Colunista:
A vitória surpreendente de Herói
do Bafra 21/03/2006 - 19h39min
O GP Francisco Eduardo de Paula Machado (GI), realizado domingo na grama do Hipódromo da Gávea,
foi a atração maior da semana, no Brasil. Aberto aos produtos de 3 anos é, atualmente, a segunda prova da
Tríplice Coroa carioca. O vencedor foi o menos apostado, HERÓI DO BAFRA, que deixou a pescoço, na
dupla, NORTHERN PAN (Know Heights). Como aconteceu no GP Diana, o balizamento deve ter influído no resultado do
páreo de 18 concorrentes, em 2.000 metros. Isso, porém, só o tempo comprovará. Analisando a campanha do ganhador,
pode–se dizer que a vitória não foi tão inexplicável conforme pôde parecer no primeiro momento. De fato, o potro
custou a sair de perdedor, mas quando o fez repetiu na corrida seguinte e, posteriormente, correu de maneira
aceitável em duas provas de grupo (muito numerosas), nas quais não chegou longe do vencedor.
Três
corpos atrás, em excelente terceiro, terminou FLY DORCEGO (Choctaw Ridge), na melhor atuação do páreo,
considerando–se que largou em pedra péssima. Dois corpos depois, HIS FRIEND (Fast Gold) e EPSOM HERO (Roi
Normand), juntos, em quarto e quinto. Nice Type foi o sexto, muito próximo do grupo da frente, agradando,
enquanto, ao contrário, o candidato ao título de tríplice coroado, O Dragão, decepcionou. Estes dois foram os mais
prejudicados pelo balizamento, pois largaram por fora de todos.
Herói do Bafra, criação e propriedade do Stud Mega, foi pilotado por Rodrigo Salgado, é treinado por
Venâncio Nahid e assinalou tempo espetacular: 1min58s78, pista leve, recorde da prova e a 38/100 do recorde da
distância, estabelecido por Falcon Jet em 1992. Foi o primeiro êxito clássico, em 11 apresentações.
O
pedigree do ganhador é excelente. Seu pai, Royal Academy (Nijinsky) já produziu número enorme de ganhadores de
prova de grupo, no Brasil, como Macbeth, Movie Star, Artejusta, Durban Thunder, Marenostrum, Express Way, James
Levine, Magic Lamp, Naughty Rafaela, New Regina, Notre Dame, Orma Giusta, Paradise Queen etc. Sua avó materna,
Gemini One, filha de Ghadeer e Victress, foi ganhadora clássica, com algumas colocações preciosas em provas de
grupo, e é irmã inteira do campeão Falcon Jet. Victress é ascendente, também, entre outros, de Byzantine, Ziska,
Rotação, Apetrecho, Oh Sweet Lu etc, ganhadores de prova de grupo.
Quick Hawk estréia com
triunfo clássico
No sábado, o Jockey Club Brasileiro realizou o Clássico José Calmon (L),
aberto a potros de 2 anos. A carreira atendeu a apenas cinco proprietários. Os inscritores de potrinhos iniciantes
continuam sem perceber que os perdedores mais adiantados podem perfeitamente correr com sucesso estas provas (o
páreo de perdedores, na mesma semana, também em 1.200 metros, areia, recebeu nove inscrições). E foi o que
aconteceu.
O vencedor foi o inédito QUICK HAWK (Spend A Buck e Proven Desire, por Green Dancer),
que na largada ficou afastado aproximadamente quatro corpos do penúltimo. Seu jóquei, Luiz Duarte, não se
precipitou, esperando, calmamente, a reta para, nos últimos 300 metros, atropelar e ganhar a galope. É possível
que os potros que o enfrentaram não sejam fortes, mas ainda assim Quick Hawk encheu os olhos dos observadores.
Na dupla, LORD EGO (Choctaw Ridge), que deixou OGUIYARA (Irish Fighter) e RABO DE ARRAIA (Choctaw
Ridge) a seguir. Só QUICK GIPSY (American Gipsy), o favorito, não agradou, ao chegar em quinto, muito afastado,
parecendo ter tido algum problema.
