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Colunista:

A CRIAÇÃO NACIONAL – COMPLEMENTO
25/03/2009 - 09h08min

A CRIAÇÃO NACIONAL – COMPLEMENTO

I – INTRODUÇÃO

Como citei, rapidamente, num dos Artigos sobre a Criação Nacional do PSI, a Crise Mundial da Economia, apesar de seus efeitos negativos para as Economias mais desenvolvidas do planeta, veio proporcionar para os Criadores brasileiros, uma oportunidade única para reforçar e elevar, consideravelmente, a QUALIDADE do Plantel de Matrizes dos Haras de Criadores que estejam, efetivamente, comprometidos com a qualidade do Produto PSI nacional.

Trata–se, inclusive, de aproveitar as “portas” abertas por alguns de nossos PSI’s, através de performances diferenciadas, no Exterior.

Ocorre que estas performances diferenciadas são episódicas, com uma freqüência que, ainda, não refletem um elevado nível de qualidade de nossa Criação do PSI como um todo, apresentando–se como casos pontuais, dificultando o seu devido  reconhecimento, por parte da Comunidade internacional de Criadores do PSI.

Este fato está diretamente correlacionado com os preços pagos por nossos Produtos pelo Mercado Internacional do PSI, usualmente, abaixo da média de preços praticados nesse Mercado, se comparados com os preços concedidos para Produtos de outros países da América do Sul, o que evidencia, pelo menos por parte desse Mercado, que o nível de qualidade do PSI desses países é superior ao nosso.

Reconheço que, antes da Crise, o acesso por parte de nossos Criadores aos “strains” (estirpes) de melhor qualificação do Mercado norte americano e, sobretudo, do Mercado europeu, era muito difícil para o Criador brasileiro, de uma forma geral, induzindo–os a um erro estratégico que, se não for corrigido com urgência, levará nossa Criação como um todo, a passos largos, para a redução do nível médio da qualidade da Criação brasileira do PSI.

Nós ainda não temos um Mercado Interno do PSI capaz de assegurar o aporte de recursos indispensável para alavancar Investimentos mais qualificados por parte de nossos heróicos Criadores do PSI, o que não ocorre com a raça bovina e, até mesmo, com a eqüina, sobretudo, com os Quarto de Milha, bastando observar os leilões desses animais, para que fique evidenciada uma expressiva diferença a favor deles.

Desta forma, a atração maior para o Criador brasileiro, seja para vender, seja para correr, encontra–se no Mercado do Exterior, sobretudo, nos Emirados Árabes, Japão, China e alguns países emergentes na Criação do PSI, o que demandará uma expressiva elevação do nível médio da qualidade de nossa Criação.

O primeiro passo para a mobilização de nossos Criadores nessa direção, é a efetiva conscientização de que nossa Criação ainda tem muito a progredir rumo a uma melhor qualificação de seus Produtos, entendendo que o sucesso de alguns de nossos PSI no Exterior são episódicos, não refletindo a qualidade de nossa Criação, como um todo.

O segundo passo encontra–se no aproveitamento das oportunidades que a Crise mundial vem proporcionando, desde o final do ano de 2008, facilitando o acesso de nossos Criadores comprometidos com a qualidade de nossos Produtos, aos “strains” qualificados dos dois Mercados do PSI mais evoluídos, ou seja, o norte americano e, sobretudo, o europeu.       

A atuação da Associação Brasileira de Criadores e Proprietários do Cavalo de Corrida, assim como, das respectivas Associações Regionais / Estaduais, será de fundamental importância, neste sentido, promovendo a conscientização e a operacionalização de seus Criadores associados, para a concretização do objetivo comum, ou seja, melhorar o nível de qualidade do PSI brasileiro.

Neste aspecto, o exemplo maior que temos conhecimento, é a atuação da Associação de Criadores do PSI do Japão, através da qual a Criação japonesa, praticamente, se encontra inserida no âmbito da Criação Internacional, como demonstram os resultados alcançados por vários de seus Produtos em importantes Provas do Calendário europeu e norte americano.

II – TENDÊNCIA da CRIAÇÃO do PSI

Não tenho dúvidas quanto à tendência que a Criação do PSI vem apresentando nos últimos anos, tendência esta já adotada pela Criação européia, com resultados amplamente compensadores, e que teve sua sublimação, recentemente, na figura da fenomenal ZARKAVA, da Criação Aga Khan, em meu julgamento, ícone da Criação mundial do PSI, nos moldes do modelo do Turfe europeu.

