguínea estável, evitar a desidratação e promover a movimentação do intestino.

Para o alívio da dor visceral são utilizados analgésicos como a flunixina meglumina ou a fenilbutazona na dose recomendada pelo fabricante, que poderá ser repetida de acordo com a intensidade e a ciclicidade da dor. Em casos mais graves poderão ser utilizados sedativos como o butorfanol ou a xilazina, que além de promoverem o alívio do animal, ajudam a contê–lo, auxiliando no manejo veterinário.

A hidratação deverá ser instituída prontamente e ser mantida até a resolução do caso. A escolha do tipo de soro a ser empregado deverá seguir as orientações do médico veterinário, mas tem como base o lactato de sódio. Como regra, a hidratação poderá ser feita até o animal urinar.

A retirada do excesso de gás é feita através de sonda nasogástrica e em casos mais graves através de trocaterização do ceco, ou seja, colocação de cateter ou similar através do abdômen para retirada direta do gás acumulado no local, promovendo assim descompressão do intestino e alívio da dor.

É de salientar que todos estes procedimentos deverão ser realizados pelo veterinário responsável, sendo que o resultado positivo depende da interação de todos os itens descritos, e não de um em particular. Enquanto espera a chegada do veterinário, o animal poderá ser mantido a pasto e observado se não estiver rolando ou se deitando, e na presença destes últimos sintomas, o animal poderá ser caminhado puxado para evitar que se machuque ou a alguém.

5. SUGESTÕES DO AUTOR

– Evitar uso indiscriminado de analgésicos.

– Fornecer no mínimo 50% de toda a alimentação em pasto ou feno

– Tentar não pastorear os animais muito rápido em pastagem verde, fazê–lo de forma gradativa, sendo isto válido para a troca de ração.

– Limitar a ingestão de grãos em no máximo 50% da ração fornecida.

– Utilizar fontes de óleo quando são requisitadas mais calorias na dieta.

– Fornecer sistema alimentar higiênico, onde o animal não consiga ingerir terra ou areia.

– Sempre que possível, manter ambiente de pastagem limpo, livre de cordas e plásticos.

– Prover exercício diário aos animais.

– Fornecer água limpa e á vontade.

– Implementar programa sanitário e anti–parasitário.

– Minimizar estresse (viagens, estabulamento, doenças e traumas) o máximo possível.

Dr. Francisco José do Monte Lançawww.byvet.com.br



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