Colunista:
Provas de Grupo, por Ivamar 21/08/2007 - 19h38min
LÂ’Amico Steve, o herói do GP
Brasil
Uma das quatro provas mais importantes do turfe sul–americano, similar aos fundamentais
GP Arco do Triunfo, na França, e King George VI e Queen Elizabeth Stakes, na Inglaterra, o GP Brasil (GI), corrido
domingo no Hipódromo da Gávea, geralmente reúne os mais destacados corredores de 4 anos e mais idade da chamada
primeira turma brasileira.
Demonstrando ser dos melhores da geração 2003, a mesma de Colina Verde, Eu
Também, Tudo Azul, Quick Road, Quatro Mares e Ivoire (todos ganhadores de Grupo I), LÂ’AMICO STEVE reapareceu em
ótima forma, acompanhando o páreo em terceiro, atrás de Top Hat e Quanta Classe, para nos 400 metros aparecer em
bonita atropelada, ultrapassando os ponteiros e alcançando o disco quase um corpo à frente de TANGO DI GARDEL
(Blush Rambler), com HIS FRIEND (Fast Gold) agarrado, em terceiro, e TOP HAT (Royal Academy) retrocedendo para
quarto. Os segundo, terceiro e quarto colocados têm 5 anos. QUATRO MARES (Jules), o favorito, perdeu uma ferradura
e foi somente o quinto a cruzar o disco.
LÂ’Amico Steve, nas últimas quatro corridas enfrentou, com
sucesso, alguns dos melhores corredores do país. Poupado de viagens desnecessárias, mostrou evolução tardia e
passou, agora, a figurar entre os melhores da geração, com toda a justiça. A atuação de Tango Di Gardel foi
surpreendente: até aqui tinha apenas algumas boas colocações, nada mais. Resta aguardar se ele confirmará. His
Friend voltou a mostrar expressiva regularidade (e qualidade). Top Hat teve atuação excepcional. Largou de baliza
ruim, tomou a ponta, foi guerreado pela faixa de His Friend, Quanta Classe, e mesmo assim só se entregou no final.
E em vista das circunstâncias, foi muito boa a corrida de Quatro Mares, ao contrário da do seu irmão paterno,
Quick Road, que correu pouco. Também a única fêmea do páreo, Quanta Classe, teve excelente participação na
carreira, pois foi para o sacrifício e na reta, junto à cerca, sofreu prejuízos.
O
vencedor, criação do Haras Old Friends Ltda. e propriedade do Stud Star Gold, foi conduzido por Vagner Leal e
assinalou tempo espetacular: 2Â’23”93, na grama leve, recorde da prova. De parabéns o treinador Valter dos Santos
Lopes, que não precisou de clássico preparatório para apresentar seu campeão na melhor forma. Parece até que os
três meses de descanso entre os GPs São Paulo e Brasil foram providenciais para deixar LÂ’Amico Steve no ponto.
Agora, obteve a sétima vitória (todas em 2.400 metros), terceira clássica, em 16 apresentações.
Spend A Buck, pai do ganhador, teve formidável passagem pela criação brasileira, bastando notar que
produziu Hard Buck, Pico Central, Einstein, InvestorÂ’s Dream, Irish Lover, JockeyÂ’s Dream etc. Trata–se de um
descendente do maior chefe–de–raça do século passado, Phalaris, ramo de Tom Fool. Este lineamento pode ser
descrito da seguinte maneira: Spend A Buck, Buckaroo, Buckpasser, Tom Fool, Menow, Pharamond,
Phalaris.
LÂ’Amico Steve é filho de All for Love (Ghadeer na vencedora do GP Barão de Piracicaba e
segunda no GP São Paulo, Oriental Flower, por Clackson). À esta linhagem materna, tipicamente Mondesir e iniciada
no Brasil pela inglesa Galanga (Grey Sovereign), pertencem, entre outros, Magnum Opus e o reprodutor Feijão Preto,
pai de Kik–Malo.
Jet derruba o recorde da milha
Também domingo,
na grama do Hipódromo da Gávea, foi disputado o GP Presidente da República (GI), uma das duas mais importantes
provas brasileiras para milheiros.
Mostrando extraordinária aceleração, JET (Yagli e Inflacionária, por
Clackson), de 4 anos, ganhou de maneira espetacular, por diferença mínima. A potranca CELTIC PRINCESS, em
magnífica exibição, formou a dupla, depois de dar impressão, no meio da reta, de que seria a vencedora. A torcida,
grande, dos turfistas, é no sentido de que a maravilhosa filha de Public Purse não sinta o esforço despendido. A
aproximadamente dois corpos, GLÓRIA DE CAMPEÃO (Impression), da mesma idade do vencedor, foi muito bom terceiro.
