Colunista:
A CRIAÇÃO NACIONAL DO PSI – ASPECTOS BÁSICOS 25/02/2009 - 11h34min
A CRIAÇÃO NACIONAL DO PSI – PARTE II
I – ASPECTOS BÁSICOS
O Puro Sangue Inglês (PSI) resume–se em três aspectos fundamentais e básicos: GENÓTIPO, FENÓTIPO e TEMPERAMENTO.
O Genótipo é a sua Configuração Genética, refletida em seu Pedigree!
O Fenótipo está representado por sua Constituição Física, refletida em seu perfil físico, seus conjuntos físicos, seus aprumos, enfim, sua aparência externa!
Agregado ao Genótipo, temos o Temperamento, refletido na intensidade de sua Carga Nervosa!
O Planejamento Genético deve contemplar estes três aspectos básicos!
II – A CRIAÇÃO
O Brasil, apesar de ser um país tropical, a princípio, inadequado para a criação do PSI, como vimos anteriormente, possui regiões propícias para a adequada criação deste exigente, sofisticado e magnífico animal criado pelo Ser Humano, com enorme influência do Meio Ambiente no qual se desenvolve e da qualidade das condições naturais básicas que este Meio Ambiente proporciona para a sua criação, sem nada dever a algumas das regiões do planeta, consideradas como as mais apropriadas para a sua criação (Nova Zelândia, Argentina, França, Irlanda e USA).
Devo ressaltar que o Brasil pode criar o PSI, em seu mais alto nível de qualidade, se o desenvolvimento do Produto ocorrer em dois Meio Ambientes diversificados e complementares, como é o caso das regiões de Bagé, no Rio Grande do Sul, e de São José dos Pinhais / Tijucas do Sul, no Paraná, embora reconheça que, para quem não tenha Haras nessas regiões, os Custos de criação seriam expressivos, podendo inviabilizar a criação, em seus aspectos econômico–financeiros.
Uma alternativa plausível, seria a de criar e/ou recriar no regime de Pensionato, em Haras de qualidade comprovada, situados nessas regiões.
No Brasil, a combinação ideal, sob a ótica deste sistema diversificado, seria a criação baseada em Bagé e a recriação do Produto (após 10 a 12 meses), na região de São José dos Pinhais / Tijucas do Sul, ou vice versa.
Da mesma forma, o PSI criado em São Paulo, o terceiro Estado com algumas regiões adequadas à sua criação, deveria ser recriado em Bagé ou Tijucas do Sul / São José dos Pinhais, para maximizar seu desenvolvimento.
A criação do PSI no Brasil, sob este regime de criação, alcançaria o patamar mais elevado, no que se refere à sua qualificação criatória, proporcionando a melhor base possível para o seu posterior Condicionamento, Doma e Treinamento, refletindo, em última análise, um potencial de alto nível para a sua futura campanha nas pistas de corrida.
Quero deixar claro, entretanto, que a impossibilidade de uma criação sob este regime, de forma alguma, invalida a criação do PSI no Brasil, desde que adequadamente criado nestas regiões, que apresentam a condições naturais mais favoráveis para a sua criação.
Resta, ainda, a possibilidade de se criar o PSI, no Brasil, com um bom embasamento, em regiões menos favoráveis, desde que, devidamente, complementadas e suplementadas por adequados produtos proporcionados pela atualizada indústria de suplementos nutricionais, e que, apesar de não substituir, integralmente, os benefícios proporcionados pelas condições naturais mais favoráveis, possibilita resultados compensadores, embora a custos mais elevados.
Independentemente do nível de qualidade das condições naturais para a criação do PSI, há elementos difíceis de serem encontrados em estado natural, com destaque para o SELENIO que, por sua vez, só atua positivamente, quando combinado com a Vitamina E, daí resultando o Suplemento E – SE, de fundamental importância para o consistente desenvolvimento neuro–muscular do Produto.
Outro elemento de expressiva importância para o desenvolvimento do Produto, também difícil de ser encontrado em seu estado natural, é o IODO, essencial para o adequado e sadio desenvolvimento do Produto, atuando como uma espécie de agente imunizador contra doenças, encontrado em regiões litorâneas ou próximas, como é o caso de São José dos Pinhais / Tijucas do Sul, no Brasil.
