Colunista:
Provas de Grupo, por Ivamar 06/08/2008 - 10h14min
Top Hat: a merecida
vitória
Disputado desde 1933 no Hipódromo da Gávea, Rio de Janeiro, o GP Brasil (GI) é dos mais
tradicionais páreos da América do Sul, juntamente com os GPs Carlos Pellegrini, São Paulo e alguns outros. Em
2.400 metros, como todas as melhores carreiras do mundo do turfe (excetuando–se as americanas), é acontecimento
aguardado com grande expectativa.
Na versão 2008, o grande vencedor, aos 6 anos, foi TOP HAT, mais um
campeão criado pelo Haras São José da Serra (assim como Time For Fun e Estrela do Oriente, para citar só os mais
recentes). Confesso que assisti emocionado ao seu triunfo, pois desde sua infeliz derrota no GP Cruzeiro do Sul de
2006 esperava pela corrida que iria fazer justiça à sua capacidade locomotora. Até a vitória em recorde obtida no
GP Matias Machline (GI) daquele mesmo ano não foi suficiente para medir o seu valor. Agora, finalmente (e
felizmente) o craque conseguiu a merecida consagração, construindo o perfil do páreo, fazendo valer sua enorme
velocidade para ser, de ponta a ponta, o dono absoluto do espetáculo. Distanciou credenciados rivais, dos quais
QUATRO MARES (Jules), de 5 anos, foi o que mais próximo dele chegou, sem nunca ameaçá–lo. BIÓLOGO (Vettori), de 4
anos, QUICK ROAD (Jules), da mesma idade do segundo, e NAPERON (Know Heights), 6 anos, completaram o marcador. Mr.
Nedawi chegou em sexto, agarrado. A luta pelas colocações secundárias foi grande. Da segunda à oitava posição
(Indianette), apenas quatro corpos e meio. Jeune–Turc e La Vendetta decepcionaram.
O ganhador, propriedade
do Stud JCM, foi pilotado por Altair Domingos, é treinado por João Macedo e assinalou 2Â’25”67, na grama leve, que
não estava boa para tempos. Foi a 11ª vitória, sétima clássica, em 23 apresentações.
Tavira (Effervescing),
mãe de Top Hat, irmã materna de King of Iron (GI), gerou também, entre outros, Tale e Quale, vencedora de várias
provas de grupo, e Tarradine, mãe do ganhador do GP Cruzeiro do Sul deste ano, Time For Fun que, por sinal, correu
este GP Brasil mas derrubou seu piloto durante o percurso.
O pai do ganhador é o fabuloso Royal Academy,
legítimo (e provavelmente único) continuador da linhagem do tríplice coroado Nijinsky. Em sua passagem por haras
brasileiros deixou vencedores dos GPs São Paulo (Macbeth), Cruzeiro do Sul (Herói do Bafra), Roberto e Nelson
Grimaldi Seabra (Magic Lamp), Francisco Eduardo de Paula Machado (Herói do Bafra), Taça de Prata (Durban Thunder),
Henrique Possolo (Movie Star), José Guatemozin Nogueira (Naughty Rafaela), Juliano Martins (Marenostrum) etc.
Trata–se de mais um campeão da linha paterna de Phalaris, o maior chefe de raça de todos os tempos, através do seu
descendente mais famoso, o incomparável Northern Dancer, da seguinte maneira: Royal Academy, Nijinsky, Northern
Dancer, Nearctic, Nearco, Pharos, Phalaris.
Snack Bar surpreende na
Milha
Também no domingo, o Hipódromo da Gávea foi palco da realização do GP Presidente da
República (GI), em 1.600 metros, correspondente carioca de grandes provas mundiais como o Sussex Stakes, Prix
Jacques Le Marois, Breeders´ Cup Mile etc.
Embora extremamente simpática, pode–se afirmar que a cátedra não
esperava a vitória do potro de 3 anos SNACK BAR, que contava com apenas três vitórias, uma comum em Cidade Jardim
e duas no Tarumã, nenhuma delas de chamar a atenção, em quatro atuações. Aí, o mérito total vai para a pessoa que
achou ter uma jóia nas mãos e que, audaciosa e inteligentemente o inscreveu para enfrentar os melhores do país na
distância. Suponho que tenha sido seu treinador, o paranaense Luiz Roberto Feltran, o qual, no caso, merece todos
os elogios pela sensibilidade e competência. O potro, criado pelo Haras Santa Maria de Araras (que fase!) venceu
com total autoridade por quase quatro corpos. UIGUR (Astor Place) e ESTRELA BRONO (Roi Normand), respectivamente
um e três anos mais velhos que o vencedor, cumpriram ótimas atuações, mas sem lhe dar trabalho. SENHOR EXTRA
(Spring Halo) e BAIN DOUCHE (Know Heights), de 4 anos, completaram o marcador. Com exceção do ganhador, os cavalos
terminaram o páreo muito juntos. Do segundo ao nono, apenas três corpos. Nítido voltou a decepcionar.