Quick Hawk, criação do Haras Santa Maria de Araras e
propriedade do Stud Raça, é treinado por Mario Rodrigues de Campos. Assinalou tempo regular: 1min13s81, na areia
leve.
Vitória expressiva de Dono da Raia
O melhor páreo da semana no Hipódromo de
Cidade Jardim, o Clássico Presidente Raphael Aguiar Paes de Barros (L) foi corrido sábado, em 2.400 metros, na
grama, para produtos de 3 anos e mais idade.
Até ano passado, este páreo fazia parte de um trio de
clássicos do Grupo II (um exagero), clássicos disputados imediatamente antes do GP São Paulo, com a característica
de prova–teste (prefiro esta às denominações de seletivas ou preparatórias). Em alguns anos foram realizados com
espaço de apenas uma semana. Agora, o Raphael Aguiar Paes de Barros foi rebaixado a Listed Race, o Oswaldo Aranha
a Grupo III, e o 14 de Março foi extinto. Os que sobraram têm importância específica. Teoricamente, os
proprietários dos melhores na clássica distância dos 2.400 metros (atualmente um pouco desprestigiada) precisam
dessas provas para saber se têm ou não possibilidades de êxito na grande carreira paulista. Oito cavalos foram
inscritos, nenhum ganhador de prova da programação clássica.
A vitória, fácil, pertenceu ao 3 anos DONO
DA RAIA (Hibernian Rhapsody), que mostrou grande capacidade de aceleração, entrando na reta entre os últimos para,
por fora de todos, dominar os rivais e livrar mais de cinco corpos sobre KING NORMAND (Roi Normand), que formou a
dupla. Em terceiro, quarto e quinto, na ordem, perto do segundo, OAKFAST (Fast Gold), TOP COLONY (New Colony) e
DUBAI (Roi Normand). King Normand e Oakfast têm 4 anos, Top Colony, 6, e Dubai, 4. Como nenhum dos quatro tem
colocação em prova clássica no eixo Rio/São Paulo, pode–se afirmar que Dono da Raia foi expressivo mas seus
rivais, não.
O ganhador, criação do Haras São Quirino e propriedade do Stud Mictik, é treinado
por Antônio Luiz Cintra, foi dirigido por Marcelo Gonçalves, na primeira vitória em prova clássica depois que se
transferiu para São Paulo, e marcou, na grama molhada, tempo apenas regular: 2min30s516. Chegou ao segundo
triunfo, primeiro clássico, em seis apresentações.
Sua mãe, Outra Arumba (Henri Le Balafré), venceu o
GP Diana (GI), sendo filha de Arumba (Viziane e Yarumba, por Carapalida), espetacular reprodutora nacional que
produziu sete filhos clássicos, inclusive os ganhadores de provas de grupo Neto Joe e Jarumba, sendo esta, por sua
vez, mâe de Ojotabê, excelente corredor.
San Fermin volta à melhor
forma
Ainda no sábado, no Hipódromo de Cidade Jardim, aconteceu a Prova Especial Assembléia
Legislativa do Estado de São Paulo, em 1.600 metros, grama. Apesar de não ser classificada, contou com um bom
campo, presentes dois ganhadores de prova de grupo e outros com boas figurações clássicas.
Venceu, com
firmeza, por mais de dois corpos, SAN FERMIN (Nugget Point e Victoria Pub, por Midnight Tiger), impondo–se a
GENTHRY (Special Nash) e PRONASTERON (Choctaw Ridge), que terminaram, na ordem, lutando pela segunda colocação.
Muito próximos, em quarto e quinto, SERIAL WINNER (Yagli) e SUPER ATLETA (Choctaw Ridge).
O ganhador,
criação de Marcos e Mauro Ribeiro Simon e propriedade do Stud Farda Vencedora, foi pilotado por Nelito Cunha e é
treinado por Selmar Lobo. O tempo deixou a desejar: 1min35s822, na pista molhada. Em páreo comum, no mesmo dia,
Xaxado Caiçado assinalou tempo melhor.
