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Colunista:

Veterinária a galope, por Dr. Francisco Lança
15/04/2009 - 10h59min

PRINCÍPIOS NUTRICIONAIS NA CRIAÇÃO DO PSI – PARTE II – O potro (final)

EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS DOS POTROS PSI

Quando se trata de alimentação de eqüinos, em primeiro lugar é de suma importância mencionar que os valores de tabelas nutricionais (NRC) são considerados os mínimos necessários, podendo, assim, ser alterados de acordo com a avaliação de cada animal em individual ou de uma propriedade específica.

Todas as fases de crescimento necessitam de água, energia, proteínas, sais minerais e vitaminas em quantidades e fontes adequadas. Porém, alguns deles terão de ser considerados críticos em uma determinada fase de crescimento como segue:

a) Fontes de energia

b) Fontes de proteína (aminoácidos essenciais como lisina e treonina)

c) Macro e microminerais, respectivamente Cálcio, Fósforo e Magnésio e Cobre, Zinco e Manganês.

d) Considerar também a necessidade, dependendo das condições de solo e pastagem de Selênio, Iodo, e Vitaminas A e E.

Energia

– As necessidades energéticas por Kg de peso vivo (PV) aumentam com a idade devido á mudança nas proporções dos tecidos corporais.

– Consumo elevado de energia leva a um aumento do desenvolvimento de doenças ortopédicas, principalmente epifisíte. No entanto, o fornecimento de exercício espontâneo, ou não, poderá aliviar essas alterações, mesmo na presença de altos níveis calóricos.

– Práticas modernas de manejo e alimentação tem considerável efeito positivo sobre o bem estar dos cavalos, principalmente no que diz respeito não só ás quantidades calóricas fornecidas mas  também á qualidade do que está sendo ofertado.

– Essas práticas tem como referência os altos picos glicêmicos após refeição com açucares e amidos, que são comprovadamente fatores para o desenvolvimento de doenças ortopédicas, se optando pelo uso de fibras e óleos como fontes de energia. Isto pode evitar mudanças cíclicas no mecanismo glicose/insulina e consequente influência sobre a maturação óssea através de efeitos sobre o eixo dos hormônios responsáveis pelo crescimento.

– Existem, no entanto, indícios, que potros PSI adaptados a dietas com açucares e amidos tem baixa tolerância á insulina, comparados com os alimentados com fibras e óleos.

Proteína

– E de suma importância fornecer proteína suficiente em todas as fases do crescimento e desenvolvimento, para dar suporte a todos os tecidos orgânicos, especialmente os musculares (me refiro também ao coração e pulmões).

– A quantidade de proteínas poderá não ser tão importante quanto a qualidade dela, ou seja, seu perfil de aminoácidos essenciais.

– Os requerimentos protéicos também variam com a idade e taxa de crescimento desejada.

– Á medida que crescem, os potros diminuem seu ganho muscular e aumentam seu ganho de gordura. Esta é a razão pela qual aas necessidades protéicas são mais elevadas até os 8 meses de idade e depois diminuem. Geralmente os desmamados necessitam cerca de 4 g de Proteína Bruta (PB)/Kg de PV e os sobreanos 3 g, dependendo da qualidade da dieta.

– O único aminoácido comprovadamente limitante para o desenvolvimento dos potros é a LISINA. Pelo menos 70% da lisina deverá vir de fontes não–forrageiras. O consumo de Treonina deverá ser 80% o da Lisina.

– A fonte protéica mais eficiente para o crescimento de potros é a soja, seguida da alfafa.

– Em termo gerais, potros até 8 meses necessitam 170 mg de lisina/Kg de PV e os sobreanos 160 mg.

Vitaminas

– As vitaminas deverão ser fornecidas através de sua disponibilidade sazonal. Algumas delas aumentam e outras diminuem em função da estação do ano. Um exemplo disso é o B– caroteno, precursor da Vitamina A, que diminui seu teor nas pastagens nas épocas de estiagem.

– A vitamina A, no entanto, é armazenada no fígado do cavalo, sendo uma forma natural de evitar a carência.

– É de salientar que a Vitamina E está relacionada á composição da fibra muscular, e a sua deficiência poderá levar á fraqueza ou flacidez dos tecidos e potencia muscular.

– Ter cuidado quando se suplementa uma vitamina pois poderão ocorrer efeitos negativos. É o caso da vitamina D, que poderá, em excesso, causar calcificação dos tecidos moles e até morte.

– Como já mencionado, a maioria das vitaminas do complexo B são produzidas pelo próprio animal, havendo pouca necessidade de suplementação durante as fases de crescimento.

Minerais

– Apenas para relembrar que o Cálcio faz parte de 35% de toda a estrutura óssea e 99% de seus estoques se encontram no esqueleto. Quanto ao Fósforo, 85% dele se encontra nos ossos e dentes e cerca de 65% dos estoques de Magnésio se encontra nos ossos. Não é de se estranhar o porquê destes 3 minerais serem os mais importantes na composição óssea.

– Os maiores problemas com alimentação errada de minerais está em baixa ingestão de Cálcio e Fósforo ou relações extremadas entre eles. Altas ingestões de Fósforo estão relacionadas a doenças ortopédicas.

– O excesso de Magnésio não tem efeito negativo na formação óssea, mas compete com o Cobre na sua deposição nos ossos.

– O Cobre e Zinco são importantes na formação da cartilagem, por serem precursores do colágeno e elastina. A sua deficiência comprovadamente causa doenças ortopédicas, especialmente em articulações. No entanto, o seu uso é mais benéfico durante a gestação do que no crescimento, pois previnem o aparecimento das alterações e não sua reparação.

– O Iodo é um mineral importante não só para os hormônios da tireóide como também para a formação óssea. O seu excesso causa anomalias ósseas em potros em crescimento. É facilmente suplementado através do sal iodado.

Veja o gráfico

Assim, encerro minha série de matérias, esperando ter elucidado quaisquer dúvidas veterinárias que por ventura os leitores desta coluna possam ter tido.

Estarei á disposição para esclarecimentos sobre as matérias no email francisco@byvet.com.br.

O meu obrigado a todos.

Dr. Francisco Lança



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