Colunista:
Veterinária a galope, por Dr. Francisco Lança 23/12/2008 - 15h28min
CUIDADOS COM O POTRO RECÉM NASCIDO – Parte I
O
período pós–parto é provavelmente a etapa onde ocorrem as mais marcadas e abruptas mudanças
na vida do animal. Associadas ao nascimento, estas mudanças nada mais são que o processo de
maturação dos órgãos, que precede e acompanha as adaptações fisiológicas requeridas para a
sobrevivência. Além disso, este processo envolve a necessidade de uma sequência e integração
de uma série de eventos fisiológicos essenciais ao potro neonato.
Este capítulo
será tratado em três partes, onde na primeira abordaremos a fisiologia da transição do feto a
neonato, na segunda os cuidados e procedimentos a serem tomados após o parto com o neonato e
na terceira e última parte os principais problemas que afetam o potro
recém–nascido.
TRANSIÇÃO DE FETO A NEONATO
No período
imediatamente pós–parto, o neonato terá de ser capaz de regular integração
cardiorrespiratória para manter circulação e respiração, ingerir e digerir seus próprios
alimentos, regular a sua própria temperatura, controlar e equilibrar seus hormônios e
realizar defesa contra infecções, dentre outras.
Estas funções, que quando feto
eram realizadas na maioria pela sua mãe, passam por um processo de adaptação que será agora
descrito.
1) Alterações do sistema respiratório
– Ainda
na condição de feto, ocorre a maturação das células pulmonares através de hormônios endógenos
denominados corticoesteróides. Este processo tem início cerca de 40 dias antes do parto e
permite a formação de uma substância denominada surfactante, que impede o colabamento
pulmonar na primeira respiração após o parto.
– O início da respiração ocorre logo
após o parto e através da contração da caixa torácica do potro na passagem pelo canal do
parto, estímulos táteis e súbito resfriamento da pele, sendo as primeiras inspirações
relativamente fortes com conseqüente expansão pulmonar e absorção do líquido
pulmonar.
– Ainda nas primeiras horas pós–parto, o neonato é muito sensível a
qualquer processo que cause hipoventilação, na medida em que esta leva a uma queda de
saturação de oxigênio no sangue e conseqüentes lesões cerebrais.
2)
Alterações do sistema cardiovascular
– Na circulação sanguínea fetal
existem duas estruturas anatômicas de grande importância chamadas ducto arterioso e forâmen
oval, que permitem a passagem do sangue do pulmão para a placenta, onde ocorrem as trocas
gasosas.
– Imediatamente após o parto ocorre o fechamento destas estruturas, para
favorecer a circulação geral no corpo do potro. O ducto arterioso fecha completamente de 3 a
6 dias e o forâmen oval nas primeiras horas de vida. Este fechamento é mediado por hormônios
endógenos.
– Em seguida é realizada a integração circulação e respiração, onde, a
um grosso modo, ocorre a regulação da freqüência cardíaca com a respiratória em uma taxa de 2
a 3 para 1.
3) Regulação da temperatura
– Tem início
logo após o parto, enquanto o líquido que reveste a pelagem do neonato seca e evapora. Devido
a geralmente o parto ocorrer em temperaturas abaixo das corporais, a termorregulação se dá
através da produção de calor.
– As principais fontes para a termorregulação são o
glicogênio muscular e hepático estocado durante a gestação, e que é liberado através dos
tremores e atividade física. A segunda fonte são os carboidratos e gorduras presentes no
colostro.
– O mecanismo termorregulador com origem cerebral, mais precisamente no
hipotálamo, estará ativo logo no primeiro dia de vida.
4)
Imunidade
– O potro ao nascimento é hipogamaglobinêmico, ou seja, nasce
com quantidade de anticorpos (imunoglobulina – IgG) muito reduzida.
– A proteção é
realizada através da ingestão de anticorpos presentes no colostro da mãe, que são absorvidos
por células especiais no sistema digestivo até no máximo 36 horas após o parto, quando
ocorrerá a transformação destas células. Por isso a importância de mamar o colostro o mais
rapidamente possível.
– A função imune, mesmo nos potros saudáveis é menos efetiva
do que nos adultos. No entanto a função das células de defesa é equivalente á dos
adultos.
5) Metabolismo
– A água constitui de 70 a 75%
do peso total do neonato. Apesar disso, não são protegidos de desidratação e são mais
vulneráveis a esta devido á sua alta taxa metabólica e devido á sua função renal não ser tão
versátil como nos adultos, não concentrando eficientemente a urina.
– A taxa
metabólica é o dobro da dos adultos. A principal fonte de energia é o leite materno. O
requerimento calórico é de 100 a 120 Kcal/Kg/dia o que equivale a 5 ou 6 litros de
leite por dia. Quando doentes, o requerimento aumenta para 150 Kcal/Kg/dia, ou cerca de 12
litros de leite por dia.
FELIZ NATAL E PRÓSPERO ANO NOVO A
TODOS
Dr Francisco Lança: francisco@byvet.com.br
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