PRODO (Nedawi), de 5 anos, e SUPER JULES (Jules), de 4, completaram o marcador, não muito longe.
O
ganhador, criação do Haras Big One e propriedade do Haras Maringá dos Pinhais, foi dirigido por Ângelo Márcio
Souza e é treinado por Edinaldo Pereira da Costa. Jet correu 12 vezes para obter cinco vitórias, duas de grupo. Do
primeiro ao sétimo, menos de seis corpos. O dado mais importante da prova foi o recorde dos 1.600 metros ter sido
baixado para 1’32”29, na pista leve.
Yagli, pai do vencedor, também descende de Phalaris, por via
paterna, através do ramo de Native Dancer da seguinte maneira: Yagli, Jade Hunter, Mr.Prospector, Raise A Native,
Native Dancer, Polynesian, Unbreakable, Sickle e Phalaris. À linha materna de Jet pertencem Promised Land,
Bonapartiste etc.
As velocistas continuam predominando
Também no
Hipódromo da Gávea, mas no sábado, foi corrido o GP Major Suckow (GI), para produtos de 3 anos e mais idade, uma
das poucas e a mais importante e tradicional carreira para velocistas realizada no Rio de Janeiro.
Mais
uma vez, as fêmeas levaram vantagem no confronto com os machos. Pergunto: será que ainda existe algum observador
que negue o fato de que em distâncias curtas as éguas correm de igual para igual com os cavalos? Os resultados
estão aí para não deixar margem a dúvidas. No Quilômetro Internacional paulista, Fast Look e Super Duda dominaram
os melhores. Agora, em páreo onde Fast Look não foi inscrita, SUPER DUDA (Notation e Great Peace, por Land Force)
conquistou seu primeiro Grupo I, atropelando livre, pelo meio da raia, para alcançar a potranca de 3 anos REQUEBRA
(Put It Back), uma grata revelação, pois mostrou fantástica ligeireza. Os machos mais bem colocados terminaram em
terceiro, quarto e quinto. KE AMOUR (Notation), de 5 anos, ficou a aproximadamente dois corpos da segunda, pouco à
frente de GREAT GALLOPER (Monsieur Renoir), da mesma idade, e SENHOR EXTRA (Spring Halo), de 3 anos. Outra égua,
Moon Star, chegou agarrada, em sexto. Do primeiro ao nono, Kik–Malo, quatro corpos e meio.
Super Duda,
criação do Haras das Estrelas e propriedade do Stud Alvarenga, é treinada por Dulcino Guignoni e foi dirigida por
Marcello Cardoso. Tempo excelente: 54”85, na grama leve, recorde da prova. Foi a quinta vitória, quarta clássica,
em 16 apresentações.
Notation, pai de Super Duda, descende de Phalaris, por via paterna, desta maneira:
Notation, Well Decorated, Raja Baba, Bold Ruler, Nasrullah, Nearco, Pharos, Phalaris.
Re Thong, a melhor do Brasil
Também sábado, no Hipódromo Brasileiro, foi
realizado o GP Roberto e Nelson Grimaldi Seabra (GI), uma das duas carreiras mais importantes para éguas de várias
idades (a outra é o GP OSAF, corrido em maio, em São Paulo).
Venceu, com méritos, pois largou em baliza
ruim, a 4 anos RE THONG (Dancer Man e Lady Thong, por Nindiano), resistindo em todos os 500 metros finais ao
avanço da argentina, da mesma idade, CALANDRELLE (Candy Stripes), que lhe ficou à paleta. A seguir, sem ameaçar,
outras duas 4 anos, a favorita INDIANETTE (Know Heights) e QUADRIGLIA (Jules), em atuações que podem, contudo, ser
consideradas boas. No complemento do marcador, NIQUITA (Midnight Tiger), de 5 anos
A ganhadora, criação
do Haras Pemale do Sul e propriedade do Stud Capitão, foi pilotada por Bruno Reis e é treinada por Cláudio Peixoto
de Almeida. Os 2.000 metros, na grama leve, foram percorridos em 1’59”72, excelente, recorde da prova. Foi a sexta
vitória, quarta clássica, em 10 atuações.
