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Melhores do Derby precisam confirmar 08/11/2005 - 19h48min
Core Business ganha o Derby Paulista
No Hipódromo de Cidade Jardim, sábado, foi realizada, em 2.400 metros, a terceira prova da Quádrupla Coroa, o GP Derby Paulista (disputado desde 1917, obviamente classificado como Grupo I, que às vezes está sendo chamado, equivocadamente, de Derby Paulistano). Aberta não só aos machos, mas também às fêmeas de 3 anos (este ano, nenhuma potranca foi inscrita, mas no passado, todos lembram da participação bem–sucedida de, por exemplo, Joiosa, Zarza, Initié, Immensity etc), a carreira, tradicional e muito importante, nos últimos anos não tem contado com os melhores da geração.
Ausente, entre outros, o melhor potro paulista de 2 anos, Lamor (que derrotou Éumsonho, com firmeza, na Taça de Prata de potros), o triunfo pertenceu a CORE BUSINESS (Nedawi e Savagette, por Ghadeer), que não correu o GP Ipiranga (a primeira prova da Quádrupla Coroa) e foi sexto no GP Jockey Club de São Paulo (a segunda). Venceu firme, depois de correr em segundo, entrar na reta dominando o páreo e se pôr a salvo de qualquer arremetida. Em segundo e terceiro, lutando pela dupla, também em boas atuações, NEPOTISTA (Know Heights) e JACKSON (Clackson), tendo este liderado a carreira até a reta, e aquele atropelado no final. Igualmente agradando, em quarto e quinto, DONO DA RAIA (Hibernian Rhapsody) e FUTURE (Roi Normand). Os cinco primeiros, por enquanto, são apenas promissores. Suas atuações carecem de confirmação. E mostrando a irregularidade desta geração, as três provas que poderiam fazer um novo tríplice coroado, foram vencidas por diferentes potros. Zitromax, vencedor do Ipiranga, mudou de jóquei, mas não mudou o padrão de carreira, voltando a decepcionar, e Ocho El Negro, vencedor do Jockey Club de São Paulo, não confirmou aquela corrida. E Éumsonho, que chegou a ser líder aos dois anos, voltou a correr pouco.
Treinado por Eduardo Roldão e pilotado pelo veterano Geraldo Assis, Core Business, criação do Haras Santa Verônica e propriedade do Stud Piccollino, marcou 2´29”916, na grama macia, apenas regular. Foi a terceira vitória, primeira de grupo. Sua campanha pode ser classificada como sofrível, visto que em seis páreos comuns que disputou, ganhou apenas dois. A torcida, naturalmente, é que daqui para a frente ele corra como correu no Derby.
O pedigree de Core Business confirma que o reprodutor Nedawi (Rainbow Quest e Wajd, por Northern Dancer na magnífica corredora Dahlia) é uma das mais felizes importações feitas pela criação nacional nos últimos tempos. Produzir na primeira geração, um ganhador de Derby, Core Business, e uma ganhadora do Oaks (GP Diana), Ever Love, comprova, indiscutivelmente, a afirmação. E também que Ghadeer é um dos maiores fenômenos aparecidos na reprodução no Brasil. Depois de ter brilhado como pai, agora está brilhando, com a mesma intensidade como avô materno. Damazan (St. Chad), avó de Core Business, foi boa velocista, tendo vencido o Clássico São Francisco Xavier. A terceira mãe do ganhador, Abaiba (Twinsy), também foi ganhadora clássica, e a sexta, é a fabulosa Garbosa Bruleur, uma das maiores éguas da história do turfe brasileiro, ganhadora entre muitas outras provas, do GP São Paulo.
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Ketter é igualmente bom na grama
Ainda na programação de sábado, produtos de 4 anos e mais idade disputaram os 2.400 metros do GP Sociedade de Criadores e Proprietários de Cavalos de Corridas de São Paulo (GIII), que este ano pode ter servido para apontar prováveis concorrentes ao GP Carlos Pellegrini no mês que vem.
O vencedor KETTER (Much Better e Diana–Bela, por Empire Day), de 4 anos, que vencera dois clássicos na areia e parecia correr menos na grama, agora mostrou que é bom nas duas pistas. Altair Domingos conseguiu fazer seu conduzido atropelar pelo menor caminho, junto à cerca interna, resistindo, por isso, ao tropel do 5 anos, SINISTRO (Mensageiro Alado), que formou a dupla, à cabeça, reabilitando–se, em parte, da apagada corrida anterior. Com bom terceiro, reapareceu o irlandês THOMPSON ROUGE (Machiavellian), de 6 anos, chegando a aproximadamente três corpos dos dois primeiros. Já o 4 anos DEUTERONÔMIO (Baynoun), que vinha de bonita vitória no GP Antônio da Silva Prado, decepcionou, só conseguindo inexpressivo quarto. Completou o marcador o 6 anos PRÓXIMO MILÊNIO (Ski Champ).