A BIOTINA tem sua importância correlacionada com a formação da Cascos flexíveis e resistentes, fundamentais para sua futura campanha nas pistas.
Os Aminoácidos, em particular a LISINA, são fundamentais para a formação e consolidação orgânica do Produto.
Como elementos básicos, fundamentais e imprescindíveis para a formação e consolidação da estrutura esquelética do Produto, temos o CALCIO e o FÓSFORO que, apesar de abundantes na natureza, devem se apresentar na proporção molecular de duas moléculas de Cálcio, para uma molécula de Fósforo, sobretudo, quando encontrados em seu estado natural, freqüentemente necessitando de correção no solo.
Como citei acima, atualmente, encontramos Suplementos nutricionais que, pelo menos em parte, suprem deficiências eventualmente encontradas nas Pastagens e Água, seja na figura de Suplementos específicos, seja em Rações Balanceadas que contenham dosagens adequadas desses elementos, importantes para o desenvolvimento do Produto, mas elevando o custo da criação.
Devemos observar que a criação inadequada de um PSI, fatalmente, impedirá que os resultados projetados por um criterioso e bem elaborado Planejamento Genético, sejam alcançados.
III – A MATRIZ
O Haras, ou mesmo o Criador Avulso, comprometido com uma Criação de alto nível de qualidade, consistência e freqüência de resultados positivos, refletida na produção de elementos altamente qualificados, deve dar a maior atenção possível ao seu Plantel de Matrizes e, conseqüentemente, a cada uma das Matrizes que o integra.
A princípio, toda “racemare” é uma Matriz em potencial, mas há vários indícios a serem observados, que poderão identificar essa “racemare” como um bom prospecto para a reprodução.
A priori, a sinalização mais natural e evidente de seu futuro comportamento como Matriz, seria o seu desempenho nas pistas de corrida, o que, em meu julgamento, não constitui uma sinalização definitiva, efetiva e consistente.
Usualmente, “racemares” com campanhas intensas e extensas nas pistas, ou mesmo as que participem de Provas Clássicas e de Grupo, são submetidas a um nível mais intenso de treinamento, muitas vezes, correndo sob os efeitos de “medicamentos” que podem levá–las a ultrapassar os limites de sua capacidade locomotora, o que poderá provocar lesões, e prejudicar, parcial ou totalmente, seu Sistema Reprodutivo, comprometendo, temporária ou definitivamente, sua função como futura Matriz.
Pode–se observar ao longo da história do Turfe, que a maioria expressiva das Matrizes que se destacam na Reprodução, sobretudo, as qualificadas como extraordinárias, não foram “racemares” destacadas nas pistas de corrida, muitas delas sequer chegaram a correr, o que não quer dizer que “racemares” de elite, necessariamente, venham a ser Matrizes deficientes, mas certamente, em número muito menor que as Matrizes que não se destacaram como “racemares”.
Pode–se argumentar que “racemares” de elite fazem parte de um grupo numericamente reduzido, entretanto, se avaliarmos as que se destacaram como Matrizes diferenciadas, observamos que foram, proporcionalmente, em número mais reduzido, em flagrante contraste com a excelência de qualidade demonstrada nas pistas de corrida.
Os indícios a que me referi apontam para outros predicados agregados às suas qualidades genéticas e físicas.
As qualidades físicas se inserem num perfil físico (Fenótipo), antes de tudo, equilibrado, feminino, Conjuntos Físicos bem posicionados e em harmonia com sua estrutura física e Aprumos corretos, complementados por uma Atitude Atenta e Expressiva.
As qualidades genéticas devem ser interpretadas pela leitura adequada de sua Configuração Genética (Genótipo), refletida em seu Pedigree, destacando–se a qualidade reprodutiva de seus ancestrais, machos e fêmeas, eventuais duplicações (“Inbreedings” e “Linebreedings”) em ancestrais com comprovada qualidade reprodutiva, sobretudo, em notáveis Matrizes, observando–se a possibilidade de ocorrência de Fatores primordiais, como o “Rasmussen Factor” e o “X Factor” e o nível de nobreza genética traduzido no arranjo das Linhagens e “Bloodlines” que integram seu Pedigree de 6ª Geração.