O
vencedor, comprado durante a semana pelo Haras Regina, foi conduzido por Ivaldo Santana e assinalou 1’34”11, na
pista leve. A mãe de Snack Bar é Magma Rock (Jules). A esta linha materna pertencem Princely Gift e Efisio, entre
outros.
Signal Tap, pai do ganhador, também pertence à linha paterna de Phalaris. Seus ascendentes são:
Fappiano, Mr.Prospector, Raise A Native, Native Dancer, Polynesian, Unbreakeable, Sickle, Phalaris.
Requebra desforra–se de Taludo
Os grandes velocistas
brasileiros do momento estiveram em ação sábado, na grama do Hipódromo da Gávea, no tradicional GP Major Suckow
(GI), que aponta o melhor da temporada, no Rio. Em 1.000 metros, reúne produtos de 3 anos e mais idade.
Os
4 anos prevaleceram, obtendo as cinco primeiras colocações. Indo à forra da derrota sofrida em maio, no Hipódromo
de Cidade Jardim, REQUEBRA, embora tivesse sofrido pequeno prejuízo antes da entrada da reta, recuperou–se e
chegou a tempo de confirmar sua condição de melhor sprinter do turfe carioca. TALUDO (Music Prospector) também
confirmou ser cavalo de grande qualidade, perdendo por cabeça, apenas, com SICÍLIA (Torrential) a menos de um
corpo, em ótimo terceiro. Os paulistas LORD–MÁLO (Feijão Preto) e BAR BAR BAR (Music Prospector) completaram o
marcador. O jóquei do segundo reclamou do da vencedora, mas o páreo foi rapidamente confirmado.
Requebra,
criação e propriedade do Haras Santa Maria de Araras, foi dirigida por Carlos Lavor, é treinada por Roberto
Morgado Jr. e assinalou 55”93, na pista leve, inexplicavelmente fraco, pior que o de Pé de Anjo, no mesmo dia. Foi
a quinta vitória, quarta de grupo, em 10 apresentações. A mãe da ganhadora, Talisa (Lode), também o é, entre
outros, das clássicas Occhiata e Quizomba.
Put It Back, pai da ganhadora, vem obtendo sucesso com suas duas
gerações brasileiras, bastando, para comprovar a afirmação, citar seus filhos Skypilot, Nítido, Rúbia del Rio,
Rising Fever, Sweet Kentucky etc. Pertence à linha paterna de Man OÂ’War, da seguinte maneira: Put It Back, Honour
And Glory, Relaunch, In Reality, Intentionally, Intent, War Relic, Man OÂ’War.
Really Winner vence entre as éguas
Também no sábado, foi realizado
na Gávea o GP Roberto e Nelson Grimaldi Seabra (GI), uma das duas maiores carreiras para éguas de diversas idades
do calendário clássico brasileiro. Geralmente, se existe alguma égua de exceção no cenário turfístico, ela não é
inscrita aqui e sim no GP Brasil, e assim, ele não aponta, sempre, a melhor do nosso país, mas consegue reunir em
seu campo corredoras de comprovada classe ou, pelo menos, altamente promissoras.
Também aqui as 4 anos
conseguiram as cinco primeiras posições. REALLY WINNER, confirmando sua grande regularidade, atropelou forte, no
meio da reta, descontando a enorme diferença que a separava da ponteira HILARIS (Parme), alcançando–a no último
pulo, em final eletrizante. Perto, BLESSED MAID (Belo Colony), RIGHT IDEA (Nedawi) e NEW PLAY (Matisse)
completaram o marcador. Paciência chegou em sexto, agarrada, e Filha Vitoriosa e Princesa Rafaela não confirmaram
as boas corridas anteriores.
A ganhadora, criação e propriedade do Haras Santa Maria de Araras, foi
pilotada por Bruno Reis, é treinada por Roberto Morgado Jr. e assinalou 2Â’00”26, apenas regular. Foi a quarta
vitória, terceira de grupo, com mais quatro segundos, em oito apresentações. Sua mãe, Just A Winner (Roy),
produziu também, entre outros, a ganhadora clássica Que Victoria. A esta linha materna pertencem Present The
Colors, Leading Counsel, Crown Thy Good, Pára–Choque etc.
