Colunista:
Provas de Grupo, por Ivamar 01/07/2009 - 10h47min
A consagração de Smile Jenny
Domingo, o Jockey Club
Brasileiro, em seu Hipódromo da Gávea, Rio de Janeiro, sediou a Copa dos Criadores, festival
turfístico composto por quatro provas, onde se destacava o GP Matias Machline (GI) – Copa
ABCPCC–Clássica, para produtos de 3 anos e mais idade, em 2.000 metros, com regulamento
próprio, que se constitui, atualmente, na última grande prova da temporada turfística
brasileira. Este ano, com o prêmio total, ao primeiro colocado, de R$ 187.020,24, reuniu sete
candidatos, quatro ganhadores de Grupo I. Faltando muito pouco para passar a
fazer parte de uma relação, muito especial, de grandes éguas brasileiras, que foram expoentes
máximos de suas gerações, como Fontaine, Joiosa, Platina, Dulce, Elamiur, Embuche, Immensity,
Emerald Hill e Coray, que enfrentavam os machos de igual para igual, e mostrando o quanto foi
injusta sua derrota na última prova da Tríplice Coroa, consequência de uma direção pouco
feliz de Jean Pierre (que agora esteve perfeito), SMILE JENNY venceu em grande estilo, não
deixando dúvidas sobre sua superioridade. TIME FOR FUN (Yagli) formou a dupla, a quase dois
corpos. MIRASSOL (Blush Rambler), que largara mal, terminou em ótimo terceiro. ENGAGING
(Arambaré) e GIBSON (Roi Normand) completaram o marcador. Olympic Gatsby decepcionou. Com
exceção de Time For Fun, que tem 4 anos, os outros citados têm 3.
Smile Jenny, criação
do Haras Santa Maria de Araras e propriedade do Stud Torna Surriento, é treinada por Roberto
Morgado Neto e assinalou 2Â’04”09, na grama pesada. Foi a sexta vitória, quarta clássica, em
nove atuações.
Wild Event, pai da ganhadora, é um dos mais brilhantes garanhões
atualmente em atividade no Brasil. Basta citar, entre seus filhos, os nomes de Eu Também,
Sorrentino, Double Trouble, Que Fuerza, Talenta e Fluke. Pertence à linhagem de Phalaris,
apresentando o seguinte lineamento: Wild Event, Wild Again, Icecapade, Nearctic, Nearco,
Pharos, Phalaris.
Jenny Jacquet, mãe da brilhante ganhadora, é filha de Roy e
Freluche, que também produziu Pára–Choque, ganhador do GP Major Suckow (GI). O americano Roy
(Fappiano) fez enorme sucesso na reprodução no Chile e na Argentina. Entre seus filhos e
netos brasileiros estão Cheikh, Cagney, Top Size, Vacilação, Lamparina, Viernes, Tropical
Lady, Venice Blue, Countdown, Isidorito, Famous Magee, Dear Rafaela, Hurry Rafaela, Hit Oil,
Really Winner etc. Pena que só tivesse servido no Brasil por um pequeno período. A linha
materna da ganhadora é a mesma de Present The Colors, Leading Counsel, Crown Thy Good, Sally
Girl, Safari Girl, Safari Queen, os já citados Pára–Choque, Really Winner etc.
Timeo mostra grande evolução
A Taça de Prata de
potros, para 2 anos, GP J. Adhemar de Almeida Prado (GI), em 1.600 metros, este ano com um
prêmio de R$ 96.967,60, teve campo muito bom, incluindo quatro ganhadores clássicos.
A
carreira serviu para que TIMEO (First American e In The Sand, por Atticus) inscrevesse seu
nome entre os melhores da geração estreada este ano. Corrido na retaguarda, enquanto o
“train” de carreira era violentíssimo, atropelou com ímpeto nos 300 para deixar TAXI AÉREO
(Wild Event) a mais de um corpo, na dupla. Em excelente terceiro, agarrado, MORYBA (Hard
Buck), com TOMMASI (Wild Event) e o até então invicto SEU NICÃO (Notation) a seguir.
