Colunista:
Provas de Grupo, por Ivamar 10/09/2008 - 02h24min
Sorrentino
é o novo líder da geração
Sábado, no Hipódromo de Cidade Jardim, São
Paulo, os turfistas brasileiros assistiram a um dos páreos mais esperados do ano, o GP
Ipiranga, primeira prova da Quádrupla Coroa, em 1.600 metros, grama, para produtos de 3 anos.
Além de muito importante, por sua tradição e por ser do Grupo I, atualmente pode indicar o
melhor potro da geração.
Na realidade, principalmente em razão do atual êxodo dos
maiores ganhadores para o exterior, às vezes bons potros de uma geração não ficam no Brasil
para correr, por exemplo, as provas da Tríplice Coroa carioca, no ano seguinte, como sucedeu
com Byzantium, Tudo Azul e Meu Rei, que nem por isso podem ser esquecidos.
Assim, é
possível que não apareça nenhum potro melhor que SORRENTINO, que ao vencer por quase dois
corpos o até então invicto filho de Put It Back, SKYPILOT (que dominara Fluke, que por sua
vez, derrotara Estrela do Oriente), tem de ser colocado, sem nenhum favor, na liderança da
turma, e ainda que por hipótese não corra mais no Brasil, este segundo expressivo êxito em
prova do Grupo I (o outro foi na Taça de Prata) lhe dá a possibilidade de ser considerado, no
futuro, o melhor da geração. Em ótimo terceiro terminou RED REG (Redattore), mostrando
evolução e, no complemento do marcador, perto, BOKER TOV (Ayrton S) e SUPER CLASS
(Public Purse).
Sorrentino, assim como Skypilot é criação do Haras Santa Maria de
Araras. Treinamento, de Luiz Roberto Feltran no Paraná, e propriedade de José Cid Campelo
Filho e Carlos Roberto Fernandes, teve a direção de José Aparecido e registrou 1Â’33”17, na
grama leve, marca muito boa. É justo ressaltar como é excelente o Hipódromo do Jockey Club do
Paraná para treinar cavalos. Os resultados estão aí, quase todas as semanas, e são
incontestáveis.
Wild Event, pai do ganhador, figura entre os melhores garanhões em
serviço no Brasil, bastando, para comprovar esta afirmação, citar alguns de seus filhos: Eu
Também, Que Fuerza, Double Trouble, Fluke etc. Mais uma linha alta descendente de Phalaris,
da seguinte maneira: Wild Again, Icecapade, Nearctic, Nearco, Pharos e Phalaris. Bukebele
(Punk), mãe de Sorrentino, venceu os GPs Presidente Luiz Nazareno Teixeira de Assumpção (GII)
e Luiz Fernando Cirne Lima (GIII).
Bubbly Jane conquista
primeira vitória clássica
Ainda em São Paulo, e também no sábado, os
turfistas brasileiros assistiram a um outro páreo, agora muito importante por ser a
segunda prova da Tríplice Coroa de potrancas, o GP Henrique de Toledo Lara (GI), em 1.800
metros, grama, para 3 anos.
Sem Tanta Honra, ganhadora da primeira prova, cujos
responsáveis, sabiamente, decidiram não se arriscar a três viagens muito seguidas Rio/São
Paulo/Rio (viagens que, anos atrás, podem ter impedido a conquista da Tríplice Coroa pela
excelente Ever Love), o firme triunfo coube a BUBBLY JANE que, diga–se de passagem, não
correu no Barão de Piracicaba. Em segundo, LAST BET (Know Heights) em mais uma expressiva
colocação clássica, quase três corpos à frente de sua irmã paterna NOBODY KNOWS. QUI HAIL
(P.T.Indy) e TAUANE (Dancer Man) completaram o marcador.
Bubbly Jane, criação e
propriedade do Haras Interlagos, foi conduzida por João Moreira, apresentada por Felipe
Nickel e assinalou 1’46”86, na grama leve, uma boa marca. Correu cinco vezes para vencer
três, uma clássica, valendo notar que tem, também, um bom segundo em Grupo I.