Public Purse, o pai também de Celtic Princess,
Belo Purse, Scalinatella, British Nightmare, Inegrita etc, figura no momento entre os melhores garanhões em
serviço no Brasil. Por via paterna, trata–se de um descendente de Teddy, que fez grande sucesso no passado e cuja
linha alta parecia fadada ao esquecimento até o aparecimento de Damascus e, posteriormente, de seu filho Private
Account. Esta linha pode ser assim descrita: Public Purse, Private Account, Damascus, Sword Dancer, Sunglow, Sun
Again, Sun Teddy, Teddy.
Giruá corre muito, e Safe Port,
também
Também no sábado, mas no Hipódromo de Cidade Jardim, São Paulo, foi disputado o GP
Siphon (GII), que dá oportunidade aos melhores milheiros arenáticos. Reservado a produtos de 3 anos e mais idade,
este ano teve campo muito bom.
GIRUÁ (Bonapartiste e Ellefrance, por Fast Gold), confirmando sua posição de
melhor cavalo de areia em São Paulo, venceu com firmeza, embora tenha tido forte rival no potro SAFE PORT (Wild
Event). Este mostrou que sua última atuação não foi casual e, novamente, ofereceu enorme resistência ao experiente
adversário e só perdeu por meio corpo. Dos demais, pouco a dizer. SOFTWARE (Put It Back), SÉRGIO DA FAXINA (Our
Captain Willie) e PAPEL MOEDA (Boatman) completaram o marcador. Foi a oitava vitória de Giruá em São Paulo,
terceira de grupo, em nove apresentações. O primeiro, o quarto e o quinto têm 4 anos, e os segundo e terceiro são
um ano mais novos.
O ganhador, criação de Eloi José Quege e propriedade de Eládio Mavignier Benevides, foi
pilotado por José Aparecido, é treinado por Mário Gosik e desta vez assinalou tempo apenas regular: 1Â’36”36, na
pista molhada. Sua linha materna, maravilhosa, é a mesma de Country Baby, So Beauty, Fool Around, El Paso, Above
The Sky, Vuarnet, Rising Fever etc.
Dear–Est corresponde na Taça Cidade
Maravilhosa
Consolação do GP Brasil, a Taça Cidade Maravilhosa (L) é corrida após a
magna carreira carioca, reunindo os produtos de 4 e mais anos que não se aventuraram à grande prova.
O
triunfo, fácil, ficou com o 5 anos DEAR–EST (Fantastic Dancer e Daisy Vase, por Fast Gold), com MEIO DIA OLÍMPICO
(Blush Rambler), um ano mais novo, a quatro corpos, na dupla, e FUCO (Nedawi), da mesma idade do ganhador,
próximo, em terceiro. Também perto, LEPPARD (Clackson), de 5 anos, e PARK AVE (Crimson Tide), de 4, completaram o
marcador.
Dear–Est, criação do Haras San Francesco e propriedade do Stud Bucarest, é treinado por
Christiano Oliveira e teve a condução de Rodrigo Salgado. Os 2.400 metros, na grama leve, foram percorridos em
2Â’26”96. Foi a quinta vitória, terceira clássica, em 19 apresentações.
Ptgualicho impede bicampeonato de Blue Elf
Ainda no sábado, foi
disputado na Gávea, por produtos de 3 anos e mais idade, o Clássico Breno Caldas (L), em 1.600 metros,
areia.
A vitória, obtida por um corpo, ficou com PTGUALICHO (P.T.Indy e Essência Negra, por Pass The Word),
de 4 anos, que impediu que BLUE ELF (Choctaw Ridge), um ano mais velho, fosse bicampeão da prova. Longe, O MELHOR
(Exile King), de 5 anos, e SHARK BOY (Roi Normand) e AUSONE (First American), de 3 anos, completarando o
marcador.
O ganhador, criação do Haras Ponta Porã e propriedade do Stud Palura, teve a condução de Bruno
Reis e é treinado por Manoel Renato Lopes. Tempo, na pista leve, 1Â’40”12, fraco para a turma.
Alcomo dá novo show
Segunda–feira, dia 4, também na areia da Gávea,
foi realizado o Clássico Delegações Turfísticas (L), em 1.900 metros, para produtos de 4 anos e mais
idade.