O
ganhador, criação do Haras São José da Serra e propriedade do Stud Yatasto, foi conduzido por
Marcello Cardoso, apresentado por Ronaldo Marins Lima e marcou 1’36”97, na grama
pesada.
O pai do ganhador, First American, vem se firmando como ótimo garanhão. São
seus filhos: Uncle Sam, Cores do Brasil, Amor Surpresa, Ausone, Jujuy, Lucky Shot etc. Ele
também pertence, como quase todos os ganhadores de grupo da atualidade, à linha paterna de
Phalaris, pelo ramo de Mr. Prospector, da seguinte maneira: First American, Quiet American,
Fappiano, Mr. Prospector, Raise A Native, Native Dancer, Polynesian, Unbreakable, Sickle,
Phalaris.
Sandhill, segunda mãe do ganhador, é irmã inteira do campeoníssimo Sandpit,
tendo ela própria vencido páreo de grupo na Gávea. A esta linha materna pertencem, também,
entre outros, Brunnhilde, Saint Sever e Estrela do Oriente.
Talenta, mais um final de emoção
Também na
Gávea, domingo foi corrida a Taça de Prata de potrancas, para 2 anos, GP Margarida Polak Lara
(GI), dotação de R$ 99.617,27, menos interessante que a dos machos, embora muito equilibrada.
Sem Balada da Hora, Mrs. Boss, True Classic e Tout Est Bien, estiveram em ação, nos 1.600
metros, oito promissoras concorrentes.
Com um percurso de grande felicidade, o triunfo
terminou com TALENTA. (Wild Event e Brincalhona, por Lode), que em providencial passagem por
dentro, avançou nos 200 e livrou pescoço sobre ACTION STREET (Giant Gentleman), que veio por
fora. Entre as duas, próxima, depois de ter participado da carreira em todo o percurso
(atribulado, por sinal), INCHATILLON (Inexplicable). QUESTING NEW (Romarin) e ÓPERA CÔMICA
(Giant Gentleman), esta entre as mais prejudicadas, no complemento do
marcador.
Talenta, criação do Haras Santa Maria de Araras e propriedade do Stud
J.G.Correia, foi pilotada por Antônio Correia da Silva e é treinada, em São Paulo, por
Antônio Luiz Cintra. Tempo, na grama pesada, 1Â’37”88. Do pai da ganhadora, Wild Event, tudo
já foi dito. A linha materna é a mesma de Caerleon, Merce Cunningham e LundyÂ’s Liability,
entre outros.
Um resultado desconcertante
Todos os que costumam ler esta coluna já notaram que sou de opinião que
não é aconselhável para os produtos da nova geração, mesmo os mais expressivos, enfrentarem
os experientes mais velhos, ainda que sejam de pouca expressão. Que fique claro que é apenas
uma opinião, baseada, porém, em longa observação. O fato é que além de ter convicção de que
esses confrontos prematuros causam desgaste (físico e mental) para os jovens puros–sangues,
não vejo necessidade desse tipo de aventura (digamos assim), considerando que existe, no eixo
Rio/São Paulo, um número enorme de páreos clássicos e semiclássicos exclusivos para a nova
geração.
No GP Duplex (GII), corrido sábado no Hipódromo de Cidade Jardim, São
Paulo, aconteceu algo curioso. Nem de longe me passou pela cabeça que os ótimos 2 anos
inscritos poderiam ser derrotados pelos dois mais velhos, de campanhas desinteressantes. O
surpreendente ganhador, BUSHIDÔ (P.T.Indy e Hail Cat, por Storm Cat), de quase 5 anos, só
tinha uma colocação em prova de grupo: quinto e último no GP Antenor Lara Campos de 2007, a
63 corpos do ganhador! Nem mesmo a velocidade inicial do páreo, do terceiro colocado,
INDOMITO (Red Runner), serve como justificativa para o resultado. Bushidô correu em último e
atropelou avassaladoramente junto com DIGITAL (Romarin), que terminou na dupla, a pouco mais
de um corpo. SOFTWARE (Put It Back), de 3 anos, e NUCLEAR (Choctaw Ridge), assim como Digital
e Indomito, de 2 anos, terminaram em quarto e quinto, longe. Não correu Jardim.