Ketter, criação do Haras Morro Vermelho e propriedade do Stud Equuleus, é treinado por Luiz Antônio Singnoretti e marcou 2´28”616, na grama macia, um pouco melhor do que o de Core Business. Tem agora cinco vitórias, três clássicas, e duas colocações em provas de grupo, em 13 apresentações.
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Setembro Chove é o melhor milheiro do Brasil
Também sábado, no Hipódromo de Cidade Jardim, foi realizada a milha do GP Governador do Estado (GIII), que geralmente tem conseguido reunir cavalos de bom nível. Este ano, em seu expressivo campo (sem Eyjur, o ganhador do GP Presidente da República paulista), encontravam–se os mais destacados corredores de 1.600 metros deste ano treinados em São Paulo, no Rio e no Paraná.
O 4 anos SETEMBRO CHOVE (Fast Gold e Setting Trends, por Knifebox) mantendo o título de melhor milheiro do Brasil, venceu com firmeza, correndo desta vez um pouco mais perto e atropelando forte a partir do meio da reta, para ganhar por meio corpo. Segundo palavras de seus responsáveis foi sua última corrida, uma vez que vai continuar campanha no exterior.
Se a atuação de Setembro Chove foi convincente, a do segundo colocado NELORE PORÃ (Romarin), foi de encher os olhos. Um potro de 3 anos que, no mês de novembro, ainda um pouco inexperiente, dá o trabalho que ele deu ao melhor do Brasil na distância, tem de ser visto como grande promessa. Se confirmar este padrão de corrida, será o mais forte candidato à primeira prova da Tríplice Coroa carioca, a ser corrida no princípio do ano que vem.
Longe, completando o marcador, STARVE RUNNER (Nindiano), de 6 anos, e MESTRE COLONY (New Colony) e PESTANITA (Stuka), de 5, enquanto London Leader e Pronasteron correram muito aquém de suas possibilidades.
Setembro Chove, criação do Haras Interlagos Ltda. e propriedade do Stud Chesapeake, foi dirigido por João Moreira e é treinado, no Paraná, por Pedro Nickel Filho. O tempo, na pista macia, foi 1´34”727, longe do recorde de Eyjur.
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A potranca Offa derrota a mais velha Condesir
Completando o festival turfistico paulista do sábado foi realizado, na grama, em 2.000 metros, o Clássico Presidente José Bonifácio Coutinho Nogueira (L), para éguas de 3 anos e mais.
Colocada por dentro, na grande curva, pelo jóquei Altair Domingos e conseguindo uma providencial passagem junto à cerca interna logo depois de virada a reta final, a 3 anos OFFA (Fahim e Matiara, por Payant) livrou apreciável vantagem que lhe permitiu ficar a salvo das atropeladas de CONDESIR (Ski Champ), de 5 anos, e ENSAIA (Minstrel Glory) e SABLES D´OR (Blush Rambler), de 4. As diferenças foram de meio corpo, cabeça e cabeça. Em quinto, afastada, ETERNIDADE (Romarin), de 3 anos, que foi, surpreendentemente, a favorita. A vitória de Offa credencia, em muito, a nova geração feminina, liderada por Ever Love.
A ganhadora, criação do Haras Cifra e propriedade do Stud Les Paxá 74, é treinada por Elídio Pereira Gusso e assinalou 2´01”693, na pista macia. Foi a segunda vitória em Cidade Jardim, tendo vencido no Paraná o Clássico Primavera (L).
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Umaita Hill ganha fácil novamente
No Hipódromo da Gávea, sábado, foi realizada, em 1.200 metros, a Prova Especial Heitor de Lima e Silva, de pouca importância, para produtos de 3 anos e mais.
Felizmente, a 6 anos UMAITA HILL (Templar Hill e Ximene, por Singh Tu), única com credenciais na carreira, como esperado, venceu com autoridade, por quase oito corpos. Os adversários eram realmente muito fracos. SENHOR FANÁTICO (Spring Halo) e NEBULOSO (Clackson), de 5 anos, terminaram, na ordem, lutando pela dupla, deixando muito longe, OLD INDIAN (Bright Again) e SENHOR BORIS (Spring Halo), de 4 anos, muito juntos, nas quarta e quinta colocações.
Umaita Hill, criação do Haras Paineiras e propriedade do Stud G.M., foi dirigida por Gilvan Guimarães, tem treinamento a cargo de José Luiz Pedrosa Jr. e marcou o ótimo tempo de 1´11”5, na areia pesada.
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O´Connell´s volta a vencer na areia
Para produtos de 3 anos e mais idade, o Jockey Club Brasileiro realizou, domingo, na areia, em 2.000 metros, a Prova Especial Jayme Augusto Calvet de Vasconcellos, mais uma prova que tem título, mas se confunde com páreos de Pesos Especiais.
O 4 anos O´CONNELL´S (Jules e Cover Model, por Hang Ten) venceu com enorme facilidade, deixando na dupla, a mais de sete corpos, MONKEY AMERICAN (American Gipsy), de 6 anos. Em terceiro, longe do segundo, POPEYE (Stuka), de 5 anos. Os três comandaram as ações no páreo desde a partida. Completaram o marcador, a perder de vista, os 5 anos, MONTPELLIER e ST. FLORIAN, filhos de Patio de Naranjos. E Don Piazzolla, que já ganhou até prova do Grupo I, decepcionou totalmente.