Como todos esperavam, ALCOMO (Rainbow Corner e Amazing Singer, por Tokatee), venceu a galope,
conforme já fizera na última. AMOR SURPRESA (First American) formou a dupla, deixando a aproximadamente três
corpos PORTOBELO (Public Purse) e MENINA DI LUCCA (Puerto–Madero) em luta pelo terceiro lugar, favorável ao
primeiro. STARMAN (Trempolino) completou o marcador. Os cinco primeiros te, 5 anos.
Alcomo, criação do
Haras Campestre e propriedade do Stud Capitão, foi conduzido por Ilson Correa, é treinado por Claudio Peixoto de
Almeida e assinalou 2’00”32, na pista macia.
Última Palavra: vitória
inesperada
Voltando ao Hipódromo de Cidade Jardim, domingo aconteceu a Prova Especial
Presidente Antônio Grisi Filho, para potrancas de 3 anos e éguas de 4 anos e mais idade.
A vitória,
surpreendente, ficou com a potranca ÚLTIMA PALAVRA (Dodge e Uberaba Fighter, por Irish Fighter), que derrotou
RIPONGA (Put It Back) e a até então invicta QUIMANCHE (Romarin), que nas duas últimas vezes derrotara a vencedora
de agora. FLIGHT FENIX (Choctaw Ridge) e PEGGY SUE (Or Et Bleu) completaram o marcador. A vencedora e a terceira
têm 3 anos, e as outras três citadas, 4.
Última Palavra, criação do Haras Pirassununga e propriedade do
Haras Tango, foi pilotada por Maicon SantÂ’anna, é treinada por José Henrique e assinalou tempo bom: 55”450, na
pista pesada.
Avaliação das provas clássicas
Sem LÂ’Amico Steve, Mr.
Universo, Meu Rei, Celtic Princess, Audacious, Do Canadá e Joe Bravo, o GP Brasil (GI) de 2008 não foi tão
expressivo quanto poderia ser. Ainda assim, conseguiu corresponder à sua grupagem pela presença de ótimos
corredores, como Quick Road, ganhador de quatro provas do Grupo I, Top Hat, de duas, e Jeune–Turc, Quatro Mares,
La Vendetta e Time For Fun, de uma. Além dos citados, também ganhadores de prova de grupo no campo: His Friend,
Blessed Mustang, Naperon e Indianette. E todos os 19 inscritos tinham colocação clássica.
O GP Presidente
da República (GI), um dos dois páreos brasileiros mais importantes para milheiros (indevidamente chamado, nos dias
de hoje, de Internacional), recebeu um lote não tão expressivo quanto o de anos passados. Apesar da presença
de dois ganhadores de Grupo I, não correspondeu à sua grupagem.
Já o GP Major Suckow (GI) justificou
plenamente sua classificação pela presença de quatro ganhadores de grupo entre os 10 inscritos, principalmente
considerando o fato de que existem poucas provas de grupo para velocistas puros (1.000 e 1.100
metros).
Único dos quatro grandes clássicos da semana máxima do turfe carioca de caráter internacional (uma
estrangeira), o GP Roberto e Nelson Grimaldi Seabra (GI) teve nível técnico razoável, reunindo boas éguas (não
necessariamente as melhores) de 4 anos e mais idade, atualmente em treinamento no Brasil. Os responsáveis por
Indianette, La Vendetta, Quanta Classe e Rainbow Bright preferiram corrê–las no GP Brasil. Foram apenas sete
ganhadoras de grupo entre as 17 inscritas.
A Taça Cidade Maravilhosa (L), consolação do GP Brasil, recebeu
muitas inscrições de cavalos pouco expressivos. Para justificar sua classificação, apenas quatro ganhadores de
grupo entre os 21 concorrentes.
Apesar das inscrições de Alcomo e Blue Elf, os campos dos Clássico
Delegações Turfísticas (L) e Clássico Breno Caldas (L) deveriam ser melhores. Este último parecia uma simples
prova especial.
Próximas atrações
São Paulo
Sábado será
disputado o importantíssimo GP Barão de Piracicaba (GI), em 1.600 metros, grama, para as 3 anos nascidas em 2005.
Trata–se da primeira prova da Tríplice Coroa (paulista) de potrancas. Domingo, éguas de 3 anos e mais idade
correrão a XIV Copa Japão de Turfe (L).
Rio de Janeiro
Serão realizadas a Prova Especial Mario Jorge
de Carvalho, para potrancas de 3 anos, em 1.600 metros, grama, e a Prova Especial Jockey Club de Campos, em 1.500
metros, areia, para produtos de 3 anos e mais idade, versões A e B.
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