




Colunista:
Veterinária a galope, por Dr. Francisco Lança 08/01/2009 - 13h18min
CUIDADOS COM O POTRO RECÉM– NASCIDO – Parte II
EXAME
CLÍNICO DO POTRO APÓS O PARTO
1. Parâmetros normais
–
Idade gestacional média de 341 dias, com variações de 320 a 365 dias.
– Reflexo de
sucção tem início em 20 minutos após o parto, com variações de 1 a 5 minutos.
–
Posicionamento de decúbito esternal (deitado sobre o tórax) é atingido de 1 a 2 minutos após
o parto.
– Ficar de pé é conseguido em média 57 minutos após o parto, com variações de
15 a 120 minutos.
– Temperatura varia de 37,2 a 38,9 °C
– Frequência cardíaca
maior que 60 bpm e respiratória maior que 40 rpm.
– Primeira mamada ocorre em média
após 111 minutos.
– Primeira micção (urina) em até 6 horas.
– Eliminação
do mecônio em no máximo duas horas.
– Em geral, se o potro não se levantar e mamar em
duas horas é considerado potencialmente anormal.
2. Exame do sistema
cardiovascular
– As mucosas normais são de coloração rósea e aspecto úmido. O
tempo de preenchimento capilar varia de 1 a 2 segundos.
– O pulso arterial após o
parto deverá ser forte na artéria facial ou braquial e as extremidades deverão ser
quentes.
– A freqüência cardíaca imediatamente após o parto varia de 60 a 80 bpm. Ao
tentar levantar varia de 130 a 150 bpm e nos primeiros dias de vida se mantém entre 70 a 100
bpm.
3. Exame do sistema respiratório
– A freqüência
respiratória se observa afastado do potro. Normalmente varia de 40 a 60 rpm e é regular na
primeira hora. Durante o sono poderá se tornar irregular com breves apneas. Após a primeira
hora a freqüência cai gradualmente até de 20 a 40 rpm.
– A auscultação deverá ser
realizada com o potro de pé pois existem diferenças de fonese quando o potro está deitado. A
presença de hiperfonese nas primeiras horas de vida poderá mascar alterações nas vias aéreas
menores.
– A presença de mucosas escuras (azuladas ou roxas) pode ser indicação de
oxigenação inadequada.
4. Exame do sistema gastrointestinal
–
O mecônio é uma massa escura formada por secreções glandulares e liquído e células digeridas
quando in utero. Antes do parto se move pelo trato intestinal através do peristaltismo,
ficando armazenado no colón e reto. Após o parto ocorre aumento do peristaltismo intestinal
promovendo a eliminação. Quando visualizadas fezes pastosas e claras, todo o mecônio já
foi defecado.
– A auscultação do trato gastrointestinal deverá ser bilateral sendo
audível o borborigmo. A ausência de sons poderá ser causada por obstruções e distensões
intestinais.
5. Exame do sistema urogenital
– A primeira
micção ocorre em média de 6 a 10 horas. Por mamar de 150 a 250 ml de leite a cada hora, o
volume urinário é alto, a densidade da urina é baixa e a micção freqüente.
– O umbigo
deverá ser verificado para sinais de infecção ou não fechamento do úraco (canal urinário).
Verificar também os órgãos genitais para alterações congênitas, alterações de mucosa e
protusões devido a alterações das estruturas anatômicas. É de salientar que o macho
geralmente não expõe o pênis quando urina.
6. Exame do sistema
musculoesquelético
– Avaliam–se o movimento articular, pelagem e
desenvolvimento muscular para detectar possível imaturidade ou prematuridade.
–
Observa–se a presença de ataxia, fraqueza ou deformidades angulares ou flexurais como
respectivamente valgus e varus e contratura tendínea. Analisa–se também o posicionamento da
coluna vertebral e colocação da cabeça e pescoço para se detectar presença de lordose, cifose
ou escoliose.
– O exame das costelas e ossos longos também deverá ser realizado devido
ser comum algumas éguas pisarem seus filhos.
7. Exame do sistema
nervoso
– Este exame segue as atitudes normais descritas acima. Em 24 horas o
potro deverá se encontrar forte, alerta e correndo acompanhando a mãe.
– O exame
avalia movimentos de cabeça, respostas a estímulos externos, senso visual face a obstáculos,
reflexo pupilar, reflexo de deglutição e reflexos musculares.
CUIDADOS GERAIS
APÓS O PARTO
1. Sistema de avaliação neonatal
Sistema de APGAR modificado (Koterba, 1992), onde se
determina o grau de asfixia ao nascimento através da soma dos resultados obtidos no máximo 5
minutos após o parto. Total de 0 a 3 = asfixia severa Total de 4 a 6 = asfixia média a
moderada Total de 7 a 8 = normal (sem asfixia)
2. Cuidados
umbilicais
– A ruptura do umbigo deverá ocorrer espontaneamente. O tempo para
esta ruptura não é importante desde que ocorra fora do canal do parto. Após, o umbigo deverá
ser desinfetado diariamente com imersão de iodo de 3 a 8 % até queda do coto
umbilical.
3. Avaliação da transferência de imunidade
materna
– O potro deverá ingerir colostro até no máximo 6 horas de vida. O
colostro da égua poderá ser aferido na sua quantidade de anticorpos através de um
colostrômetro, onde uma densidade mínima de 1060 d equivale a 3000 mg/dl, considerado
colostro com boa quantidade de imunoglobulinas (IgG).
– A passagem destes anticorpos é
verificada no sangue do potro 12 a 24 horas após a primeira mamada através de testes
bioquímicos fáceis de serem realizados. Os resultados obtidos poderão ser analisados da
seguinte forma:
IgG < 200 mg/dl = risco de infecção IgG entre 400 e 800 mg/dl =
infecção depende de outros fatores IgG > 800 = risco mínimo de infecção
– No
entanto níveis normais de IgG podem estar associados com infecções virais ou adquiridas
através da mãe.
– A suplementação de IgG poderá ser feita através de colostro de boa
qualidade (até 16 horas de vida) ou com plasma hiperimune (após 16 horas de
vida)
4. Enemas
– Poderão ser administrados enemas, pois
proporcionam a passagem completa do mecônio, prevenindo o desconforto e esforço causado pela
sua eliminação. Os enemas repetidos são irritantes e poderão causar hemorragias e edemas na
mucosa retal
5. Vacinação
– As éguas deverão ter sido vacinas
durante a gestação contra as principais doenças. Caso isso não tenha ocorrido o potro poderá
ser vacinado com 1500 UI de anatoxina tetânica. Outras vacinas são controversas e deverão ser
aplicadas a critério do veterinário responsável.
6. Peso e
altura
– Aferir peso e altura para comparação á normalidade e avaliar ganho
de peso (normal de 1,0 a 1,5 Kg/dia)
7. Outras considerações
–
Fornecer exercício espontâneo no primeiro dia, salvo condições climáticas extremas.
–
Evitar inóculos orais, pois atrapalham a absorção de anticorpos pelas células
intestinais.
– O uso de antibióticos deverá ser a critério do veterinário responsável,
já que alguns antibióticos podem ser nocivos ao potro e gerarem resistência bacteriana. No
entanto, alguns podem evitar futuros problemas umbilicais.
– Examinar a placenta após
o parto e pesá–la. Deverá ter de 4,5 a 7,5 Kg. Como regra geral deverá ter entre 9 a 11 % do
peso do potro.
No próximo capítulo trataremos das principais afecções dos potros recém
nascidos.
Próspero ano novo a todos.
Dr Francisco Lança:
francisco@byvet.com.br

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