Yagli,
pai da vencedora, vem se mostrando excelente garanhão. Com poucas gerações, já produziu,
entre outros, vários ganhadores de bom padrão como Time For Fun, Jet, Bagpipe, Olympic City e
Serial Winner. Esta linha paterna, que remonta ao maior chefe de raça de todos os tempos,
Phalaris, através do ramo de Mr.Prospector, um dos mais bem–sucedidos do mundo, pode ser
assim descrita: Yagli, Jade Hunter, Mr.Prospector, Raise A Native, Native Dancer, Polynesian,
Unbreakable, Sickle, Phalaris.
A mãe de Bubbly Jane, Built To Last (Knifebox), foi
vencedora dos GPs Presidente Sílvio Álvares Penteado e Jockey Club Brasileiro, ambos do Grupo
III. Da mesma forma, sua avó, Bucareli (Egoísmo), também venceu provas de grupo, a saber:
Presidente Antônio Teixeira de Assumpção Neto (GII), Presidente Sílvio Álvares Penteado
(GIII), Associação Latino–Americana de Jockey Clubs (GIII) e COPA ANPC–Éguas.
Ecoute Moi, de ponta a ponta
A melhor carreira da
semana no Hipódromo da Gávea, Rio de Janeiro, foi realizada domingo, o GP Carlos Telles e
Carlos Gilberto da Rocha Faria (GII), em 2.000 metros, grama, para potrancas de 3
anos.
No quarto triunfo, assumiu a liderança da turma carioca ECOUTE MOI (Arambaré),
uma brilhante vencedora, firme e de ponta a ponta. Na dupla, ESTRELA ANKI (Thignon Lafré),
que ultrapassou GRUA (Hibernian Rhapsody) nos metros finais, com a franca favorita TANTA
HONRA (Crimson Tide) em quarto, perto, mas de certa maneira, decepcionando. LAP DANCE (Know
Heights) completou o marcador.
Ecoute Moi, criação e propriedade do Haras Maluga, foi
pilotada por Carlos Lavor e é treinado por Victor Paim. Registrou 2Â’01”88, na pista leve, com
cerca móvel, tempo muito melhor que o marcado pelos potros logo depois. Linear (Bright Again
e Iporan), mãe da invicta ganhadora, remonta à Canicula (Copyright), uma das éguas–base da
criação Paula Machado, daíual descendem, entre outros, Brigitte, Toreador, Baronius,
Heracléon, Fantaisie, Liberté, Aporema, Vice Reine, Uma Brasa, Volupia etc.
Aromatic Lady, mais veloz
Velocistas estiveram em
ação, domingo, no Hipódromo Paulistano, no GP Independência. Outrora, os machos tinham
direito a esta prova do Grupo III. Atualmente, não.
O resultado foi
decepcionante, apresentando a vitória de uma égua mais velha sobre outras de 3 e 4 anos.
AROMATIC LADY (Coax Me Clyde e Hoyota, por Holiday Hills) conseguiu o batismo clássico aos 5
anos. Lutando pela dupla, as 4 anos MISS AURA (A Good Reason) e GUIGA (Ibero), com vantagem
pequena para a primeira. Perto, QUIMANCHE (Romarin), de 3 anos, e FLIGHT FENIX (Choctaw
Ridge), de 4, completaram o marcador. Fracassaram Sweet Kentucky, Riponga, Última Palavra,
Rivoltella e Sem Falta.
A ganhadora, criação e propriedade do Haras Di Cellius, foi
conduzida por Acedenir Gulart e é treinada, no Rio de Janeiro, por Darci Minetto. Nos 1.000
metros, grama leve, registrou 54”15, ótimo tempo. Jaguanum, no
Protetora do Turfe
Clássico regional reunindo os melhores corredores em
treinamento no Rio Grande do Sul, foi realizado quinta–feira, dia 4, o tradicional GP
Protetora do Turfe (GIII).