Observando–se sua Configuração Genética (Genótipo), pode–se constatar uma perfeita distribuição entre Alinhamentos de origem européia e norte americana, num cenário genético tendendo para o “outcross” de 5ª Geração, que não foi absoluto devido ao “linebreeding” 4 X 5 em NORTHERN DANCER e no “linebreeding” 5 X 5 (RF) na excelente Matriz, FLAMING PAGE, sob as condições exigidas pelo “Rasmussen Factor” (RF), além da presença da notável “racemare” e Matriz, tordilha, PETITE ETOILE, sua 5ª Mãe, descendente dos extraordinários FAIR TRIAL  e THE TETRARCH, através da fenomenal MUMTAZ MAHAL

Quem puder observar os resultados das Provas de Grupo, na França e na Inglaterra, fica evidenciada, na maioria dos vencedores, a nítida tendência do “blending” (mistura) entre Alinhamentos com os melhores “strains” (estirpes) europeus e norte americanos.

A Criação européia do PSI percebeu que precisava agregar aos seus “strains” mais estaminados, os “strains” típicos norte americanos, que privilegiam, expressivamente, a velocidade, mas sem perder o teor de stamina, característico dos Fundistas (2 400 m, pista de grama), adotando Alinhamentos cultivados pelos norte americanos, pontuados por Reprodutores e Matrizes europeus caracterizados pela “velocidade elástica”, ou seja, característica de Alinhamentos que priorizam o equilíbrio entre a velocidade e a stamina, para o Alcance Estamínico de distâncias acima da milha (1 600 m).

Já a Criação norte americana, permanece privilegiando a Precocidade e a Velocidade em detrimento da stamina, razão pela qual, há 30 anos, não temos um Tríplice Coroado nos USA ( a 3ª Prova de sua Tríplice Coroa, o Belmont Stakes, é realizado em 2 400 m, na pista de areia), insistindo na adoção das mesmas e reduzidas  “Bloodlines” que privilegiam a precocidade e a velocidade, em detrimento da stamina, incorrendo na nefasta figura da Consangüinidade, razão pela qual a grande maioria de seus melhores “racehorses” e “racemares” não chegam a completar a campanha dos 3 anos, seja por sérias lesões, seja porque são retirados antes de se lesionarem, sendo levados para a reprodução.

Não é outra a razão pela qual a campanha dos 2 anos, nos USA, assumiu importância de tal ordem que, praticamente, está rivalizando com a campanha dos 3 anos, sobretudo para os Potros de 2 anos que se destacam e, imediatamente, passam a ser os melhores prospectos como futuros Reprodutores, assumindo valores fantásticos.

Já os Criadores brasileiros mais representativos e comprometidos com a intenção de melhorar o nível de qualidade de nossa Criação, em sua maioria, resolveram investir na aquisição expressiva de “strains” norte americanos, em sua maioria, de qualidade, no mínimo, duvidosa, não contribuindo para melhorar o nível de qualidade do PSI brasileiro, evidentemente, ressaltando–se as devidas exceções.

III – UMA ESTRATÉGIA para a CRIAÇÃO NACIONAL

Se os nossos principais Hipódromos apresentam um traçado e pista compatíveis com o modelo de Turfe europeu, se o Calendário Clássico desses Hipódromos privilegiam suas principais Provas, compatíveis com as principais Provas do Calendário Clássico europeu, nada mais lógico que a nossa Criação do PSI, se ajuste aos padrões genéticos adotados pela Criação européia.

Como vimos acima, a Criação européia vem adotando o “blending” (mistura) de seus mais qualificados “strains” (estirpes), com os melhores “strains” norte americanos.

Desta forma, aproveitando a Crise Mundial da Economia, que vem atingindo, diretamente, a Economia da Europa e dos USA, repercutindo nos respectivos Mercados do PSI, nossa Criação passou a ter acesso, por preços convidativos, aos melhores “strains” da desenvolvida Criação desses dois Mercados.

Temos o privilégio de nos encontrar no Hemisfério Sul, onde a Temporada de Monta ocorre em período diferente da Temporada do Hemisfério Norte, o que nos faculta poder usufruir dos “strains” da Criação européia e norte americana.

Orlando Lima: omlima@infolink.com.br



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