O ganhador, criação do Haras Santa Maria de Araras e propriedade do Stud Rio Aventura, foi dirigido por Tiago Josué Pereira, é treinado por Nelson Marinho e marcou 2´06”3, na pista macia. O´Connell´s é irmão inteiro de outro ótimo arenático, Match Box, ganhador do GP Salgado Filho (GII).
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Pretty Gipsy ganha Prova Especial
No Hipódromo da Gávea, domingo, foi realizada, em 1.600 metros, a Prova Especial Presidente João Goulart, para potrancas de 3 anos. Na areia, como sempre, poucas inscrições, apenas seis.
Confirmando a última corrida, PRETTY GIPSY (Clackson e Algenib, por Bailjumper) venceu em difícil final, por cabeça, deixando na dupla a favorita MADAME CASTELO (Dubai Dust). Em terceiro, longe, ROYAL LAKE (Choctaw Ridge), completando o marcador, DUDA BELA (Dubai Dust) e MADAME ATREVIDA (Notation).
Pretty Gipsy, criação do Haras Anderson e propriedade do Stud SATC, é treinada por Dulcino Guignoni, foi pilotada por Marcelo Cardoso e marcou 1´41”1, na pista macia.
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Queenlike é a mais precoce
No Hipódromo de Cidade Jardim, domingo, produtos nascidos em 2003 tiveram sua primeira apresentação. Em 800 metros, com o título de Prova Especial Super Precoce, a vencedora foi QUEENLIKE (Blade Prospector e Alcéa, por Westheimer), por pouco mais de um corpo, sobre ZORIN (Norba). A distância, raramente usada, foi percorrida no tempo recorde de 44” 918. Em terceiro, quarto e quinto, SHUMY (Flying Uphill), KIMORENA (Ibero) e TE VOGLIO BENE (Invitato Mio).
Queenlike, criação do Haras Balada e propriedade do Stud Raça, foi dirigida por Valdir Souza e é treinada por Mario Rodrigues de Campos.
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Próximas atrações
Rio Grande do Sul
Quinta–feira, no Hipódromo do Cristal, será disputado o GP Bento Gonçalves (GI), em 2.400 metros, grama, clássico regional que deveria ser muito importante. Infelizmente, porém, os melhores dos turfes carioca e paulista não são inscritos e, por isso, os campos têm sido fraquíssimos, todos os anos, e prova do Grupo I tem que reunir os melhores do Brasil. Sendo disputado na mesma semana do Derby Paulista, os melhores produtos da nova geração não são inscritos, como poderiam. E com uma dotação inferior às das provas de grupo da Gávea e de Cidade Jardim, os mais velhos também não. Mas existe solução para o problema, e a solução é a mudança de data (com a indispensável divulgação anual junto ao Jockey Club Brasileiro e ao Jockey Club de São Paulo). O GP Bento Gonçalves (e da mesma forma o GP Paraná) não pode concorrer com os GPs São Paulo, Brasil, Derby Paulista e Cruzeiro do Sul. Dentro desta linha de raciocínio, os meses aconselháveis (para os clássicos gaúcho e paranaense) são janeiro, fevereiro, março, setembro ou outubro. Este comentário não tem a intenção de criticar e sim de sugerir e ajudar.
Se o Bento Gonçalves, que é do Grupo I, não consegue atrair o interesse dos proprietários, imagine os dois clássicos Listed. Em 1.609 metros, areia, o GP Presidente da República, e o GP Associação Brasileira dos Criadores e Proprietários do Cavalo de Corrida, em 1.200 metros, grama, têm campos igualmente muito fracos. Infelizmente.
São Paulo
Sábado, no Hipódromo de Cidade Jardim, será disputado o GP Proclamação da República (GII), carreira tradicional para velocistas, que apesar de sempre interessante, não merecia a classificação de Grupo I, o que acontecia até ano passado. Em 1.000 metros e na grama, reunirá campo dos mais expressivos. Alguns dos melhores velocistas do Brasil estão alistados, como Omaggio, Heart Alone, Prince of Wales, Marruco e Bombilla. Páreo muito bonito.
No domingo será disputada a Prova Especial Jockey Club do Rio Grande do Sul, este ano em 2.200 metros, na areia. Destaque absoluto para K´marote.
Rio de Janeiro
A carreira principal da semana, no Hipódromo da Gávea, em 1.600 metros, a ser realizada domingo, é o Clássico Ernani de Freitas (L), para potros de 3 anos.
Programado para a grama, o páreo recebeu número enorme de inscrições: 19. Fosse na areia, teria campo vazio e a força seria Atlas Mountain. Na grama, praticamente todos têm possibilidades. De qualquer forma é possível destacar Nicolalau, Kraps, Pueblo Bonito, Zahim, Neneco e Right Special, além do citado Atlas Mountain, que é uma incógnita.
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