Mostrando ser o melhor cavalo em atividade no Hipódromo do
Cristal, JAGUANUM (Pitu da Guanabara e Dancey Kate, por Bold Forli), de 4 anos, conseguiu a
quarta vitória consecutiva, desta vez não tão fácil como as antecedentes. Na dupla, em muito
boa atuação, REI JAZZ (Roi Normand), da mesma idade do vencedor. BETTER BE GOOD (Vettori) e
COLUMÉRIO (Next Champion), ambos de 5 anos, e PEGADOR (Fast Gold), de 9, completaram o
marcador.
O ganhador, criação do Haras Mabruk e propriedade de Afonso Celso Dutra
Acauan, foi dirigido por Tiago Josué Pereira e é treinado por Paulo Monteiro. Nos 2.200
metros, areia leve, marcou 2’18”3.
Flymetothemoob prevalece
Domingo, na Gávea, foi
realizado o Clássico Justiça do Trabalho–1ª Região (L), em 2.000 metros, grama, para produtos
de 3 anos.
Em final cheio de emoção (e de alguns entreveros) o triunfo ficou com
FLYMETOTHEMOON (Roi Normand e Onefortheroad, por Ghadeer), que por diferença pequena dominou
RICH AND FAMOUS (Know Heights), com o perdedor URUBU MALANDRO (Blush Rambler) e OLYMPIC RULES
(Roi Normand) perto, nas terceira e quarta colocações. Houve reclamação do quarto contra o
terceiro, mas o páreo foi confirmado. HOT SIX (Burooj) completou o marcador.
Flymetothemoon, criação e propriedade do Haras Doce Vale, foi pilotado por
Elizandro Costa, sendo treinado por Venâncio Nahid. Registrou 2Â’04”09, na pista leve, com
cerca móvel. Foi a segunda vitória, primeira clássica, em cinco atuações.
United Force, por dois corpos
Voltando ao Hipódromo
Paulistano, domingo foi corrido o Clássico Prefeito do Município de São Paulo (L), para
produtos de 3 anos e mais idade. Em 1.400 metros, reuniu um campo apenas razoável, com apenas
um ganhador de prova de grupo.
A vitória de UNITED FORCES (Pleasant Variety e
New York Baby, por Dodge) derrotando, por dois corpos, o favorito BAIN DOUCHE (Know Heights),
que por sua vez deixou em terceiro, à cabeça, MESTRE FEITICEIRO (Vettori). SOFTWARE
(Put It Back) e ZEITZ (Choctaw Ridge) completaram o marcador. Houve reclamação do segundo
contra o primeiro, mas o páreo foi confirmado. Com exceção do quarto colocado, que tem 3
anos, os demais são um ano mais velhos.
O ganhador, criação do Haras Palmerini e
propriedade do Stud Água Fria, foi pilotado por Ivaldo Santana, é treinado por Wanildo Garcia
Tosta e assinalou 1’21”21, na grama molhada.
Right Line
confirma triunfos
Ainda domingo, na Gávea, foi realizada a Prova Especial
Independência, em 1.400 metros, grama, para éguas de 3 anos e mais idade.
Confirmando
inteiramente as duas corridas anteriores, RIGHT LINE (Put It Back e Haute Fidelité, por
Tokatee), conduzida por Carlos Lavor, em tarde de raro brilho, voltou a vencer e facilmente.
REBECCA LYNN (Sagamix) também correu bem, obtendo interessante segundo lugar. As demais não
impressionaram. Completando o marcador RESCUE FORCE (Roi Normand), IN FRAGANTI (Blade
Prospector) e RIGHT (Crimson Tide). As cinco têm 4 anos.
Right Line, criação do Haras
Santa Maria de Araras, como a segunda e a terceira, é de propriedade do Stud Quintella, sendo
treinada por Luiz Guilherme Feijó Ulloa. Registrou 1Â’23”03, na pista leve, com cerca móvel.
Foi a quarta vitória, em oito atuações.
Haras Santa Maria de
Araras
Esta coluna, normalmente, analisa apenas os cavalos de corrida,
deixando de lado as pessoas com eles envolvidas. Questão de filosofia de quem acha que a
verdadeira e grande estrela do turfe é o puro–sangue. Os criadores, porém, são completamente
integrados ao nobre esporte. Verdadeiros heróis, abnegados e apaixonados.
