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Colunista:

Provas de Grupo, por Ivamar
10/10/2007 - 06h50min


Tríplice Coroa: questão de sorte ou azar?

Sábado, no Hipódromo de Cidade Jardim, São Paulo, os turfistas brasileiros assistiram a um dos seis páreos mais tradicionais disputados no Brasil, o GP Diana (GI), última prova da Tríplice Coroa de potrancas do calendário de São Paulo, em 2.000 metros. As melhores 3 anos brasileiras, à exceção de Celtic Princess, Cruzada Americana e Zardana, foram inscritas.  

ÉISSOAÍ, do turfe carioca, com uma campanha muito bem dosada e que há dois meses conquistara ótimo terceiro lugar na primeira prova do certame, assumiu a liderança no meio da reta e resistiu à forte atropelada da candidata ao título, LIGHT GREEN (Blush Rambler), livrando cabeça. Típico páreo onde as peripécias foram decisivas. Enquanto a ganhadora teve percurso de rara felicidade, sua maior rival ficou muito longe e só desenvolveu quando não havia mais tempo. Em terceiro, quarto e quinto, separadas por pequenas diferenças, PRETTY CAROLINA (Vettori), SWEET–FINA (Astor Place) e JILENA (Blush Rambler), em boas atuações.

O resultado do páreo merece algumas considerações. Sendo a Tríplice Coroa um evento que, teoricamente, consagra um puro–sangue (pois vencer três provas em distâncias diferentes requer não só qualidade, como muita saúde e força física), sua realização é sempre aguardada com enorme interesse e, normalmente, deve ser ganha pela melhor da geração, o que nem sempre acontece. Este ano, o nome de Light Green veio se juntar aos de Biscuit Royale, Hail Glory, Loving New e Ever Love, que também perderam somente a última prova. A história do turfe mostra grande número de corredores que, por motivos diversos, não conseguiram a Tríplice Coroa, como Quati, Platina, Joiosa, Damping Wave, Asola, Rasharkin etc, e outros que a conseguiram sem merecer. Sábado, todos os turfistas lamentaram o percurso infeliz da potranca criada no Haras São Luiz. Existem, entretanto, os que acharam sua difícil vitória na segunda prova, imerecida, conseqüência de muitos embaraços sofridos por suas rivais. Ou seja, entendem que ela venceu aquele páreo na sorte. Estes, porém, devem estar convencidos que agora (contra várias das mesmas adversárias) ela foi a melhor. Resumindo, ganhou uma na sorte e perdeu a outra por azar. Coisas do turfe. Isso não quer dizer que Éissoaí não possa voltar a derrotá–la. São, sem dúvida, duas potrancas de excelente nível.   

A ganhadora, criação e propriedade do Haras Doce Vale, teve a direção de Dalto Duarte, é treinada por Venâncio Nahid e assinalou 1Â’58”859, na grama leve, marca excelente. Foi a quinta atuação de Éissoaí, segunda vitória, primeira clássica.

Roi Normand, pai da ganhadora, recentemente desaparecido, tem tido esplêndida passagem pela criação brasileira. É pai, entre outros, de Riboletta, Super Power, Redattore, French Opera, Innocent Kiss, Ay Caramba, Pototó, Glaire, Sunshine Way etc. Vem de Phalaris (onipresente), através de um dos ramos de maior sucesso no turfe mundial, o de Native Dancer, da seguinte maneira: Roi Normand, Exclusive Native, Raise A Native, Native Dancer, Polynesian, Unbreakable, Sickle, Phalaris.

A mãe de Éissoaí, Onefortheroad (Ghadeer e Court Lady), ganhou o mesmo Diana em 1995 e produziu também Ay Caramba, vencedor de grupo no Brasil e nos Estados Unidos. À essa linha materna iniciada no Brasil com a irlandesa Redbrick (Crepello), importada pelo Haras Sideral, pertencem Remember (Locris), ganhadora do GP Henrique Possollo, e sua irmã inteira Court Lady, vencedora do GP OSAF e ascendente dos clássicos Molengão (vencedor de Grupo II nos Estados Unidos), New Bobcat, Ohneguinha, Double Trouble, Manaú, Jump Bid etc. 

