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Colunista:

Provas de Grupo, por Ivamar
12/09/2007 - 10h51min

Meu Rei e Vettori brilham no GP Ipiranga

Sexta–feira, no Hipódromo Paulistano, foi corrido um dos páreos mais importantes do calendário clássico brasileiro, o tradicional GP Ipiranga (GI). Primeira prova da Quádrupla Coroa, em 1.600 metros, para produtos de 3 anos, além de fundamental, atualmente pode indicar o melhor potro da geração. Como já observei ano passado, com o êxodo dos maiores ganhadores de 2 anos para o exterior, os mais destacados de uma geração não ficam no Brasil. De acordo com esta linha de raciocínio, não seria nada absurdo considerar Byzantium e Tudo Azul, por exemplo, como campeões da geração, embora os mesmos não tenham continuado campanha em hipódromos brasileiros.

Derrotado por meia cabeça, MEU REI, após julgamento da Comissão de Corridas foi, com toda a justiça, aclamado vencedor em razão de prejuízo sofrido nos metros finais, ele que já largara mal. Uma decisão que beneficiou o melhor (pelo menos nessa corrida). Em segundo e terceiro, também em ótimas atuações, o filho de Know Heights, BAIN DOUCHE, reabilitando–se de um fracasso contra os mais velhos, e PARC DES PRINCES. Completando o marcador, PORTUGA e MESTRE FEITICEIRO. Importante registrar que a corrida de Refuge Cove não pode ser levada em consideração. Algo se passou, pois desta vez nem ligeireza teve.

Meu Rei, criação do Haras Old Friends Ltda. e propriedade do Stud Birigui, teve a direção de Ivaldo Santana e é treinado por Jorge Garcia. Registrou 1Â’33”209, marca muito boa, numa grama leve, ótima para tempos. A mãe do ganhador, Xendaval, é uma argentina filha de Chicmond (Lomond). A esta linha materna pertencem, entre outros, os garanhões Northern Trick e Filiberto.

Provavelmente, o fato mais importante do resultado do páreo tenha sido a demonstração do acerto da vinda do reprodutor Vettori para o Brasil. Em prova do valor do GP Ipiranga, ser pai dos primeiro, terceiro, quarto e quinto colocados é feito a ser exaltado. Em apenas duas gerações brasileiras, além de Meu Rei, produziu, entre outros, Immortelle, Do Canadá, Out of Control, Ontemhojeesempre e Pretty Carolina. Pertence, como quase todos os grandes produtores de cavalos clássicos do turfe mundial, nos dias de hoje, à linhagem paterna de Phalaris, da seguinte maneira: Vettori, Machiavellian, Mr. Prospector, Raise a Native, Native Dancer, Polynesian, Unbreakable, Sickle e Phalaris.

Light Green confirma liderança paulista

Também em São Paulo, mas no sábado, os turfistas brasileiros assistiram a outro páreo importante, embora ainda não tenha tradição, o GP Henrique de Toledo Lara (GI), segunda prova da Tríplice Coroa de potrancas, de São Paulo, em 1.800 metros. As melhores 3 anos paulistas estiveram presentes, à exceção de Cruzada Americana.  

A líder LIGHT GREEN (Blush Rambler e Star Procida, por Procida) confirmou seu favoritismo mas, desta vez com dificuldade. BALÉ SLEW (Quinze Quilates), a segunda colocada, ameaçou seriamente a candidata ao título de tríplice coroada, que alcançará se conseguir vencer, daqui a um mês, o GP Diana. Sem ameaçar as duas primeiras, MALVADA (Vettori), ZAMBRA (Know Heights) e SEXY–LADY (Fahim), nessa ordem, chegaram a seguir. Após o julgamento do páreo, porém, Malvada foi desclassificada de terceiro para quinto. 

A ganhadora, criação da Agro Pastoril São Luiz Ltda. e propriedade do Haras Santa Camila, teve a direção de Mário Fontoura, é treinada por Pedro Nickel e assinalou 1Â’46”517, na grama leve, marca espetacular. Foi a quinta atuação de Light Green e a quarta vitória, terceira clássica.

Blush Rambler tem tido boa passagem na reprodução brasileira. É pai, entre outros, de Uapybo, Prince Di Java, Filó, High Court, New Dreams, Remilly, Sables DÂ’Or, Elfishness e Mania Star. Também pertence ao lineamento paterno de Phalaris desta maneira: Blush Rambler, Blushing Groom, Red God, Nasrullah, Nearco, Pharos, Phalaris.

Eletro Nuclear surpreende entre as velozes

Velocistas estiveram em ação na sexta–feira, no Hipódromo de Cidade Jardim, no GP Independência (Fundo de Solidariedade do Estado de São Paulo). No passado, os machos tinham direito a esta prova do Grupo III.  Agora, não. Passou a ser só para fêmeas de 3 anos e mais idade.

