Colunista:
Veterinária a galope, por Dr. Francisco
Lança 26/11/2008 - 16h04min
O PARTO DA ÉGUA E SUAS POSSÍVEIS COMPLICAÇÔES – Parte
I
Como já comentado, a gestação da égua é de 11 meses, aproximadamente 340
dias, com variação de 320 a 360 dias. Este período pode ser prolongado devido a subnutrição
ou, mais recentemente descoberto, em éguas cobertas durante o Inverno e primavera comparadas
ás cobertas no Verão e Outono. As alterações endócrinas que iniciam o parto ainda não são
bem conhecidas nas éguas em relação a outros animais domésticos. No entanto alguns fatores já
são de domínio veterinário.
MANEJO PRÉ–PARTO
– Manter a égua
no local de parto um mês antes do previsto. Isto auxiliará a criar uma familiaridade com o
local evitando estresse. Auxilia também na produção de anticorpos maternos contra patógenos
locais, que serão concentrados no colostro.
– O soro de leite presente quando na
formação do úbere poderá ser analisado previamente para diagnosticar anticorpos
anti–hemácias, que poderão causar a morte do produto através de uma afecção denominada
isoelitrólise.
– A égua deverá ter sido vacinada ao longo da gestação contra
Rinopneumonite (Herpes vírus), Tétano, Influenza e Encefalomielite. Outras vacinas poderão
ser aplicadas visando a sanidade do potro como contra o Rhodococcus, doença de altos índices
de mortalidade e morbidade.
– A égua deverá ter acesso a área para se exercitar
diariamente e ser monitorada constantemente até os primeiros sinais de
parto.
PREDICÇÃO DO PARTO
– Não é possível predizer o dia
exato do parto apenas baseado na data da cobertura. No entanto, alguns sinais são típicos
como, desenvolvimento do úbere, visualização de cera pendendo das tetas, relaxamento da
garupa e vagina. Por vezes o extravazamento de leite é observado dias antes.
– No
momento do parto serão observados inquietude, sudorese, dilatação dos vasos sanguíneos,
principalmente no pescoço e finalmente a ruptura da bolsa alantóide e visualização dos
membros do feto.
– Alguns exames laboratoriais estão sendo utilizados para identificar
o dia do parto. Estes exames já são rotineiramente usados nos Estados Unidos através de kits
comerciais, onde a base de avaliação é a concentração de eletrólitos no colostro da
égua.
FISIOLOGIA DO PARTO
– O parto ocorre 80 % das vezes
durante a noite e é dividido em três estágios.
– Estágio 1: tem início com os
primeiros sinais de parto descritos acima (inquietude, sudorese, dilatação dos vasos
sanguíneos) e finaliza com a ruptura da bolsa. Este rompimento poderá ocorrer de pé ou com a
égua deitada. Neste estágio ocorre a rotação e posicionamento do feto para passagem através
do canal do parto.
– Estágio 2: tem início logo após o rompimento da bolsa e termina
com a saída do feto. Neste período a égua poderá andar em círculos na tentativa de acomodar o
potro. Após se deitar, as contrações uterinas fazem a expulsão do feto. Após a visualização
das paletas, o restante do corpo é rapidamente expelido. Este estágio tem duração normal de
15 a 20 minutos. No entanto não poderá passar dos 60 minutos.
– Estágio 3: tem início
após a saída do feto e expulsão da placenta e anexos fetais. Tem duração de aproximadamente 2
horas.
ASSISTÊNCIA AO PARTO
– O parto pode, e deve ser
assistido por profissional capacitado. Este acompanhamento é útil em diagnosticar
precocemente possíveis complicações durante e após o parto.
– Quando do exame manual,
luvas deverão ser usadas quando da verificação da posição fetal, evitando contaminações ao
canal do parto.
– O feto poderá ser tracionado manualmente através de seus membros
anteriores. No entanto deverá se levar em consideração que um parto rápido leva a uma
descompressão abdominal repentina poderá levar a deslocamento de alças intestinais e originar
cólica.
INDUÇÃO DO PARTO
– O parto poderá ser induzido
mediante algumas situações que coloquem a vida de égua e/ou potro em risco. Dentre elas
poderemos citar ruptura do tendão pré–púbico, laminite severa, fraturas ou outros problemas
ortopédicos que limitem a égua de continuar a gestação.
– Não deverá ser utilizada
esta técnica em éguas que tenham somente gestação prolongada.
– Dever–se–á, dentro das
condições possíveis, aguardar o início da maturação fetal. Isto poderá ser verificado através
de kits que aferem a quantidade de Potássio e Cálcio na secreção mamária. Os índices para
ambos deverão estar acima de 40 mmol/dl.
– Pela égua ser extremamente sensível á
ocitocina, esta é a droga de eleição para a indução. A aplicação poderá ser feita diluída no
soro ou em pequenas doses a cada 15 minutos até início da contração uterina e ruptura da
bolsa.
– É de salientar que a incidência de problemas relacionados com a indução é
quatro vezes maio do que nos partos normais.
No próximo artigo falaremos sobre as
complicações durante e após o parto e seus possíveis tratamentos em prol da sobrevida de égua
e potro.
Dr Francisco Lança: francisco@byvet.com.br
[ Escolher outro colunista ]
|