Meu Rei a caminho da Quádrupla Coroa

Também sábado, no Hipódromo Paulistano, foi disputado o GP Jockey Club de São Paulo (GI), segunda prova da Quádrupla Coroa, em 2.000 metros, para produtos de 3 anos.

Correndo de maneira diferente, desta vez entre os primeiros, MEU REI mostrou valentia incomum, pois após ser dominado por MR.UNIVERSO (Roi Normand), ao qual ultrapassara na grande curva para perder a liderança nos 500 metros, reagiu, sensacionalmente, e venceu bela carreira. Foi um típico mano a mano nos últimos 1.600 metros. Em terceiro, longe, BAIN DOUCHE (Know Heights), pouco à frente de MR.NEDAWI (Nedawi). Completando o marcador, PORTUGA (Vettori).

Meu Rei, criação do Haras Old Friends Ltda. (assim como os segundo e quarto) e propriedade do Stud Birigui, teve a direção de Ivaldo Santana e é treinado por Jorge Garcia. Registrou 1Â’58”045, na grama leve, marca extraordinária, recorde da prova. A mãe do ganhador, Xendaval, é uma argentina filha de Chicmond (Lomond).

Vettori, pai de Meu Rei, está fazendo grande sucesso em suas duas  gerações brasileiras. Produziu, entre outros, Immortelle, Do Canadá, Out of Control, vencedor, domingo, de Grupo II nos Estados Unidos, Ontemhojeesempre e Pretty Carolina. Pertence, como quase todos os grandes produtores de cavalos clássicos do turfe mundial nos dias de hoje, à linhagem paterna de Phalaris, da seguinte maneira: Vettori, Machiavellian, Mr. Prospector, Raise a Native, Native Dancer, Polynesian, Unbreakable, Sickle e Phalaris.

Bico Blanco vence na areia

Ainda no Hipódromo de Cidade Jardim, mas no domingo, aconteceu o GP Presidente Antônio Correa Barbosa (GII), em 2.200 metros, na areia, para produtos de 3 anos e mais idade.

Triunfo obtido pelo 4 anos BICO BLANCO (Astor Place e Andréa Lark, por Tumble Lark), que deixou VIDEO TAPE (Choctaw Ridge), da mesma idade, em surpreendente segundo, com o 6 anos KALIBANOS (Dark Brown), agarrado, em terceiro. As diferenças, cabeça e focinho. Os 3 anos, principalmente Triton Danz, mesmo recebendo vantagem no peso, correram muito pouco, ainda que PUERTO RICO e PLUTÃO, filhos de Dubai Dust, tenham completado o marcador. 

O ganhador, criação do Haras Xará e propriedade do Stud Gold Black teve a condução de Mário Fontoura e é treinado por Pedro Nickel. Tempo razoável na pista molhada: 2Â’16”904. Bico Blanco é mais um descendente da fabulosa Emoción, égua–base da criação brasileira, da qual descendem, entre outros, os extraordinários Emerald Hill, Embuche, Empeñosa Fitz, Latency, Colina Verde e Emotion Parade.

Requebra é a nova recordista do quilômetro

No Hipódromo da Gávea, Rio de Janeiro, a atração da semana foi corrida domingo, o GP Adhemar de Faria e Roberto Gabizo de Faria (GIII), em 1.000 metros, para produtos de 3 anos e mais idade.