Voltando a mostrar que no tiro curto os 3 anos podem perfeitamente enfrentar os mais velhos, as potrancas da nova geração dominaram quase totalmente o páreo (somente a quarta tem 4 anos). ELETRO NUCLEAR (Dodge e Maravilhas, por Clever Trick) venceu com grande autoridade, por quase dois corpos, deixando na dupla GUIGA, filha do argentino Ibero, bem à frente das terceira e quarta colocadas, respectivamente REGENERADA (American Gipsy) e MISS AMALUCAI (Mr.Fritz). RUBYVILLE (Put It Back) completou o marcador, e Tomorrow Morning correu muito pouco. 

Eletro Nuclear, criação de Marcos e Mauro Ribeiro Simon e propriedade do Stud Farda Vencedora, foi pilotada por João Moreira e é treinada por Nilson Lima. Nos 1.000 metros, grama leve, registrou 54”941, um bom tempo. É irmã materna de Todas as Flores, ganhadora desta mesma prova ano passado. 

Plutão, em sensacional atropelada

Sábado, em Cidade Jardim, aconteceu a disputa do GP Ricardo Lara Vidigal (GIII) que, em 2.000 metros, na areia, reúne produtos de 3 anos que não correm bem na grama, ou não têm possibilidades no Ipiranga.

O triunfo, conseguido nos últimos metros, por focinho, pertenceu a PLUTÃO (Dubai Dust e Plasint, por Proud Arion), que deixou na dupla seu companheiro e irmão paterno, PUERTO RICO, com BIDU DA GUANABARA (Araçaí) em terceiro, à cabeça. Muito longe, TIMBROS (Kahyasin) e  BUNNY (Wondertross) completaram o marcador. 

O ganhador, assim como o segundo colocado, criação e propriedade do Stud TNT, teve a condução de Tiago Josué Pereira e é treinado por Eduardo Garcia. Tempo fraco na pista molhada: 2Â’06”072.

Really The First vence o Protetora do Turfe

No feriado de 7 de setembro, mas no Hipódromo do Cristal, Rio Grande do Sul, foi disputado o GP Protetora do Turfe (GIII), em 2.200 metros, areia, reunindo produtos de 3 anos e mais idade.

A vitória ficou com o 5 anos REALLY THE FIRST (Shudanz na ganhadora dos GPs Diana, OSAF etc, Just The First, por Hampstead), deixando perto, na dupla, BETTER BE GOOD (Vettori), um ano mais novo. Em terceiro, NORTHERN KING (Exile King), 5 anos, e em quarto, FORT BIRD (Soberbo), de 7. Completou o marcador, afastado, MATA LEÃO (Ski Champ), de 6. 

Really The First, criação do Haras Kigrandi e propriedade de Cláudio Osório Oliveira Marques., teve a condução de Claudiomir Garcia, sendo treinado por Neimar Canut. Registrou 2Â’18”2 na pista leve, tempo regular. Apesar de não ser novo, o ganhador, estreante no Cristal, tem campanha curta em São Paulo e no Paraná, o que dá a esperança de que não foi uma vitória por acaso, como tantas, e que ele a confirme.

Caio de Naranjos ganha clássico modesto

A melhor carreira da semana no Hipódromo da Gávea, Rio de Janeiro, foi realizada domingo, o Clássico Júlio Cápua (L), em 1.600 metros, para produtos de 3 anos e mais idade. Na grama, de muito interesse para diversos proprietários.

Na dança de nomes que têm vencido provas desta categoria, chegou a vez do 4 anos CAIO DE NARANJOS (Patio de Naranjos e So Fever, por Exile King). Participando ativamente do páreo, na reta resistiu a tudo e a todos. À meia cabeça, PRODO (Nedawi), um ano mais velho, que vinha de boa corrida na Milha Internacional e, por isso, foi o favorito, formou a dupla. Muito próximos, completaram o marcador, TARECO (Rainbow Corner) e FALA MANSA (Notation), ambos da mesma idade do ganhador, e ESTRELA BRONO (Roi Normand), de 5 anos. Ojos Claros decepcionou.

Caio de Naranjos, criação do Haras Capela de Santana e propriedade do Stud Casablanca, foi conduzido por Carlos Lavor, é treinado por Leopoldo Cury e assinalou 1Â’34”92, na pista leve, com cerca móvel, um bom tempo. Foi a quarta vitória no Rio, primeira clássica, em 18 atuações na Gávea e no Cristal (onde venceu duas vezes).