Bushidô, criação do Haras Ponta Porã e propriedade do Stud Dharma, foi dirigido
por Ângelo Márcio de Souza e é treinado por Valter dos Santos Lopes. Os 1.600 metros foram
percorridos em 1Â’35”531, na areia pesada, um tempo fraco (para a turma). Trata–se de um irmão
materno da esplêndida Hail Glory, que por pouco não foi tríplice coroada paulista.
El Jogo Virtual continua invicto
Também no Hipódromo
da Gávea, domingo, foi disputado o GP ABCPCC–Velocidade (Grupo III), para produtos de 2 anos
e mais idade, em 1.000 metros, grama.
Demonstrando uma velocidade fabulosa, o 2 anos
EL JOGO VIRTUAL (Mig e Spark Light, por Spark Chief) venceu de ponta a ponta, por
aproximadamente três corpos, nunca permitindo que os adversários se aproximassem. CORES DO
BRASIL (First American) e SOL DE ANGRA (Put It Back), ambos de 3 anos, e PÉ DE ANJO
(Romarin), de 4, chegaram em segundo, terceiro e quarto, separados por meio corpo e meio
corpo. Vamos, agora, torcer para que o ótimo velocista não sinta o rigor desta atuação,
existindo uma dúvida sobre sua participação em prova do Grupo I por ser castrado (art.25,
parágrafo V da Lei do Turfe, de18/10/88). El Demolidor fez forfait e Special Class foi
retirada.
El Jogo Virtual, criação do Haras Nova Vitória e propriedade de
Fabio Benjamin Araldi, foi conduzido por Marcelo Almeida e é treinado, no Paraná, por Geraldo
Vogado. Tempo, na pista pesada, 57”20.
Polish de Naranjos, de
ponta a ponta
Mais um páreo do calendário clássico que sofreu nova
alteração. A Prova Especial Tude Neiva de Lima Rocha, corrida sábado, no Hipódromo da Gávea,
teve seu percurso reduzido para 1.400 metros, areia, e passou a permitir, também a inscrição
de potrancas de 2 anos. Aparentemente, regrediu do ponto de vista técnico.
A facílima
vitória pertenceu a POLISH DE NARANJOS (Patio de Naranjos e Karakatu, por Minstrel Glory), de
4 anos, que tomou a ponta na partida e despediu as adversárias, das quais SUPERCLASSE (Put It
Back), um ano mais nova, foi a que mais perto dela chegou, enquanto a potranca de 2 anos
DEAREST NATIVITY (Forever Buck) terminava em terceiro, afastada. CRISTAL FIX (Choctaw Ridge)
e POTY INDY (P.T.Indy), ambas de 4 anos, chegaram em quarto e quinto.
Polish de
Naranjos, criação do Haras J.G. e propriedade do Stud Sol de Agosto, foi pilotada por Rodrigo
Ferreira e apresentada por Marcos Ferreira. Tempo, na pista pesada, 1’25”64.
Final emocionante nos 1.900 metros
Também no sábado,
no Hipódromo da Gávea, foi realizada, pela primeira vez, a Prova Especial Helíaco, para
produtos de 3 anos e mais idade, em 1.900 metros, areia.
Final de emoção no qual
IMPRESS CHARMIN (Impression e In Charming, por Jet Seller), de 5 anos, ultrapassou QUETICO
PARK (Public Purse), dois anos mais novo, no meio da reta, e resistiu à volta do rival,
mantendo cabeça de diferença. LESTE OESTE (Dancer Man), de 4 anos, TON LUA (Petionville), de
3, e PTZINHO (P.T.Indy), de 4, a seguir. Não correu Dia Sonhado.
Impres Charmin,
criação do Haras Neuls e propriedade do Haras Fort Champion, foi dirigido por Marcos Mazini e
apresentado por Ronaldo Marins de Lima. Tempo, na pista pesada, 1’58”24.