Mais uma vez, predomínio das fêmeas, com a vitória de REQUEBRA (Put It Back e Talisa, por Lode), de 3 anos, mostrando que seu segundo lugar no GP Major Suckow não foi por acaso. Desforrou–se de SUPER DUDA (Notation), de 4 anos, que de qualquer forma correu muito, confirmando impressionante regularidade. Em terceiro, um macho, KE AMOUR (Notation), de 5 anos, a um corpo e meio da segunda. Em quarto, outra fêmea, HOHEITEN (Inexplicable), da mesma idade de Super Duda. Completou o marcador o 3 anos SENHOR EXTRA (Spring Halo).

Requebra, criação e propriedade do Haras Santa Maria de Araras, é treinada por Roberto Morgado Neto e foi dirigida por Elizandro Costa, este em sua primeira vitória clássica. Tempo extraordinário: 54”32, na grama leve, novo recorde. Foi a segunda vitória, primeira clássica, em cinco apresentações.

Olympic City fracassa. Vence Nayara Gold

Voltando ao Hipódromo Paulistano, também no sábado foi corrido o Clássico Mário Ribeiro Nunes Galvão (L), para éguas de 4 anos e mais idade, em 2.000 metros, grama

Em atuação anormal, a favorita Olympic City decepcionou totalmente, chegando fora do marcador, enquanto NAYARA GOLD (Know Heights e Ke Segredo, por Punk), recuperando a melhor forma, fazia as pazes com o vencedor, de maneira fácil. A aproximadamente dois corpos, JUJU WILLIE (Our Captain Willie) e ARMY SWEET (Rêve Doré) terminaram lutando pela dupla, favorável à primeira. CHATTE (Burooj) e ALELUIA ALELUIA (Mr.Fritz) completaram o marcador. A primeira, a segunda e a quinta têm 5 anos, e as outras duas, 4.  

A ganhadora, criação do Haras Ponta Porã e propriedade do Stud Raça, teve a condução de Waldomiro Blandi e foi apresentada por Marcos Guimarães Campos. Na pista leve, assinalou tempo bom: 1Â’59”487.

Avaliação das provas clássicas

O GP Diana (GI) teve muito bom campo, de acordo com sua importância., presentes as melhores potrancas aparecidas esta temporada, à exceção de Celtic Princess, Cruzada Americana e Zardana.

O GP Jockey Club de São Paulo (GI) teve campo interessante, mas com a coincidência inevitável da data da realização com a do GP Linneo de Paula Machado, fica restrito somente aos melhores de São Paulo. Os do Rio não vão a Cidade Jardim e os de São Paulo não são inscritos no GP carioca. As duas entidades não têm culpa do fato, de difícil solução.

Pode–se dizer que o GP Presidente Antônio Correa Barbosa (GII), com a presença de Triton Danz, Kalibanos e Plutão, correspondeu à sua grupagem.

O GP Adhemar de Faria e Roberto Gabizo de Faria (GIII) recebeu inscrições dos melhores velocistas em treinamento no Brasil. Tecnicamente, foi um Grupo II.

Já o Clássico Mário Ribeiro Nunes Galvão (L) teve ótimo campo, pelas inscrições de Nayara Gold, Olympic City, Juju Willie, Tatiana Sureña e Chatte. Merecia ser do Grupo III.    
 
Próximas atrações

Rio de Janeiro

Na grama do Hipódromo da Gávea, domingo, os turfistas terão o GP Linneo de Paula Machado (GI), em 2.000 metros, para os melhores corredores da geração nascida em 2004. Infelizmente, nos dias de hoje não recebe inscrições dos melhores paulistas por causa da coincidência com as grandes provas de Cidade Jardim nas mesmas turma e ocasião. Ainda assim, em seu campo estão, entre outros, Celtic Princess e Do Canadá.

Sábado, os velocistas arenáticos estarão em ação nos 1.200 metros da Prova Especial das Américas.

São Paulo

Sábado, será realizado o Clássico Emerson (L), em 2.400 metros, grama, para produtos de 3 anos, e domingo a Prova Especial Carlos Paes de Barros, em 1.000 metros, grama.



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