Giruá, mais um show

No Hipódromo da Gávea, Rio de Janeiro, domingo foi disputado o GP Salgado Filho (GII), para produtos de 3 anos e mais idade. Desta vez, excepcionalmente, teve campo valorizado pela presença de um ganhador de prova de grupo de incontestável qualidade.

E era suficiente apenas um mínimo de sensibilidade para ter certeza que em corrida normal GIRUÁ (Bonapartiste e Ellefrance, por Fast Gold) não poderia perder. Mesmo sem nunca ter atuado no Rio, era notório que os concorrentes cariocas (que nesta prova de Grupo II não poderiam usar Lasix) não tinham condição de derrotá–lo. Embora afastado, PTGUALICHO (P.T. Indy) foi bom segundo, enquanto BLUE ELF (Choctaw Ridge) era confirmado em terceiro, apesar da reclamação do jóquei de UM ABRAÇO (Notation), o quarto colocado. ROBBER DANZ (Shudanz) completou o marcador e Graziana reforçou a tese de que os clássicos do Tarumã são muito pouco seletivos. O ganhador, o segundo e o quarto têm 4 anos, o terceiro é mais velho um ano, e o quinto, dois.

Giruá, criação de Eloi José Quege e propriedade de Eládio Mavignier Benevides, foi conduzido por João Moreira, é treinado, em São Paulo, por Mário Gosik e assinalou 1Â’36”80, na pista de areia encharcada, um tempo excelente. Não contando as três vitórias no Hipódromo do Pici, que não valem para enturmação, conquistou o décimo triunfo em 11 apresentações.

Como comentado em vitória passada, a linha materna do ganhador é das mais importantes, iniciada no Brasil, no Haras Santa Maria de Araras, por Allegresse. Dela descendem Country Baby, Unifrance, So Beauty, Fool Around, El Paso, Above The Sky, Vuarnet, Rising Fever, Hobnot, Patrouilleur, Right Line etc.

Odisséia Espacial vence no final

Ainda na Gávea, mas no sábado, foi realizado o Clássico Octavio Dupont (L), em 1.600 metros, areia, para potrancas de 3 anos.

Confirmando a corrida anterior, ODISSÉIA ESPACIAL (Dodge e Lucky Cherry, por Bright Again), pilotada por Bruno Reis, voltou a vencer, agora com muita dificuldade. NOZZE DI FIGARO (First American) foi ótimo segundo, mostrando grande evolução. As demais chegaram longe. No complemento do marcador, REGAL CARINA (Our Emblem), LADY PIPOCA (Notation) e QUANTUM INDY (P.T.Indy).

A ganhadora, criação do Haras Novo Mossoró, é de propriedade do Stud Palura, sendo treinada por André Mion. Registrou 1Â’41”64, na pista macia.

A reabilitação de Don Lopes

Ainda sábado, mas no Hipódromo de Cidade Jardim, São Paulo, foi corrida a Prova Especial Presidente João Sampaio, em 3.000 metros, grama, para produtos de 4 anos e mais idade.

Reabilitando–se e confirmando ser um tanto irregular, DON LOPES (Saramon e Taquaritinga, por Itajara) fez as pazes com o vencedor. Mandou sempre no páreo. BUNDESLIGA (Rêve Doré) e OBLÍQUO (Know Heights), nesta ordem, terminaram a mais de três corpos, lutando pela segunda colocação. ILANO (Fantastic Dancer), decepcionando, e ELOGIO (Roi Normand) completaram o marcador. O vencedor, o terceiro e o quarto têm 5 anos, o segundo 4, e o quinto, 6.

Don Lopes, criação do Haras Santa Amélia e propriedade do Stud Cortez Pe, foi dirigido por Josiane Gulart, sendo treinado por Valter dos Santos Lopes. Registrou 3Â’11”7, na pista pesada, um tempo excelente, considerando–se a cerca móvel a 10 metros.

Liget, de galope

Voltando ao Hipódromo da Gávea, sábado foi realizada a Prova Especial José Bastos Padilha, em 3.200 metros, areia, para produtos de 4 anos e mais idade, com apenas três competidores. Páreo sem apostas.

LIGETI (Burooj e Elixir dÂ’Amor, por Effervescing), agora, foi à forra de LEPPARD (Clackson), que correu na frente, como na vez anterior, quando derrotou o companheiro. MARTELETE DÂ’ORO (Suspicious Mind) terminou em terceiro. Apesar de último, muito longe, obteve colocação clássica.

O ganhador, como o segundo, criação e propriedade do Haras Tributo À Ópera e treinado por Dulcino Guignoni, foi conduzido por Marcello Cardoso e registrou 3Â’36”05, na pista macia. Foi a quarta vitória, em 11 atuações.

Avaliação das provas clássicas

O GP Salgado Filho, em 1.600 metros, para produtos de 3 anos e mais idade, geralmente não justifica sua classificação de Grupo II, o que não aconteceu este ano, excepcionalmente, pela simples presença de Giruá.

Como o Clássico Octavio Dupont é reservado a potrancas de 3 anos, que ainda estão em evolução, pode–se dizer que ele correspondeu à classificação de Listed Race.

Campanhas

 Tenho consciência de que, às vezes, venho demonstrando uma certa irritação com campanhas mal planejadas dos grandes cavalos (o que pode ser visto como uma intromissão à qual não tenho direito, pois cada proprietário faz o que bem quiser). O fato é que, como todo o turfista que se preza, dói ver um puro–sangue de exceção ser perdido (ou desmoralizado) em conseqüência de inscrições mal feitas.

Agora, surgiram notícias, vindas da Europa, de que foram encerradas as campanhas da fenomenal Zarkava e do Derby–Winner New Approach. Vejo o fato como uma belíssima demonstração de amor ao puro–sangue. Se continuasse nas pistas aos 4 anos, a incomparável potranca poderia correr (e, normalmente, vencer) algumas provas de Grupo I (Prix Ganay, Coronation Cup, King George VI & Queen Elizabeth Stakes), até tentar o bicampeonato no Arco do Triunfo de 2009. E o potro poderia seguir caminho semelhante. Evidentemente, porém, correndo o risco de terem algum problema que maculasse suas campanhas (no caso de Zarkava, que já entrou para a História do turfe, irretocável).

Mas não. Como a potranca, aconteceu fato igual ao de Itajara, cujos responsáveis, em 1987, preferiram não colocar em risco uma merecida invencibilidade. Nos dias de hoje, esta atitude é surpreendente (os comerciantes do turfe, certamente, devem achá–la, no mínimo, romântica) e, ao mesmo tempo, nos dá esperança de que as coisas não continuem sendo tão frias. O lucro não pode ser mais importante do que os grandes ídolos, que têm de pairar acima de tudo. Ídolos merecem respeito e veneração.

Agora, é esperar que isso sirva de exemplo para proprietários de todo o mundo e que os campeões sejam tratados como tal. E o primeiro caso já se nos apresenta, pois Giruá, definitivamente, não merece ficar correndo páreos medíocres no Brasil.

Próximas atrações

Rio de Janeiro

Sábado, na Gávea, será realizada a Prova Especial Carlos Belmiro Rodrigues, para éguas de 3 anos e mais, em 1.900 metros, e domingo a Prova Especial Heitor de Lima e Silva, para produtos de 3 anos e mais, em 1.200. Ambas na areia.

São Paulo

Estão programadas, para o fim de semana, na areia de Cidade Jardim, a Prova Especial 29 de Outubro, em 1.600 metros, e a Prova Especial Profissionais do Turfe, em 1.200. Ambas para produtos de 3 anos e mais idade.

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