Dancer Man, pai de Re Thong, descende de Blandford, por via
paterna. Seu pai, o nacional Sestero, foi bom corredor em curta campanha, sendo filho de Executioner II. Esta
linhagem remonta a Blandford, via Executioner, The Axe II, Mahmoud, Blenheim, Blandford. Fica a esperança de ver
ressurgir no Brasil esta linha paterna, o que já acontece na Europa, com o sucesso clássico do fabuloso reprodutor
alemão Monsun.
Lady Thong, mãe da ganhadora, é irmã materna de Dragonet, ganhadora de Grupo III. A esta
linha materna, provavelmente das maiores da atualidade, pertencem SadlerÂ’s Wells, Fairy King, Nureyev, Lt.Stevens,
El Condor Pasa, Sword Dance, Numerous, Thatch, LundyÂ’s Liability, Laurenciano etc.
Personalizado, em final eletrizante
Consolação do GP Brasil, a Taça
Cidade Maravilhosa (L) é corrida após a magna carreira carioca, reunindo os cavalos de 4 e mais anos que não
se aventuraram à grande prova. O triunfo, difícil, ficou com o 5 anos PERSONALIZADO (Nedawi e
Mountain Rock, por Lamerok), com OUTRO DESEJADO (Vettori), um ano mais novo, à diferença mínima, na dupla. KING
COLONY (New Colony) e PARAGUAIO (Baynoun), ambos de 6 anos, chegaram a seguir, completando o marcador, também
perto, FRIENDSHIP (Ghadeer), de 4.
Personalizado, criação e propriedade de Reni Andrade Machado, é
treinado por Dulcino Guignoni e teve a condução de Rodrigo Salgado. Os 2.400 metros, na grama leve, foram
percorridos em 2Â’25”81. Foi a quarta vitória, primeira clássica.
Blue Elf dá show
no Breno Caldas
Ainda no sábado, foi disputado na Gávea, por produtos de 3 anos e mais idade, o
Clássico Breno Caldas (L), em 1.600 metros, areia.
A vitória, obtida por mais de seis corpos, ficou com
o favorito BLUE ELF (Choctaw Ridge e British Reef, por Main Reef). Passando para segundo nos últimos metros, OVO
FRITO (Vettori) formou a dupla. O MELHOR (Exile King), QUALIFICATO (Wild Event) e KA MON (First American)
completaram o marcador. Os cinco têm 4 anos.
O ganhador, criação do Haras San Francesco e propriedade do
Stud Azul e Branco, teve a condução de Dalto Duarte e é treinado por Dulcino Guignoni. Tempo, na pista leve,
1’36”80, muito bom.
Istambul e Heap Million: final
emocionante
Segunda–feira, também na areia da Gávea, foi realizado o Clássico Delegações
Turfísticas (L), em 1.900 metros, para produtos de 4 anos e mais idade.
Por diferença
mínima, a vitória ficou com ISTAMBUL (Vettori e Blues Singer, por Ghadeer), que travou sensacional mano a mano, na
reta, com HEAP MILLION (Fritz). A mais de dois corpos, STARMAN (Trempolino) foi o terceiro, pouco à frente de
CERUTTI (Ghadeer) e LEPORELLO (Dubai Dust), que completaram o marcador. Os primeiro, terceiro e quinto têm 4 anos,
o segundo 5, e Cerutti, 7. Correram pouco Kalibanos, Alucard e Ovo Frito, que correra bem dois dias antes. O
ganhador do GP Paraná, Fogonaroupa, voltou a tirar último.
O primeiro, criação do Stud Mega e
propriedade do Haras Internacional, foi conduzido por Tiago Josué Pereira, é treinado por Eduardo Garcia e
assinalou 1Â’57”10, na pista leve, tempo excelente para a turma. Foi a quarta vitória de Istambul, primeira
clássica, em 12 apresentações.
Leggera venceu com
facilidade
Também no sábado, mas no Hipódromo de Cidade Jardim, São Paulo, foi corrida a Prova
Especial Família Marchioni, para éguas de 3 anos e mais idade, em 1.400 metros.
O resultado apresentou
duas corridas fraquíssimas das mais visadas, Dama da Arte e Do The Twist. Agora, em páreo bem mais fraco dos quais
vinha atuando, o fácil triunfo ficou com LEGGERA (Vettori e Impulsada, por Ringaro), que deixou a aproximadamente
quatro corpos, na luta pela dupla, LÍRIO DOS PAMPAS (Wondertross) e HAVANA (Villach King), favorável àquela. DO
THE TWIST, filha do argentino Ibero, terminou em inexpressivo quarto lugar, e GRAZIANA (Midnight Tiger) completou
o marcador. À exceção de Havana, com 5 anos, as outras têm 4.