A partir de seu Genótipo, refletido em seu Pedigree, deve–se dar especial atenção ao nível de classicismo da produção de sua Família Materna, desde sua 5ª Mãe, até sua Mãe, observando–se, sobretudo, se a produção de elementos de nível clássico e de Grupo, não foi descontinuada por, pelo menos, duas Mães subseqüentes e próximas (Mãe e 2ª Mãe), preferencialmente.
Outro aspecto a ser observado é a Diagonal Decrescente de seu Segmento Materno, pontuada pela seqüência de seus Avôs Maternos, através do nível de classicismo de sua produção como Reprodutor mas, sobretudo e primordialmente, como Avô Materno.
No que concerne ao seu Segmento Paterno, deve–se atentar para o nível da produção, como Reprodutor, de seu Pai, futuro Avô Materno do Produto em análise pelo Planejamento Genético, e de seu Avô Paterno, sendo ideal que seja considerado um “Sire of Sires”.
Após as avaliações acima descritas, e cumprida sua campanha nas pistas, será selecionado o Reprodutor que deverá proporcionar os “encaixes genético e físico” mais adequados ao seu Genótipo, devendo–se observar seu comportamento como Matriz, a partir de sua primeira Gestação e do seu comportamento como Mãe, a partir do seu primeiro Produto, ou seja, suas qualidades Biológicas.
O aspecto primordial a ser observado, após o nascimento do Produto, é o nível de seu Aleitamento, tanto na quantidade, quanto na qualidade, por ser o Alimento fundamental e, praticamente, insubstituível do recém nascido, sobretudo por ser o fator básico de imunização contra doenças, em seus primeiros meses de vida, durante o período de amamentação.
Também deve ser observado o nível de atenção e cuidados que tenha para com o seu Produto, refletindo o seu Instinto Maternal.
Outro aspecto importante refere–se à possibilidade de transmissão de problemas nos Aprumos de seus Produtos, o que só pode ser certificado, a partir do 2º ou 3º Produto.
A capacidade para a transmissão de benéficas qualidades genéticas para seus Produtos, só poderá ser constatada, após a avaliação do desempenho de seus dois ou três primeiros Produtos nas pistas de corrida, apesar da grande possibilidade de inúmeros fatores, independentes de sua atuação como Matriz, que poderão interferir, negativamente, no desempenho de seus Produtos nas pistas.
Como citei acima, o fator mais importante e fundamental para o êxito da criação do PSI para um Haras, encontra–se no seu Plantel de Matrizes (“Bloodstock”), que deve ser avaliado periodicamente, através de um processo dinâmico, conhecido por “culling”, consistindo, basicamente, na avaliação de cada Matriz integrante do Plantel do Haras, que deverá estabelecer parâmetros para essa avaliação.
Ao “culling” recomenda–se que seja agregado o “Index Selection” que, em última análise, consiste na quantificação dos parâmetros eleitos pelo “culling”, através de valores ponderados por pesos diferenciados para cada um dos parâmetros ajustados.
A Matriz ou Matrizes que não alcançarem a média final mínima estipulada pelo Haras, serão passíveis de serem substituídas por novas Matrizes.
Este processo seletivo para Matrizes, praticamente, não é adotado pelos Haras brasileiros que, quando promovem a substituição de alguma Matriz, o fazem através, simplesmente, do “feeling” (processo primário, sem embasamento técnico), ou por evidência flagrante de um problema com a Matriz.
Deve–se ressaltar, ainda, que qualquer processo seletivo completo, adotado para as Matrizes, deve contemplar, também, a fase da Gestação, sobretudo, assinalando o seu comportamento relativo à sua Fertilidade e “Soundness” (Saúde), de uma forma geral, inclusive, a sua resposta aos benefícios do Meio Ambiente da região onde se encontra situado o Haras em que está sediada.
Com ou sem um processo seletivo com embasamento técnico, o criador deverá observar, rigorosamente, a lotação ideal prevista para o seu Haras, pois a superlotação refletida no exagerado número de Matrizes, é um fator decisivo e freqüente, que compromete, efetivamente, a qualidade de sua produção.
Continua ...
Orlando Lima – omlima@infolink.com.br
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