Por isso,
vou abrir uma exceção e falar de um criador, pois estou impressionado com os resultados
obtidos pelo Haras Santa Maria de Araras. Imagine ter quatro concorrentes de sua criação
(Sorrentino, Skypilot, Sambalado e Skip Away) no fundamental 2000 Guinéus paulista, fazendo
ponta e dupla; nos páreos milionários das Copas Leilões JCB, ter o vencedor (Signal Love), o
segundo, o terceiro e o quarto colocados (So What, No Gargalo e Saberete), e ganhar entre as
fêmeas (Smile Jenny); além de, na Prova Especial Independência, conseguir primeiro, segundo e
terceiro. Um sucesso que ocorre constantemente.
Avaliação das provas
clássicas
O GP Ipiranga, atualmente, é um dos páreos mais seletivos da
programação clássica brasileira. Corrido em setembro, ainda consegue reunir os melhores da
geração antes que eles sejam exportados, o que já se tornou lugar comum. Embora Fluke e
Estrela do Oriente não tenham sido inscritos, o páreo pode ser considerado um autêntico Grupo
I.
O GP Henrique de Toledo Lara, depois de passar a ser parte integrante da
Tríplice Coroa feminina, ganhou grande importância. Este ano não contou com a presença da
candidata ao título, em virtude da sensibilidade do proprietário de Tanta Honra, que teve a
percepção de que três viagens Rio/São Paulo/Rio em curto espaço de tempo, só poderia fazer
mal à ótima potranca. O fato, porém, é que Tanta Honra realmente permaneceu no Rio e correu
semana passada, fracassando. Algo pode ter acontecido.
O GP Carlos Telles e Carlos
Gilberto da Rocha Faria, este ano, apesar da inscrição de Tanta Honra, deixou um pouco a
desejar, prejudicado pela proximidade de um páreo comum com dotação de R$ 55.704,10.
O GP Independência (GIII) perdeu um pouco da sua importância (e de sua utilidade)
depois que os bons velocistas machos não têm mais direito a ele.
Não há
nenhuma possibilidade de o GP Protetora do Turfe (GIII) corresponder à sua classificação com
prêmio de apenas R$ 5.000,00 (mais bolsa de R$ 5.000,00 ao proprietário do cavalo vencedor).
Aliás, com as baixíssimas dotações que ora vigoram, os páreos corridos no Cristal (e também
no Tarumã) não têm valor seletivo nenhum, pois só louco tiraria um bom cavalo do Rio de
Janeiro ou de São Paulo para fazer campanha em Porto Alegre (e concorrer a prêmio de R$
960,00) ou mesmo em Curitiba (R$ 1.240,00).
O Clássico Justiça do Trabalho–1ª
Região (L), com prêmio ao primeiro colocado de R$ 13.200,00, em 2.000 metros, grama, é muito
seletivo. Considerando ser o último páreo da programação clássica antes do Grande Criterium,
GP Linneo de Paula Machado (GI), recebe, sempre, inscrições de bons (e promissores) potros da
geração de 3 anos e, por isso, merecia ser do Grupo III.
O Clássico Prefeito do
Município de São Paulo, depois de ter sua distância reduzida para 1.400 metros, perdeu a
importância. Não fosse pela presença de Bain Douche, não mereceria ser Listed
Race.
Próximas Atrações
Rio de
Janeiro
Domingo será realizado o GP José Carlos e João José de Figueiredo
(GIII), milha, grama, e sábado a nova Prova Especial Indian Chris, para éguas de 3 anos e
mais idade, em 1.200 metros, areia.
São Paulo
Serão
realizados o GP Ricardo Lara Vidigal (GIII), 2.000 metros, areia, para produtos de 3 anos e
mais idade, o Clássico Imprensa (L), em 1.800 metros, para éguas de 3 anos e mais, e a Prova
Especial Presidente Firmiano Pinto, para produtos de 4 anos e mais idade, em 2.000 metros,
areia.
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