Melhores de 2008/2009 – a opinião de um
turfista
Encerrada a temporada turfística 2008/2009, relaciono abaixo os
meus preferidos, objeto de comentários, análise e elogios nesta coluna durante o ano
hípico.
Melhor potro de 2 anos: vários pontificaram como Timeo, Too
Friendly, Uncle Sam, Moryba, Seu Nicão. De todos, a decisão mais
difícil.
Melhor potranca de 2 anos: Balada da Hora, Talenta, Mrs.
Boss. Meu voto é para a invicta Mrs.Boss.
Melhor potro de 3 anos:
Flymetothemoon, Negro da Gaita, Hot Six, Sorrentino. Outro páreo duro. Fico com Sorrentino,
que em duas atuações, em provas do Grupo I, não conheceu derrota.
Melhor
potranca de 3 anos: os títulos de Smile Jenny sobrepujaram os de Bubbly
Jane.
Melhor cavalo de 4 e mais anos: Top Hat.
Melhor
égua de 4 e mais anos: Muito semelhantes as credenciais de Spring Love e Really
Winner. Fico com Spring Love (treinada ao nível do mar).
Melhor
milheiro: Nenhum milheiro teve melhor campanha que Giruá (quatro atuações, quatro
vitórias, três em provas de grupo). Melhor velocista: Requebra, Última Palavra, Taludo,
Cores do Brasil, Special Class e El Jogo Virtual. Muito difícil, mas fico com Requebra (1 GI,
1 GII e 1 GIII).
Melhor fundista:
Flymetothemoon.
Melhor arenático: Giruá.
Melhor
reprodutor: Wild Event ou Roi Normand. Prefiro o primeiro.
Melhor
reprodutora: Tavira e Onefortheroad se destacaram. Duas fantásticas linhas maternas.
O desempate aponta Tavira, que além de mãe de Top Hat, ganhador do GP Brasil, é avó
materna de Time For Fun, ganhador de quatro provas de grupo na
temporada.
Melhor criador: Haras Santa Maria de
Araras.
Cavalo do Ano: Top Hat, Flymetothemoon, Hot Six, Negro da
Gaita, Sorrentino, Smile Jenny e Giruá. Em uma temporada atípica, onde as vitórias se
misturaram aos fracassos, e onde praticamente nenhum dos craques confirmou sempre, fico com
Smile Jenny.
Próximas Atrações
Rio
de Janeiro
Sábado e domingo, clássicos importantes no Hipódromo da Gávea,
pois, corretamente classificados como Grupo II, têm finalidade específica e contarão com a
presença de alguns dos melhores milheiros e das melhores éguas em treinamento no Rio de
Janeiro.
Visando ao GP Presidente da República, sábado serão testados produtos de 3
anos e mais idade no GP Gervásio Seabra, obviamente em 1.600 metros, grama.
No domingo
o GP Adayr Eiras de Araújo, Taça Onze de Julho, em 2.000 metros, grama, dará a vez às
principais candidatas (cariocas) ao GP Roberto e Nelson Grimaldi Seabra (OSAF).
São Paulo
Fim de semana, no Hipódromo de Cidade Jardim,
serão realizados três clássicos, tão importantes quanto os da Gávea, embora sejam
classificados apenas como do Grupo III.
São eles, o GP Ministro da Agricultura, em
2.400 metros, para produtos de 4 anos e mais idade, o GP Presidente da Associação Brasileira
de Criadores e Proprietários do Cavalo de Corrida, em 1.600 metros, para produtos de 3 anos e
mais idade, e o GP Luiz Fernando Cirne Lima, em 1.800 metros, para éguas de 3 anos e mais,
todos na grama.
Por que importantes? Faltando um mês para o GP Brasil e as grandes
provas da semana máxima do turfe carioca, são os clássicos que servirão de testes paulistas
para o próprio GP Brasil, para a Milha Internacional carioca e para o GP Roberto e Nelson
Grimaldi Seabra (destinado a éguas de todas as idades).
Acontecerá, ainda, no sábado,
em 2.000 metros, areia, o Clássico 9 de julho, Listed Race sem expressão, como outras provas
da temporada clássica brasileira.
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