Olympic City é a melhor de São Paulo

Voltando ao Hipódromo Paulistano, na sexta–feira foi corrido o Clássico Imprensa (L), Octavio Frias de Oliveira, para éguas de 4 anos e mais idade, em 1.800 metros, grama

Vitória, obtida por mais de dois corpos, pela melhor égua paulista de mais idade, no momento: OLYMPIC CITY (Yagli e A Primogênita, por Tsunami Slew). Novamente, de ponta a ponta, não deu confiança às adversárias. QUE VICTORIA (Wild Event) e NAYARA GOLD (Know Heights) foram bons segundo e terceiro. Completando o marcador, próximas, JUJU WILLIE (Our Captain Willie) e CHATTE (Burooj). Houve reclamação do jóquei da sétima colocada contra o de Juju Willie, mas o páreo foi confirmado. As primeira, segunda e quinta colocadas têm 4 anos, e as terceira e quarta, 5.  

A ganhadora, criação do Haras Morumbi e propriedade do Haras Regina, teve a condução de Vagner Leal, sendo treinada por Althayr Oliveira. Na pista leve, assinalou tempo muito bom: 1Â’46”661. À linha materna de Olympic City pertencem, entre outros, a ganhadora do GP São Paulo, Rafaga Sureña, e seu filho, Golden Mountain.

Quiet Dreamer leva a melhor em reta conturbada

Sábado, na Gávea, foi realizada a Prova Especial Independência, em 1.400 metros, para éguas de 3 anos e mais idade. Como em quase todos os clássicos na grama, foi alvo do interesse de muitos proprietários.

Em final emocionante, QUIET DREAMER (Trempolino e Lizzy Girl, por Lode), a favorita, derrotou, com dificuldade, a potranca BELO VED (American Gipsy) que, por prejuízos causados a FANTASIA DO SUL, acabou sendo desclassificada para terceiro, com a filha de Notation ficando com a dupla. As diferenças foram pescoço e pescoço. Completaram o marcador, EMERALD MOON (Roi Normand), agarrada à terceira, e ALL OF YOU (Music Prospector). À exceção de Belo Ved, de 3 anos, as demais têm 4.

Quiet Dreamer, criação e propriedade do Haras Santa Maria de Araras, teve a condução de Bruno Reis, é treinada por Roberto Morgado Neto e assinalou 1Â’22”96, na pista leve, com cerca móvel. Foi a terceira vitória, primeira clássica, em 10 atuações.

Avaliação das provas clássicas

O GP Ipiranga (GI) teve muito bom campo, onde sobressaíam bons potros cariocas, inclusive Refuge Cove, os melhores paulistas com exceção de Nítido e, ainda, outros muito promissores.

O GP Henrique de Toledo Lara (GI) teve campo razoável para um Grupo I. De fato, faltou pelo menos uma das melhores cariocas para dar à prova um cunho nacional. Por isso, teve sabor de prova do Grupo II.

O GP Protetora do Turfe foi, mais uma vez, apenas um clássico regional. Nenhum atrativo técnico, pois mesmo os candidatos de melhor currículo, Fort Bird, Mata Leão e Poetisch, dificilmente alcançariam sucesso, nos dias de hoje, nas provas clássicas do Rio e de São Paulo. Não merecia ser do Grupo III.

O GP Independência (GIII) não foi mais que regular, pois as melhores velocistas não foram inscritas (como Super Duda e Requebra) ou não estão mais em treinamento (como Fast Look, Normabelle e New Hampshire). Promissoras potrancas de 3 anos, entretanto, salvaram a prova de um completo fracasso técnico. Mesmo assim, as boas apresentações de Eletro Nuclear e Guiga carecem de confirmação. Pareceu, no máximo, uma Listed Race.

O GP Ricardo Lara Vidigal, sem a presença de Triton Danz, também teve valor técnico de uma Listed Race. Até potro perdedor estava inscrito e os proprietários de alguns bons na pista de areia preferiram correr o GP Ipiranga, disputado na mesma semana.

O Clássico Júlio Cápua (L), pela proximidade com a Milha Internacional, recebe inscrições de bons milheiros, mas não os melhores, que estão gozando de merecido descanso e esperando páreos mais bem classificados. Assim, sua grupagem está correta.

Já o Clássico Imprensa (L) teve ótimo campo, pelas inscrições de Nayara Gold, Nova Lei, Miss Eminent, Olympic City, Que Victoria, Juju Willie, Tatiana Sureña e Chatte. Merecia ser do Grupo III.    
 
Próximas atrações

Rio de Janeiro

Na areia do Hipódromo da Gávea, domingo, os turfistas terão o GP Presidente Vargas (GII), em 1.900 metros, que dá oportunidade aos melhores corredores de areia de 4 anos e mais idade.

Sábado, os potros de 3 anos estarão em ação no Clássico Justiça do Trabalho–1ª Região (L), em 2.000 metros, na grama, testando sua força com vista à apresentação no Grande Criterium, GP Linneo de Paula Machado, programado para a segunda semana de outubro.

São Paulo

Sábado, será realizada a Prova Especial Riadhis, em 2.000 metros, areia, para produtos de 4 anos e mais idade.



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