Colunista:
Provas de Grupo, por Ivamar 07/08/2007 - 20h16min
Triton Danz mostra
qualidade
Sábado, no Hipódromo de Cidade Jardim, São Paulo, foi disputado o GP Siphon (GII), em
1.600 metros, na areia, para produtos de 3 anos e mais idade.
A vitória ficou com o mais novo TRITON
DANZ (Shudanz), no terceiro triunfo, primeiro clássico, em quatro atuações, sinalizando ser um potro de
exceção. Em segundo, à cabeça, com percurso pouco feliz, o favorito, de 5 anos, NICE BET (Dubai Dust), e a mais de
10 corpos, BUNNY (Wondertross), também de 3 anos, como o vencedor. SIB DANZIG (Wondertross) e VIDEO TAPE (Choctaw
Ridge), de 4 anos, completaram o marcador. O resultado do páreo permite diversas conjecturas: Triton Danz é um
potro incomum (como o foi Eu Também, no ano passado); Nice Bet sentiu o desgaste de duas viagens a São Paulo, em
curto espaço de tempo; Bunny é promissor; Sib Danzig continua sem confirmar a ótima corrida no fraco GP
Paraná/2006, e Video Tape deveria ter corrido muito mais. Prefiro aguardar novas atuações.
Triton
Danz (que ainda não correu na grama), criação do Haras Kigrandi e propriedade do Stud Tevere, teve a condução de
João Moreira e é treinado por José Severino da Silva. Bom o tempo na pista molhada: 1Â’36”268.
Power Mix, de ponta a ponta
Domingo, na grama do Hipódromo da Gávea, Rio
de Janeiro, foi realizado o GP Costa Ferraz (GIII), em 1.600 metros, para potros de 3 anos.
Venceu, por quase quatro corpos, POWER MIX, que na partida foi para a vanguarda e não mais tomou
conhecimento dos rivais. No meio da reta, MEFISTOFOLE (Dubai Dust) e OLIVIO PALITO (Notation) atropelaram, por
dentro e por fora, respectivamente, para ultrapassar PARK AVE (Crimson Tide). BURJ EL AMIR (Fahim) completou
o marcador.
O ganhador, criação do Haras Ponta Porã e propriedade do Stud Palura, foi conduzido por
Marcus Aurélio, em substituição a Alex Mota, é treinado por Adriano Lobo e assinalou 1Â’36”87, na pista macia, com
cerca móvel. Foi a terceira vitória, primeira clássica, em cinco apresentações.
Power Mix é filho de
ganhador do GP Arco do Triunfo, Sagamix. Sua mãe, a americana Plentyoftimetowin (Storm Bird), com colocações
clássicas, produziu também Music of Love, vencedora de Grupo II. A esta linha materna pertencem ótimos corredores
e ótimos reprodutores, como Polish Precedent, Wavering Monarch, Posse, Mining, Zilzal, Widowhood, Kahyasin, Padrão
Global, Jimmy Hollyday, Parfum Parfait, Onward Royal, Intikhab, entre outros.
A
arte de inscrever bem
Refletindo sobre certos conceitos aqui emitidos, observei que tenho sido,
às vezes, repetitivo (ou impertinente?). Existe, porém, no colunista, uma compulsão incontida para manifestar
opiniões. Repetitivo ou não, sinto–me tranqüilo por cumprir com o meu dever. O resultado de um longo período de
observações, ao qual se chama vivência, tem de servir para alguma coisa, ainda que na maioria das vezes não se
consiga adesão aos nossos pontos de vista (quando não são elogiosos). De qualquer forma, a intenção é nobre:
ajudar a construir um turfe melhor, sem nenhum outro interesse. Meu tema, hoje, é a complexidade que
envolve o planejamento da campanha de um campeão. Existem muitos e muitos erros. Não vou citar nomes, pois não
quero ferir susceptibilidades. E afinal, a prerrogativa de inscrever bem ou inscrever mal é dos proprietários e
treinadores. Vou relacionar alguns itens que, de acordo com minhas observações, podem, para a
realidade do turfe brasileiro, ser extremamente prejudiciais ao bom desempenho, à campanha futura e à integridade
física dos cavalos.
1 – Viagens freqüentes São Paulo/Rio/São Paulo e Rio/São Paulo/Rio. Existe uma
premissa que diz que cavalo é nômade. Acredito nisso, mas com a ressalva de que é benéfico mudar de ambiente por
um período longo, não por três ou quatro dias.