Quicken Girl conquista bonita vitória
A Prova Especial Mario Marchese, em 1.000 metros, grama, foi realizada também no sábado, na
Gávea, e reuniu um lote regular de corredores.
Vitória, por quase um corpo, da favorita QUICKEN GIRL
(Fahim e Locomotiva Sul, por Bowling), de 5 anos. Como sempre, correu entre os últimos para atropelar nos 200
metros. Na dupla, ONE PLUS ONE (Bright Again), de tardia evolução. Completaram o marcador, próximos, FLEUR DE
PROVENCE (Midnight Tiger), LADY GURIA (Spring Halo) e NATURAL LUCKY (American Gipsy). Lady Guria tem 3 anos e os
outros três, 4. A ganhadora, criação do Haras Palmerini e propriedade do Haras Verde e Preto, foi
pilotada por Alex Mota, é treinada por Oswaldo Ulloa Neto e assinalou 56s73 na pista macia.
Brilha a criação brasileira no Latino–Americano
Embora não seja prova de
grupo realizada no Brasil, vou abrir uma exceção para observar que a criação brasileira marcou presença na grande
carreira sul–americana, o GP Latino–Americano de Jockeys Clubs (GI).
O argentino Latency (Slew Gin Fizz
e Latencia, por El Asesor e Histeria, por Con Brio e Emotive), descende da grande (pequena no tamanho) corredora e
reprodutora brasileira Emocion (Orsenigo e Empeñosa, por Full Sail). A mãe do ganhador é, assim, bisneta
materna da ganhadora dos GPs Diana do Rio e de São Paulo, uma das protagonistas de um grande momento (talvez o
maior) do turfe brasileiro. Ela corria contra Derah e Clareira, para só citar duas éguas fantásticas da época.
Além de Emotive (Tang), Emocion é também mãe de Embuche, provavelmente o melhor produto da geração, e avó da
invicta Emerald Hill, tríplice coroada em São Paulo.
Já a segunda colocada, a brasileira Necessaire
(Bright Again e Ginzling, por Tokatee), criação do Haras Santa Maria de Araras, agora de proprietário uruguaio é,
sem dúvida, o melhor produto treinado em Maroñas, no momento.
Próximas atrações
Rio de Janeiro
Domingo, o Hipódromo da Gávea será palco de uma carreira
importante e, por isso, do Grupo II, o GP Presidente Emílio Garrastazu Médici., para produtos de 3 anos e mais
idade, na milha e na grama. Por que importante? É carreira necessária para que os proprietários dos melhores
milheiros em treinamento no Rio possam testar seus defensores com vistas ao GP Presidente da República paulista, a
ser realizado em maio. Coerentemente, está abaixo das Milhas Internacionais paulista e cariocas (que são,
corretamente, do Grupo I), e acima de qualquer outro GP que não tenha finalidade específica, a não ser dar
aos melhores oportunidade para correr.
Seu campo não está forte como estaria outrora, em razão do êxodo
dos melhores corredores (Eyjur, Setembro Chove, Notificado etc). Ainda assim tem de ser visto com interesse. Manaú
e Starve Runner são os destaques, mas Octahedron continua evoluindo e é perigoso. São
Paulo
Sábado, em Cidade Jardim, teremos o Clássico Presidente Luiz Oliveira de Barros, até ano
passado do Grupo II. Na grama e em 1.800 metros, é aberto a éguas de 3 anos e mais idade. Apesar de ser Listed
Race, seu campo está bem melhor do que, por exemplo, o GP Presidente Hernani Azrvedo Silva (GII), disputado há um
mês. Estão inscritas cinco ganhadoras de prova de grupo: Elfishness, Ster Barak, Sables D’Or, Quero Pule e a
3 anos, Nayara Gold. Muitas das outras 11, entretanto, podem perfeitamente prevalecer.
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