A ganhadora, criação do Haras Old Friends
Ltda. e propriedade do Stud Farda Amiga, foi pilotada por João Moreira, é treinada por Nilson Lima e assinalou
1’23”105, na areia molhada.
Oakfast foi o melhor nos 3.000
metros
Domingo, também no Hipódromo Paulistano, mas na grama, foi realizada a Prova Especial
Narvik, em 3.000 metros, para produtos de 4 anos e mais idade.
Venceu OAKFAST (Fast Gold e
Oakville, por Baronius), que travou luta com FAUCHON (Roi Normand) em praticamente toda a reta, livrando
quase um corpo no final. Em terceiro, a dois corpos, NIRVANESCO (Know Heights), com HORACINHO (Nugget Point) em
quarto, não muito longe, e a perder de vista, MICK FANNING (Roi Normand), em último. O vencedor e o terceiro têm 5
anos, o segundo, 4, e os dois últimos, 6.
O ganhador, criação da Fazenda e Haras Calunga Agro Pecuária
Ltda. e propriedade do Stud Capelinha, foi conduzido por João Moreira, é treinado por Antônio Luiz Cintra e
assinalou 3Â’16”458, na pista leve, com cerca móvel.
Avaliação das provas
clássicas
Sem Colina Verde, Tudo Azul, Eu Também e Ivoire, o GP Brasil (GI), de 2007 não foi
tão expressivo quanto poderia ser. Ainda assim, conseguiu corresponder à sua grupagem, pela presença de ótimos
corredores como Quick Road, ganhador de três provas do Grupo I, Quatro Mares, Top Hat e Pototó, de uma, His Friend
e Dear–Est, de Grupo II, e LÂ’Amico Steve, de Grupo III. E só um não tinha colocação clássica.
O GP
Presidente da República (GI), um dos dois páreos brasileiros mais importantes para milheiros (indevidamente
chamado, nos dias de hoje, de Milha Internacional), recebeu um ótimo lote de competidores nacionais. Dois
ganhadores desta mesma carreira, da versão paulista deste ano, Olho de Tigre, e da versão carioca do ano passado,
Quick Gipsy, mais a égua Que Fuerza, ganhadora dos Mil Guinéus cariocas, a potranca líder invicta, Celtic
Princess, e ainda Glória de Campeão, Jet e Ojos Claros, primeiros em testes em provas de grupo, estavam no campo.
Do páreo constavam, também, corredores com colocações clássicas.
Pode–se dizer que o GP Major
Suckow (GI) não correspondeu à sua classificação. Apesar de haver uma inexplicável tendência nacional para não
valorizar os velocistas puros (não programando na quantidade necessária clássicos em 1.000 e 1.100 metros), o
páreo poderia ficar mais forte tecnicamente, caso tivesse a participação da impressionante ganhadora do Quilômetro
Internacional paulista, Fast Look. De qualquer forma, como os velocistas de 3 anos, sem páreos clássicos para
correr, suas inscrições no Suckow oferecem um brilho (e uma expectativa) a mais na grande carreira.
Único dos quatro grandes clássicos da semana máxima do turfe carioca a ter caráter realmente
internacional (com duas estrangeiras), o GP Roberto e Nelson Grimaldi Seabra (GI) teve bom nível técnico, reunindo
as melhores éguas de 4 anos e mais idade, atualmente em treinamento no Brasil. Foram duas ganhadoras de Grupo I,
cinco de Grupo II e duas de Grupo III.
A Taça Cidade Maravilhosa (L), consolação do GP Brasil, não fosse
pela presença de Paraguaio (dois grupos II), seria apenas uma prova especial.
Nem todos os bons
arenáticos foram anotados no Clássico Delegações Turfísticas (L), que geralmente já não conta com participantes da
primeira turma. Também merecia ser apenas uma prova especial.
Mais fraco, ainda, o Clássico Breno Caldas
(L). Sem Nice Bet e Feito Craque, também teve aparência de uma simples prova especial.
Próximas atrações
São Paulo
Sábado será realizado o
Clássico Cândido Egydio de Souza Aranha (L), em 2.000 metros, grama, para produtos de 4 anos e mais
idade.
Rio de Janeiro
Serão realizadas a Prova Especial Jayme Moniz de Aragão, para
produtos de 3 anos e mais idade, em 1.300 metros, grama, e a Prova Especial Jockey Club do Rio Grande do Sul–Taça
J.A. Flores da Cunha, em 1.600 metros, grama, para potros de 3 anos.
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