2 – Enfrentar, prematuramente, os mais velhos (e por
isso mais experientes), especialmente em distâncias da milha para cima. O esforço em tais casos traz efeitos
negativos (nem sempre imediatos).
3 – Três anos correrem acima dos 2.400 metros. Sendo os GPs Brasil e
São Paulo em 2.400 metros, é ilusão achar que os bons potros de uma determinada geração (se pelo pedigree puderem
ser considerados fundistas) terão suas campanhas orientadas para correr distâncias longas. Só os menos
qualificados (e filhos de garanhão de fundo) vão se aventurar nessas provas (evitando confronto com os
melhores).
4 – Três anos correrem o GP Carlos Pellegrini. A carreira é um verdadeiro waterloo para
grandes corredores de 3 anos. Qual brasileiro dessa idade viajou à Argentina para disputar sua maior prova e não
morreu (no sentido figurado, é claro)? Só me lembro de Quari Bravo, que formou a dupla, além de Immensity, que
venceu, consagrou–se e nunca mais correu.
5– Ganhadores dos Grupos I e II correrem páreos
hierarquicamente inferiores. Aqui é uma simples questão de não colocar em risco uma campanha composta de títulos
importantes, uma questão de não comprometer o currículo do craque.
Procedimentos existem no turfe que
muitas vezes são usados para justificar inscrições insensatas, enquanto outros deveriam servir de exemplos,
como:
Rags To Riches – a inscrição da potranca nos 2.400 metros do Belmont Stakes, cinco semanas após
vencer os 2.000 metros do Kentucky Oaks, foi considerada, por muitos, ousada. Por que ousada? Foi uma das
inscrições mais lógicas que vi serem feitas nos últimos tempos. Street Sense – não foi inscrito no
Belmont (talvez por não poder ser mais tríplice coroado). Se a intenção foi poupar o craque para inúmeros outros
importantes clássicos, culminando com a BreederÂ’s Cup, aplausos. Curlin – ao contrário, correu em Kentucky, em
2.000 metros, duas semanas depois em Pimlico, em 1.900, e três após, em Belmont, em 2.400, sem ser candidato a
nada. Sobreviverá ao esforço? Itajara – Muitos turfistas (os inúmeros admiradores) gostariam que Itajara
tivesse feito campanha aos 4 anos. Nada mais sensato, porém, do que preservar (como foi preservada) uma fantástica
invencibilidade que, semelhante, poucas vezes se viu na História do turfe brasileiro. Interrompendo a
campanha do craque no momento exato, o inesquecível campeão se tornou um mito.
Avaliação das provas clássicas
O GP Siphon (GII), na areia, em 1.600
metros, teve um campo apenas regular, com amplo destaque para Nice Bet, o único com vitória em prova de grupo. Não
fosse por ele, teria valor de Listed Race.
O GP Costa Ferraz (GIII) não teve bom campo (nenhum ganhador
de prova de grupo), talvez pela proximidade, este ano, com o GP ABCPCC, realizado 15 dias antes e dominado pelos
melhores, Refuge Cove, Do Canadá, Portuga, Parc des Princes e Polonês Voador. Como o clássico paulista, teve valor
de Listed Race
Próximas atrações
São
Paulo
Sábado, na grama do Hipódromo de Cidade Jardim, será realizado, em 1.600 metros, o GP Barão
de Piracicaba (GI), uma das carreiras mais importantes do turfe brasileiro, primeira prova da Tríplice Coroa
paulista para potrancas de 3 anos. Geralmente, reúne as melhores de São Paulo contra algumas boas do
Rio.
Também será corrida a Copa Japão de Turfe (L), nas mesmas pista e distância, para éguas de 4 anos e
mais idade.
Ainda terão os turfistas a Prova Especial Duque de Caxias, para produtos de 3 anos e mais
idade, em 1.200 metros, areia.
Rio de Janeiro
Semana fraquíssima,
tecnicamente, a que antecede a festa máxima do turfe carioca. Apenas dois páreos nobres, um para produtos de 3
anos e mais idade, em 1.100 metros, areia, a Prova Especial Jockey Club de Campos, e o outro, em 1.600 metros,
grama, para potrancas de 3 anos, a Prova Especial Mário Jorge de Carvalho.
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