Colunista:
Veterinária a galope, por Dr. Francisco Lança 02/10/2008 - 17h31min
Manejo reprodutivo de éguas com potro
Neste capítulo serão abordadas as particularidades que vão do parto á nova gestação da égua. Aqui ocorrem importantes fenômenos endócrinos e comportamentais que poderão afetar a vida reprodutiva da égua com potro, como segue.
PUERPÉRIO
– É o período após o parto, tem duração de 5 a 8 dias e termina com o início do cio do potro.
– Ocorre a limpeza e preparação uterina para a nova gestação, mediadas pela descarga de vários hormônios, entre eles estrógeno e prostaglandina. Isto poderá causar alguns distúrbios de comportamento e de interação com outros animais. O útero tem uma regressão de tamanho de cerca de 80% nas primeiras 48 horas.
– A maternidade altera as atitudes comportamentais da égua, na medida em que os atos serão voltados para a proteção do potro recém nascido, o que também poderá causar algum estresse.
– Alguns problemas pós o parto poderão vir a acontecer como retenção de placenta, laceração vaginal ou cervical, hemorragias e infecções. Deverão ser corrigidos prontamente pelo veterinário responsável para evitar falhas reprodutivas.
CIO DO POTRO
– A égua é uma das poucas fêmeas que tem a capacidade de entrar no cio na 1ª semana após o parto e conceber.
– O cio do potro é fértil, se utilizado com critério. As taxas de concepção, porém, ficam entre os 40 e 50 % de prenhez aos 60 dias.
– A prenhez neste cio aumenta em 30 % as perdas embrionárias, abortos e distocias.
– Quando utilizado, as éguas deverão ser cobertas a partir do 8° dia pós–parto. Quanto mais tempo demorar a ovulação, maiores serão os índices de prenhez. Na pratica, ovulações após os 12 dias levam a uma taxa de aproveitamento de 60 %.
– As melhores taxas são conseguidas com a indução do cio seguinte, através do uso de prostaglandina 5 dias após a ovulação. Neste caso, o período de espera para o segundo cio é reduzido em até uma semana.
NUTRIÇÃO
– O requerimento nutricional da égua com potro é elevado. Existe a necessidade de consumo para a sua própria manutenção corporal, produção de leite e nova gestação. Tudo isto simultaneamente.
– O requerimento é divido em duas etapas: (1) até 3 meses de aleitamento e (2) após os 3 meses de aleitamento. Nestas fases de aleitamento é que ocorre o consumo máximo por parte da égua.
– A oferta diária em Kg de alimento nesta fase deverá ser de 2,5 % o peso da égua. Os requerimentos diários de Energia Digestível, Proteína Bruta, Cálcio e Fósforos são respectivamente em (1) e (2) de 28 e 24 Mcal, 1400 e 1000 g, 56 e 36 g e 36 e 22 g. Estas quantidades poderão ser fornecidas na forma de grãos e forragens na proporção de 1 : 1.
MANEJO
– Após o parto, a égua deverá ficar por 48 horas num piquete individual, para intensificar os laços maternos com seu potro e sem ser perturbada por outras éguas. Isto é extremamente importante no caso de éguas de primeira cria.
– Fornecer a primeira ração junto com linhaça ou farelo de trigo, pois nesta fase ocorre ressecamento natural das fezes, o que poderá ocasionar cólicas.
– Tentar manter a égua no pasto, salvo condições climáticas adversas ou problemas com a unidade égua–potro. Esta prática favorece a limpeza uterina.
– iniciar a rufiação no 5° dia após o parto. Isto acostumará a égua com a presença do garanhão e baixará um pouco as suas atitudes de defesa na presença do seu potro.
– Na cobertura, sempre levar o potro junto. A visualização deverá ser facilitada a fim de se prevenirem acidentes na monta.
– Algumas práticas veterinárias podem aumentar a concepção no cio do potro, assim como em outros cios. Os procedimentos são lavagens e infusões uterinas e uso de ocitócicos para contração e limpeza do útero.
Na próxima coluna trataremos do tema gestação, abordando os acontecimentos fisiológicos e patológicos que envolvem os 11 meses de espera do criador pelo seu futuro craque.
Dr Francisco Lança: francisco@byvet.com.br
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